quinta-feira, 24 de maio de 2012
PENTECOSTES
Comentários-Prof.Fernando
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FESTA DE PENTECOSTES
Introdução
A Igreja nasce no fogo
do Espírito Santo
Comemoramos hoje o
nascimento da Igreja Católica. Festejamos o dia em que os apóstolos, após tomarem
um banho no fogo do Espírito Santo, ficaram cheios de sabedoria e coragem e
fizeram um discurso no qual cada pessoa ali presente o compreendia em seu próprio idioma. Isso
aconteceu pela força do Espírito Santo.
Depois daquele dia, os
apóstolos não pararam. Eles foram por todo canto anunciando as maravilhas de
Deus, iniciando assim a Igreja fundada por Jesus Cristo.
O fogo que queima, mata,
destrói e transforma em cinzas, é o
mesmo fogo que, esteriliza e cozinha os
alimentos, protegendo e preservando a nossa vida. O fogo que ilumina os
caminhos, é como o fogo do Espírito Santo que ilumina mais não destrói, pelo contrário, Ele vem
construindo a Igreja missionária desde o dia de Pentecostes, pois assim como
clareou as mentes dos apóstolos, também ilumina a nós para que tenhamos a
palavra certa na hora certa para as pessoas certas. É o fogo do Espírito que transformou os
apóstolos, também nos encoraja e nos transforma em instrumentos de Deus, para
irmos além das nossas limitações, da nossa capacidade, e fazer prodígios
anunciando ao mundo o que aprendemos do Pai, pelo Filho nosso redentor.
O fogo do Espírito Santo
não queima nem mata mais esteriliza. É o fogo que nos purifica para que nos
tornemos menos indignos de anunciar a
verdade de Jesus Cristo, a fim de que todos sigam o seu caminho, e que
tenham vida em abundância e um dia alcance a glória eterna.
Caríssimos. Neste
domingo estamos a cinqüenta dias após da Páscoa. Para os judeus, a festa de Pentecostes, era
uma comemoração da colheita, na qual eles agradeciam alegremente a Deus pela
fartura. Depois a Festa de Pentecostes passou a ser a comemoração da Lei de
Moisés. Durante esta festa vinha a
Jerusalém muitas pessoas de vários lugares para agradecer a Aliança de Deus com
a humanidade.
Nós também hoje devemos
agradecer a Deus por nos ter enviado o Espírito Santo, que através de línguas de fogo, queimou todos os
pecados dos apóstolos e os iluminou para que explicassem a todos, as palavras
do Mestre, assim como o Mistério da salvação.
Oremos.
Vinde Espírito Santo e
nos transforme: purificando, iluminando, encorajando a todos nós que fomos
escolhidos para anunciar Jesus.
Purifica-nos dos nossos
pecados; Ilumina as nossas mentes para que a exemplo de Jesus, tenhamos sempre o
argumento adequado para convencer os nossos irmãos de que Deus existe e sem Ele
ninguém é feliz; Encoraja-nos, pois muitos no mundo de hoje não querem saber da
verdade, e fogem da Luz.
Espírito de luz e de
poder infinito, Espírito que ensina a Igreja lhe recordando tudo que Jesus
disse, prepare-nos também para imitar os apóstolos os quais iniciaram a Igreja
humana, com determinação, e destemidos, enfrentaram humilhações, perseguições,
tudo, até a própria morte, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.
José Salviano.
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PREADO LEITOR.
REZEMOS PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS.
·
Sobre a Semana de orações pela unidade,
ver, entre outros, na internet: http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/8945-semana-de-oracao-pela-unidade-dos-cristaos-2012 (notícias da Cnbb); http://semanadeoracaopelaunidade.blogspot.com.br/ (site oficial)
http://www.oikoumene.org/fileadmin/files/wcc-main/documents/p2/2011/WOPCU2012port.pdf
(subsídios preparados pelo Pontifício Conselho para a Promoção da
Unidade dos Cristãos e pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de
Igrejas).
·
Nos sites de diversas tradições cristãs
– mesmo daquelas que não são membros do CONIC (o Conselho Nacional de Igrejas
Cristãs no Brasil cuja Carta de convocação vem assinada pelos representantes da
Cnbb (católicos), da IEAB (anglicanos), da IECLB (luteranos), da IPU
(presbiterianos) e da ISOA (síria-ortodoxa). A programação é promovida por
comunidades e instituições em várias cidades.
(Enviado
pelo Prof. Fernando)
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"RENASCIDOS
NO ESPÍRITO"
Diac. José da Cruz
Quando se capricha na reforma de
uma casa antiga, mudando totalmente sua fachada, costuma se dizer que ela ficou
como nova, a esse respeito, lembro-me também do tempo em que a compra de um
sapato novo era onerosa e a gente optava por levar o velho ao sapateiro, que
colocava meia sola, passava uma tinta, dava um brilho e quando ia buscar, era
como se fosse um sapato novo, e um último exemplo, um dos carros que tive foi
uma Brasília, que em certa ocasião , mandei fazer uma reforma caprichada e ao
sair com ela da oficina, dizia orgulhoso que ficou “novinha” em folha. Nesses
três casos, a palavra NOVA é apenas força de expressão, pois a casa, o sapato e
a Brasília, continuaram velhos, apenas com aparência de novos. O que o Espírito
de Deus realiza em nós, não é uma reforma de fachada, não somos uma casa velha
reformada, mas nele somos recriados, renascidos e renovados, passando a ser
realmente novas criaturas., porque estamos em Cristo (1 Cor 5, 17-21).
Quando o homem toma conhecimento
dessa verdade, fica confuso como Nicodemos, que perguntou a Jesus como é que
podia um homem, sendo já velho, nascer de novo, e se era necessário entrar
novamente no útero materno. Nas leituras da missa da vigília, e do domingo de
Pentecostes descobrimos que esse renascimento e essa renovação não dependem do
homem, mas é iniciativa de Deus. Quando celebramos Pentecostes estamos na
verdade celebrando o renascimento de todo gênero humano, a renovação de toda
humanidade, onde o homem, consciente e crente desta renovação, se une a seu Deus
e aos irmãos em comunhão perfeita, na Igreja, que é o Povo da Nova Aliança, a
Assembléia ou a reunião dos que crêem e vivem segundo o Espírito, vivenciando
um amor que se traduz em serviço, impelido pelos carismas.
Igreja não é um grupo fechado e
particular que têm exclusividade sobre o Espírito Santo, monopolizando seus
dons e carismas, o Espírito é derramado sobre todos e não canalizado para
alguns em particular como pensam algumas correntes religiosas. Todos os textos
que ilustram essa Festa de Pentecostes, da missa da Vigília e da própria Festa,
não deixam margem para dúvidas a esse respeito. “Derramarei o meu Espírito
sobre todo ser humano” – (Joel 3, 1) “todos ficaram cheios do Espírito Santo e
começaram a falar em outras línguas, conforme o espírito os inspirava. Moravam
em Jerusalém, judeus devotos de todas as nações do mundo, quando ouviram o
barulho, juntaram-se á multidão e cada um os ouvia falarem em sua própria
língua” (Atos 2, 4-5) Através do seu Espírito que é único, Deus se comunica com
todos os homens no pluralismo de valores, de culturas e religiões, em uma única
linguagem!
