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HOMILIAS PARA O

PRÓXIMO DOMINGO


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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Comentários – Prof. Fernando

Comentários – Prof. Fernando 26 de Junho=13ºdomingo TEMPO COMUM              2011

http://homiliadominical.blogspot.com/    http://liturgiadiariacomentada.blogspot.com/

 

Da 1ª Leitura - 2Rs 4,8-11.14-16a

Tenho observado que este homem, que passa tantas vezes por nossa casa, é um santo homem de Deus

Da 2ª Leitura - Rm 6,3-4.8-11

Se morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele.

Do Evangelho - Mt 10,37-42

Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem der um copo de água fresca a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa.

 

OS TEMAS DAS LEITURAS

                Eliseu, o discípulo do grande profeta Elias, é acolhido por uma estrangeira (cananéia, da cidade de Sunam e que ficou conhecida como a sunamita). Essa mulher era rica e reconheceu em Eliseu um "homem de Deus". Insiste para que ele faça refeições em sua casa e prepara um lugar só para Eliseu que se torna seu hóspede. Em agradecimento o profeta prevê o nascimento de um filho para a sunamita, que era estéril sendo também seu marido já avançado de idade. Além desse milagre o profeta (continuação do texto de hoje) trará o menino de volta à vida quando morre ainda criança. O nome "Eliseu" (em árabe Al-Yasa) significa em hebraico (El-ysha) "Deus é dele a salvação".

                Na segunda leitura Paulo (carta aos romanos) afirma que o batismo é mergulho na morte de Jesus Cristo e com ele também uma ressurreição. O que significa: os que acreditam em Cristo estão mortos para o pecado mas vivos para Deus.

                Na leitura do evangelho, o cap.10 de Mateus traz as orientações do Mestre para quem deseja ser discípulo. O trecho lido hoje destaca que aceitar o amor de Jesus Cristo implica em aceitar também a cruz.

 

ACOLHER OU RECEBER E AGRADECER

                Acolher o outro, como aceitar os acontecimentos da vida, implica em ter um modo especial de olhar. O de quem acolhe a salvação (como o nome sugere o nome de Eliseu) pois ser salvo é aceitar o próprio Deus em sua vida. Nisso podemos resumir o tema de hoje: saber acolher, receber, hospedar, aceitar o outro, da mesma maneira como Deus acolhe, aceita e ama cada ser humano do jeito que cada um é.

                Por receber o profeta em sua casa, a sunamita recebeu "uma recompensa de profeta" como lembra Jesus (verso 41). Jesus também afirma: até um simples copo d'água fresca não ficará sem recompensa. Porque aquele que ama procura aceitar o outro como ele. Ora, sabemos que o acolhimento do outro, como dos acontecimentos da vida, nem sempre traz só alegria e prazer.

                Se nossa referência é o acolhimento usado por Deus para com o ser humano (Quem vos recebe a mim recebe e quem me recebe, recebe aquele que me enviou), acolher e aceitar implica entrar nesse fluxo ou corrente de amor. Em última análise o que conta é o agir de Deus na vida e na história. O resto são nossas dificuldades humanas. Ele nos acolhe com nosso lado de trevas e nosso lado luminoso. Para nos aceitar ele não fica esperando que a gente siga integralmente o catecismo da Igreja. Conforme anunciado por Jesus Cristo o Pai nos acolhe sem condições (P-Y Materne O.P.): Cristo aceitou o cobrador de impostos, Mateus, como aceitou a adúltera que ia ser apedrejada, como aceitou Pedro, a quem faltou coragem e amizade na hora difícil.

 

A PRESSA OBSCURECE O OLHAR

                Com efeito, não se ama separadamente das cruzes que acompanham a vida das pessoas ou seus empreendimentos. Esse o sentido da afirmação de Jesus: não pode haver amor maior, nem a pai ou à própria mãe, do que a Deus qué o princípio de todo amor. Deus nos deu seu próprio Filho como nossa luz e guia em todos os momentos. Se ele nos aceitou com nossas qualidades e nossas deficiências, só nos resta fazer o mesmo. Isso não significa ingenuidade perante os outros. É claro que o conhecimento e a aceitação do outro passa por um processo de crescimento e paciência.

                Talvez a crescente "digitalização" da vida contemporânea nos induza a querer apenas "apertar um botão" para tudo resolver. Como as máquinas e computadores, do caixa eletrônico da esquina aos tratamentos de saúde diariamente exibidos na tv, seja na opinião de médicos entrevistados, seja na exibição de curas e milagres no desfile de muitas igrejas.

                Talvez vêm daí nossa dificuldade e impaciência nos casamentos e amizades intermitentes, na pressa em reduzir tudo a uma educação tecnológica ou na falta de esperança numa sociedade menos corrupta e mais democrática. Na verdade gostaríamos que tudo dependesse de um botão que se aperta e todos os problemas fossem resolvidos num passe de mágica. Talvez a mensagem desse domingo é a de nos fazer voltar à fé, ao essencial, à humildade e paciência para tomar nos ombros a cruz de cada dia.

                Acolher os que falam em nome de Deus, implica em acolher também o "menor de seus discípulos" e não só os "famosos" e importantes. Acolhemos assim o próprio Cristo mesmo quando não nos damos conta disso.Quem o recebe, recebe aquele que o enviou.

                Deus convive conosco, "ele está no meio de nós", tantas vezes misturado entre os nossos semelhantes com quem esbarramos todo dia, no Metrô ou no ônibus, nos elevadores dos prédios ou dentro de nossa casa, nas calçadas de ruas comerciais ou nas estradas que contornam campos e lavouras. Não costumamos ter esse olhar para além das aparências. Talvez porque nos cansam as cruzes da vida e nos enganamos querendo viver sem elas. Queremos "curtir a vida" e esquecemos que para conseguir a vida plena (lembrou-nos Paulo na carta aos romanos) precisamos estar "mortos para o pecado". Mortos para tudo que nos torna "agressores" e pequenos assassinos dos outros, em vez de "acolhedores" do outro.

                Como a sulamita que foi amiga de Eliseu. Como Abraão quando acolheus três estrangeiros em sua casa – imagem que muitos teólogos ou místicos e artistas usaram como símbolo da trindade divina já esboçada nas revelações mais antigas do antigo testamento (Gênesis 18 – episódio lembrado em Hebreus cap.13: "Não vos esqueçais da hospitalidade, pela qual alguns, sem o saberem, hospedaram anjos").

                A cada dia (normalmente sem perceber o mistério) encontramos "anjos", mensageiros e profetas de Deus. Eles não são apenas pessoas extraordinárias como uma uma Irmã Dulce ou um Frei Galvão mas há também aqueles que, sem fama (na igreja ou na sociedade), sem poder e sem dinheiro são tão "pequenos" que chegamos a lhes recusar até um simples copo de água.

 

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(Prof. FernandoSM. – Univ.Santa Úrsula, Rio de Janeiro – fesomor2@gmail.com )

domingo, 19 de junho de 2011

SANTÍSSIMA TRINDADE

 

HOMILIAS  PARA  O

 

 PRÓXIMO DOMINGO

19 DE JUNHO – 2011

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Comentários – Prof. Fernando

Folheto da missa on line

SANTÍSSIMA TRINDADE

Introdução

A Santíssima Trindade é mais um dos mistérios que envolve a nossa fé católica, o qual não pode ser entendido e aceito pela nossa inteligência, mas sim com os olhos da fé. E a fé no mundo de hoje está desfigurada, enfraquecida, ignorada, prejudicada, substituída, mal informada, balançada, sofrida, subjugada, malvista, rejeitada, e amortecida, pelos meios de comunicações, os quais incitam a violência, a destruição da família, através do free sex.  Por causa disso, estamos sofrendo as lamentáveis conseqüências, as quais tendem a se avolumar, pois as esperanças de melhoras são muito poucas. A menos que nós os catequistas do mundo inteiro  acordemos para a triste realidade, e nos multipliquemos de alguma forma que só a Santíssima Trindade poderá nos inspirar.

O estrago causado na fé principalmente dos jovens, está causando verdadeiras anomalias ou tragédias sociais,  como podemos ver no que está acontecendo na Região Nordeste do Brasil.  

Outro dia deu no noticiário que a Região Nordeste do Brasil, especialmente a Bahia, é a região mais violenta do nosso país. O Nordeste era lugar de muita calma, onde as pessoas em suas prosas sempre citavam o santo nome de Deus e de Jesus, pois o povo depositava em Deus sua esperança e confiança. Aquele povo sofrido por causa das secas ou pela baixa pluviosidade, era formado de pessoas conformadas, amigas e hospitaleiras e não obstante a dureza da vida, eram incapazes de roubar, ou de assaltar para sobreviver melhor.

O Nordeste da romaria de Bom Jesus da Lapa na Bahia, Capital religiosa daquele lugar, perdendo só para Aparecida. O Nordeste do meu “Padim Cícero”, O Nordeste da devoção  a São João, cuja festa monumental no mês de junho é igual ao carnaval no Sul.

Mais o tempo foi passando, e as mentes dos jovens foram sendo contaminadas pelas idéias de anti-valores, e aquela religiosidade praticamente desapareceu. Hoje, a fogueira, a comemoração da festa de São João não existe mais no interior, ou no Sertão. Isto porque os jovens vão em massa para as cidades nas noites de São João, deixando os velhos tristes lembrando os velhos tempos da batata assada nas brasas da fogueira,  do pula-brasas e das festas inesquecíveis. Hoje, o calor da fogueira e as bombas aquecem os corpos e explodem na sexualidade dos jovens sem freios e sem nenhum limite. Há uns tempos atrás, os jovens namorados se casavam cedo, dizendo que não agüentavam mais a espera... Hoje, simplesmente eles se acasalam, sem nenhuma responsabilidade, botando filhos no mundo sem condições de criá-los.

Segundo informações dos próprios habitantes do lugar, a violência no Nordeste atingiu níveis catastróficos, perigosos e assustadores, com previsões muito ruins para o futuro. Ainda mais agora com a aprovação dessa lei que esvaziará as cadeias e encherá as ruas de bandidos.  Sinceramente, eu não esperava uma coisa dessa!

As causas do aumento da violência no Nordeste são as seguintes:

1-     A situação de penúria a que sempre viveu o nordestino por causa da irregularidade das chuvas;

2-     A redução da Catequese:  Em toda a Região, especialmente ao longo da Chapada Diamantina, a quantidade de padres é quase nula. É triste ver as igrejas fechadas, mesmo nos dias de sábado e  domingo, por falta de um sacerdote para celebrar. Em alguns lugares, a missa é substituída por celebração da palavra, realizada por leigos.  Um padre tem de percorrer várias cidades celebrando várias missas por domingo, percorrendo vários quilômetros por estradas de terra;

3-     A ausência de Deus leva o ser humano a fazer coisas absurdas, em suas vidas. Assim, a sexualidade precoce gera o aumento descontrolado da população.  Desse modo, muita gente sem Deus e pouca comida, resulta no que estamos presenciando: Residências invadidas, assaltos nas estradas, entre tantos outros fatos lamentáveis e alarmantes que tem ocorrido naquele lugar de Deus, antes habitado por um povo temente a Deus, que hoje passou a tentar viver sem Deus.

4-     Outro fato agravante que vem ocorrendo nos últimos tempos principalmente no litoral nordestino, é o seguinte: Os jovens daquela região migram para o Sul, São Paulo e Rio. Alguns retornam à sua origem, instalando lá um verdadeiro clima de terror. Pois para substituir  Deus, o ser humano precisa embriagar-se das mais variadas maneiras, com vários produtos. E com o cérebro quimicamente alterado na tentativa de substituir a santa embriaguez da amizade com Deus, impulsionado pela lei da sobrevivência, incentivado pelos meios de comunicações que mostram duas coisas básicas: Violência e sexo livre de responsabilidade, seguros pela impunidade das leis,  e seguindo  as tentações de satanás, os jovens estão cada dia mais violentos.

Conseqüências: Esse quadro de violência tende a piorar, e num efeito dominó, irá agravar ainda mais a situação de penúria do nordestino, pois o turismo é a principal fonte de renda daquela região, por causa da incrível beleza natural, principalmente na Chapada Diamantina e no litoral.  E a violência irá afastar o turista.   

Tambémb não funciona acabar com a violência com métodos violentos. Para mudar uma sociedade, temos de começar pela educação. Então, como faremos isso? Introduzir nos currículos escolares da tenra idade, matérias que restaure os valores da juventude?  E o que faremos com a catequese negativa da Televisão,  da Internet. Etc?

            Roguemos a Santíssima Trindade que tenha piedade de nós. Pois só um grande milagre poderá libertar os nossos jovens das amarras a que estão escravizados. E por isso estão transformando este mundo em um lugar insuportável!

Sal.     

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Pai, Filho e Espírito Santo

O mistério da Santíssima Trindade é o Mistério Central de nossa fé e de nossa vida cristã. É o Mistério de Deus em si mesmo. É, portanto a fonte de todos os outros mistérios da fé. Tratase de um mistério no sentido estrito, um dos "mistérios escondidos em Deus que não podem ser conhecidos se não forem revelados do Alto". Sem dúvida, Deus deixou vestígios de seu ser Trinitário na obra da criação e sua revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas a intimidade do seu ser como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel, antes da encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo. Muitas religiões designam Deus como Pai. Ao designar Deus como Pai, a linguagem da fé indica dois aspectos: origem primeira de tudo e autoridade transcendente e que, ao mesmo tempo, é bondade e solicitude de amor para com todos os seus filhos. Esta ternura paterna de Deus pode ser expressa também mediante a linguagem da maternidade. Os pais são os primeiros representantes de Deus para o homem, mas a fraqueza humana pode desfigurar o rosto da paternidade e maternidade. Deus transcende a paternidade e a maternidade humanas. Ninguém é Pai como Deus o é. Com efeito, Jesus revelou que Deus é Pai num sentido inaudito: não o é somente enquanto criador, mas o é eternamente em relação a seu Filho único que, reciprocamente, só é Filho em relação a seu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11,27).

O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, revelado pelo Pai e pelo Filho. Antes da Páscoa Jesus anuncia o envio de um outro paráclito, o Espírito Santo. Em ação desde a criação, depois de ter outrora falado por meio dos profetas, ele estará agora junto de seus discípulos e neles, a fim de ensinalos e conduzilos à verdade toda (Jo 16,13). A origem eterna do Espírito Santo revelase na sua missão temporal. O Espírito Santo é enviado aos apóstolos e à Igreja tanto pelo Pai em nome do Filho quanto pelo Filho, depois que este tiver voltado para junto do Pai. Nós, cristãos, somos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19) e não nos nomes destes, pois há um só Deus: o Pai Todopoderoso, seu Filho unigênito e o Espírito Santo: a Santíssima Trindade. Nosso batismo significa, portanto, imersão (este é o sentido literal do batismo) plena no mistério da Santíssima Trindade. Batizar todas as gentes em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo e fazêlas discípulos e discípulas de Jesus é conduziIas ao insondável mistério de Deus Trindade. Neste Deus, nós cristãos, estamos mergulhados.

Frei Aloísio de Oliveira, OFM Conv

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Será que podemos explicar o amor de Deus por nós?

                                                  Deus manifestou o Seu Amor ao mundo, enviando o Seu Único Filho para morrer por todos aqueles e aquelas que, por causa do pecado  necessitavam de salvação. Assim, todos que Nele crerem, são salvos. Como são diferentes dos nossos, os critérios do amor de Deus. O nosso amor é egoísta e exigente, dizemos que amamos, porém, condenamos.  Jesus, pelo contrário, veio ao mundo não para condená-lo, mas para salvá-lo do pecado e da morte eterna. Só será condenado (a) quem não quiser acreditar nem aceitar apossar-se das graças de Deus derramadas no Sangue de Jesus, vertido da Cruz.

                                             É um grande e lindo mistério que não nos cabe explicar, mas apenas aceitar de coração aberto. Quando nós nos rendemos às evidências da Salvação de Jesus  nós também nos conscientizamos de que temos um Pai de Amor e um Espírito que nos fortalece com este Amor. Somos chamados (as) a amar como Jesus amou, sem julgamentos, sem suposições, sem acusações. Somente amar, por Amor a Deus. Reflitamos:– Você já se apossou do Amor poderoso de Deus? – Você acredita que Jesus Cristo morreu por você? – Você tem amado como Jesus amou? – Será que a gente pode explicar o amor de Deus por nós?

Amém

Abraço carinhoso

Maria Regina

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Homilia de Mons. José Maria Pereira – Santíssima Trindade – Ano A

Santíssima Trindade

Depois de ter celebrado os mistérios da Salvação, desde o nascimento de Cristo (Natal) até a vinda do Espírito Santo (Pentecostes), a liturgia propõe-nos o mistério central de nossa fé: a Santíssima Trindade.

Toda a vida da Igreja está impregnada pelo Mistério da Santíssima Trindade. E quando falamos aqui de mistério, não pensemos no incompreensível, mais na realidade mais profunda que atinge o núcleo do nosso ser e do nosso agir.

Mas é Cristo quem nos revela a intimidade do mistério trinitário e o convite para que participemos dele. “Ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar” (Mt, 11, 27). Ele revelou-nos também a existência do Espírito Santo junto com o Pai e enviou-o à Igreja para que a santificasse até o fim dos tempos; e revelou-nos a perfeitíssima Unidade de vida entre as Pessoas divinas (Cf. Jo16, 12-15).

O mistério da Santíssima Trindade é o ponto de partida de toda a verdade revelada e a fonte de que procede a vida sobrenatural e para a qual nos encaminhamos: somos filhos do Pai, irmãos e co-herdeiros do Filho, santificados continuamente pelo Espírito Santo para nos assemelharmos cada vez mais a Cristo.

Por ser o mistério central da vida da Igreja, a Santíssima Trindade é continuamente invocada em toda a liturgia. Fomos batizados em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e em seu nome perdoam-se os pecados; ao começarmos e ao terminarmos muitas orações, dirigimo-nos ao Pai, por mediação de Jesus Cristo, na unidade do Espírito Santo. Muitas vezes ao longo do dia, nós, os cristãos repetimos: Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.

Meditando sobre a Trindade dizia S. Josemaria Escrivá: “Deus é o meu Pai! Se meditares nisto, não sairás dessa consoladora consideração.