No espírito descobrimos que
somos todos iguais embora queiramos parecer diferentes. Se atendêssemos aos
apelos do Espírito, derrubaríamos por terra todas as barreiras que nos separam
e homens de todas as nações, culturas e religiões, iriam dar-se às mãos e em
uma única voz cantariam um único louvor, ao único e verdadeiro Deus, reunidos
em uma única Igreja que já não seria mais este ou aquele templo, esta ou aquela
denominação religiosa, mas sim as entranhas do homem. Eis aí algo esplendido
que Pentecostes nos revela: nascemos de novo e nos renovamos porque Deus em seu
Espírito Santo, entra em nós. “Nossos ossos estavam secos, nossa esperança
havia acabado, texto que em Ezequiel 17, mostra não só a situação de um povo,
que tinha perdido a sua identidade de povo de Deus, mas da própria humanidade,
que sem Deus não consegue sonhar, ou esperar nada de bom, mas só tem pesadelos,
e neste mesmo texto vemos a maravilhosa profecia “Porei em vós o meu Espírito
para que vivais... e os anciãos voltarão a sonhar, e os jovens profetizarão”
isso significa que todos, jovens e velhos poderão esperar algo novo, uma nova e
feliz realidade.
Essa possibilidade se
concretizou ao anoitecer daquele dia, quando Jesus soprou sobre a comunidade
dos discípulos, concedendo-lhes o dom da paz e o seu próprio Espírito.
Precisamente ali surgiu a nova humanidade, em uma Igreja que na força do
Espírito Santo perdeu o medo, abriu suas portas que estavam fechadas e saiu em
missão para anunciar a todos os homens essa verdade, que o Espírito do Senhor
nos renovou, que em todos os homens, a graça é maior e mais abundante que o
pecado. E quando todo homem olhar para dentro de si e tomar consciência dessa
verdade, de que é uma Igreja ambulante porque o Senhor habita nele em Espírito,
então passará a produzir os frutos doces e saborosos da caridade, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, lealdade e mansidão. Você já fez essa
experiência? (Domingo de Pentecostes)
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27 de maio DOMINGO
PENECOSTES
Padre Antonio Queiroz
Como o Pai me enviou, também eu vos envio: Recebei o Espírito
Santo!
Hoje celebramos com alegria a solenidade de Pentecostes, que é a
vinda do Espírito Santo. O fato está narrado na primeira Leitura e no
Evangelho. O Evangelho narra que Jesus nos mandou o Espírito Santo a fim de
continuarmos a sua missão na terra: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio.
E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito
Santo!”
O Evangelho destaca também que o Espírito Santo veio sobre os
Apóstolos para lhes dar o dom de perdoar os pecados: “A quem perdoardes os
pecados, eles lhes será perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão
retidos”.
Jesus é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo
1,29); e a Igreja é a continuadora de Jesus, levando esse perdão a todos os
homens e mulheres do mundo.
Neste pequeno trecho do Evangelho, Jesus fala duas vezes: “A paz
esteja convosco”. Dá impressão que essa foi a finalidade de tudo: dar-nos a
paz, uma paz completa e permanente. O pecado gera sentimento de culpa, o que
nos tira a paz. Sem paz, a pessoa não tem alegria, nem felicidade, nem força
para agir e fazer o bem. Como que é importante o sacramento da confissão!
Também o perdão que nós damos uns aos outros faz bem. Ele traz a
paz tanto para quem é perdoado como para quem perdoa. Há pessoas que só vêem as
limitações do próximo. Isso é uma “miopia”, porque as pessoas têm muito mais
qualidades do que defeitos. Destacar as qualidades de uma pessoa é um incentivo
para que ela vença as suas falhas e melhore de vida.
A paz é melhor que as riquezas, que as honras e melhor até que a
saúde. Mas a paz não nos vem isolada; ela é fruto da justiça e do perdão. Quem
é justo e perdoa torna-se uma fonte de paz no mundo.
“Estando fechadas, por medo dos judeus, as portas...” Com esse
medo todo, dá impressão que, se o Espírito Santo não tivesse vindo, a Igreja
teria acabado ali mesmo.
O Espírito Santo tira o medo exagerado, e acrescenta à nossa
coragem a confiança de que Deus fará também a parte dele e nos defenderá. “Se
pegarem em serpentes e beberem veneno mortal, não lhes fará mal algum” (Mc
16,18).
Na primeira Leitura, o Espírito Santo vem como Luz e Força para
os discípulos. Luz para nos mostrar o caminho, e força para seguimos esse
caminho.
Outro dado interessante é que o Espírito Santo não veio sobre
indivíduos, mas sobre a Comunidade cristã reunida. Ele não deseja destacar
pessoas, mas sim a Comunidade, que é o Corpo Místico de Cristo e o principal
instrumento de construção do Reino de Deus no mundo.
A Igreja (Comunidade) é a grande agente transformadora do mundo;
nós somos membros, ou peças dessa máquina.
Eu vou contar um fato acontecido no Estado do Acre, em 1981.
João Eduardo era um senhor, pai de família e líder da Comunidade rural onde ele
morava.
O governo desapropriou uma grande área de terra e encarregou o
João Eduardo de fazer a distribuição para as famílias de agricultores sem
terra.
Durante esse trabalho, João descobriu que havia um atravessador
vendendo lotes do assentamento. João o procurou, pediu que ele parasse com
aquele ato ilegal, e ameaçou denunciá-lo. O atravessador o ameaçou de morte,
caso o denunciasse. Mesmo assim, João Eduardo o denunciou. E não deu outra: ele
foi assassinado dia 18/01/1981.
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João 20,19-23
A nossa carne é fraca e se ressente, porém o nosso coração está
firme porque Jesus é quem nos assegura: “A paz esteja convosco." – Maria
Regina
Depois de ressuscitado Jesus apareceu aos Seus discípulos e trouxe-lhes
a Sua paz e o Seu Espírito. No nosso Batismo, portanto, nós também recebemos o
Espírito Santo, portanto, não podemos separar a paz de Jesus do Seu Espírito.
Quem tem o Espírito Santo, tem paz porque sente o amor do Pai e do Filho.
Todos nós que temos convicção do amor de Deus, sentimos a paz no nosso
coração, pois provamos da misericórdia do Pai e temos a certeza de que os nossos
pecados são perdoados. Nunca precisaremos trazer a nossa alma atribulada pelos
acontecimentos do mundo, se recebemos o Espírito de Jesus no nosso Batismo e
com Ele também a sua paz.