Jesus é meu Amigo íntimo ! (outra descoberta), que me ama com toda a divina loucura do seu coração.

O Espírito Santo é meu Consolador!, que me guia nos passos de todo o meu caminho. Pensa bem, nisso. Tu és de Deus…, e Deus é teu” (Forja, nº2).

Desde que o homem é chamado a participar da própria vida divina pela graça recebida no Batismo, está destinado a participar cada vez mais dessa Vida. É um caminho que é preciso percorrer continuamente.

A Santíssima Trindade habita na nossa alma como num templo. E São Paulo faz-nos saber que o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Cf. Rm 5, 5). E aí, na intimidade da alma, temos de nos acostumar a relacionar-nos com Deus Pai, com Deus Filho e com Deus Espírito Santo. Dizia Santa Catarina de Sena: “Vós, Trindade eterna, sois mar profundo, no qual quanto mais penetro, mais descubro, e quanto mais descubro, mais vos procuro”.

Imensa é a alegria por termos a presença da Santíssima Trindade na nossa alma! Esta alegria é destinada a todo cristão, chamado à santidade no meio dos seus afazeres profissionais e que deseja amar a Deus com todo o seu ser; se bem que, como diz Santa Teresa, “há muitas almas que permanecem rodando o castelo (da alma), no lugar onde montam guarda as sentinelas , e nada se lhes dá de penetrar nele. Não sabem o que existe em tão preciosa mansão, nem quem mora dentro dela”. Nessa “preciosa mansão”, na alma que resplandece pela graça, está Deus conosco: o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

Desde pequenos, aprendemos de nossos pais a fazer o sinal da cruz e chamar a Deus: de Pai, Filho e Espírito Santo.

Assim com toda a naturalidade, estávamos invocando o mistério mais profundo de nossa fé e da vida cristã: Santíssima Trindade que hoje celebramos.

Só Cristo nos revelou claramente essa verdade: Fala constantemente do Pai: Quando Felipe diz: “Mostra-nos o Pai…”, Jesus responde: “Felipe… quem me vê, vê o Pai” (Jo 14,8).

Jesus promete o Espírito Santo: “Quando vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena Verdade”.

Quando se despede, no dia da Ascensão, afirma: “Ide… e batizai em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.”

A contemplação e o louvor à Santíssima Trindade são a substância da nossa vida sobrenatural, e esse é também o nosso fim: porque no Céu, junto de Nossa Senhora – Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho, Esposa de Deus Espírito Santo: mais do que Ela, só Deus – , a nossa felicidade e o nosso júbilo serão um louvor eterno ao Pai, pelo Filho, no Espírito Santo

Mons. José Maria Pereira

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Homilia do Padre Françoá Costa – Santíssima Trindade – Ano A

O amor da Santíssima Trindade pelo mundo

 

O que você diria se alguém afirmasse que a Capela Sixtina no Vaticano, pintada pelo grande Miguel Angelo, é uma obra indecente porque tem muita gente nua? Além do susto que levaríamos talvez a primeira observação que faríamos seria essa: “- indecente?! Você está louco?” No entanto, é preciso comprender. Há por aí uma espécie de puritanismo que desconsidera que esse mundo é obra da Santíssima Trindade – do Pai e do Filho e do Espírito Santo – e que, portanto, é bom. Como pode ser mal algo que saiu das mãos de Deus que é a bondade absoluta? Tudo o que é fruto da ação de Deus só pode ser bom. Não há alternativa!

Caso não seja suficiente a afirmação veterotestamentária sobre a bondade da criação (cfr. Gn 1, 10.12.18.21), prestemos atenção nessas palavras do Evangelho: “De tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

As conclusões implícitas nessas palavras são, entre outras, que o corpo humano é bom, que o sexo é bom, que todas as criaturas são boas. Ou seja, a cerveja e a pinga não são más. O cigarro não é do diabo. A televisão não é o olho de Satanás. As calças femininas não são o pecado encarnado. As pessoas enquanto tais não são más. No entanto, o mal se instalou no coração do ser humano por causa da malicia do pecado. Foi apartir desse momento quando, por exemplo, o sexo, que em si é bom, começou a ser utilizado fora das relações matrimoniais e fora das regras ínsitas na natureza humana. Particularmente, tudo o que se refere à questão sexual foi tomado muito em sério pelo inimigo da nossa salvação. É simples: o sexo deve ser expressão do amor entre um homem e uma mulher unidos em santo matrimônio. Há um interesse enorme para desviturar as relações sexuais, para colocar o corpo humano ao serviço do egoísmo e da depravação. Que absurdo quando se tolera o adultério como algo normal, a fornicação como algo normal ou  as relações homosexuais como algo também normal! Não é sinal de modernidade afirmar a baixeza, é simplesmente sinal de pouca vergonha e perversão. A Igreja tem toda a comprensão para com o pecador, mas nenhuma tolerancia com o pecado. Jesus salva o pecador destruindo o pecado.

A criação da Trindade Santíssima não é algo pecaminoso. O que nos conduz ao mal é o coração depravado, não purificado, cheio daquilo que a Escritura chama “homem velho” (cfr. Ef 4,22).

Alguns autores chegaram até mesmo a pensaar que o versículo “façamos o homem à nossa imagem e semelhança” do livro do Gênese (1,26) significa uma presença oculta da Trindade no Antigo Testamento.  Sem dúvida, a Trindade é eterna e estava presente na antiga aliança; no entanto, a revelação do mistério de que em Deus há Pai e Filho e Espírito Santo só acontece no Novo Testamento. Cristo nos revelou essa grande verdade principalmente ao dizer que Deus é o seu Pai e que, portanto, ele é o Filho de Deus.

O Pai e o Filho e o Espírito Santo sempre estiveram presente ao mundo. Por amor ao mundo, o Pai enviou o Filho para salvar-nos e é o Espírito Santo quem continua aplicando os méritos de Cristo aos homens para integrá-los ao Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja.

A Trindade ama o mundo e o cristão não pode não amá-lo. Não se pode ter uma visão pessimista das coisas que Deus criou. É preciso limpar os olhos e pedir ao Senhor que nos conceda a luz necessária para contemplar o mundo abençoado por Deus sobre o qual ainda paira o Espírito Criador. Falei que é preciso limpar os olhos, é isso mesmo! Frequentemente, vemos as coisas negativamente, de maneira pessimista, colocando a culpa em tantas coisas e em tantas pessoas porque o nosso olhar não é puro. O problema não está nas coisas, mas em nós, no nosso coração. Dá muito trabalho purificar o coração. É obra de Deus, mas cada um de nós pode colaborar com ele.

Pe. Françoá Costa

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Homilia do D. Henrique Soares da Costa – Santíssima Trindade – Ano A

Ex 34,4b-6.8-9
Dn 3
2Cor 13,11-13
Jo 3,16-18

          Após termos celebrado o Natal do Senhor, quando contemplamos o amor do Pai, que enviou seu Filho ao mundo na potência do Espírito, que tornou fecundo o seio virginal de Maria Mãe de Deus; após a celebração do santo tempo pascal, quando fizemos memorial da paixão, morte, sepultura e ressurreição do Senhor, que por nós ofereceu-se ao Pai num Espírito eterno; após concluirmos a Santa Páscoa com a celebração do dom do Espírito em Pentecostes, neste Domingo a Igreja nos faz proclamar a glória da Trindade Santa, o Deus uno e trino que é amor e deu-se a nós e nos salvou por amor! Na Liturgia, no correr do ano, é o Mistério e a história do nosso Deus conosco que celebramos, contemplamos e experimentamos na nossa vida!

          Mas, o que nos revela essa história de Deus, do Pai que nos enviou o Filho na força do Espírito Santo? Revela-nos que o Deus uno e único, o Santo Deus de Israel é, ao mesmo tempo e de modo misterioso e impenetrável, uma eterna e perfeita Comunidade de amor! Ele é um só! Ele é comunidade de amor! Absolutamente Um e absolutamente comunidade! Eis o Mistério que nem no céu poderemos esquadrinhar! Não é a toa que, na primeira leitura de hoje o Senhor se revela se escondendo na noite e na nuvem: “Ainda era noite… e o Senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés”. Eis! Nosso Deus se faz próximo, desce até nós por amor, mas não podemos compreendê-lo, domá-lo, domesticá-lo! Ele se revela como amor puro e generoso: seu nome é Amor e Misericórdia: “Senhor, Senhor! Deus misericordiosos e clemente, paciente, rico em bondade e fiel…”, mas para experimentá-lo, para caminhar com ele, e preciso a atitude de Moisés: “ele curvou-se até o chão, prostrado por terra… E disse: ‘Senhor, acolhe-nos como propriedade tua’”. Nosso Deus nos ama, nosso Deus faz-se próximo, mas jamais será nosso parceiro, nosso amiguinho, nosso coleguinha, que pode por nós ser subornado e com o qual podemos negociar! Não! Ele é Deus! O seu nome é Eternidade, o seu nome é Infinitude, o seu nome é Amor! Ele é Deus!

          E, no entanto, ele quis caminhar conosco, veio a nós e revelou-se no Mistério da sua intimidade. Que coisa: um Deus que nos procura e quer nos unir a ele. Como dizia Santa Teresa: “Juntais aquela que não é com a Plenitude acabada: sem acabar, acabais; sem ter que amar, amais, e engrandeceis nosso nada!” Ele, gratuitamente, deu-se a nós, para nos salvar, fazendo-nos viver com ele, participando da sua vida: por isso o Pai entregou ao mundo o seu Filho amado: para viver conosco, sonhar conosco, sofrer e morrer conosco e, assim, dá-nos sua vitória e seu céu: “Deus, o Pai, amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho unigênito, para que não morra quem nele crer, mas tenha a vida eterna. Pois Deus não enviou o seu Filho para condenar o mundo, mas que o mundo seja salvo por ele”. No Filho único, Jesus, o Pai mostrou o seu rosto, o Pai mostrou sua bondade, o Pai mostrou o seu amo. Jesus mesmo disse: “Quem me vê, vê o Pai. Eu e o Pai somos uma só coisa! (Jo 14,9s). Mas, não bastava para Deus viver no nosso meio, entre nós! Ele quis viver em nós, dentro de nós, sendo mais íntimo de nós que nós mesmos! Por isso, o Filho Jesus, Deus entre nós, Deus conosco, após sua morte e ressurreição, deu-nos o seu Espírito Santo, que ele mesmo recebera do Pai: “Porque sois filhos, Deus, o Pai, enviou aos vossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abbá, Pai! (Gl 4,6). Deus foi grande para conosco! Foi bom demais! Não só nos revelou coisas, mas revelou-se a si mesmo. Ele, no mais íntimo de si, sem deixar de ser um só, é Pai, eterno Amante, é Filho, eterno Amado, é Espírito, eterno Amor! E não somente revelou-se a nós como é, mas deu-se a nós: o Pai, pelo Filho, no Espírito deu-nos a própria vida divina! Deus veio a nós, quis fazer história na nossa história, quis viver a nossa vida para nos elevar à vida dele, vida feliz, vida plena, vida eterna!

          É nessa fé que vivemos, é na vida desse Deus uno e trino que fomos batizados. Aquele amor eterno entre o Pai, o Filho e o Espírito, é o amor que nos invade e que devemos viver entre nós! A Trindade não é uma teoria para os doutores em teologia. Ela é uma realidade concreta que deve invadir a nossa vida e a vida da Igreja: “Amemo-nos uns aos outros, pois o amor é de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor!” (1Jo 4,7-8). Porque somos cristãos, nascidos nas águas batismais, em nome da Trindade, nossa vida deve ser vida e comunhão de amor: “a graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós!” Estas palavras de São Paulo revela o que nós somos, o que devemos ser, o que devemos testemunhar diante do mundo: uma comunidade que nasceu do amor, vive no ninho do Deus de amor e caminha para o Deus de amor. Por isso o Apóstolo recomenda-nos: “Alegrai-vos, cultivai a concórdia, vivei em paz, saudai-vos com o ósculo santo!”

          Caríssimos, crer e experimentar que Deus é uno e trino é viver no amor que nos faz uma só coisa no Filho Jesus e nos conserva respeitosos das diferenças e diversidades entre nós. Uma comunidade que não seja unida e respeitosa das diferenças de dons, carismas, ministérios e sensibilidades, não é uma comunidade realmente nascida da Trindade, que vive o mistério da Trindade e caminha para a Trindade. Nunca esqueçamos: vimos do Pai pelo Filho no Espírito; caminhamos, peregrinos, para o Pai, pelo Filho no Espírito. A Trindade é nosso berço, nosso ninho e nosso destino. Contemplá-la e adorá-la é viver o amor. Como dizia Santo Agostinho: viste o amor, viste a Trindade. “Bendito seja Deus Pai, bendito seja o Filho unigênito, bendito seja o Espírito Santo! Deus foi misericordioso para conosco!” A ele, a glória pelos séculos. Amém.

D. Henrique Soares da Costa

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Trindade Santa

 

A morte de Jesus é aqui apresentada como a manifestação suprema do amor de Deus pela humanidade, desta forma, devemos ser agradecidos a Deus pela nossa religião, onde podemos experimentar a revelação: da bondade, da misericórdia e do amor de Deus por nós.

“Deus é amor” (cf. 1Jo 4,16), tudo se resume nesta grande verdade, ao ponto de São Paulo escrever “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”. (Gl. 20,2).

Grande é o amor de Deus. Um amor de espera, de braços abertos, todos os dias, como o Pai da parábola que esperava o filho pródigo (Lc 15,11-32). Porque não o tratamos com amor? Porque nos afastamos D’Ele? Porque temos medo de nos compreender?

Na Encíclica Redemptor hominis, n.10, o beato João Paulo II, nos diz: “O homem não pode viver sem amor. Ele permanece para si próprio um ser incompreensível e a sua vida é destituída de sentido, se não lhe for revelado o amor, se ele não se encontra com o amor, se o não experimenta (…). E por isto precisamente Cristo Redentor (…) revela plenamente o homem ao próprio homem. Esta é a dimensão humana do mistério da Redenção. Nesta dimensão o homem reencontra a grandeza, a dignidade e o valor próprios da sua humanidade. (…). O homem que quiser compreender-se a si mesmo profundamente (…) deve, com a sua inquietude, incerteza e também fraqueza e pecaminosidade, com a sua vida e com a sua morte, aproximar-se de Cristo. Ele deve, por assim dizer, entrar n’Ele com tudo o que é em si mesmo, deve apropriar-se e assimilar toda a realidade da Encarnação e da Redenção, para se encontrar a si mesmo. Se no homem se atuar este processo profundo, então ele produz frutos, não somente de adoração de Deus, mas também de profunda maravilha perante si próprio. Que grande valor deve ter o homem aos olhos do Criador, se “mereceu ter um tal e tão grande Redentor” (Missal romano, Hino exultet da vigília pascal) se “Deus deu o seu Filho”, para que ele, o homem, “não pereça, mas tenha a vida eterna”.

Jesus Cristo exige como primeiro requisito para participar do Seu amor a fé n’Ele. Com ela passamos das trevas para a luz e entramos no caminho da salvação. “Quem nele crê não é condenado”.

“De fato, na história humana, mesmo sob o ponto de vista temporal, o Evangelho foi um fermento de liberdade e de progresso e apresenta-se sempre como fermento de fraternidade, de unidade e paz” (Ad Gentes, n. 8).

Em nossas orações rezemos para que o mundo creia.

Primeira leitura: Êxodo 34,4b-6. 8-9

O Deus único se revela a Moisés no monte Sinai

Os capítulos 32-34 do Êxodo recolhem as tradições javista (J) e eloísta (E). O capítulo 34 representa a renovação da Aliança segundo a tradição J. Na caminhada do deserto rumo à terra prometida, o povo sofreu a ameaça do fracasso e a figura de Moisés como líder foi fundamental.

Atendendo as ordens de Javé, Moisés preparou duas novas tábuas de pedra e subiu ao Sinai. Javé desceu na nuvem e ficou junto com Moisés. Este invocou então o nome de Javé (para os semitas, o nome é a identidade da pessoa). O nome de Javé era inominável.

Este capítulo fala, portanto, da Aliança no Sinai entre Deus e o povo de Israel, Aliança selada com o Decálogo. Ela foi violada pelo povo ao construir um bezerro de ouro. O nosso texto relata o fato depois que o povo pecou construindo o bezerro de ouro e Moisés quebrou as tábuas da Lei. Mas, por ordem de Javé, Moisés reproduziu as tábuas da Lei em pedra para a renovação da Aliança.

No Sinai acontece uma nova teofania, manifestando a transcendência de Deus, que mostra a sua misericórdia perdoando o povo. Neste encontro de Moisés com Deus, Moisés comete uma ousadia ao invocar o nome de Javé. Nessa ousadia, Deus se revela e Moisés proclama que Deus é compassivo, bondoso, rico em amor e fidelidade (v.6) e, apesar da infidelidade do povo, mantém o seu pacto de libertação.

Neste clima, Moisés adora Javé e lhe suplica o perdão para o seu povo. A súplica de Moisés contém quatro elementos:

01) Javé é aquele que caminha com o seu povo, pois o seu prazer é estar no meio dele.

02) Ele aceita caminhar não porque o povo é bom, aliás é cabeça dura, mas porque Deus é solidário.

03) Javé é aquele que sabe perdoar os pecados e conduz à libertação.

04) Deus, mesmo sendo Criador e Senhor de tudo, aceita receber em herança um povo pobre, fraco e pecador.

A oração de Moisés é muito hábil e, como mediador perfeito, suscita os sentimentos de Deus, por assim dizer o “orgulho de Deus”, e pede o que o próprio Deus deseja.

Segunda leitura: 2 Coríntios 13,11-13

Saudação final trinitária (Jesus, Deus, Espírito)

Esta carta espelha um pouco as peripécias da comunidade de Corinto, com avanços e recuos, alegrias e sofrimentos. O nosso trecho é a conclusão da carta e até este ponto Paulo usa uma linguagem dura diante das situações dolorosas da comunidade. Neste trecho ele muda o tom e faz uma exortação para um comportamento bondoso. Exprime recomendações sintéticas de vida cristã e conclui com uma saudação mencionando os três autores divinos da salvação. É a fórmula trinitária mais completa do Novo Testamento.