A
nossa carne é fraca e se ressente, porém o nosso coração está firme porque
Jesus é quem nos assegura: “A paz esteja convosco”, “Recebei o Espírito Santo”.
Somos enviados a levar ao mundo esta paz e o amor de Cristo que experimentamos
com o poder do Seu Espírito. O Espírito Santo é quem nos envia, nos acompanha e
nos motiva a irmos em frente, na nossa caminhada e é quem nos sustenta nas
batalhas que travamos no nosso dia a dia.
É também Ele quem nos tira da acomodação e nos faz enxergar as coisas do
céu, que fogem da nossa visão humana. Reflita – Você tem tido experiência com o
Espírito Santo? – Você sente o seu coração em paz mesmo que o mundo ao seu redor
esteja desabando? A que o Espírito tem lhe motivado? – O que você entende por
“renovar a face da terra”?
amém
João 20,19-23
A nossa carne é fraca e se ressente, porém o nosso coração está
firme porque Jesus é quem nos assegura: “A paz esteja convosco." – Maria
Regina
Depois de ressuscitado Jesus apareceu aos Seus discípulos e trouxe-lhes
a Sua paz e o Seu Espírito. No nosso Batismo, portanto, nós também recebemos o
Espírito Santo, portanto, não podemos separar a paz de Jesus do Seu Espírito.
Quem tem o Espírito Santo, tem paz porque sente o amor do Pai e do Filho.
Todos nós que temos convicção do amor de Deus, sentimos a paz no nosso
coração, pois provamos da misericórdia do Pai e temos a certeza de que os
nossos pecados são perdoados. Nunca precisaremos trazer a nossa alma atribulada
pelos acontecimentos do mundo, se recebemos o Espírito de Jesus no nosso
Batismo e com Ele também a sua paz.
A
nossa carne é fraca e se ressente, porém o nosso coração está firme porque
Jesus é quem nos assegura: “A paz esteja convosco”, “Recebei o Espírito Santo”.
Somos enviados a levar ao mundo esta paz e o amor de Cristo que experimentamos
com o poder do Seu Espírito. O Espírito Santo é quem nos envia, nos acompanha e
nos motiva a irmos em frente, na nossa caminhada e é quem nos sustenta nas
batalhas que travamos no nosso dia a dia.
É também Ele quem nos tira da acomodação e nos faz enxergar as coisas do
céu, que fogem da nossa visão humana. Reflita – Você tem tido experiência com o
Espírito Santo? – Você sente o seu coração em paz mesmo que o mundo ao seu
redor esteja desabando? A que o Espírito tem lhe motivado? – O que você entende
por “renovar a face da terra”?
amém
abraço carinhoso
Maria Regina
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Evangelhos
Dominicais Comentados
27/maio/2012 - Pentecostes
Evangelho: (Jo 20, 19-23)
Hoje festejamos
Pentecostes, completam-se cinqüenta dias da ressurreição de Jesus. Quase dois
meses depois que Jesus se foi, nós encontramos seus discípulos trancados no
cenáculo, por medo dos judeus.
Apesar do evangelista João
não mencionar neste evangelho, nós sabemos que, conforme Atos dos Apóstolos
(2,1-11), no cenáculo também estavam algumas mulheres, inclusive Maria a Mãe de
Jesus. Outro fato que deve ser ressaltado, é que eles se encontravam em oração.
João faz questão de dizer
que o medo estava presente entre eles. Não sabiam o que poderia lhes acontecer
se fossem descobertos pelos judeus. A única certeza que tinham é a de que eles
não iriam, de forma nenhuma, assumir publicamente que eram cristãos.
Em meio a esse clima
tenso, Jesus chega como quem não quer nada, entra sem fazer alarde, coloca-se
no meio deles e diz: "A paz esteja com vocês"! Pronto... mudou a
temperatura do ambiente, esfriaram-se as cabeças e aqueceram-se os corações, a
alegria é geral. Os discípulos ficaram alegres ao verem o Senhor.
Jesus trouxe consigo o
Espírito Santo e o entregou aos apóstolos. O medo e a insegurança foram jogados
pela janela. O temor que paralisava suas pernas, simplesmente desapareceu.
Essa é a verdadeira paz.
Paz é liberdade, é coragem, é a busca permanente da vida plena. Paz é doação, é
a luta por justiça e dignidade. Paz, um nome tão pequeno, mas que guarda dentro
de si toda mensagem de Jesus.
Paz é o resumo de tudo. Na
palavra paz está contido todo evangelho, por isso Jesus nos deseja a paz. Apesar
de não serem sinônimos, é impossível separar a paz do amor. A paz é fruto da
justiça. E, o amor é incompleto sem a paz.
Jesus entra, deseja-lhes a
paz e faz algumas recomendações. Manda que continuem a sua missão. A mesma
missão que o levou à morte. Mas, como enfrentar aquela multidão que eliminou o
Mestre? – se perguntavam.
O medo era enorme, mas ao
receberem o Espírito Santo, transformam-se totalmente. Abrem as portas,
escancaram as janelas, nada temem, nada os assusta. Publicamente falam com
destemor e sabedoria.
Assim é a obra do Espírito
Santo. Ela faz maravilhas nos seguidores de Jesus. Opera transformações
radicais naqueles que se entregam aos seus cuidados. Age em nossa vida e em
nosso dia-a-dia. O Espírito Santo se faz presente através dos seus sete dons.
A festa de Pentecostes nos
leva a concluir que o Espírito Santo dá vida e dinamismo à comunidade cristã.
Sob a ação do Espírito todos falam a mesma língua, os irmãos se entendem e se
unem em torno do mesmo Pai. A covardia é substituída pela coragem na pregação
do evangelho, a tristeza dá lugar à alegria, e as atividades são alicerçadas no
amor e na paz de Jesus.
Coragem, evangelizador,
coragem, evangelizadora! Uma coragem, sem limites! É isso que Jesus espera de
cada um de seus discípulos. Você é convidado, eu também. Todos nós somos
convocados a levar aos povos a Boa Nova de justiça e de paz.
(1692)
jorge.lorente@miliciadaimaculada.org.br - 27/maio/2012
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“RECEBEI
O ESPÍRITO SANTO”... – Olívia Coutinho
DOMINGO
DE PENTECOSTES!
Dia
27 de Maio de 2012
Evangelho Jo 20,19-23
Hoje, somos tomados por uma alegria
contagiante, alegria de celebrar a Solenidade de Pentecostes!
No
início da Igreja, Pentecostes era celebrado junto com a Páscoa, por esta razão,
a liturgia deste domingo, nos apresenta o mesmo evangelho do segundo
domingo da Páscoa.
Esta
grande festa é o
coroamento do tempo Pascal, quando se cumpre a promessa de Jesus: o envio do
Espírito Santo. Espírito Santo, que já se faz presente no meio de nós, mas
que é importante percebermos a sua ação no mundo.