O apóstolo recomenda à comunidade o cultivo da “alegria”, que é fruto do Espírito do Senhor (Gálatas 5,22) e dos tempos messiânicos. Pede a “busca da perfeição”, que é um convite para imitar a Deus: “Sejam perfeitos como seu Pai celeste é perfeito” (Mateus 5,48). “Sejam santos como Eu sou Santo” (Levítico 19,2). Pede encorajamento para que todos sejam alegres e busquem a perfeição, pois não é possível fazê-lo sozinho. Portanto, a comunidade deve ajudar. A comunidade cristã deve ser um modelo de comunidade reconciliada, superando os conflitos. Paulo faz uma exortação à unidade com todos esses valores ou virtudes, que são as ferramentas para que a comunidade possa ser a manifestação de Deus.

Em seguida, Paulo explica que os sinais externos são necessários para mostrar o amor interno e convida ao “beijo santo”, isto é, a um gesto que manifeste a solidariedade de todos num objetivo comum que é a santidade. O “beijo santo” manifestava a união. Era um ato litúrgico que se realizava na Assembléia com uma forte carga simbólica.

Paulo termina a carta exprimindo o desejo de que a Trindade seja a inspiração da comunidade na busca da comunhão e da partilha e invoca os atributos de Deus uno-trino, que é graça (charis), amor (ágape) e comunhão (koinonia).

Evangelho: João 3,16-18

O Filho revela o amor do Pai

Estes três versículos pertencem ao diálogo de Jesus com Nicodemos. É uma catequese que visa suscitar a fé destacando a imensa caridade de Deus pelos homens, que nos amou primeiro ao enviar o seu Filho. Ele não só perdoa os pecados e caminha com o seu povo (1ª leitura), mas ama a todos dando a vida em plenitude através de Jesus Cristo.

Deus amou o mundo dando-lhe o seu Filho (3,16). O amor do Pai é a fonte da missão do Filho e nesta ação gratuita de Deus pelo Filho manifestou-se o amor de Deus (ágape). “Nisto consiste o amor: Não que nós o tenhamos amado, mas Ele mesmo nos amou” (1 João 4,9-10). Portanto, Deus Pai é a fonte do amor. A missão do Filho deriva dele.

Deus em seu Filho caminhou conosco, perdoou os nossos pecados, assumiu-nos como propriedade e herança (1ª leitura). Ele nos ama não porque somos bons, mas porque quer nos salvar. Por isso, enviou o seu Filho ao mundo (v.17). Enviou-o ao mundo (kosmos) não só para os homens, mas para todo ser criado. O seu amor abrange toda a criação que sofreu as conseqüências do pecado (Gênesis 3,17) e também espera a redenção (Romanos 8,19-21).

A missão do Filho é a salvação. Quem crê nele tem a vida eterna. Deus não quer que nos percamos. O prazer dele é salvar a todos. “Quem crê nele não é condenado, mas quem não crê já está condenado” (v.18). Esta afirmação exprime a chamada “escatologia presencial” típica de João. Vale dizer que, com a revelação de Cristo, a salvação já está presente e quem crê já participa dela.

REFLEXÃO

A festa da Santíssima Trindade, depois do tempo pascal, parece convidar-nos a considerar unitariamente, como que em um epílogo, toda a história da salvação. Esta solenidade resume os dons que recebemos e celebramos durante o ano litúrgico. No Natal recebemos o dom do Pai, na Páscoa o dom do Filho e no Pentecostes o dom do Espírito Santo.

Ao celebrar esta festa, fazemos um ato de fé nas três pessoas divinas, na sua unidade, e ao mesmo tempo agradecemos os dons recebidos.

O mistério da Trindade é o primeiro dogma da nossa fé, a verdade fundamental do cristianismo. Não podemos negar nem explicar esta verdade misteriosa da nossa fé. Ela foi objeto de reflexão de mentes iluminadas do cristianismo como Santo Agostinho (o menino e a conchinha do mar) e São Patrício que, para tentar explicar este mistério aos holandeses, colheu um trevo e explicou-lhes que o trevo é um só, assim como uma só é a realidade de Deus, mas as folhas são três, distintas e iguais, como são distintas e iguais as pessoas da Santíssima Trindade.

A Santíssima Trindade é um “mistério doutrinal”. Cremos que Deus Pai enviou o Filho que morreu e ressuscitou, e que o Espírito Santo veio para a nossa santificação e que a manifestação no tempo e na história dos homens do Pai, do Filho e do Espírito é a revelação da existência eterna, pessoal e distinta das três pessoas divinas.

A Santíssima Trindade é um “mistério cultual”. Mistério presente na liturgia. No batismo fomos batizados em nome da Trindade. Na crisma recebemos do Pai por mediação do Filho o dom do Espírito Santo. Na confissão nossos pecados são perdoados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. No sacramento da Ordem há a invocação do Espírito Santo da parte do Pai pela mediação do Filho. No Matrimônio, os noivos entregam um ao outro as alianças em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Na oração Eucarística temos a tríplice invocação trinitária, primeiro como agradecimento ao Pai pela obra que realizou na história, depois a invocação do Espírito Santo sobre o pão e o vinho na hora da consagração.

A Santíssima Trindade é um “mistério na vida cotidiana”. Todas as vezes que rezamos o “creio” invocamos a Trindade.

A Santíssima Trindade age na história. “O Pai como criador e Salvador. O Filho que se fez homem por você, para que você se torne Deus por meio dele” (Gregório Nazianzeno). Ele restaurou a imagem de Deus ofuscada por nós pelo pecado. O Espírito Santo nos santificou e age junto com o Pai e o Filho na história (Gênesis 1; Lucas 1; João 4,6; 13; 14,16; 26; Romanos 8,15-16).

Sobre a festa da Santíssima Trindade podemos falar pouco, e com humildade. Ao falar de Deus devemos usar metáforas, imagens, simbolismos. É como procede a Bíblia, que não faz uma exposição sobre Deus, sobre a sua natureza, sobre o seu modo de relacionar-se com as criaturas e a criação. O mistério de Deus é inefável.

Os mistérios principais da nossa fé são dois:

01) Unidade e trindade de Deus;

02) Encarnação, paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Os muçulmanos crêem em Deus, mas não são cristãos, pois não crêem na encarnação de Jesus nem na Trindade. Os hebreus também crêem em Deus, e são monoteístas, mas não são cristãos. Igualmente as testemunhas de Jeová crêem em Deus, porém não são cristãos. Acreditam em Jesus como o Anjo Miguel encarnado. “O anti-Cristo é aquele que nega o Pai e o Filho” (1 João 2,22).

Os filósofos Platão e Aristóteles afirmam a unidade de Deus com a razão, mas nós, cristãos, afirmamos que Deus é uno na natureza e trino nas Pessoas, porque Jesus nos revelou: “O Filho Unigênito, que está no seio do Pai, nos revelou” (João 1,18). O mistério trinitário é como o sol: não conseguimos fixá-lo com os olhos, mas percebemos que vivemos na sua luz, no seu calor e no seu brilho.

A Trindade não é um enigma religioso a ser decifrado como um hieróglifo ou um quebra-cabeça teológico.

A teologia latina, sobretudo, procurou dar explicações abstratas do mistério da Santíssima Trindade. Os primeiros concílios deram origem ao símbolo Niceno-constantinopolitano no século IV. Depois vieram os parces latinos, com o trabalho “De Trinitate”, de Agostinho (354-430), e a teologia escolástica da Idade Média, e aí sobressaíram Tomás de Aquino (séc. XIII) e as Dezessete Questões sobre a Trindade (I-I, 27-43). Mais tarde o Concílio de Trento (séc. XIV) e a teologia neo-escolástica trataram deste tema até antes do Concílio Vaticano II (1962-1965).

Usando as categorias aristotélicas da filosofia grega, com sua distinção em essência e existência, natureza e Pessoa, a teologia clássica procurou explicar o mistério da Santíssima Trindade afirmando que Deus é uno na essência e na natureza, e trino nas pessoas. Uma só natureza divina, portanto um só Deus em três pessoas distintas de igual dignidade, glória e categoria.

Na verdade, todo o esforço que fazemos para explicar a Santíssima Trindade continua sendo uma ortodoxia abstrata e especulativa, portanto de difícil compreensão pastoral.

O Deus da Bíblia não é o mesmo dos filósofos, pois todas as perfeições que são atribuídas a Deus criador não podem exprimir a riqueza da sua bondade que se manifestou na história da salvação com Jesus Cristo e o dom do Espírito Santo. Nossa mente se perde diante de Deus Trindade. É difícil explicar a imagem da Santíssima Trindade, porém podemos ter uma idéia dela quando vemos pessoas se unirem para buscar um mundo melhor e mais feliz. Quando vemos pessoas lutarem unidas contra o mal, o sofrimento, a dor, o desânimo, o fatalismo... Quando vemos uma família crescer na união e no amor. Quando vemos jovens, apesar dos obstáculos e fracassos, continuarem acreditando e lutando por uma vida mais plena de sentido. Todos são uma imagem da Santíssima Trindade, pois fazem o que Deus uno e trino faz: criam, crescem, constroem, salvam, vivem no amor, na união, na solidariedade... Neste sentido, a Santíssima Trindade não é um mistério incompreensível, um tratado de teologia, mas o que de melhor procuramos realizar em nossas vidas.

A Santíssima Trindade é a própria vida no que ela tem de mais bonito e verdadeiro: o amor vivenciado constantemente, que cresce, se comunica, cria e salva. O amor é a alma do mundo, a vida da vida. A Trindade é a fonte de todos os dons e de todas as graças.

Deus, em sua pedagogia, foi se revelando aos poucos, manifestando a sua realidade íntima. Desde o Antigo Testamento foi dando a conhecer, sobretudo, a “unidade” do seu ser, a sua distinção completa do mundo e o seu modo de se relacionar com ele, como Criador e Senhor. Ensina-nos que é “incriado”, que não está limitado a um espaço, pois é “imenso”, nem ao tempo, pois é “eterno”. O seu poder não tem limites, pois ele é “onipotente” (Deuteronômio 4,39).

Deus se revela no Antigo Testamento como Deus único e criador, mas também como pastor que busca o rebanho, que o cuida com ternura e perdoa as infidelidades do seu povo.

Foi Cristo que revelou a intimidade do mistério trinitário (Mateus 11,27). Ele também revelou a existência do Espírito Santo junto com o Pai e o enviou à Igreja para santificá-la e revelou a unidade perfeitíssima de vida entre as pessoas divinas (João 16,12-15). O Pai gera o Filho eternamente e o Espírito Santo procede do Pai e do Filho e estas “procedências” entre as três pessoas divinas são eternas. Em Deus a Paternidade, a Filiação e a Expiração constituem todo o ser do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

O Deus que Cristo revelou não é um Deus distante e inacessível. Está próximo do homem. É compassivo e misericordioso, lento na ira e rico em clemência (1ª leitura). Por isso perdoa a idolatria e a infidelidade dos israelitas (Êxodo 32) e renova a Aliança assumindo-os como o seu povo. Deus não é um ser solitário, fechado em si mesmo, mas amor e alteridade.

padre José Antonio Bertolin, OSJ

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Trindade

O livro do Êxodo lembra que o povo quebrou a aliança com Deus e fez para si um bezerro de ouro.

Deus abre seu coração e se revela como o Deus da compaixão e da piedade, da graça e da verdade, lento para a cólera e cheio de amor e fidelidade. Moisés demonstra ter compreendido a revelação de Deus e apela para que o povo, apesar de sua infidelidade (pecados), seja reconhecido como sua herança particular. É o que aconteceu com a aliança. Na segunda Carta aos Coríntios, Paulo apóstolo revela que o mistério de Jesus na comunidade só se entende na relação das três pessoas da Trindade. O amor do Pai comunica-se na graça de Cristo que age na comunhão do Espírito Santo. O resultado dessa situação é a paz e a alegria.

O Evangelho de hoje situa-se no contexto dos diálogos entre Jesus e Nicodemos. É um relato doutrinal ou uma catequese sobre o batismo. A questão de fundo é a inquietação de todo humano: “Como alguém pode ver o Reino de Deus”. Jesus revela que pode “ver o Reino de Deus” quem nascer do alto, mediante a efusão do Espírito. Todavia, essa efusão do Espírito não é obra das forças humanas. Ela é uma graça que vem do alto. Isto é, só Jesus, o Filho do Homem, o único que veio do céu, torna possível aos que nele crêem nascerem do alto. O texto deste domingo revela que a obra da salvação é fruto do amor do Pai, do Filho unigênito e do Espírito Santo. A salvação do mundo é um rio que brota da fonte da ação amorosa de Deus. Ele nos deu o seu Filho querido, que livremente se entregou por amor à salvação do universo. As três pessoas divinas estão unidas no mesmo amor por nós. A atitude de Deus ante o mundo é de amor e misericórdia. Não se trata de um amor genérico ou platônico, mas amor concreto e solidário com toda a humanidade. Amor que gera vida, cria relações fraternas, implanta a justiça, promove a paz e invade os corações humanos, tornando-os fecundos e cheios de misericórdia.

A Trindade é a carteira de identidade dos cristãos: no discípulo de Jesus deve estar refletida a face de Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo. A marca da Trindade pode ser identificada na comunidade cristã quando todos se sentem bem aceitos, estimados, valorizados, quando as alegrias e as tristezas são partilhadas, quando as diferenças são consideradas um enriquecimento. Percebe-se o sinal da Trindade nas famílias onde há diálogo, amor, colaboração. Nota-se o sinal da Trindade onde não existe competição, dominação sobre os outros, mas prestação de serviço fraterno para quem precisa sentir-se amado. Que gestos de amor de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, são identificados em nossa comunidade?

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“Caminha conosco!”

Deus Comunhão

Na festa da Santíssima Trindade somos chamados a compreender melhor o mistério profundo de um Deus Uno e Trino, verdade fundamental da fé cristã. A liturgia, nos textos oracionais, reflete essa verdade a partir do dogma. As leituras contemplam o Deus que se revela na História da Salvação. Deus se revelou para estarmos em comunhão com Ele. Moisés reconhece a misericórdia de Deus, por isso pede perdão da culpas e insiste: “Caminha conosco” (Ex 34,9). Caminhar juntos, na palavra de Jesus é morar em nós (Jo 14,22). Cria-se comunhão com Deus e comunhão-comunidade com os irmãos. Pela comunhão na comunidade manifestamos a comunhão com a Trindade. Como seria bom se pudéssemos ter palavras para explicar o que significa estar em comunhão com a Trindade. Este é o modo normal de ser dos que vivem o amor. A experiência de Deus de cada pessoa, em particular dos que optaram por acolher a mensagem de Jesus, é inefável, isto é, não temos palavras para explicar. A comunidade tem uma função simbólica. Estar juntos é sinal da comunhão. Estamos um ao lado do outro. Cabe ao Espírito realizar a união espiritual de tal modo que entramos em comunhão com a Trindade Santa. Os reflexos desta união se dão em nossa vida quando buscamos viver no amor e provocar sempre maior união entre as pessoas. Deus usou de misericórdia para conosco, vindo ao nosso encontro e estabelecendo conosco uma vida de união de nosso ser com seu Ser.

Veio para Salvar

A salvação de Jesus não é, primeiramente, solução de uma questão negativa que era o pecado da humanidade, mas abrir-se à comunhão com Deus. A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo, estejam convosco! Ao iniciar até displicentemente: Bendito seja Deus que nos uniu no amor de Cristo! Sabemos que, quando amamos e servimos as pessoas, participamos do dinamismo do amor de Deus. Se servirmos como Jesus, viveremos sua vida com o Pai e o Espírito. Ninguém serve a não ser por amor. Se for amor, é vida da Trindade. Jesus diz que o Pai vem morar em nós, se permanecermos unidos como o ramo ao tronco. Quando amamos, o Pai nos ama e vem morar em nós. Não se trata tanto de uma busca, mas de um acolhimento. Deus já fez tudo o que podia por nós, dando-nos a Si mesmo em Jesus. Isso é salvação. A fé em Jesus nos conduza a viver de um modo novo na comunhão com os outros, usando nossos dons para servir. Fomos introduzidos numa comunidade onde a vida de amor se manifesta no serviço.

Comunhão no Espírito Santo.

Se estivermos unidos em comunhão com a Trindade, realizamos a missão de introduzir as pessoas nesta união com a Trindade Santa. A comunidade existe para anunciar e atrair à comunhão. Fé cristã não é fazer algumas ou muitas rezas ou ter um nome de católico ou outro. É viver em comunhão com Aquele que tanto nos amou e enviou seu Filho para o perdão e o Espírito para a santificação na união. A ação do Espírito é realizar esta ligação entre nós, como as células no corpo. Assim a vida de Deus passa a todos pelo Espírito Santo. O Espírito Santo não é um mercadinho de dons, mas é o Dom. Fomos crismados pelas palavras: Recebe, por este sinal, o Espírito Santo, dom de Deus. Os dons são serviços um presta ao outro para que a comunhão com a Trindade seja concreta.

Leituras: Êxodo 34,4b6.8-9; Daniel 3,52-56; 2Coríntios 13,11-13; João 3,16-18.

Homilia da Solenidade da Santíssima Trindade (20.06.11)

1. A celebração nos leva a conhecer mais o Mistério da Ssma Trindade tanto do ponto de vista do dogma como da História da Salvação. Jesus retoma o pedido de Moisés Caminha conosco, pela habitação de Deus em nós. Entramos em comunhão com Deus e com os outros. O Espírito Santo realiza esta comunhão que os conduz sempre ao amor.

2. A salvação não é só para salvar do pecado, mas é sobretudo para abrir à comunhão. Participamos do dinamismo do amor de Deus através do serviço fraterno.

3. A missão da comunidade é anunciar o Deus amor e levar à comunhão. A fé cristã se concretiza na comunhão com o Deus que nos amou e deu seu Filho para o perdão e santificação na união. O Espírito realiza a união. O Espírito é o dom que recebemos para vivermos a serviço da comunhão.

A comunhão com a Trindade

Álbum de Família

Celebrar a festa da Santíssima Trindade é como abrir um álbum de família e contemplar a face de quem amamos. Olhando as feições de nosso amado o Pai, do querido Filho e do terno Espírito Santo, começamos a nos lembrar as maravilhas que vivemos nessa família.

A Palavra de Deus ensina que o Pai é um Deus misericordioso, clemente, rico em bondade e fiel. Moisés sente-se na liberdade de dizer: Caminha conosco! (Ex 24,8). Este Deus nos ama tanto, mas tanto, que mandou o Filho para dar a vida ao mundo para que o mundo tivesse vida. O Filho até perdeu a vida para que a tivéssemos.

Deus quer sempre o bem de todas as pessoas. Ninguém escapa de seu amor. Ele ama sem a gente merecer. É gratuito

Para que o amor seja completo, deu-nos o Espírito Santo que é o amor do Pai pelo Filho e do Filho pelo Pai. Assim amamos com o amor de Deus.

Deus quer nos colocar em união e comunhão com Ele.

padre Luiz Carlos de Oliveira

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Santíssima Trindade

A Igreja celebra hoje uma festa muito particular: a santíssima Trindade. A grande pergunta que primeiro aflora a nós cristãos tem sempre sido essa: “Qual é a mensagem central de Jesus?” Muita gente tem várias opiniões a respeito, mas é bom deixar claro algo que é central na mensagem de Jesus: Jesus veio nos ensinar que Deus em seu mistério mais íntimo não está sozinho, mas em comunidade. Sendo um só e único Deus, se manifesta em três pessoas diferentes. Isto não significa que há três deuses mas somente um Deus Verdadeiro.

Em verdade, nesta centralização se manifesta nossa fé. As demais coisas que nos ensinou Jesus estão subordinadas a entender o ministério trinitário. E também a entender as “missões” que cada uma das pessoas divinas tem. Ao Pai atribuímos a criação, ao Filho, a Redenção e ao Espírito Santo, a santificação e à vida da Igreja.

Seria também muito importante enquadrar estes poucos versículos em todo o capítulo 3 de são João, em seu diálogo com Nicodemos e a exposição do mistério da redenção. Por isso te convidamos também que leias desde o versículo primeiro até esta passagem, para entender melhor o contexto da citação.

Pela primeira vez aparece o termo “vida eterna”, que é a expressão central e que designa o Don divino outorgado a humanidade. Jesus veio para que “todo aquele que nele crê não morra, mas tenha a vida eterna”. Ou seja, aqui também está falando para o acreditar nele. Não se trata simplesmente de um crer passivo, ou de um crer somente em Deus. Mas em crer: QUE DEUS, O PAI, ENTREGOU SEU FILHO ÚNICO PARA A SALVAÇÃO DE TODOS. Então, falamos de um crer ativo, um crer que se passa de algo interno a algo externo.

A fé, segundo nos diz a carta do apóstolo Tiago, se deve manifestar externamente com ações concretas: “a fé é assim: se não vier acompanhada de ações, é coisa morta” (Tg. 2,17). Portanto, a fé será um meio para alcançar esta vida eterna.

Este discurso de Jesus, nos abre a uma nova dimensão que é o amor de Deus, fonte principal do envio de seu único Filho. Este é um dos momentos centrais de todo o Evangelho. O amor de Deus pela humanidade e o desejo que Ele tem de salvá-la. O sujeito deste versículo 16 é o próprio Deus. Ele empreende esta ação, Ele é origem de tudo e o mistério criador chega a seu ponto culminante também com o envio de Jesus para a redenção.

O verbo “amou” indica sua essência mais profunda: “Deus é amor”. Amar é a totalidade do ser divino. Sua manifestação de verbo e substantivo. Seu pensamento, seu coração e sua ação são claras e decididas. Não há diferenças entre estas. Pelo que se converte à unicidade de Deus em que, entre palavras e obras há igualdade. “Deus é amor” (1Jo 4,8)

Agora sim, o objeto e beneficiário deste amor que é a essência e substância divina é a humanidade inteira. Nisto, muda radicalmente a ideia que Deus é um ser distante e estranho ao mundo.

O efeito deste amor tão grande que Deus tem por todos os seres humanos, é o dom inefável de seu Filho Único Jesus, o Cristo, que encarnado no seio da Virgem Maria, se entrega por nós no holocausto da cruz.

A finalidade deste envio, então é que todos os seres humanos que cheguem a crer em que Jesus é o Senhor (Cristo) e aceitá-lo como Filho de Deus e Salvador, e vivendo de tal forma que sua fé seja transformadora de sua vida, obtenham a salvação. Aqui existem dois verbos: não morra, mas tenha a vida eterna. Este é o grande dom da salvação. ESTA É A NOTÍCIA ESPERADA POR TODA A HUMANIDADE, que a morte já não tenha poder sobre nós, porque Jesus no libertou da morte eterna e nos oferece a vida eterna.

Este texto tão breve mas tão substancioso termina dizendo: “Deus não me enviou a este mundo para condenar as pessoas, mas para salvá-las”. Jesus aqui parece repetitivo, porém é para afirmar seu envio salvador. Ainda que também deixa claro que existem muitos que se não crerem Nele, estarão condenados.

O que é a condenação então? Se o Filho de Deus não foi enviado para condenar, mas para salvar, como alguém pode condenar-se? E a resposta é clara: o que crê não é julgado mas aquele que não crê que Jesus é o Filho Único de Deus que veio salvar o mundo, já está condenado. A FÉ QUE SALVA CONSISTE NO ACOLHER AO FILHO DE DEUS. E esta recepção em nossa vida, consiste claramente em algo ativo, algo que se veja, que se manifeste.

O discipulado nos leva à missão.

Para ilustrarmos, leiamos o número 202 do Catecismo da Igreja católica a respeito:

202 Jesus mesmo confirma que Deus é "o único Senhor" e que é preciso amá-lo de todo o coração, com toda a alma, com todo o espírito e com todas as forças. Ao mesmo tempo, dá a entender que ele mesmo é "o Senhor". Confessar que "Jesus é Senhor" é o específico da fé cristã. Isso não contraria a fé em Deus único. Crer no Espírito Santo "que é Senhor e dá a Vida" não introduz nenhuma divisão no Deus único: cremos firmemente e afirmamos simplesmente que há um só verdadeiro Deus eterno, imenso e imutável, incompreensível, Todo-Poderoso e inefável, Pai, Filho e Espírito Santo: Três Pessoas, mas uma Essência, uma Substância ou Natureza absolutamente simples.

ir. Ricardo Grzona - tradução: Adriano Israel

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Deus Uno e Trino

Por que os cristãos acreditam na Trindade? Não é já bastante difícil crer que existe Deus como para acrescentarmos o enigma de que é «uno e trino»? Frequentemente aparecem aqueles que deixariam de lado a Trindade, também para poder assim dialogar melhor com judeus e muçulmanos, que professam a fé em um Deus rigidamente único.

A resposta é que os cristãos acreditam que Deus é trino porque crêem que Deus é amor! Se Deus é amor, deve amar alguém. Não existe um amor vazio, sem ser dirigido a ninguém. Nos interrogamos: a quem ama Deus para ser definido amor? Uma primeira resposta poderia ser: ama os homens! Mas os homens existem há alguns milhões de anos, não mais. Então, antes, a quem amava Deus? Não pode ter começado a ser amor desde certo momento, porque Deus não pode mudar. Segunda resposta: antes de então amava o cosmos, o universo. Mas o universo existe há alguns milhões de anos. Antes de então, a quem amava Deus para poder ser definido como amor? Não podemos dizer: amava a si mesmo, porque amar a si mesmo não é amor, mas egoísmo, ou, como dizem os psicólogos, narcisismo.

Está aqui a resposta da revelação cristã. Deus é amor em si mesmo, antes do tempo, porque desde sempre tem em si mesmo um Filho, o Verbo, a quem ama com amor infinito, que é o Espírito Santo. Em todo amor há sempre três realidades ou sujeitos: um que ama, um que é amado e o amor que os une. Ali onde Deus é concebido como poder absoluto, não existe necessidade de mais pessoas, porque o poder pode ser exercido por um só; mas não é assim se Deus é concebido como amor absoluto.

A teologia tem-se servido do termo natureza, ou substância, para indicar em Deus a unidade, e o termo pessoa para indicar a distinção. Por isso, dizemos que nosso Deus é um Deus único em três pessoas. A doutrina cristã da Trindade não é um retrocesso, um pacto entre monoteísmo e politeísmo. Ao contrário: é um passo adiante que só o próprio Deus poderia fazer que a mente humana desse.

A contemplação da Trindade pode ter um precioso impacto em nossa vida humana. É um mistério de relação. As pessoas divinas são definidas pela teologia como «relações subsistentes». Significa que as pessoas divinas não têm relações, mas que são relações. Os seres humanos têm relações --entre pai e filho, marido e mulher...--, mas não nos esgotamos nestas relações; existimos também fora e sem elas. Não é assim com o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

A felicidade e a infelicidade na terra dependem em grande medida, sabemos, da qualidade de nossas relações. A Trindade nos revela o segredo para ter relações belas. O que faz bela, livre e gratificante uma relação é o amor em suas diferentes expressões. Aqui se vê quão importante é contemplar a Deus antes de tudo como amor, não como poder: o amor doa, o poder domina. O que envenena uma relação é querer dominar o outro, possuí-lo, instrumentalizá-lo, em vez de acolhê-lo e entregar-se. Devo acrescentar uma observação importante. O Deus cristão é uno e trino! Esta é, portanto, desta forma, a solenidade da unidade de Deus, não só de sua trindade. Nós, cristãos, também cremos «em um só Deus», só que a unidade na qual cremos não é uma unidade de número, mas de natureza. Parece mais a unidade da família que a do indivíduo, mais a unidade da célula que a do átomo.

A primeira leitura da Solenidade nos apresenta o Deus bíblico como «misericordioso e clemente, lento para a cólera e rico no amor e na fidelidade». Este é o traço que mais reúne o Deus da Bíblia, o Deus do Islã e o Deus (melhor dito, a religião) budista, e que se presta mais, por isso, a um diálogo e a uma colaboração entre as grandes religiões. Cada sura do Alcorão começa com a invocação: «Em nome de Deus, o Misericordioso, o Compassivo». No budismo, que desconhece a idéia de um Deus pessoal e criador, o fundamento é antropológico e cósmico: o homem deve ser misericordioso pela solidariedade e a responsabilidade que o liga a todos os viventes. As guerras santas do passado e o terrorismo religioso do presente são uma traição, não uma apologia, da própria fé. Como se pode matar no nome de um Deus ao qual se continua proclamando «o Misericordioso e o Compassivo»? É a tarefa mais urgente do diálogo inter-religioso que juntos, os fiéis de todas as religiões, devem buscar a paz e o bem da humanidade.

fr. Raniero Cantalamessa, ofmcap - tradução: Élison Santos

 

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Hoje celebramos o mistério central de nossa fé

Como pode três pessoas em um só Deus?!... A solenidade não é um convite para decifrar o mistério, mas contemplá-lo com veneração. Deus é comunidade de amor e para esse fim nos criou: viver o amor entre irmãos. No mistério da Santíssima Trindade, Deus é comunidade de amor, também nós, Nele, devemos sê-lo, louvando-O e bendizendo pelos gestos realizados em todas as Igrejas Cristãs. O evangelho faz parte do diálogo de Jesus com Nicodemos, cujo tema é a vida nova pela água e pelo Espírito. O texto enfatiza um Deus bondoso, rico em perdão e fidelidade, realizando a salvação por amor. Seu Filho único veio mostrar o caminho da salvação e quem Nele crer terá vida eterna. Pela encarnação, o Filho foi enviado para manifestar o amor do Pai, o mistério em obras e palavras até a morte e glorificação.

A ação de Deus é salvar e a fidelidade de Jesus, amando até o fim, realiza essa opção. Acolher e aderir ao Filho de Deus pela fé é fazer a experiência da salvação e, comprometendo-se com seu amor, faz com que o Deus compassivo vá a seu encontro, oferecendo Seu amor e vida plena.   É pela unidade do Pai, Filho e Espírito Santo que somos convocados a entrar na dinâmica salvífica do mistério trinitário. Que esse Deus Uno e Trino, Pai, Filho e Espírito Santo, nos conceda a graça de uma vida em comunhão com os irmãos.  

Primeira leitura: Ex. 34,4b-6.8-9

O Deus Uno, revelando-se em Jesus como Trino, é apresentado por Moisés como misericordioso, paciente, fiel e rico em bondade.

É a restauração da aliança, violada, reflete a compaixão infinita de Deus que perdoa as infidelidades de seu povo, porque Ele é um Deus que ama e deseja estabelecer laços familiares com os homens. A leitura lembra as tradições sobre a aliança do Sinai que Israel assumiu com Jahwéh. Monte Sinai: não existe identificação geográfica do “monte” da aliança, mas uma península triangular, acidentada e deserto árido. Com a aliança rompida, Moisés intercede pelo Povo, reconduzindo uma Nova Aliança com Israel.Deus aproxima-se de Moisés: é Sua manifestação (a teofania), vinda ao encontro do homem, “na nuvem”, que ofusca o mistério de Deus, oculto e presente, Seu rosto o homem não pode ver. A nuvem lembra, também, a separação entre  Céu e  terra, e Deus, mistério insondável, o homem só sente no coração. Deus é o parceiro ideal na aliança: Jahwéh é o Deus triunfante, fiel e ilimitado em misericórdia. Ele deseja comunhão respeitando nossa liberdade. Nós, seres livres, até inventamos rostos de Deus, de acordo com nossos anseios e interesses, que fogem da realidade Divina.

Segunda leitura: 2Cor. 13,11-13 – Que a paz de Deus esteja convosco!

São Paulo saúda a todos em nome da Trindade, exortando a buscar a perfeição, o crescimento em Cristo, manifestado na alegria, no crescimento mútuo e na paz. Ele saúda com uma bênção litúrgica solene em nome da Trindade: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco”. Era a fórmula provável que os cristãos utilizavam na celebração Eucarística, como troca da saudação de Paz, constituindo-se em confissão de fé no Deus Trino. O texto nos mostra a realidade de um Deus comunhão, que é família e pretende atrair os homens para a dinâmica de seu amor, nos convocando a viver em comunhão com Ele e com os irmãos. Pelo Batismo a comunidade cristã é convidada a descobrir que Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, é a expressão de amor como família, como comunidade. Assim, os membros da comunidade cristã aderem ao projeto de Deus, apresentado pelo Filho, a caminhada é animada pelo Espírito Santo e, o fim ultimo dessa partilha, é a pertença à família trinitária.

Evangelho: Jo 3,16-18 - Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Único

João nos convoca a contemplar um Deus cujo amor é tão grande, a ponto de enviar ao mundo seu Filho Unigênito e, Jesus, o Filho, cumprindo o plano do Pai, fez da sua vida um dom total, até a morte na cruz, oferecendo aos homens a vida definitiva. Nesta fantástica história de amor plasma-se a grandeza do coração de Deus. O Pai e o Filho estão unidos num mesmo amor por nós. João, em sua carta, reafirma que “Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo para que tenhamos a vida por ele“ (1Jo 4,9).

O texto faz parte de uma conversa entre Jesus e um chefe dos judeus (Nicodemos) que O visita à noite para não se comprometer como membro do Sinédrio, é o mesmo que se fez presente no enterro de Jesus. Na conversa Nicodemos reconhece a autoridade de Jesus e Jesus lhe diz que para entender sua proposta, é preciso nascer de Deus, porque sua proposta é projeto de Deus. Diz a Nicodemos que o Messias tem que “ser levantado ao alto” porque encarou a história humana, assumindo sua fragilidade para vencer a morte, onde a cruz é a expressão suprema do amor que transforma homens egoístas e orgulhosos para inseri-los na dinâmica de vida nova e plena.

Resumindo: porque amava a humanidade, Deus enviou o seu Filho Único ao mundo com uma proposta de salvação, que nunca foi retirada e continua aberta e à espera de resposta. Diante da oferta de Deus, o homem pode escolher a vida eterna ou pode se excluir da salvação. Que nossa resposta seja um SIM consciente e amoroso à vontade do Pai, como opção livre, lembrando que o juízo se realiza aqui na terra em função de nossa opção.

 

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Pai, Filho e Espírito Santo

O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central de nossa fé e de nossa vida cristã. É o Mistério de Deus em si mesmo. É portanto a fonte de todos os outros mistérios da fé. Trata‑se de um mistério no sentido estrito, um dos "mistérios escondidos em Deus que não podem ser conhecidos se não forem revelados do Alto". Sem dúvida, Deus deixou vestígios de seu ser Trinitário na obra da criação e sua revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas a intimidade do seu ser como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel, antes da encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo. Muitas religiões designam Deus como Pai. Ao designar Deus como Pai, a linguagem da fé indica dois aspectos: origem primeira de tudo e autoridade transcendente e que, ao mesmo tempo, é bondade e solicitude de amor para com todos os seus filhos.

Esta ternura paterna de Deus pode ser expressa também mediante a linguagem da maternidade. Os pais são os primeiros representantes de Deus para o homem, mas a fraqueza humana pode desfigurar o rosto da paternidade e maternidade. Deus transcende a paternidade e a maternidade humanas. Ninguém é Pai como Deus o é. Com efeito, Jesus revelou que Deus é Pai num sentido inaudito: não o é somente enquanto criador, mas o é eternamente em relação a seu Filho único que, reciprocamente, só é Filho em relação a seu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt. 11,27).

O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, revelado pelo Pai e pelo Filho. Antes da Páscoa Jesus anuncia o envio de um outro paráclito, o Espírito Santo. Em ação desde a criação, depois de ter outrora falado por meio dos profetas, ele estará agora junto de seus discípulos e neles, a fim de ensiná‑los e conduzi‑los à verdade toda (Jo 16,13). A origem eterna do Espírito Santo revela‑se na sua missão temporal.

O Espírito Santo é enviado aos apóstolos e à Igreja tanto pelo Pai em nome do Filho quanto pelo Filho, depois que este tiver voltado para junto do Pai. Nós, cristãos, somos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt. 28,19) e não nos nomes destes, pois há um só Deus: o Pai Todo‑poderoso, seu Filho unigênito e o Espírito Santo: a Santíssima Trindade. Nosso batismo significa, portanto, imersão (este é o sentido literal do batismo) plena no mistério da Santíssima Trindade.