A definição marcante da
festa de hoje, podemos dizer que é a "Germinação da Igreja", pois a caminhada
missionária da Igreja, começa em Pentecostes, quando o Espírito
Santo entra em suas entranhas e a torna viva e atuante.
É a partir daí, que a igreja começa a falar, falar a linguagem do amor, que é universal, e que, mesmo
sendo desdobrada em vários idiomas, é a única linguagem capaz de ser
compreendida pelos povos de todas as nações.
A
grande riqueza da Igreja é a sua abertura a todos os povos e culturas.
Sua
missão consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição.
A
igreja é unidade, é a guardiã do amor, do amor do Pai, do Filho e do Espírito
Santo.
Nesta
festa missionária, devemos alargar o nosso olhar para o mundo inteiro, onde a
igreja se faz presente na pessoa de muitos missionários, homens e
mulheres, que apesar das inúmeras dificuldades, se prontificam a gastar a
vida na difusão da verdade do evangelho.
Unamos
a estes missionários, no desejo de difundir o evangelho. Sabemos que a missão é
árdua, mas Jesus tranquiliza os nossos corações, para que possamos a cada
passo desta missão, anunciar e testemunhar o Evangelho, ponto
decisivo para a história da salvação.
A
liturgia de hoje, nos apresenta a comunidade de Homens Novos, que nasce da cruz
e da ressurreição e são libertados pela força santificadora e libertadora do
Espírito Santo. Tudo começa com o primeiro encontro de Jesus com os
discípulos, logo após a sua ressurreição. Foi neste encontro, que Jesus comunicou a eles o seu
Espírito, no gesto de soprar sobre eles.
Ao soprar o Espírito Santo
sobre os discípulos, Jesus nos recorda o sopro de Deus na criação, o sopro que
deu vida a criatura humana, gesto que Jesus repete como início de uma
nova criação.
Cheios
do Espírito Santo, os discípulos se libertam do medo que os aprisionavam e a
partir deste momento, as palavras de Jesus, se tornam claras para eles.
“Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os
pecados, eles lhe serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhe
serão retidos”. Com o sopro do Espírito Santo, Jesus concede
a igreja, o poder de perdoar pecados, É Deus quem tem o poder de perdoar
pecados, mas Jesus concede este poder e o transmite a sua Igreja.
Trata-se do sacramento da reconciliação. “Reter os pecados”,
não é uma condenação, mas um insistente apelo a conversão.
É
importante Entendermos, que não é a Igreja que não perdoa, ao contrário,
ela trabalha o arrependimento favorecendo condições para isso, ser perdoado ou
não, vai depender da pessoa abrir ou não, o seu coração ao Espírito
Santo.
No
sopro do Espírito Santo, sobre os discípulos, é expressa a criação renovada! É
O Espírito Santo que recria a comunidade dos apóstolos e descerra suas portas
para a missão!
Os
discípulos só conseguiram tomar atitudes corajosas para anunciar Jesus, depois
que receberam o Espírito Santo. Era tão grande a sua coragem, tão segura a sua
decisão, que estavam dispostos a tudo, até mesmo a dar a vida pelo evangelho.
Todos
nós recebemos o Espírito Santo no Sacramento do Batismo e na sua Confirmação.
Com certeza, esta presença permanente do Espírito Santo em nós,
deve nos levar a viver com mais alegria e vontade de comunicar a todos,
as coisas bonitas que Jesus realizou. E hoje Jesus nos pede para sermos
continuadores da comunicação de sua bondade, do seu amor e da sua verdade.
FIQUE NA PAZ DE JESUS! –
Olívia
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A festa de Pentecostes”-
Claudinei M. Oliveira.
Domingo, 27 de Maio
de 2012.
Evangelho: Jo 20, 19-23
Nesta Celebração de Pentecostes,
Jesus retorna na tarde de Domingo na comunidade reunida de seus
discípulos que encontravam em oração e os cumprimentou com a “A paz esteja convosco”. Saudação
invocando o Santo Espírito para fazer presente na caminhada de levar o grande
projeto do Reino do Pai. É o encontro da força provedora da Criação com seus
agregados fiéis com intuito de abastecê-los na continuidade de salvar os
perdidos e/ou não convertidos para a Glória de Deus.
Jesus Cristo que
ressuscitou da morte para a vida plena, deseja que sua comunidade não sofra e não enfraqueça
diante de tanto pressão para desconsiderar os ensinamentos da verdade que
liberta. Assim, Jesus é o libertador que desvelar o caminho reto e seguro para guiar os passos daqueles
que almejam um dia estar perto da Vossa Graça.
Dei a minha vida pela causa do Reino de Meu Pai, fiz com afinco
e determinação a minha missão e agora deixo em vossas mãos para prosseguir
anunciando o que tem de melhor para nosso povo. Ajudai-o e não o deixai
perder-se pelo caminhar errado ou sugerido pelos interesseiros de que a vida
terrena é plena na escravidão e no desamor. Isso não pode acontecer com o povo
que lutei para reconhecer o Deus de nossos antepassados.
São palavras criadas por nós que Jesus poderia ter expressado aos discípulos. Com medo das autoridades locais
reuniram num lugar fechado para não chamar a atenção. Desse modo, sem a presença de Jesus Ressuscitado e sem a força
do Espírito Santo a comunidade dos Apóstolos se fecha atrás de paredes,
impossibilitando a vitória da vida sobre a morte. Jesus, então, apresenta-se
para motivá-los a não terem medo. Deveriam enfrentar prontamente os opositores para rechaçar
a morte gloriosa do filho de Deus. Sim, Jesus morreu na Cruz, mas ressuscitou como havia prometido o Pai. Logo
não precisam ter medo de falar de Deus.
Na verdade a saudação da paz esteja convosco é o anuncio de que estou contigo e darei toda a força para
vencer o mal. O combate deve prosseguir para livrar os homens que ainda vivem
no pecado. Mas qual é o pecado do homem que precisa ser removido? Lógico,
o pecado da omissão do chamado de Deus para o trabalho na messe, o pecado de não aceitar Jesus como o Messias que é o verdadeiro filho do Altíssimo, o pecado do egoísmo, do comodismo, da vingança, do desprezo das
coisas de Deus, do ódio que destrói a essência do homem, das virtudes maléficas arrasadoras, ou seja, o pecado de não anunciar a Palavra e nem
levar o projeto de libertação para os confins da terra.
Os discípulos em comunidade devem alegrar-se por receber a força do Cristo
Ressuscitado como ficou expresso na presença e nas palavras: “assim como o Pai me enviou eu também envio
vocês”. O Pai enviou Jesus para o meio dos pobres,
agora Jesus envia sua comunidade para profetizar entre os pobres. Isto é, levar a alegria para todos os povos e motivá-los para crer, mesmo
distante da presença física de Jesus. É a crença da FÈ. Contudo, se permanecer
fechado ou isolado em comunidade, estará cometendo o pecado em si, pois
tem a força movedora do Santo Espírito contigo e não agiu corretamente. O sopro de Jesus desperta a comunidade para
o serviço: recebam o Espírito Santo. Os pecados
daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados. Os pecados daqueles que vocês
não perdoarem, não serão perdoados. O convite foi para a comunidade abrir-se e acolher os enfraquecidos
na fé para aumentar a crença na vida nova.