Batizar todas as gentes em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo e fazê‑las discípulos e discípulas de Jesus é conduzi‑Ias ao insondável mistério de Deus Trindade. Neste Deus, nós cristãos, estamos mergulhados.

frei Aloísio Antônio de Oliveira OFV Conv.

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A festa de Deus

Hoje é a solenidade do Deus que é Pai, Filho e Espírito. É festa da Trindade. “Com vosso Filho único e o Espírito Santo, sois um só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus” (Prefácio da Santíssima Trindade). Com todo respeito nos abeiramos do insondável mistério de Deus. Hoje é a festa de Deus.

A primeira leitura de hoje nos fala de uma “entrevista”, de um encontro de Moisés com o Senhor. Moisés sobe a uma montanha. A montanha é lugar privilegiado para as teofanias, para as manifestações de Deus. A nuvem anunciava a proximidade do Senhor. O coração de Moisés experimenta confusão diante do Mistério. Moisés não encontra palavras suficientemente fortes para exprimir a Deus o que se passa em seu interior. Ele se sente agraciado. Confuso diante da grandeza do Senhor, Moisés curvou-se até o chão, prostrou-se, em sinal de profunda adoração. Com esses gestos marca nitidamente a diferença entre a criatura e seu Senhor. Ao mesmo tempo pede que Ele acompanhe seu povo: “Senhor, se é verdade  que gozo de teu favor, peço-te, caminha conosco; embora este seja um povo de cabeça dura, perdoa nossas culpas e nossos pecados e acolhe-nos como propriedade tua”. Mais tarde, com a revelação de Jesus, iriamos saber que esse Deus altíssimo vem morar no interior de cada homem que o recebe. Não nos acompanha apenas, mas mora em nossa intimidade.     Paulo em sua carta proclamada hoje afirma: “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo  estejam com todos vós”. O Pai eternamente Pai, não gerado, eternamente gera o Filho e o liame de amor entre o Pai e o Filho é o Espírito. O Verbo se fez carne e habitou entre nós. O Pai e o Filho enviaram o Espírito que foi derramado em nossos corações. Tiramos a sandália dos pés, como Moisés, porque estamos diante do Insondável. Deus grande e belo, uno e trino, está conosco. Só nos cabe adorá-lo no sacrário da habitação de nossa interioridade.

João lembra que o Pai manda o Filho ao mundo para os homens possam viver e não venham a morrer. Mandar, enviar... dois da Trindade são enviados. O Filho nasce de uma mulher e santifica com sua presença a realidade humana desde o nascimento até à morte. É a missão do Filho. Ele veio para mostrar até que ponto o Pai nos ama e para levar de volta ao Pai essa humanidade visitada pela segunda pessoa da Trindade. Há a missão do Espirito para esclarecer, revigorar, fortalecer, impregnar, fazer arder.

Hoje é a festa de Deus....Deus Pai, Filho e Espirito...

frei Almir Ribeiro Guimaeães

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O Deus de Amor

O tempo pascal nos colocou diante dos olhos a unidade da obra do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Cristo veio cumprir a obra do Pai e nos deu seu Espírito, para que ficássemos nele e mantivéssemos o que ele fundou, renovando-o constantemente, neste mesmo Espírito. Assim, a festa de hoje vem completar o tempo pascal, como uma espécie de síntese. Síntese, porém, não intelectual (isso seria como a criança, de que fala Agostinho, que queria colocar o mar um pocinho na areia), mas “misterial”, isto é, celebrando a nossa participação na obra das pessoas divinas.

Como ponto de partida podemos tomar o evangelho, que, aludindo ao sacrifício de Isaac (“filho único”) por Abraão, proclama que a obra de Cristo é o plano do amor do Pai para com o mundo. Quem a aceita na fé, está salvo. O Deus que em Jesus Cristo se manifesta (cf. Jo 1,18) é o Deus da “graça e verdade”(Jô 1,14.16s), o que se pode traduzir também, conforme a índole da língua hebraica, por “amor e fidelidade”. A 1ª leitura nos conforta com o texto mais característico do Antigo Testamento a falar nesse sentido: Deus é compassivo e misericordioso, lento para cólera, rico em bondade e fidelidade (Ex. 34,6). Diante deste Deus, sentimos o peso do pecado, mas também o desejo de ser seu (Ex. 34,9).

Não há oposição entre o Deus do Antigo Testamento e o do Novo. É verdade que o Antigo Testamento não oferecia uma visão completa sobre Deus; Moisés só pôde ver Deus de costas (Ex. 33,23), de modo que João tem razão quando diz que ninguém jamais viu Deus, mas o Filho unigênito o deu a conhecer (1,18), pois, quem vê Jesus, vê Deus mesmo (14,9). Mas o Deus do Antigo Testamento é o mesmo Deus do Novo. Deus é um só: o Deus de amor (1Jo 4,8.16). Nós é que temos, às vezes, visões muito parciais dele. Mas em Cristo, ele se deu a conhecer como aquele que ama o mundo até entregar por ele seu próprio filho (evangelho).

Assim, o mistério que nos envolve, hoje, é o da unidade do Pai e do Filho, no seu amor para o mundo (compare Jo 3,16 com 1Jo 3,16). Esta unidade no amor para dentro e para fora, Agostinho a identificou como Espírito Santo. O Espírito de Deus é de amor e unidade (cf. Pentecostes).

Daí ser bem adequada a saudação final de Paulo aos Coríntios (2ª leitura), desejando-lhes o Deus da paz e pedindo que eles se saúdem com o “beijo santo” (o nosso “abraço da paz”), no nome das três pessoas divinas, que ele caracteriza como segue: o Filho, graça; o Pai, amor; o Espírito, comunhão (cf. a saudação inicial da missa).

O prefácio próprio traz as fórmulas consagradas: três pessoas em um Deus, mesma natureza e igual majestade... A teologia recorreu à distinção filosófica entre o ser como essência (natureza: o que se é) e como subsistência (existência, pessoa: aquele que é), para expressar o “mistério” que consiste em encontrarmo-nos com o Deus único, tanto na obra do Cristo, quanto na criação e na história salvífica, como também ao Espírito que age na Igreja e no mundo. A experiência de Deus se fez - sem diminuição e sempre essencialmente a mesma - em Cristo e no Espírito que anima a Igreja. Portanto, o mistério da SS. Trindade é outra coisa que um problema especulativo; é um dado da experiência cristã. E, sobretudo, experiência de um Deus amoroso.

Uma pista para a atualização desta mensagem: nosso povo simples é muito comunicativo, partilha a tal ponto seus bens, pensamentos e sentimentos que, às vezes, não faz diferença a gente falar com fulano ou com sicrano: falando com um, fala-se com o outro. Falar com o filho da casa é a mesma coisa que falar com o pai: duas pessoas distintas, mas a “causa” (“o negócio”) é a mesma. Assim também as Pessoas divinas; e a “causa” comum delas é seu próprio ser: amor e fidelidade.

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Três pessoas em um só Deus

Para muitas pessoas, inclusive cristãs, a SS. Trindade não passa de um problema de matemática: como pode haver três pessoas divinas em um só Deus? Parece que nada tem a ver com sua vida.

Se a Trindade fosse um problema matemático, deveríamos procurar uma “solução”. Mas, na realidade, não se trata de uma fórmula matemática, mas de um resumo de duas certezas de nossa fé: 1) Deus é um só; 2) o Pai, o Filho e o Espírito Santo são Deus. Isso nos convida à “contemplação” do mistério de Deus. Pois um mistério não é para a gente colocá-lo dentro da cabeça, mas para colocar a cabeça nele...

Na 1ª leitura, Moisés invoca o nome de Deus: “O Senhor (Javé), Deus misericordioso e clemente, lento para a ira, rico em amor e fidelidade...”. São essas as primeiras qualidades de Deus. Deus é um Deus que ama. Segundo o evangelho, Jesus revela em que consiste a manifestação maior do amor de Deus para com o mundo: ele deu o seu Filho, que quis morrer por amor a nós. O Pai e o Filho estão unidos num mesmo amor por nós. Em sua carta, João retoma o mesmo ensinamento: “Foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou o seu filho único ao mundo, para que tenhamos a vida por ele” (1 Jo 4,9)

Assim, tanto no Antigo Testamento como no Novo, Deus é conhecido como sendo “amor e fidelidade”. Estas são as qualidades que se manifestam com toda a clareza em Cristo (a “graça e verdade” de que fala Jo 1,14). Em Jesus, Deus aparece como comunhão de amor: o Pai, Jesus e o Espírito que age no mundo, esses três estão unidos no mesmo amor por nós. Um solitário não ama. Deus não é um ancião solitário. Deus é amor (1Jo 4,8), pois ele é comunidade em si mesmo, amor que transborda até nós.

Se Deus é comunidade de amor, também nós devemos sê-lo, nele. Se tanto ele nos amou, a ponto de enviar seu Filho, que deu sua vida por nós, nós também devemos dar a vida pelos irmãos, amando-os com ações e de verdade (cf. 1Jo 3,16-18). No amor que nos une, realizamos a “imagem e semelhança de Deus”, a vocação de nossa criação (Gn. 1,26).

O conceito clássico do homem é individualista. Isso não é cristão... Se Deus é comunidade, e nós também devemos sê-lo, não realizaremos nossa vocação vivendo só para nosso sucesso individual, propriedade privada e liberdade particular. A Trindade serve de modelo para o homem novo, que é comunhão. Devemos cultivar os traços pelos quais o povo se assemelha ao Deus-Trindade: bondade, fidelidade, comunicação, espírito comunitário etc.

Como pode haver três pessoas em um só Deus? Pelo mistério do amor, que faz de diversas pessoas um só ser. Deus é comunidade, e nós também devemos sê-lo.

Johan Konings "Liturgia dominical"

 

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Hoje a Igreja comemora uma grande festa, que nos enche de alegria. Na festa da Santíssima Trindade celebramos a unidade de um Deus Família. Deus que é Pai, que é Filho, e que é Espírito Santo.

As três pessoas da Santíssima Trindade são um só Deus, porque todas as três têm uma só e a mesma natureza divina. Não é fácil entender essa verdade que está muito acima da nossa inteligência. Porém, muito mais importante do que tentar entender, é aceitar e amar a Trindade Divina. 

Para tentar explicar o mistério da Santíssima Trindade, alguns catequistas a comparam a um bolo. Os três ingredientes básicos; a farinha, o ovo e o fermento têm características diferentes, porém juntos, formam uma mistura homogênea. É impossível separá-los e um complementa o outro.

Esperamos que este exemplo possa ajudar, mas crer na Santíssima Trindade não é uma questão de culinária, de matemática e nem de lógica, é uma questão de fé. Neste evangelho João menciona só duas pessoas. Fala do Pai e de seu imenso amor a ponto de dar o seu próprio Filho, para nos salvar.

Fala também do Filho que veio ao mundo não para condenar, mas para salvar o mundo. Termina dizendo que todo aquele que acreditar em Jesus não será condenado, mas quem não acreditar, já está condenado. É nessa frase que encontramos a terceira pessoa. O Espírito Santo é quem aviva a nossa fé e nos ajuda decifrar esse mistério. O caminho que conduz à salvação se realiza no Espírito Santo. Quem acreditar já está salvo.

Na segunda leitura da liturgia de hoje, (2Cor. 13,11-13) Paulo saúda os cristãos de Corinto com as palavras que usamos na Celebração Litúrgica: “A graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, o amor do Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vocês”.

Temos aqui a presença da Santíssima Trindade. Um só Deus em três pessoas. Um mistério profundo, inexplicável. A razão não consegue entendê-lo, mas a fé, esta sim, pode aceitá-lo; porque a fé é um dom de Deus.

Ao Pai, se atribui de modo especial a obra da criação. O Pai é aquele que tomou a iniciativa de salvar os homens, destinando-os a uma felicidade completa e eterna ao seu lado. Ao Filho é atribuída a redenção. O Filho é aquele que cumpriu esta obra de salvação com sua vinda ao mundo e sua fidelidade até a morte de cruz. 
E, ao Espírito Santo é atribuída a renovação da vida. O espírito é o amor que une o Pai ao Filho, é aquele que foi infundido no coração de todos os cristãos no batismo.

Mas, as três Pessoas Divinas estão presentes em tudo e em todos. Deus não é egoísta, nem solitário. Nosso Deus é comunidade de amor, é família, são três pessoas unidas no amor.

Assim somos nós quando vivemos a união, o amor fraterno, a partilha e a solidariedade. Quando realmente vivemos tudo isso na família, no ambiente de trabalho, na comunidade, seja onde for, estamos dando testemunho da presença do Deus Trindade.

Portanto, tudo o que fizermos na vida, vamos fazê-lo em nome da Santíssima Trindade. Sempre que fazemos o sinal da cruz, é o nosso Deus, uno e trino que estamos invocando.

O sinal da cruz é o cartão de identidade do cristão. Fazer o sinal da cruz em público, ao passar em frente a uma igreja na rua ou no ônibus lotado, é uma forma de evangelizar, é uma demonstração de fé e coragem.

Vamos nos aproximar do Deus Trino e como Maria Santíssima, deixar viver em nós a plenitude da presença das três pessoas. Maria, humildemente, deixou o coração se sobrepor à razão. Acreditou e aceitou o pedido do seu Pai, desposou o Espírito Santo e tornou-se a mãe do Filho.

Veja que boa notícia: O batismo fez de nós Templos de Deus e morada da Santíssima Trindade. Por isso, com muita alegria vamos encerrar este nosso momento de fé, dando glórias ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo!

Jorge Lorente

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Deus amou tanto o mundo...

 “Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único...” (v. 16). O amor do Pai é a fonte da missão do Filho único. O amor de Deus para nós é sua pura iniciativa gratuita: “Nisto se manifestou o amor de Deus (ágape) por nós: Deus enviou o seu Filho único ao mundo para que vivamos por Ele. Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e enviou-nos o seu Filho como vítima de expiação pelos nossos pecados” (1Jo 4,9-10).

As numerosas passagens do evangelho de São João, onde aparece o amor de Deus, e a primeira carta de São João se completam reciprocamente. Esses textos revelam o seguinte: Deus Pai é a fonte do amor, dele deriva a missão de amor do Filho e a resposta dos homens e das mulheres para os quais é revelado esse amor infinito e entregue o Espírito de verdade. O Espírito dá a possibilidade de confessar Jesus Cristo e distinguir a verdade do erro (cf. Jo 4,2-6; Jo 14,17; 15,26; 16,13).

Deve ser uma resposta de fé: “Deus (...) entregou o seu filho único para que todo o que nele acredita não morra, mas tenha a vida eterna”. Essa fé deve estar inseparavelmente unida ao amor: “Aquele que não ama não conheceu a Deus, porque Deus é amor” (1Jo 4,8).

Os três versículos escolhidos pela liturgia de hoje estão concentrados no amor do Pai que se revela particularmente no dom do Filho único.

Deus amou “o mundo” (kósmos): não somente os homens e as mulheres, mas toda a criação. Não se deve ler essa expressão como sendo dirigida somente a uma criatura, o homem, pois Deus é criador de todo o universo e das criaturas que nele habitam. O seu amor criativo atinge todas elas; toda a criação que, juntamente com o homem, sofreu o efeito do pecado (cf. Gn. 3,17) espera com ele a redenção (cf. Rm. 8,19-21).

A missão do Filho é uma missão de salvação. Quem crê que “possui vida eterna”, a vida pela qual a morte foi derrotada, a vida em Deus, está convidado a viver, como Jesus, fazendo obras dignas desta vida, isto é, obras de amor.

O julgamento de Deus, introduzido nos versículos 17-18, não contradiz a afirmação que a missão do Filho é missão de salvação.

Essa é a única finalidade a que o Pai se propõe através da missão do Filho, como é abertamente declarado no versículo 17. O versículo 18 expressa a assim chamada “escatologia realizada”, própria do quarto evangelho. Isto é, a salvação com a revelação de Cristo já está presente aqui e agora e quem crê participa dela. O julgamento de Deus celebra-se já neste mundo. Quem crê, se salva, quem não crê, já está condenado, mas não de modo definitivo; ou melhor: o querigma aqui anunciado tem exatamente a finalidade de levar à fé quem não crê.

“O Mílite”

 

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Trindade

A bíblia revela, em uma palavra, quem é Deus: Deus é amor (1 Jo 4,8). Amor pessoal, (porque te ama como se somente tu existisses) amor total (sem medida, porque a medida do amor é dar sem medida), amor sacrificado (oblativo, entregue e paciente), amor universal (inclusivo, não excludente), amor preferencial (se inclina ao mais débil).

As leituras de hoje revelam o perfil, o rosto ou a fisionomia de Deus. A leitura do Êxodo o revela como um Deus “compassivo e misericordioso, lento na cólera e rico em clemência e lealdade”. Como querendo contrastar a infidelidade do Povo e a fidelidade de Deus.

Paulo, na segunda leitura, desvela o mistério de um Deus Pai, Filho e Espírito Santo, mediante a saudação trinitária à assembléia. Finalmente o evangelho de hoje revela uma luz especial: “Deus tanto amou o mundo que lhe entregou seu Filho” (Jo 3,16).

Estes seriam como que os versículos fundamentais para nossa fé. Em primeiro lugar Deus de Israel e de Jesus é um Deus presente na historia. O antigo e novo Povo de Deus não chegaram à experiência de Deus, nem pela natureza (religiões naturalistas, tendentes a divinizar a criação), nem pela filosofia (a elucubração dos filósofos, que através das causas segundas, chegaram a uma primeira causa: Deus), mas pela historia.

Daí que o credo de Israel e da Igreja se definam como credos históricos. Impossível proclamar este Deus, deixando de lado os grandes acontecimentos salvificos: que “nasceu da virgem Maria, padeceu sob Poncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, etc., são dados históricos pontuais.

Deixar de lado a historia seria desencarnar a fé, privá-la de sua sacramentalidade histórica. Um Deus desentendido da historia não seria o Deus dos cristãos. Em segundo lugar, nesta historia cheia de luzes e de sombras, porém guiada pela mão de Javé, é que se vai avançando: o que os teólogos chamam “a revelação progressiva”.

Quando éramos crianças tivemos uma experiência de Deus que foi amadurecendo pouco a pouco até que nos tornássemos adultos. Trata-se de um princípio da pedagogia divina. O mistério de Deus uno e trino é fruto dessa experiência de revelação progressiva na historia. Revelação máxima, expressão de amadurecimento: Deus não é um ser isolado, afastado das realidades temporais, solitário.

Mas um Deus comunitário, família, sociedade, fraternidade, etc. Por isso, como dissemos no inicio, a expressão máxima de toda revelação bíblica é esta: Deus é amor. E o amor nunca é solidão, isolamento, mas comunhão, proximidade, diálogo e aliança. A própria natureza de Deus é um projeto de vida, que revela a própria natureza da alma humana, criada à sua imagem e semelhança.

Deste modo, podemos entender como a própria humanidade sente essa necessidade de aliança, ainda que em meio à pluralidade. Vivemos em uma casa comum, somos uma família (humana), temos as mesmas necessidades, os mesmos problemas. Deus nesta hora da historia, fala através de sinais de um mundo em constante busca de ser e de sentido.

Em terceiro lugar, não há por que quebrar a cabeça para tentar compreender (a partir de nossa lógica natural) um mistério que nos é dado pela revelação e que somente pode ser aceito plenamente pela fé. A Deus ninguém jamais o viu, somente o Filho que estava no seio do Pai, é quem no-lo deu a conhecer (Jo 1,18).

A fé passa do ouvido à  mente, da mente ao coração e do coração à vida. Não se trata de um processo meramente racional. Pois a razão necessita da racionalidade da fé, ao reconhecer-se humilde diante do mistério de Deus. Com efeito, Deus revela estas coisas ao povo simples, e as esconde aos sábios deste mundo.

Esta é a lógica e a sabedoria do nosso Deus, muito distinta e muito distante da lógica natural, marcada pelos egoísmos humanos. Deus entra mais facilmente no coração da criança do que no coração do adulto; entra mais no coração do humilde  do que no coração do soberbo; mais no coração do débil que no coração do que se julga forte.

Estamos diante do maior mistério, que nem olho viu, nem ouvido escutou. Aproximemo-nos de Deus com adoração (O Pai) dispostos a assumir seu projeto de fraternidade (O Filho) com toda profundidade de nosso ser (o Espírito Santo).

 

1. A solenidade da Santíssima Trindade nos leva por dentro do mesmo mistério inefável de Deus. É um mistério que apresenta toda uma serie de problemas ao raciocínio humano, começando da fé em um Deus em três pessoas. As leituras de hoje, devidamente escolhidas, nos ajudam a entender que, na realidade, o mistério de Deus não é tão misterioso assim como pode aparecer. Além disso, a solenidade de hoje é importante porque nos permite de parar e refletir sobre Deus, para constatar se a nossa idéia de Deus, bate ou não com a idéia de Deus que a Bíblia apresenta.

2. “O Senhor desceu na nuvem e permaneceu com Moisés, e este invocou o nome do Senhor”(Ex. 34,5).

O nosso Deus, o Deus no qual acreditamos é um Deus que se faz presente, que não fica pendurado nas nuvens, mas que desce para caminhar conosco. Aquilo que o versículo acima citado expressa é na realidade um dos grandes eixos da manifestação do Deus Bíblico, Deus que caminha conosco: Ele é o Deus conosco. O Deus Bíblico, assim como os textos sagrados o apresentam, é a historia de uma progressiva aproximação ao homem, uma progressiva aproximação á humanidade. Se Deus é o Deus conosco, pois é assim que ao longo dos séculos se manifestou, então tudo é feito para que o homem, a mulher perceba esta presença divina. Claramente o cume deste processo de aproximação o encontramos em Jesus Cristo, O Deus que se fez homem e que veio a morar no meio de nós, que se encarnou, que assumiu a nossa mesma condição humana: é muita disposição para Deus! Tudo isso tem um reverso, ou seja, que quem se queixa de não perceber a presença de Deus, não é porque Deus esteja ausente, mas, pelo contrario, porque a pessoa não está ligada, não está em sintonia com Deus, com aquela realidade divina que desde a criação faz de tudo para estar ao nosso lado. Este é o sentido do pedido que Moisés faz na primeira leitura e que Deus realiza ao longo dos séculos numa maneira excepcional. “Senhor, se é verdade que gozo do teu favor, peço-te, caminha conosco” (Ex. 34, 9). E é isso mesmo que JHWH fez e continua fazendo ainda hoje: se aproximar ao homem para caminhar conosco, para nos ajudar na difícil tarefa de viver a sua Palavra, de viver conforme a sua justiça e o seu amor. Nessa altura poderíamos nos perguntar: o que de Deus o homem aprende, experimentando a sua presença, a sua proximidade?

3. “Senhor! Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel”(Ex. 34,6).

Escutando este versículo podemos tranqüilamente dizer que quem não experimenta Deus desta maneira, não conheceu o Deus bíblico. De fato, o temor de Deus, que é sem duvida um outro dos temas dominante a teologia bíblica sobre Deus, não tem nada ver com o medo, mas sim com aquele caminho que a humanidade deve percorrer para reconhecer em Deus o único Senhor. O temor de Deus leva ao respeito incondicionado para com a sua Palavra, e este respeito produz a experiência da sua imensa justiça, da sua imensa misericórdia. Folhando as paginas da bíblia e, ao mesmo tempo, dos grandes santos bíblicos e da historia da Igreja, podemos tranqüilamente afirmar que se Deus não é reconhecido nestas qualidades de misericórdia, clemência, paciência, fidelidade, então trata-se de uma experiência espiritual esquisita, que não tem nada a ver com o rosto paterno e materno de Deus. A misericórdia é a qualidade, a essência de Deus. Que confirma isso tem um numero imenso de texto bíblicos, junto com uma serie infinita de experiências espirituais. O nosso Deus é o Deus misericordioso, lento á ira e rico de amor. O nosso Deus é o Deus da eterna ternura, sempre disposto a perdoar, para resgatar em cada momento e em cada situação a criatura humana.

4. “Deus amou tanto o mundo que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

O Deus conosco, que ao longo dos séculos se manifestou como Pai misericordioso, desvendou a grandeza do seu amor enviando o seu único Filho Jesus. Nele a humanidade toda tem a possibilidade de entender o sentido autentico e profundo do amor, como essência de Deus. Amor que é derramado nos nossos corações pela ação do Espírito Santo (cf. Rom 5,5). Tudo isso para dizer que, depois de Jesus, todos tem a possibilidade de realizar a própria humanidade e nisso percebemos o sentido da presença de Deus na historia, do Seu desejo de caminhar conosco, de descer para estar perto do homem, da mulher para que não se perca, mas sim consiga a viver ao passo das próprias potencialidades. Deus criou o homem para a vida: é isso que nos lembra a sabedoria bíblica (cf. Sab 2) e que é bem expressando no versículo colocado acima. Se Jesus veio ao mundo, se em Jesus Deus mesmo se fez homem, assumindo a nossa condição humana é para que a gente tivesse a possibilidade de viver não uma vida qualquer, não de viver de qualquer jeito, mas sim de viver numa maneira que valia a pena, uma maneira que possa conduzir á eternidade. Por isso é indispensável fazer a experiência de Deus, não de qualquer Deus, mas do Deus que se manifestou em Jesus Cristo, pois é só nele que a Verdade de Deus se desvendou na sua plenitude (cf. Ef. 1, 4-15). Nesse sentido podemos perceber que a experiência religiosa, o nosso aprofundamento da Palavra de Deus, o esforço de vivermos conforme os ensinamentos do Senhor não tempo perdido, não é um desperdiço como alguns são acostumados a falar, mas pelo contrario, é tudo tempo abençoado, pois é ali que encontramos o Caminho da vida autentica. É na vida espiritual que aprendemos que Deus nos Criou e depois fez de tudo para nos acompanhar dentro o mistério da vida para que pudéssemos realizar o seu plano.

5. “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam com todos vós” (2Cor. 13, 13).

Nesta saudação trindaria de Paulo, que somos acostumados a escutar no inicio de cada missa, encontramos em síntese tudo aquilo que precisamos saber sobre o mistério da Santíssima Trindade que, como acabamos de ver, se resume no mistério do amor de Deus. Jesus é o dom gratuito de Deus que, com este gesto desvendou o seu amor misericordioso cujo objetivo é realizar a comunhão entre os homens e as mulheres. Contemplando através das Escrituras Sagradas o Mistério da Santíssima Trindade, somos envolvidos na historia da salvação, que é a historia da ternura de Deus para com todos nós. Tomara que esta festa possa nos ajudar a saborear sempre mais este amor misericordioso para conseguirmos partilhá-lo com as pessoas que encontraremos ao longo da semana.

padre Paolo Cugini

 

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A FAMÍLIA DA TRINDADE

19 de Junho de 2011

Evangelho  João 3, 16-18

Nem acreditei quando Dona Ida falou com minha mãe, pedindo para me deixar passar um domingo na chácara da família, pois o Valdir, meu colega de escola, tinha por mim um grande afeto e manifestou aos pais o desejo de que eu lhe fizesse companhia. Naquela noite nem consegui dormir direito de tanta ansiedade e bem cedinho, com orgulho e alegria, lá fui eu, dentro do carro, com toda a família rumo a chácara para passar um dia, que na minha infância modesta foi mesmo inesquecível.

A chácara era belíssima, havia um lago onde andamos de barco e depois fizemos uma pescaria, nos refrescamos na piscina aonde Dona Ida nos serviu um suco delicioso. Daí fomos jogar futebol em um campinho gramado onde as traves tinham até rede. Fiquei tonto com tanta diversão, andamos a cavalo, andamos muito de bicicleta, empinamos pipa e acho que em apenas um dia me diverti por um ano, pois em casa os brinquedos eram bem raros e só em uma ocasião ou outra, saía para algum passeio.

Na hora do almoço, que foi servido na varanda com uma mesa farta, por ser acanhado retirei-me para um canto, pois minha mãe dizia que eu não tinha modos e eu não queria fazer feio.   Mas foi quando Dona Ida chamou-me pelo nome “Venha filho, sente-se e coma à vontade com a gente!”

Desculpei-me dizendo que não estava com fome, mas a bondosa mulher falou carinhosamente “Olha, você é como um irmão para o Valdirzinho que fica muito feliz quando está com você por perto, então se sente aqui, pois vocês faz parte da nossa família, queremos muito bem seu pai e sua mãe e a todos vocês”.    E após essas palavras, o Sr. Valter veio até mim, pegou-me pela mão e conduziu-me até a mesa, “Ida prepare um prato bem delicioso, o menino está faminto”! Comi até ficar triste, depois fomos descansar na sombra de um pomar onde nos deliciamos com frutas adocicadas.

Á tardinha, quando eles me deixaram em frente a minha casa, nos deram uma sacola cheia de frutas e legumes.

Tive outros dias maravilhosos como aquele, a amizade com o Valdirzinho tornou-se sólida, mas confesso que áquele primeiro dia foi inesquecível, pois na minha cabeça de menino pobre, filho de pai operário, as palavras da Dona Ida “Sente-se e coma a vontade, você faz parte da família”, fez nascer no meu coração uma incontida alegria, mesclada com sentimento de afeto e gratidão. Não era mais um estranho, ficava bem a vontade, o que era do Valdirzinho também era meu, os brinquedos, a casa, o sítio, a piscina, o campo de futebol, os cavalos, o lago e o barco. Era uma gente abençoada, cuja riqueza maior era saber partilhar o que tinha. Eles ajudavam muitas pessoas com obras de caridade, mas eu me sentia especial, porque “fazia parte da família”, segundo a Dona Ida.

O homem desde os seus primórdios sonha e deseja a plenitude, a fartura, o viver bem e ser feliz, muito cedo o ser humano descobriu que essa vida plena de realizações só se encontra em Deus, é esse desejo que encontramos na humilde oração de Moisés, na primeira leitura: “Se tenho o vosso favor, Senhor, dignai-vos caminhar no meio de nós, pois somos um povo de cabeça dura, perdoa nossas iniqüidades e pecados e nos aceita como propriedade vossa”

Sendo eu um menino pobre, meu pai nunca teria recurso para que pudesse desfrutar de todo aquele conforto, que esta família me proporcionava com freqüência! Assim também, a humanidade, tão pequena, frágil e limitada em suas misérias, jamais teria acesso a graça e salvação do Deus Todo Poderoso e Altíssimo, indigno e sem condições de olhar, Moisés, que representa toda humanidade, se prostra diante dele.

Festa da Santíssima Trindade lembra-me um Deus de rosto bondoso como o de Dona Ida, me dizendo naquele domingo inesquecível “Vem sentar-se conosco á mesa, te amamos muito, você faz parte da nossa família!” Eu gozava de toda esta estima de Dona Ida e do Sr. Valter, que até me consideravam como filho, por causa do Valdirzinho, que se afeiçoara a mim, de modo especial.

Para a humanidade, este amigo e irmão que nos ama de maneira gratuita e incondicional, este elo de ligação que nos permite fazer parte da família divina, e desfrutar de toda graça dispensada, é Jesus Cristo, Nosso Senhor e Salvador, e assim como a amizade com o meu amigo, me possibilitava ser praticamente um membro da família, desse mesmo modo a nossa fé em Jesus Cristo, todo amoroso e misericordioso nos comunica á salvação, porque nos insere na comunhão da Trindade que é o Pai, o Filho e o Espírito Santo, fazendo com que a sua graça, lá no mais íntimo de nós, faça brotar no coração essa incontida alegria de ser amado e querido do Pai, que um dia nos acolherá para sempre, na plenitude dos tempos, em sua “casa”, não apenas por um dia, mas por toda eternidade, sendo isso que Deus deseja ardentemente para todo homem.

                                                                           José da Cruz - Diácono permanente da
                                                           Paróquia Nossa Senhora Consolata- Votorantim
                                                                                                       
cruzsm@uol.com.br

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DOMINGO 19/06/2011

 

Jo 3,16-18

Frei Aloísio de Oliveira, OFM Conv

 

Pai, Filho e Espírito Santo

 

O mistério da Santíssima Trindade é o Mistério Central de nossa fé e de nossa vida cristã. É o Mistério de Deus em si mesmo. É, portanto a fonte de todos os outros mistérios da fé. Tratase de um mistério no sentido estrito, um dos "mistérios escondidos em Deus que não podem ser conhecidos se não forem revelados do Alto". Sem dúvida, Deus deixou vestígios de seu ser Trinitário na obra da criação e sua revelação ao longo do Antigo Testamento. Mas a intimidade do seu ser como Santíssima Trindade constitui um mistério inacessível à pura razão e até mesmo à fé de Israel, antes da encarnação do Filho de Deus e da missão do Espírito Santo. Muitas religiões designam Deus como Pai. Ao designar Deus como Pai, a linguagem da fé indica dois aspectos: origem primeira de tudo e autoridade transcendente e que, ao mesmo tempo, é bondade e solicitude de amor para com todos os seus filhos. Esta ternura paterna de Deus pode ser expressa também mediante a linguagem da maternidade. Os pais são os primeiros representantes de Deus para o homem, mas a fraqueza humana pode desfigurar o rosto da paternidade e maternidade. Deus transcende a paternidade e a maternidade humanas. Ninguém é Pai como Deus o é. Com efeito, Jesus revelou que Deus é Pai num sentido inaudito: não o é somente enquanto criador, mas o é eternamente em relação a seu Filho único que, reciprocamente, só é Filho em relação a seu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai, e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar (Mt 11,27).

O Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, revelado pelo Pai e pelo Filho. Antes da Páscoa Jesus anuncia o envio de um outro paráclito, o Espírito Santo. Em ação desde a criação, depois de ter outrora falado por meio dos profetas, ele estará agora junto de seus discípulos e neles, a fim de ensinalos e conduzilos à verdade toda (Jo 16,13). A origem eterna do Espírito Santo revelase na sua missão temporal. O Espírito Santo é enviado aos apóstolos e à Igreja tanto pelo Pai em nome do Filho quanto pelo Filho, depois que este tiver voltado para junto do Pai. Nós, cristãos, somos batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (Mt 28,19) e não nos nomes destes, pois há um só Deus: o Pai Todopoderoso, seu Filho unigênito e o Espírito Santo: a Santíssima Trindade. Nosso batismo significa, portanto, imersão (este é o sentido literal do batismo) plena no mistério da Santíssima Trindade. Batizar todas as gentes em nome do Pai do Filho e do Espírito Santo e fazêlas discípulos e discípulas de Jesus é conduziIas ao insondável mistério de Deus Trindade. Neste Deus, nós cristãos, estamos mergulhados.

Fonte:  O Mensageiro de Sto Antonio

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A SANTÍSSIMA TRINDADE

Quando Jesus diz que “Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. “ Ele está deixando bem claro que Ele não é apenas o Filho de Deus, como algumas pessoas acreditam, mas sim,  o próprio Deus descido do Céu, consubstancial ao Pai, isto é, da mesma natureza que o Pai, com os mesmos poderes do Pai, porque quem o viu , viu o Pai.
Quando Jesus ordena aos discípulos: “ Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.” Ele está nos confirmando que Deus é uno e trino, pois é composto de três pessoas distintas, muito embora não entendamos isso com a nossa razão nem com a nossa inteligência, mas sim com os olhos da fé.  Não se trata de um dogma inventado pelos papas e bispos, mas sim, uma realidade anunciada pelo próprio Deus na pessoa de seu filho amado.  A Santíssima Trindade, assim como a existência da nossa alma invisível, é um grande desafio para a nossa fé, pois tais verdades anunciadas por Jesus, só podem ser detectadas, repito, pelos olhos da nossa fé.
          Quando Jesus nos  garante:”  Eis que estou convosco todos os dias, até o fim do mundo.”   É para  a gente confiar mesmo, ter coragem e a decisão inabalável  de continuar o nosso trabalho de multiplicação de cristãos, de catequistas, de padres, através do nosso trabalho missionário, sem nenhum ciúmes entre nós irmãos. Isto por que não somos concorrentes uns dos outros, mas sim, somos multiplicadores de muitos outros cristãos, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.  Vejam  que os discípulos são enviados de modo que eles próprios vão  fazer  novos discípulos entre todas as nações. Não há nenhuma eleição particular,  nem tão pouco nenhuma obrigação de aceitar, também não há nenhum processo de seleção, porque  todos sem distinção são chamados ao seguimento de Jesus, para ouvir a sua palavra, e colocá-la em prática, e através da observância
de sua lei e na adesão à vontade do Pai, todos sejam salvos. A missão de Jesus começou com o seu batismo no Rio Jordão. No Evangelho de hoje, estamos vendo Jesus  enviar os discípulos para evangelizar e  batizar, em nome do Pai,do Filho e do Espírito Santo.