A comunidade renovou seu poder. Agora o Ressuscitado animou a busca de nova
vida onde todos devem participar. Encouraçados da fé, do Espírito e do Mestre
nada poderão deter o avanço da unidade em comunhão.
Olhamos para nossa comunidade. Estamos prontos para agir a fim de levar nova
vida? Ou melhor, estamos unidos em prol deste Deus que liberta e quer o bem de
todos? Para aqueles que comungam a vida em comunidade em torno da Mesa da
Palavra e da Eucaristia, notam o quanto ainda estamos distantes do projeto de
Deus. São tantas desavenças e maus tratos para com o povo de Deus que parece
que o Deus verdadeiro ainda não brotou nos corações dos homens
contemporâneos. Ainda são muitas as comunidades que lutam para haver harmonia
entre seus membros. Disputam entre si espaços para aparecer. Matam com palavras
irmãos em nome de “Deus”. Aniquilam aqueles que estão em sua volta para
sobrepor ideias interesseiras. Vejam irmãos, não buscamos está visão e
ainda não entendemos o Cristo Ressuscitado.
Na verdade somos os “tomes” da vida. Na segunda aparição aos discípulos reunidos lá estava
Tomé. E qual foi a dúvida? 'Se eu não enxergar a marca dos pregos em suas mãos, se
eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não
creditarei'. Quão grande era o
remorso de ter perdido o amigo e mestre. Jesus que caminhava com seus
discípulos ensinado, colocando serviço e afirmando ser filho de Deus e de
repente foi morto para salvar os pecados do homem! Não daria para
acreditar. Ou seja: Jesus nos abandonou
e agora aparece i e diz ser o
Cristo Ressuscitado! Mas Jesus não
perdeu tempo e logo disse a Tomé: 'Põe o teu dedo
aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não
sejas incrédulo, mas fiel'. Jesus repreendeu
seu discípulo. Homem de pouca fé. Bastai sair perto de ti e logo duvidas de mim! Acontece que Tomé faz a maior profissão de fé: 'Meu Senhor e meu
Deus!' És tu mesmo
presente no meio de nós. E Jesus lhe disse: 'Acreditaste,
porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!' Precisou sim de Jesus chamar a
atenção de Tomé para crer na sua pessoa. Hoje não temos o Cristo em carne e
osso para cobrar de nós nossa expressão de fé. Mas temos a história revelada do
Pai e a Sagrada Escritura para embasarmos e crermos que Jesus morreu por nós,
voltou até nós, cumprimentou com a paz esteja convosco e animou-nos na
construção de um Projeto de Vida Nova. Somos os bem-aventurados.
Buscar este Deus que continua presente no meio de nós através de seu filho
muito bem amado é ter a expressão da fé
acima de tudo, é ser bem-aventurado
por pertencer a uma comunidade que recebeu o Espírito Santo. Agora está
completo. Cheio do Espírito de Deus e unidos para celebrar o sopro do Divino
Espírito Santo, nesta festa linda de Pentecostes. Não temos como duvidar da
presença constante do libertador. Logo as bem-aventuranças do ressuscitado
está ao alcance de todos. Diante de nossos olhos da fé. Cremos neste
milagre divino e façamos presente este Deus em nossas vidas.
Portanto, irmãos na fé deste Deus amável, aproveitamos este domingo de Pentecostes para reunirmos em comunidade e repartirmos as alegrias e os mistérios de Deus. Voltemos para a paz de
Cristo que está em nosso meio e comungamos a fé entre os irmão.
Amém.
Sentido
de Pentecostes para ajudar na reflexão pessoal.
Pentecostes
é uma festa adotada pelo Cristianismo ao Judaísmo. Em primeiro lugar, a palavra
festa (hag, no hebraico) significa fazer um círculo. Isso revela o sentido
primitivo de festa, isto é, uma reunião comunitária (Êx 5.1). Nela, o povo
celebrante reunia, especialmente, para estudar os textos sagrados que, mais
tarde, viriam a ser a Bíblia. Em segundo lugar, o nome Pentecostes vem da
língua Grega e significa cinquenta dias depois, a saber, da festa da Páscoa.
Originalmente, esta festa possuía três nomes hebraicos: festa das Semanas,
festa das Colheitas ou Dia das Primícias. Estes três nomes revelam um pouco do
conteúdo da festa: era agrícola e situada no período das colheitas. A troca de
nome para Pentecostes deu-se a partir do período grego (333-63 anos antes de
Cristo), quando a Grécia dominou culturalmente o mundo. O mais primitivo motivo
desta festa foi gratidão a Deus pelo dom da terra. Posteriormente, o povo
bíblico incorporou o motivo de gratidão pela doação da Torá (450 anos antes de
Cristo). A Torá é a instrução divina por excelência, contida no Pentateuco
(cinco primeiros livros da Bíblia). Provavelmente, a festa de Pentecostes,
descrita em Atos dos Apóstolos 2, celebrava a doação da Torá. Os salmos 19 e
119 mostram que a manifestação do Espírito Santo está diretamente relacionada
ao estudo da Torá. (Tércio
Machado Siqueira, professor de Antigo Testamento da FaTeo)
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PENTECOSTES
“Todos ficaram
cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o
Espírito os inspirava”. Que Espírito é este, que encheu hoje os apóstolos e a
inteira Igreja de Cristo?
Ele é o
Espírito do Ressuscitado, soprado pelo Cristo Senhor: “Jesus disse: ‘Como o Pai
me enviou (no Espírito Santo), eu também vos envio (neste mesmo
Espírito)!"Depois soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo!”
Nele, tudo fora
criado desde o princípio: “O Espírito do Senhor encheu o universo; ele mantém
unidas todas as coisas e conhece todas as línguas” (Sb. 1,7). Somente no Santo
Espírito podemos compreender que toda a criação e toda a história são
penetradas pela vida de Deus que nos vem pelo Cristo; somente no Santo Espírito
podemos perceber a unidade e bondade radicais da criação que nos cerca, mesmo
com tantas trevas e contradições. É o Santo Espírito, doce Consolador, que nos
livra do desespero e da falta de sentido!
Nele tudo se
mantém, tudo tem consistência, tudo é precioso: “Encheu-se a terra com as
vossas criaturas: se tirais o seu respiro, elas perecem e voltam para o pó de
onde vieram. Enviais o vosso Espírito e renascem e da terra toda a face
renovais”. É por sua ação constante que tudo existe e persiste no ser. Sem ele,
tudo voltaria ao nada e nada teria consistência real. Nele, tudo tem valor, até
a mais simples das criaturas...