Sal

 

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O Deus-conosco se revela na práxis da comunidade cristã

 

O texto é a conclusão do Evangelho de Mateus. Pode ser dividido em três momentos: a. Um relato de aparição (vv. 16-17); b. instrução de Jesus aos discípulos (vv. 18-20a); c. promessa (v. 20b).

a. A experiência do Ressuscitado (16-17)

Inicia-se falando dos onze discípulos que se dirigem à Galileia, ao monte que Jesus havia indicado (v. 16). A comunidade dos discípulos tomou o rumo certo: a Galileia. É bom lembrar o que significa para o evangelista essa localização. Para entendê-lo, devemos recordar o início da atividade de Jesus. Ele começa sua missão na Galileia das nações (ler Mt 4,12-17), no meio daquela gente pisada e marginalizada, a fim de levar-lhe a boa notícia da libertação e da vida do Reino. É para lá que os discípulos se dirigem. É o lugar do testemunho e ação da comunidade cristã. Os discípulos, em Jesus e a partir dele, dão início à práxis cristã.

Mateus fala também de um monte como ponto de encontro de Jesus com sua comunidade. Não se trata de localizar geograficamente esse ponto de encontro. É um monte que recorda a atividade de Jesus. Nesse sentido, o monte é o das tentações (4,8-10), o da transfiguração (17,1-6), mas sobretudo o monte sobre o qual Jesus anunciou seu programa missionário: o monte das bem-aventuranças (5,1-7,29). Agindo assim, a comunidade se torna autêntica discípula. Identifica-se com Jesus e seu projeto (os discípulos se prostram diante dele).

Contudo, há sempre o risco de não acolher plenamente o significado da prática de Jesus na vida da comunidade: “ainda assim alguns duvidaram” (v. 17b). O verbo duvidar (edistesan em grego), ao longo do Evangelho de Mateus, encontra-se somente aqui e em 14,31, onde Pedro duvida e afunda na água. Duvidar, portanto, comporta a falta de fé, mas também a falta de percepção maior da prática de Jesus que vence todas as formas de morte e alienação. Dúvida é ter medo do risco e do compromisso. É um alerta que acompanha constantemente a comunidade cristã, impelindo-a a uma atitude de conversão permanente ao projeto de Deus.

b. O poder de Jesus é passado à comunidade (vv. 18-20a)

Durante sua vida terrena, Jesus agia como aquele homem ao qual Deus dera seu poder (cf. 9,6-8), fazendo que as pessoas glorificassem a Deus. Agora, ressuscitado, possui “toda autoridade no céu e sobre a terra” (v. 18b). Essa autoridade plena foi-lhe dada pelo Pai (o passivo “me foi dada” refere-se a Deus) e é muito próxima aos homens (Jesus “se aproximou dos discípulos”, v. 18a). Não só está próxima, como é entregue, por Jesus, à comunidade cristã: “Vão e façam que todos os povos se tornem meus discípulos” (v. 19a). A Galileia é o ponto de partida, e a meta é fazer que o projeto de Deus alcance a todos, tornando-os povo de Deus e realizando assim a promessa feita a Abraão (Gn 17,4s; 22,18). O botão que acende a luz do projeto de Deus é a prática da justiça, pois é assim que Jesus se apresenta no Evangelho de Mateus: “Devemos cumprir toda a justiça” (Mt 3,15).

Os meios para fazer que todos os povos se tornem discípulos de Jesus, isto é, capazes de uma prática de justiça que realize o Reino, são dois: o batismo em nome da Trindade (v. 19b) e a catequese que visa à observância de tudo o que Jesus ensinou (v. 20a).

• O batismo é feito em nome da Trindade. Batiza-se em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. O texto grego de Mateus emprega a preposição eis, para não confundi-la com a preposição en. Com isso, afirma que o batismo em nome da Trindade é a vinculação pela qual o ser humano está plenamente comprometido com o projeto de Deus revelado no Filho e atualizado na práxis cristã, iluminada pelo Espírito. Ser batizado em nome da Trindade significa dedicação total, consagração, posse da Trindade a serviço da justiça.

• O segundo meio é a catequese que leva a observar tudo o que Jesus ensinou. O que foi que Jesus ensinou? A síntese dos mandamentos de Jesus está no sermão da montanha (5,1-7,29). É a esse código de práxis cristã que se referirá toda a catequese da comunidade primitiva e das comunidades cristãs de hoje. Essa catequese não é outra coisa senão a recordação da prática de Jesus, visando à prática cristã.

c. Jesus é aquele que caminha conosco (v. 20b)

O Evangelho de Mateus termina com uma promessa: “Eis que eu estarei com vocês todos os dias, até o fim do mundo” (v. 20b). Mateus havia iniciado o evangelho apresentando Jesus como o Emanuel (Deus-conosco; cf. 1,23) e o conclui, mostrando-o continuamente vivo e presente na vida da comunidade. Jesus não se afasta do mundo; pelo contrário, firma sua indestrutível presença na história, ao mesmo tempo história de Deus e dos homens a serviço da justiça que traz o Reino para dentro da nossa caminhada.

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AMBIENTE

O texto situa-nos na Galileia, após a ressurreição de Jesus (embora não se diga se é muito ou pouco tempo após a descoberta do túmulo vazio - cf. Mt 28,1-15). De acordo com Mateus, Jesus, pouco antes de ser preso, havia marcado encontro com os discípulos na Galileia (cf. Mt 26,32); na manhã da Páscoa, os anjos que apareceram às mulheres no sepulcro (cf. Mt 28,7) e o próprio Jesus, vivo e ressuscitado (cf. Mt 28,10), renovam o convite para que os discípulos se dirijam à Galileia, a fim de lá encontrar o Senhor.

A Galileia - região setentrional da Palestina - era uma região próspera e bem povoada, de solo fértil e bem cultivado. A sua situação geográfica fazia desta região o ponto de encontro de muitos povos; por isso, um número importante de pagãos fazia parte da sua população. A coabitação de populações pagãs e judias fazia, certamente, com que os judeus da Galileia vivessem a religião de uma maneira diferente dos judeus de Jerusalém e da Judéia: a presença diária dos pagãos conduzia, provavelmente, os galileus a suavizar a sua prática da Lei e a interpretar mais amplamente as regras que se referiam, por exemplo, às impurezas rituais contraídas pelo contato com os não judeus. No entanto, isto fazia com que os judeus de Jerusalém desprezassem os judeus da Galileia e considerassem que da Galileia “não podia sair nada de bom”.

No entanto, foi na Galileia que Jesus viveu quase toda a sua vida. Foi também na Galileia que Ele começou a anunciar o Evangelho do “Reino” e que começou a reunir à sua volta um grupo de discípulos (cf. Mt 4,12 - 22). Para Mateus, esse fato sugere que a o anúncio libertador de Jesus tem uma dimensão universal: destina-se a judeus e pagãos.

Mateus situa este encontro final entre Jesus ressuscitado e os discípulos, num “monte que Jesus lhes indicara”. Trata-se, no entanto, de uma montanha da Galileia que é impossível identificar geograficamente, mas que talvez Mateus ligue com a montanha da tentação (cf. Mt 4,8) e com a montanha da transfiguração (cf. Mt 17,1). De qualquer forma, o “monte” é sempre, no Antigo Testamento, o lugar onde Deus se revela aos homens.

MENSAGEM

O texto que descreve o encontro final entre Jesus e os discípulos divide-se em duas partes.

Na primeira (vs. 16-18), descreve-se o encontro. Jesus, vivo e ressuscitado, revela-se aos discípulos; e os discípulos reconhecem-n’O como “o Senhor” e adoram-n’O. Depois de descrever a adoração, Mateus acrescenta uma expressão que alguns traduzem como “alguns ainda duvidaram” e outros como “eles que tinham duvidado” (gramaticalmente, ambas as traduções são possíveis). No primeiro caso, a expressão significaria que a fé não é uma certeza científica e que não exclui a dúvida; no segundo caso, a expressão aludiria a essa dúvida constante dos discípulos - expressa em vários momentos, ao longo da caminhada para Jerusalém - e que aqui perde qualquer razão de ser.

Ao reconhecimento e à adoração dos discípulos, segue-se uma manifestação do mistério de Jesus, que reflete a fé da comunidade de Mateus: Jesus é o “Kyrios”, que possui todo o poder sobre o mundo e sobre a história; Jesus é “o mestre”, cujo ensinamento será sempre uma referência para os discípulos; Jesus é o “Deus conosco”, que acompanhará, a par e passo, a caminhada dos discípulos pela história.

Na segunda (vs. 19-20), Mateus descreve o envio dos discípulos em missão pelo mundo. A Igreja de Jesus é, essencialmente, uma comunidade missionária, cuja missão é testemunhar no mundo a proposta de salvação e de libertação que Jesus veio trazer aos homens e que deixou nas mãos e no coração dos discípulos. A primeira nota do envio e do mandato que Jesus dá aos discípulos é a da universalidade… A missão dos discípulos destina-se a “todas as nações”.

A segunda nota dá conta das duas fases da iniciação cristã, conhecidas da comunidade de Mateus: o ensino e o batismo. Começava-se pela catequese, cujo conteúdo eram as palavras e os gestos de Jesus (o discípulo começava sempre pelo catecumenato, que lhe dava as bases da proposta de Jesus). Quando os discípulos estavam informados da proposta de Jesus, vinha o batismo - que selava a íntima vinculação do discípulo com o Pai, o Filho e o Espírito Santo (era a adesão à proposta anteriormente feita).

Uma última nota: Jesus estará sempre com os discípulos, “até ao fim dos tempos”. Esta afirmação expressa a convicção - que todos os crentes da comunidade mateana possuíam - que Jesus ressuscitado estará sempre com a sua Igreja, acompanhando a comunidade dos discípulos na sua marcha pela história, ajudando-a a superar as crises e as dificuldades da caminhada.

ATUALIZAÇÃO

Este texto evangélico foi escolhido para o dia da Santíssima Trindade, pois nele aparece uma fórmula trinitária usada no batismo cristão (”em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”). O nosso texto sugere, antes de mais, que ser batizado é estabelecer uma relação pessoal com a comunidade trinitária… No dia em que fomos batizados, comprometemo-nos com Jesus e vinculamo-nos com a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A minha vida tem sido coerente com esse compromisso?

Quem acolheu o convite de Deus (apresentado em Jesus) para integrar a comunidade trinitária, torna-se testemunha, no meio dos homens, dessa vida nova que Deus oferece. O papel dos discípulos é continuar a missão de Jesus, testemunhar o amor de Deus pelos homens e convidar os homens a integrar a família de Deus. Os irmãos com quem nos cruzamos pelos caminhos da vida recebem essa mensagem? As nossas palavras e os nossos gestos testemunham esse amor com que Deus ama todos os homens? As nossas comunidades são a imagem viva da família de Deus e apresentam um convite credível e convincente aos homens para que integrem a comunidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo?

A missão que Jesus confiou aos discípulos - introduzir todos os homens na família de Deus - é uma missão universal: as fronteiras, as raças, a diversidade de culturas, não podem ser obstáculo para a presença da proposta libertadora de Jesus no mundo. Todos os homens e mulheres, sem exceção, têm lugar na família de Deus. Tenho consciência de que Jesus me envia a todos os homens - sem distinção de raças, de etnias, de diferenças religiosas, sociais ou econômicas - a anunciar-lhes o amor de Deus e a convocá-los para integrar a comunidade trinitária? Tenho consciência de que sou chamado a apresentar a todos os homens mesmo àqueles que habitam no outro lado do mundo - o convite para integrar a família de Deus?

Num mundo onde Deus nem sempre faz parte dos planos e das preocupações dos homens, testemunhar o amor de Deus e apresentar aos homens o convite para integrar a família de Deus é um enorme desafio. O confronto com o mundo gera muitas vezes, nos discípulos, desilusão, sofrimento, frustração… Nos momentos de decepção e de desilusão convém, no entanto, recordar as palavras de Jesus: “Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”. Esta certeza deve alimentar a coragem com que testemunhamos aquilo em que acreditamos.

A celebração da Solenidade da Trindade não pode ser a tentativa de compreender e decifrar essa estranha charada de “um em três”. Mas deve ser, sobretudo, a contemplação de um Deus que é amor e que é, portanto, comunidade. Dizer que há três pessoas em Deus, como há três pessoas numa família - pai, mãe e filho - é afirmar três deuses e é negar a fé; inversamente, dizer que o Pai, o Filho e o Espírito são três formas diferentes de apresentar o mesmo Deus, como três fotografias do mesmo rosto, é negar a distinção das três pessoas e é também negar a fé. A natureza divina de um Deus amor, de um Deus família, de um Deus comunidade, expressa-se na nossa linguagem imperfeita das três pessoas. O Deus família torna-Se trindade de pessoas distintas, porém unidas. Chegados aqui, temos de parar, porque a nossa linguagem finita e humana não consegue “dizer” o indizível, não consegue definir cabalmente o mistério de Deus.

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“Bendito seja Deus Pai, bendito o Filho unigênito e bendito o Espírito Santo. Deus foi misericordioso para conosco”.

Com a solenidade da Santíssima Trindade, reiniciamos o Tempo Comum na vida litúrgica da Igreja. Inicia-se um tempo de refletirmos sobre as coisas cotidianas de nossa vida eclesial, de nossa vida de fé. Tempo propício, ordinário, para que deixemos Deus agir em nossa história, em nossa caminhada, de fé individual e de fé coletiva.

 A celebração da Santíssima Trindade é uma oportunidade para a reflexão sobre a nossa vida de batizados. Fomos batizados “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, conforme a missão confiada por Jesus aos seus apóstolos: “Ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19). É a festa do 7batismo, do sacramento da iniciação cristã.

Pelo batismo, todos nos tornamos herdeiros do trono da graça divina. Pelo batismo, tornamo-nos filhos e filhas de Deus. Pelo batismo, é lavado o pecado original e, concomitantemente, recebemos a graça santificante de Deus. Pelo batismo, tornamo-nos cidadãos do céu. Pelo batismo, somos credores de direitos e devedores de obrigações para cumprir dentro da única e santa Igreja de Jesus Cristo.

Por isso, enfatiza o Evangelho de hoje: “...e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei”. É um desafio para os batizados, além de cumprir a vida de fé contida pelos Evangelhos, pela tradição da Igreja e pelos mandamentos. A primeira obrigação do batizado é evangelizar. Evangelizar com renovado ardor missionário, não tendo medo de “lançar as redes nas águas mais profundas”, conforme a convocação de nosso saudoso papa João Paulo II, remetendo-se a bela passagem do Evangelho.

No Antigo Testamento, Moisés explicou ao povo hebreu que Deus é próximo da gente, não um Deus inacessível. Ele fala com seu povo, acompanha sua caminhada e, muito mais, conta com a amizade de seu povo. Não é um Deus diferente, ou mais, indiferente, é um Deus amoroso e misericordioso.

Celebramos hoje a Santíssima Trindade. Por isso quero lembrar a velha lição de um pároco didático que assim ensina: “Santíssima Trindade são três pessoas distintas em único Deus”. Em miúdos, é o Pai, o Filho (Jesus) e o Espírito Santo que distintos, formam um único Deus. Deus Trindade, que é DEUS COMUNIDADE. São três pessoas em um único Deus. Assim nos ensina sobre o centro de nossa fé o Catecismo da Igreja católica: “O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. É, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé, é a luz que os ilumina”. (Catecismo nº. 234).

A Santíssima Trindade ocupa o centro de nossa fé. Todas as vezes que fazemos o sinal da Cruz, estamos relembrando e fazendo memória, a fé que professamos: a fé no Pai, no Filho e no Espírito Santo.

            Explicar a grandiosidade do mistério da Santíssima Trindade é uma missão muito difícil. Santo Agostinho ensina que seria melhor entender a Santíssima Trindade como um mistério de amor. Como o amor de Deus por nós, devemos partir deste amor para que se manifeste o amor de três pessoas distintas em um único DEUS, o DEUS AMOR (1Jo 4,16).

Entender a Santíssima Trindade é mergulhar no mistério do amor do DEUS TRINO pela nossa humanidade. Todas as orações da santa missa são trinitárias: são sempre feitas a Deus Pai, por meio do Cristo, no Espírito Santo. O Credo é professado em uma estrutura eminentemente trinitária.

Os apóstolos se prostraram diante de Jesus no Evangelho de hoje: bonita atitude de adoração, de respeito pela grandeza do Senhor da Vida, o novo legislador, o novo Moisés, aquele que lavou nossos pecados e nos deu a graça salvadora e redentora. A atitude de prostração deve ser a atitude dos cristãos diante de Deus. O sentimento de adoração reconhece o senhorio absoluto de Deus, que pode fazer com as criaturas em adoração o que lhe aprouver.

A festa da Santíssima Trindade é a festa da COMUNIDADE UNIVERSAL. É das grandes solenidades na Igreja, porque a Santíssima Trindade é a mais perfeita comunidade de fé, de amor, de generosa doação. Baseados na adoração ao único Deus Verdadeiro e Trino, estamos nos colocando em comunicação com a pavimentação da auto-estrada de nossa salvação.

O verdadeiro cristão está sempre pronto, ajoelhado diante de Deus, donde se levanta para partir para a missão, levando aos outros o bem e a paz que a bondade de Deus lhe dará para distribuir.

No Evangelho desta solenidade Jesus assegura: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,20). Nós não estamos sozinhos na adoração e no apostolado. Cristo está conosco, caminha conosco, interpela-nos e nos envia em missão. Ele sempre caminha conosco e nos anima, esta certeza é como o maior tesouro que podemos carregar na algibeira. E o testemunho de nossa adoração e de nossa missão evangelizadora serão os dois únicos passaportes para adentrar no reino das Bem-Aventuranças.

O Espírito que recebemos é o mesmo Espírito que Cristo recebeu em seu batismo e com o qual Ele nos batiza. A segunda leitura explica isso de modo comovente. Paulo parte da realidade batismal: o ser impelido pelo Espírito de Deus. Isso não é apenas um Espírito de filhos adotivos. O ESPÍRITO DE CRISTO clama em nosso espírito. Nada nos é imposto contra nossa vontade. Assumimos livremente, porque amamos, como filhos que amam a seu Pai.