Sem ele, nada,
absolutamente, podemos nós: “Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem
há nele!” Por isso Jesus disse: “Sem mim, nada podeis fazer (Jo 15,5)”, porque
sem o seu Espírito Santo que nos sustenta e age no mais íntimo de nós, tudo
quanto fizéssemos não teria valor para o Reino dos Céus. Jesus é a videira,
nós, os ramos, o Espírito é a seiva que, vinda do tronco, nos faz frutificar...
Ele é a nova
Lei – não aquela inscrita sobre tábuas de pedra, mas inscrita no nosso coração
(cf. Ez. 11,19; Jr. 31,31-34), pois “o amor de Deus foi derramado nos nossos
corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm. 5,5). A lei de Moisés, em tábuas
de pedra, fora dada no Sinai em meio a relâmpagos, trovões, fogo, vento e
terremotos (cf. Ex 19); agora, a Nova Lei, o Santo Espírito nos vem em línguas
de fogo e vento barulhento e impetuoso, para marcar o início da Nova Aliança,
do Amor derramado no íntimo de nós!
Ele tudo perdoa
e renova e, Cristo, pois é Espírito para a remissão dos pecados: “A quem
perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados!” É, pois, no Espírito que a
Santa Igreja anuncia a paz do Evangelho do perdão de Deus para a humanidade em
Cristo Jesus!
Ele nos une no
Corpo de Cristo, que é a Igreja, pois “fomos batizados num único Espírito para
formarmos um só corpo...” – Neste Corpo, ele nos enche de dons, carismas e
ministérios, pois “a cada um é dada a manifestação do Espírito para o bem
comum”. É no Espírito que a Igreja é uma na diversidade de tantos dons e
carismas; uma nas diferenças de seus membros...
Ele faz a
Igreja falar todas as línguas, fá abrir-se ao mundo, procurar o mundo com
“santa inquietude”, não para render-se ao mundo ou imitá-lo ou perder-se nele,
mas para “anunciar as maravilhas de Deus” em Cristo Jesus, chamando o mundo à
conversão e à vida nova em Cristo!
Enfim, Ele
torna Jesus sempre presente no nosso coração e no coração da Igreja e no
testemunha incessantemente, sempre e em tudo que Jesus é o Senhor, pois
“ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo!” – para a
glória de Deus Pai.
dom Henrique Soares da Costa
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A
força do Espírito rompe barreiras e renova o mundo!
Na era da
internet, uma notícia chega aos quatro cantos do mundo em frações de segundos.
Por meio do computador, vemos o mundo e nos comunicamos com ele, mobilizamo-nos
para coisas boas e ruins. Tudo se parece com um espírito que corre veloz nas
ondas invisíveis e nas fibras ópticas de um mundo globalizado, que, apesar dos
avanços tecnológicos, ainda persiste em mostrar o incômodo da miséria, do
racismo, da exploração sexual e das injustiças sociais reinantes em grande
parte do nosso planeta. A globalização ainda não acontece satisfatoriamente na
promoção da solidariedade, da cultura da paz, do acesso aos bens necessários à
vida, da justiça.
É neste
contexto de século XXI que continuamos celebrando Pentecostes como
acontecimento profundamente aglutinador, pois nele todos os povos são reunidos
por Deus para desfrutar da Páscoa de seu Filho, fonte de paz, salvação e vida
plena para todos. Pentecostes é o oposto de Babel (Gn. 11,1-9), pois não
envolve multiplicação de línguas, mas é a plenitude da comunicação entre o
divino e o humano e o evento basilar do cristianismo primitivo, ao reler a
manifestação de Deus no monte Sinai. É o que veremos nas leituras de hoje.
1ª leitura (At
2,1-11)
Pentecostes
é a releitura simbólica do Sinai
Haviam se
passado os 50 dias entre as festas da Páscoa e Pentecostes. Era o quinquagésimo
dia da festa das Semanas, daí o nome hebraico da festa: “Pentecostes”. Era o
dia 6 do mês de sivan – 22 de maio no nosso calendário. Jerusalém estava
repleta de peregrinos. Todos teriam trazido as primeiras colheitas para serem
ofertadas no Templo. A peregrinação até Jerusalém teria sido linda. Imagine
grupos de pessoas caminhando juntos com cestos de uva, trigo, azeitonas,
tâmaras, mel... Imagine o povo sendo acolhido em Jerusalém ao som de harpa,
flauta e recitação de salmos. Todos carregavam dentro de si o desejo de
agradecer a Deus pelas primeiras colheitas e de comemorar o “dom da Torá”, da
Lei dada ao povo no monte Sinai tantos séculos atrás. Nisso consistia a festa
judaica de Pentecostes: comemorar o recebimento da Torá no monte Sinai e
afirmar, com isso, que no dia de sua revelação “eu também estava lá” (Dt.
5,24). O ontem se torna hoje (Lc. 4).
Em Jerusalém
estavam todos. E todos presenciaram a vinda do Espírito Santo. Como podemos
interpretar esse episódio narrado por Lucas nos Atos? Não estaria aí uma
releitura do evento Sinai? Lucas descreve o acontecido em Pentecostes tendo na
memória a narrativa do Sinai. Era preciso demonstrar que um novo Sinai estava
acontecendo para legitimar a ação da comunidade de Jerusalém. Jesus teria dito
para voltarem a Jerusalém e lá eles receberiam o Espírito Santo. Pentecostes
passa a ser o batismo da comunidade cristã, o qual a confirma na missão de ir
para o mundo e evangelizar. Mais que de um dado histórico, estamos diante de
uma profissão de fé. Sem Pentecostes, a Páscoa (passagem) para uma nova vida em
Jesus não estaria completa. É belíssima a simbologia usada por Lucas para falar
de uma experiência tão importante, que marca o início da missão das comunidades
cristãs.
Em At 2,1-13,
temos dois relatos unidos: um mais antigo (vv. 1-4 + 12-13) e um mais
desenvolvido redacionalmente (vv. 5-11). O objetivo do primeiro é chamar a
atenção para o fato carismático e apocalíptico de Pentecostes, e o do segundo,
demonstrar o caráter profético e missionário do evento. Vamos considerar o
texto como um todo e interpretá-lo simbolicamente, também como releitura do
Sinai.
Eis os símbolos:
a) Casa em
Jerusalém: a vinda do Espírito Santo ocorre, segundo a tradição, em uma casa de
dois andares na cidade de Jerusalém, que está situada sobre o monte Sião. Esses
dois detalhes evocam claramente o monte Sinai, local onde Moisés recebeu as Dez
Palavras de Deus. No Primeiro Testamento, os montes eram considerados lugares
privilegiados da manifestação de Deus.
b)
Língua/linguagem: Lucas substitui o termo voz, que aparece na narrativa do
Sinai, por língua. Esses termos são semelhantes e ambos se referem à Palavra. E
cada um entende na sua própria língua. A Palavra é a presença de Deus. Língua
(idioma) e linguagem (modo de se comunicar) têm o mesmo sentido no texto. O
milagre de Pentecostes consiste no fato de os presentes poderem entender os
apóstolos no interior de sua própria cultura. É o mesmo que dizer: a
evangelização está sendo realizada com sucesso. Por isso, esse fenômeno, também
encontrado em At 10,46 e 19,6, 1Cor 12,10.28.30 e 14,2.4-6.9, aparece nessa
leitura com o acréscimo de “outras línguas”, com a intenção de demonstrar que a
evangelização era para “todos no mundo todo”. Evangelizar não é falar em língua
que ninguém entende, mas justamente o contrário. Não importa o idioma
(língua-mãe), mas a linguagem comum, o modo como é transmitida a proposta do
reino.
c) De fogo:
representa a manifestação de Deus; é um modo apocalíptico de dizer que Deus se
manifestou (Ex. 3,2-3; 13,21; 19,18). Deus acompanha o povo pelo deserto numa
coluna de fogo que iluminava a noite (Ex. 13,20-22). Deus desce para falar com
o povo e Moisés no Sinai por meio do fogo (Ex. 19,18). A comunidade de Mateus
conservou a memória da fala de João Batista que anuncia o batismo no Espírito
Santo e no fogo que Jesus deveria realizar (Mt 3,11). E é isso que ocorre em
Pentecostes, segundo a interpretação da comunidade dos Atos dos Apóstolos. O
Espírito Santo é o fogo da palavra de Jesus que deve ser anunciada pelos seus
seguidores.
d) Multidão:
simboliza o povo no deserto que recebeu as tábuas da Lei. No dia de
Pentecostes, 3 mil pessoas estavam em Jerusalém. Não se trata aqui de uma cifra
exata. A comunidade dos Atos quis, com isso, afirmar que a comunidade dos
convertidos era uma multidão, proveniente de 12 povos e 3 regiões.
e) Vendaval
impetuoso: simboliza a manifestação de Deus. É a “violência” do Espírito que
leva a comunidade a ser profética e missionária. Deus fala no Primeiro e
Segundo Testamentos.
f) Estão cheios
de vinho doce: essa acusação simboliza os que não estão abertos ao novo da
comunidade cristã. Segundo os Rolos do Templo (cf. FITZMYER, J. The acts of the
apostles, The Anchor Bible, vol. 31, p. 235), gruta 11, os judeus de Qumrã
celebravam três Pentecostes: a) a festa das Semanas e do Novo Trigo (50 dias
após a Páscoa); b) a festa do Novo Vinho (50 dias após a festa do Novo Trigo);
c) a festa do Novo Óleo (50 dias após a festa do Novo Vinho). Essa sequência de
festas nos mostra que, depois da Páscoa, de 50 em 50 dias, era celebrada uma
festa. Sendo uma das festas a do Novo Vinho, podemos entender melhor esta zombaria
no texto: “estão cheios de vinho doce”. Lucas pode ter conhecido múltiplos
Pentecostes entre os contemporâneos judeus e fez alusão ao Pentecostes do Novo
Vinho, quando fala, mais propriamente, do Pentecostes do Novo Trigo.
Evangelho (Jo
20,19-23)
Pentecostes é a
nova Páscoa para os seguidores de Jesus, na paz e no anúncio do Espírito
Santo
A comunidade
está reunida e com medo. O Ressuscitado ultrapassa as barreiras físicas e
aparece diante dela. Ele lhes diz: “A paz esteja convosco”. “Paz” se diz em hebraico
shalom, palavra originada do verbo shlm, que, no tempo verbal piel, significa
pagar, devolver, ressarcir, indenizar, conservar. Da mesma raiz, o adjetivo
shalem significa estar completo, inteiro. Pagar em hebraico tem o sentido de
completar o valor justo. É forma simbólica de completar o vazio deixado pelo
objeto tirado. Quem compra e não paga mutila o outro. Paz é eterna harmonia com
Deus, com o outro e com o universo. Os judeus acreditam que o Messias só virá
quando a justiça social estiver implantada em nosso meio. Jerusalém, a cidade
(yeru) da paz (shalem), é protótipo desse sonho, dessa esperança. Jerusalém, em
hebraico, escreve-se, na verdade, Ierushalaim. Duas vezes aparece o i (em
hebraico yod), ainda que na segunda vez ele não seja pronunciado, pois
representa o nome de Deus, Iahweh. Os outros povos, não compreendendo o
significado do i no nome dessa cidade santa, traduziram-no como Jerusalém. O
yod representa, para o semita, a esperança. E é nesse contexto que podemos
entender a fala de Jesus: “Nem um i sequer será tirado da Lei” (Mt 5,18). A
esperança de paz, de voltar ao tempo de Deus, jamais acabará para quem sabe
esperar. Jesus pôde dizer Paz a vós, pois ele é a paz. A sua presença já é paz
e esperança. Quando, na missa, saudamos o outro com a expressão “paz de
Cristo”, desejamos que Cristo esteja dentro dele e ele seja qual outro
ressuscitado. A expressão “paz de Cristo” reúne os elementos do ser completo,
da harmonia e, mais que isso, da presença duradoura de Deus transmitida por
Jesus aos seus.
Para as
comunidades joaninas, Pentecostes, como dom do Espírito, realiza-se na Páscoa.
Jesus, na sua morte de cruz, entrega o Espírito (Jo 19,30). Jesus ressuscitado
aparece aos discípulos e lhes oferece o Espírito Santo, como nos atesta o
evangelho de hoje (v. 22). A comunidade pascal é portadora da paz e da força do
Espírito do Ressuscitado que deve ser levado ao mundo. Ela é sinal da ação do
Espírito que faz passar da morte para a vida todo o universo. Por isso, Jesus
envia a comunidade ao mundo, com a missão de reconciliá-lo com Deus, combatendo
as forças do mal. A nova comunidade dos judeu-cristãos é portadora do projeto
de Deus para a verdadeira unificação do mundo. Esse segredo chama-se: Páscoa do
Ressuscitado. Sua força é a mesma de Pentecostes: reunir a diversidade na
unidade. O desafio da comunidade é abrir as portas da “casa”: sair de si para
reconhecer no universo o “vendaval” do Espírito que tudo renova, tudo recria e
que sopra onde quer.
2ª leitura
(1Cor 12,3b-7.12-13)
O Espírito,
fonte de diversidade e de comunhão
Tendo
aprofundado o caráter simbólico da solenidade de Pentecostes, deparamos com a
segunda leitura de hoje, a qual é um desafio proposto à comunidade de Corinto,
em meio às divisões que ela sofria. Paulo insiste na comunhão no mesmo
Espírito, na diversidade de ministérios, atividades, raças, culturas e povos.