Todos nós somos convidados a tomar consciência de nosso Batismo.

O que o Pai, o Filho e o Espírito Santo representam em nossa vida?

Vamos mergulhar no mistério da Trindade. As pessoas divinas se comunicam. Uma ajuda à outra a realizar a sua missão. Assim, entendendo três pessoas distintas em um único Deus, o Deus amor, poderemos viver em nossa comunidade um novo relacionamento. Partindo da acolhida da Trindade e da consciência da relação com as três pessoas divinas, tornaremos nossa vida cristã menos abstrata, conferindo-lhe uma conotação mais versátil, mais concreta. Mas é preciso cultivar a contemplação da Santíssima Trindade em nossa vida.

Por isso, vivemos nossa vocação de batizados dentro de uma comunidade, a Santa Igreja, Corpo Místico de Cristo, que se empenha na construção de um mundo mais humano e solidário, onde a justiça e a paz se abraçarão, e o primado da justiça e da solidariedade façam o amor reinar. Unidos em Cristo pelo Espírito Santo, damos todo louvor e glória ao Pai, fim último de nossa peregrinação neste vale de lágrimas.

padre Wagner Augusto Portugal

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A Trindade

            A festa da Trindade nos convida a refletir sobre o Mistério da vida íntima de Deus e conhecer melhor quem é nosso Deus. Ele se revela como Pai, Filho e Espírito Santo. Deus, que conduz nossa história, nos faz seus filhos e está conosco para sempre.

A 1ª leitura apresenta o Deus da Aliança (Dt 4,32 - 34.39 - 40)

É parte de um discurso de Moisés, no final de sua vida,

em que resume a Aliança e suas exigências. Convida Israel a contemplar a história e o contínuo empenho do Senhor no sentido de oferecer ao seu povo a Vida e a Salvação. E dá pistas para reconhecer o verdadeiro rosto de Deus.

É um Deus que estabelece comunhão e familiaridade com seu Povo. Vem ao encontro dos homens, fala com eles, indica-lhes caminhos seguros de liberdade e de vida, está sempre atento aos problemas dos homens, intervém no mundo para nos libertar de tudo aquilo que nos oprime e para nos oferecer perspectivas de vida plena e verdadeira.

E conclui convidando o Povo a cumprir os mandamentos do Senhor, pois são sugestões de um Deus que nos ama e quer a nossa felicidade e a nossa plena realização.

O Antigo testamento não conhecia o Mistério da Trindade. Nessa etapa, aparece a unicidade e a espiritualidade de Deus, assim como os atributos de onipotência e misericórdia.

Na 2ª leitura, são Paulo ressalta que mediante o Espírito podemos chamar Deus de "Abba", "Pai". (Rm 8,14 - 17)

No Evangelho, Jesus envia os discípulos em missão para pregar o Evangelho e batizar em nome da Trindade. (Mt 28,16 - 20)

O texto descreve o encontro final entre Jesus e os discípulos. Nele aparece uma fórmula trinitária usada no batismo cristão. Ser batizado é estabelecer uma relação pessoal com a comunidade trinitária. Os discípulos recebem a missão de introduzir todos os homens na família de Deus.

A celebração da festa da Trindade não é um convite para decifrar o Mistério de um Deus em três pessoas, mas um convite para contemplar Deus que é Amor e vive em comunhão de pessoas e nos convida a participar da vida íntima de Deus.

O prefácio de hoje afirma: "Com o vosso Filho único e o Espírito Santo sois um só Deus e um só Senhor. Não uma única pessoa, mas três pessoas num só Deus. Tudo o que revelastes e nós cremos a respeito de vossa glória atribuímos igualmente ao Filho e ao Espírito Santo. E, proclamando que sois o Deus eterno e verdadeiro, adoramos cada uma das pessoas, na mesma natureza e igual majestade".

Esse Mistério é algo tão sublime, que supera nossa capacidade de compreender, mas podemos e devemos crescer no conhecimento de Deus... Sabemos da existência desse Mistério, porque Jesus nos revelou. Por que Cristo nos revelou esse Mistério?

Certamente, não foi para ser um problema para nossa compreensão. Pelo contrário, porque Deus nos ama, ele quer que participemos ainda mais de perto de sua vida de amor. O próprio Cristo nos apontou o modo: "Se alguém me ama, guardará as minhas palavras; e meu Pai o amará e nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada..."

Que verdade consoladora: a nossa pessoa ser um templo da Trindade...

- Em nós está o PAI, que nos chamou do nada, insuflou-nos o sopro da vida,   deu-nos um nome, confiou-nos uma missão.

- Em nós está o FILHO, que entregou sua vida por nós, imagem do Filho de Deus a ser imitada e reproduzida por todos nós.

- Em nós está o ESPÍRITO SANTO, que nos ilumina e fortalece nos caminhos de Deus.

E toda essa maravilha começou em nós desde o nosso batismo. Ao longo de nossa vida, temos a missão de guardar com todo o cuidado.

A santíssima Trindade é a melhor comunidade.

Nela somos chamados a renovar o nosso compromisso batismal, de ser reflexos da Trindade, sinais de comunhão, partilha e esperança, num mundo tão dividido, individualista e desesperançado.

Crer na Trindade é viver a fé profundamente e experimentar pessoalmente o Amor do Pai. Quem crê na Trindade é também solidário com todos os homens.

A Bíblia nos conta que em Moisés, após ter falado com Deus, dois raios de luz tão intensa iluminavam sua face, que não podiam olhar para ele...

Que todos quantos nos encontrarem nessa semana, após esse nosso encontro com Deus nessa celebração, possam ver em nós, alguém que também se encontrou com seu Deus!

padre Antônio Geraldo Dalla Costa

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CRIADOS À IMAGEM DE DEUS

Conta-se que Santo Agostinho um dia passeava na praia e tentava desesperadamente compreender o mistério da Santíssima Trindade: um único Deus em três pessoas distintas...

Enquanto caminhava, viu um menino com um pequeno balde na mão. A criança ia até ao mar, enchia o balde com água, transportava o balde com jeitinho até junto de um buraco na areia e derramava a água lá dentro. Após ver o menino fazer a mesma coisa várias vezes, resolveu pedir-lhe que explicasse o que estava a fazer.

O menino respondeu com simplicidade: «Estou a colocar o mar dentro deste buraco». Santo Agostinho sorriu e respondeu-lhe: «Mas não vês que isso é impossível? O mar é tão grande e essa covinha é tão pequena!» O menino olhou para Santo Agostinho e respondeu-lhe: «É mais fácil que a água do mar caiba neste pequeno buraco do que o mistério da Santíssima Trindade possa ser completamente entendido por um homem!».

A Solenidade da Santíssima Trindade que hoje celebramos não é um convite a decifrar o mistério que se esconde por detrás de “um Deus em três pessoas”; mas é um convite a contemplar o Deus que é amor, que é família, que é comunidade e que criou os homens para os fazer comungar nesse mistério de amor. Para mim, o mais importante não é descobrir o que esta celebração diz sobre Deus, mas sim, o que nos ensina sobre nós mesmos.

Jean-Paul Sartre dizia que “o inferno são os outros”, mas Jesus mostra-nos que não podemos abraçar a felicidade sozinhos. Deus não é solidão; o perfeito egoísta imutável que basta a si mesmo e subsiste sozinho. Deus é comunhão, relação, amor que se move na direção do outro e nós fomos criados à Sua imagem e semelhança.

A linguagem humana (finita e limitada) não conseguirá nunca definir completamente o mistério da Trindade mas invocando o Pai, o Filho e o Espírito Santo intuímos a nossa própria natureza e o modelo que devemos seguir na construção da nossa vida, das nossas relações, da nossa Igreja: COMUNHÃO NA DIVERSIDADE.

padre Carlos Caetano

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SANTÍSSIMA TRINDADE

O amor dá vigor e anima a vida de Deus e a vida do homem. Pelo menos aqui, a matemática não funciona: 1+1+1=1. Porque o nosso Deus, uno e trino, é amor. E o amor é partilha, é unidade envolvente. De fato, «a caridade, passa do coração de Deus através do coração de Jesus Cristo, e difunde-se mediante o Espírito no mundo, como amor que tudo renova» (Bento XVI). São palavras a aprofundar.

Com alguma facilidade os manuais de catequese sintetizam o mistério divino dizendo que «Deus é um só em três Pessoas». Com isto diz tudo, mas tudo fica ainda por compreender, acolher com amor e adorar na contemplação. O tema tem importância central também na frente missionária. Além disso, afirma-se com facilidade que todos os povos – também os não cristãos – sabem que Deus existe, portanto até mesmo os pagãos acreditam em Deus. Esta verdade partilhada – embora com diferenças e reservas – é a base que torna possível o diálogo entre as religiões, e em particular o diálogo entre os cristãos e outros crentes. Com base num Deus único comum a todos, é possível estabelecer um entendimento entre os povos, com vista a ações concertadas a favor da paz, em defesa dos direitos humanos, para a realização de projetos de desenvolvimento…

Mas esta é apenas uma parte da ação evangelizadora da Igreja. A Igreja, de fato, oferece ao mundo uma mensagem que tem conteúdos de novidade e objetivos de maior alcance.

Para o cristão não é suficiente alicerçar-se num Deus único, e ainda menos o é para o missionário consciente da extraordinária revelação recebida por meio de Jesus Cristo; revelação que abarca todo o mistério de Deus, na sua unidade e trindade. O Deus cristão é único mas não solitário. O Evangelho que o missionário leva ao mundo, além de reforçar a compreensão do monoteísmo, abre ao imenso e surpreendente mistério de Deus, que é comunhão de Pessoas.

«Para penetrar no mistério de Deus os muçulmanos têm o Alcorão, do qual extraem os 99 nomes de Alá; o centésimo permanece indizível, porque o homem não pode compreender tudo de Deus. Os Judeus descobrem o Senhor através dos acontecimentos da sua história de salvação, meditada, reescrita e relida durante séculos, antes de ser confiada, muito tarde, nos livros sagrados. Para os cristãos o livro que introduz à descoberta de Deus é Jesus Cristo. Ele “é o livro aberto a golpes de lança”, é o Filho que, a partir da cruz, revela que Deus é Pai e dom de Amor, Vida, Espírito» (F. Armellini). Realmente, o Deus revelado por Jesus é sobretudo Deus-amor (cf. Jo 3,16; 1Jo 4,8). É um Deus único, mas relacional, em comunhão de Pessoas. Um Deus que se dá a si mesmo pela vida da família humana. (*)

Tendencialmente, o Deus das religiões não cristãs muitas vezes é distante, vive no seu mundo, pelo que é preciso torná-lo favorável com práticas religiosas e sacrifícios de todo o gênero. Ao contrário, o Deus da Bíblia revela-se a nós sobretudo como um Deus misericordioso e compassivo, «rico de misericórdia» (Ef 2,4); um Deus amigo e protetor, que gosta de viver em relação, um Deus próximo, presente (I leitura), que se empenhou ao lado do seu povo com sinais e prodígios (v. 34). Não é um deus ciumento ou rival do homem, mas um Deus que quer que «sejas feliz, tu e os teus filhos» (v. 40). E mais: é um Deus que nos chama a si, nos faz seus filhos e herdeiros, nos envolve no seu plano, dando-nos o seu Espírito (II leitura, v. 16-17).

Este é o verdadeiro rosto de Deus que todos os povos (Evangelho) têm o direito e a necessidade de conhecer através dos missionários, segundo o mandato de Jesus: Ide, fazei discípulos, batizai, ensinai… (v. 19-20). Por isso, o Concílio afirma: «A Igreja peregrina é, por sua natureza, missionária, visto que tem a sua origem, segundo o desígnio de Deus Pai, na “missão” do Filho e do Espírito Santo» (Ad Gentes, 2). O dom do Deus verdadeiro, uno e trino, é para todas as nações: é uma novidade que pode enriquecer as culturas, é um tesouro que os cristãos têm o direito e o dever de partilhar com todos. Por amor! Por esta missão, Jesus empenhou-se em ser o Emanuel: «Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos» (v. 20). Ele caminha ao lado de cada um pelos caminhos do mundo. Com tal certeza, a Igreja hoje faz-nos rezar, para que «nos tornemos anunciadores da salvação oferecida a todos os povos» (Coleta).

Palavra do Papa

(*) «O mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. E, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé e a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na hierarquia das verdades. “Toda a história da salvação não é senão a história do caminho e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, Se revela, Se reconcilia e Se une aos homens que se afastam do pecado”». Catecismo da Igreja Católica, n. 234

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A SANTÍSSIMA TRINDADE


          A revelação de Deus, como mistério trinitário, constitui o núcleo fundamental e estruturante de toda a mensagem do Novo Testamento. O Mistério da Santíssima Trindade, antes de ser uma doutrina, foi um evento salvador. O Pai, o Filho, o Espírito Santo estiveram sempre presentes na historia da humanidade, dando vida e comunicando o seu amor, introduzindo e transformando o devir da historia em comunhão divina nas Três pessoas. Por isso pode-se falar de uma preparação da revelação da Trindade divina antes do cristianismo, tanto na experiência do povo da antiga aliança, tal como o atestam os livros do Antigo Testamento, como nas outras regiões e nos eventos da historia universal.


          O Novo Testamento, mais que uma doutrina elaborada sobre a Trindade, nos mostra com clareza uma estrutura trinitária da salvação. A iniciativa corresponde ao Pai, que envia, entrega e ressuscita a seu Filho Jesus; a realização histórica se identifica com a obediência de Jesus ao Pai e que por amor se entrega à morte; e a atualização perene é obra do dom do Espírito que depois da ressurreição é enviado por Jesus da parte do Pai e que habita naquele que crê como princípio de vida nova, configurando-o com Jesus em seu corpo que é a Igreja.


          A primeira leitura (Provérbios 8,22-31) é um hino à sabedoria divina, considerada em sua dupla dimensão transcendente e imanente. A sabedoria é transcendente, pois é o projeto de Deus, sua vontade, seus desígnios, sua Palavra, seu Espírito; porém também é encarnada, já que o projeto divino se realiza na criação e na historia, a vontade de Deus se manifesta na Escritura e através do seu Espírito se converte em uma realidade interior ao ser humano. Desta forma, a reflexão sapiencial bíblica supera a simplificação panteísta ou dualista em sua visão de Deus.


          Nos vv. 22-25, o autor bíblico nos situa “antes” da criação, na eternidade de Deus, apresentando a sabedoria como uma realidade divina e transcendente, anterior a todas as realidades cósmicas: “O Senhor me criou no princípio de sua obra, antes de suas obras mais antigas... quando não havia oceanos, fui engendrada, quando não existiam os mananciais ricos de água”. Nos vv.26-31, a Sabedoria parece ser uma realidade criada, pois aparece contemporânea à criação. A Sabedoria está presente também no ser humano, em sua inteligência, em sua felicidade: “Quando consolidava os céus ali estava eu, quando traçava a abóboda sobre a superfície do oceano, quando determinava os limites para o mar, a seu lado estava eu como confidente, dia após dia o alegrava e brincava sem cessar em sua presença; brincava com o orbe da terra e minha alegria era estar com os seres humanos. Este hino chegou a ser, na tradição cristã, um preanuncio da encarnação da Palavra (Jo 1), que “ao princípio estava junto de Deus, tudo foi feito por ela e sem ela nada foi feito de tudo quanto chega a existir” (Jo 1,2-3), e que no final dos tempos “se fez carne e habitou entre nós e nós vimos a sua glória, a glória própria do Filho único do Pai, cheio de graça e de verdade”(Jo 1,14).


A segunda leitura (Rm 5,1-5) é uma espécie de declaração paulina de sabor trinitário sobre a situação do ser humano que foi justificado graças à fé em Jesus Cristo: “Havendo, pois, recebido da fé nossa justificação, estamos em paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo... e a esperança não falha, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (vv.1-5). Paulo afirma a dimensão trinitária da vida daquele que crê. Reconciliados com Deus pela fé, estamos em uma situação de “paz” e de “esperança”, paz que supera a tribulação e a esperança que transforma o presente.


          O evangelho (Jo 16, 12-15) constitui a quinta promessa do Espírito no evangelho de João. Fala-se do Espírito defensor (“Paraclito”) e como mestre, chamando-o “Espírito da Verdade”. A verdade é a palavra de Jesus e o Espírito aparece com a missão de “levar a verdade” completa”, isto é, ajudar os discípulos a compreenderem tudo que foi dito e ensinado por Jesus no passado, fazendo com que sua palavra seja sempre viva e eficaz, capaz de iluminar, em cada situação histórica, a vida e a missão dos discípulos.


         O Espírito tem uma função “didática” e “hermenêutica” com relação à palavra de Jesus. O Espírito Santo não propõe uma nova revelação, mas conduz a uma total compreensão da pessoa e da mensagem do Senhor Ressuscitado. O Espírito, portanto, “guia” (v. 13) para a “Verdade” de Jesus, isto é, para sua revelação, de tal forma que a podemos conhecer em plenitude.


          Esta função do Espírito com relação a Jesus e à sua palavra, define a profunda relação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo: a Revelação é perfeitamente uma porque tem sua origem no Pai, é realizada pelo Filho e se aperfeiçoa na Igreja com a interpretação do Espírito. Por isso Jesus diz que o “Espírito não falará por sua conta, mas que dirá unicamente o que foi ouvido... tudo que lhes dê a conhecer, o receberá de mim”. Jesus será sempre o Revelador do Pai; o Espírito da Verdade, contudo, torna possível que a revelação de Cristo penetre com profundidade no coração daquele que crê.


Oração comunitária
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          Senhor Deus eterno, único e verdadeiro, mistério infinito de amor e de vida, Trindade Santíssima, faze da humanidade, criada à tua imagem, uma só família, e que a comunidade eclesial, redimida pelo sangue de teu Filho e renovada pelo Espírito, sejam sempre um vivo reflexo de teu mistério comunitário de amor, sinal de libertação para os pobres e os últimos da terra, e fermento de unidade e de paz para todo o gênero humano. Por Cristo nosso Senhor.

 

D. Silvio Báez, bispo auxiliar de Manágua

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