Diversidade é sinal da riqueza do único corpo de Cristo e condição para a
unidade. O Espírito distribui os dons e reúne tudo e todos em Cristo. Assim,
todos devem ser responsáveis e contribuir para o crescimento da comunidade, o
Corpo do Senhor. Essa unidade só é possível porque envolve três realidades:
1) a
ressurreição de Jesus que reúne o corpo e a comunidade;
2) a força do
Espírito que impulsiona esse corpo; e
3) a diversidade
de dons necessários à vida do corpo.
Na comunidade
de Corinto e nas de hoje, reconhecer Jesus como Senhor, título do Ressuscitado,
é abandonar toda e qualquer divisão entre os irmãos. É ser sinal do amor de
Deus para o mundo, deixando a energia do Espírito nos conduzir ao diferente, ao
novo, manifestando a todos a vida que Deus dá. É o que expressa o prefácio
litúrgico de Pentecostes: “[...] é ele quem dá a todos os povos o conhecimento
do verdadeiro Deus e une, numa só fé, a diversidade das raças e línguas”. A
unidade dos cristãos é desafio constante para todos nós. É nesse espírito que
somos convidados a viver a Páscoa do Senhor como fator de unidade entre todas
as Igrejas e entre todo o gênero humano. Pentecostes, assumido pela tradição
cristã como plenitude da Páscoa de Jesus, é a força capaz de nos fazer
compreender e viver em profundidade o projeto universal de vida para todos.
Faz-nos enxergar no diferente, e até no estranho, a força da vida divina. A
vida nova em Cristo tem força “simbólica”, unificadora: supõe abandonar tudo o
que divide, afasta e cria abismos na convivência humana e ecológica, para
abraçar outra norma de vida: o amor que reúne, aproxima e refaz a convivência
na humanidade. É o Espírito, força de vida e de unidade, o único capaz de nos
conectar com todo o universo e com a fonte da vida.
Pistas para
reflexão
– Demonstrar
que o Espírito Santo é o coração palpitante que animou a vida das primeiras
comunidades cristãs no anúncio do evangelho e na fé em Jesus ressuscitado. Somos
herdeiros dessa fé intrépida que rompeu barreiras e ganhou o mundo.
– Demonstrar
que a grande mensagem de Pentecostes é a evangelização e não o falar línguas. A
vivacidade de nossas comunidades é exemplo de um novo Pentecostes
acontecendo.
– O Espírito de
Deus em Pentecostes enche todo o universo, e mantém unidas todas as coisas;
gera novas relações na comunidade e no mundo; realiza a plenitude da aliança do
Sinai: o amor sem fronteiras.
padre Jacir de Freitas Faria, ofm
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A
igreja, o espírito e a unidade
Pentecostes é a
plenificação do mistério pascal: a comunhão com o Ressuscitado é completada,
levada à plenitude, pelo dom do Espírito, que continua em nós a obra do Cristo
e sua presença gloriosa. A liturgia de hoje acentua a manifestação histórica do
Espírito no milagre de Pentecostes (1ª leitura) e nos carismas da Igreja (2ª
leitura), sinais da unidade e da paz que o Cristo veio trazer. Isso porque a
pregação dos apóstolos, anunciando o Ressuscitado, supera a divisão de raças e
línguas e porque a diversidade de dons na Igreja serve para a edificação do
povo unido, o Corpo do qual Cristo é a cabeça. Ambos os temas, a diversidade
das línguas e a unidade no Espírito, alimentam a reflexão de hoje.
No antigo
Israel, Pentecostes era uma festa agrícola (primícias da safra, no hemisfério
setentrional). Mais tarde, foi relacionada com o êxodo, evento salvífico
central da memória de Israel, no sentido de comemorar a proclamação da Lei no
monte Sinai. Tornou-se uma das três grandes festas em que os judeus subiam em
romaria a Jerusalém (as outras são Páscoa e Tabernáculos). Foi nessa festa que
se deu a “explosão” do Espírito Santo, a força que levou os apóstolos a tomar a
palavra e a proclamar, diante da multidão reunida de todos os cantos do
judaísmo, o anúncio (“querigma”) de Jesus Cristo. Seria errado pensar que o
Espírito tivesse sido dado naquele momento pela primeira vez. Deus envia sempre
seu Espírito, e o evangelho (de João) nos ensina que Jesus comunicou de modo
especial o Espírito no próprio dia da Páscoa (cf. também o evangelho do segundo
domingo pascal). O Espírito está sempre aí. Mas foi no dia de Pentecostes que
essa realidade se manifestou ao mundo na forma do querigma cristão, aparecendo
em forma de línguas e reparando a “confusão babilônica”.
1ª leitura (At.
2,1-11)
A primeira
leitura narra o milagre das línguas no dia de Pentecostes, interpretado como
acontecimento escatológico, a partir da profecia de Jl. 3 (cf. At. 2,16-21).
Mas é, sobretudo, o cumprimento da palavra do Cristo (Lc. 24,49; At. 1,4; cf.
Jo 14,16-17.26). O sopro do Espírito se faz perceber como um vendaval ao
ouvido, como fogo aos olhos. Realiza a transformação do “pequeno rebanho” – os
apóstolos reunidos no cenáculo em torno de Maria – em Igreja missionária. Todos
ouvem o anúncio do Crucificado-Ressuscitado na língua que eles entendem. Assim
acontece também hoje. A Igreja do Cristo se reconhece pelo espaço que ela dá ao
Espírito e pela capacidade de proclamar sua mensagem.
2 leitura
(1Cor. 12,3b-7.12-13)
A segunda
leitura ensina a unidade do Espírito na diversidade dos dons. “Jesus é o
Senhor”, assim soa a profissão de fé que une a Igreja (cf. Fl. 2,9-11). E essa
profissão só consegue manter-se na força do Espírito (1Cor. 12,3; cf. Rm.
10,9). O mesmo Espírito que produz a unidade da profissão de fé dá também a
multiformidade dos serviços na Igreja. Todos os que pertencem a Cristo são
membros diversos do mesmo Corpo (cf. Rm. 12,3-8; Ef. 4,4-6). Se a primeira
leitura mostra mais o que o Espírito causa para fora (a missão proclamadora), a
segunda evoca mais a obra “intraeclesial” do Espírito (para dentro): do mesmo
Espírito provém a multiformidade dos dons, comparada às múltiplas funções que
movimentam um mesmo corpo. Paulo chama isso de “carismas”, dons da graça (de
Deus); pois sabemos muito bem que tal unidade na diversidade não é algo que vem
de nossa ambição pessoal (a qual, normalmente, só produz divisão). É o Espírito
do amor de Deus que tudo une.
Sequência: Veni
Sancte Spiritus
Esse hino
expressa maravilhosamente o sentido profundo do dom do Espírito à comunidade
dos fiéis como chama do amor de Deus em Cristo. Não se deixe de pôr os fiéis,
mediante canto ou recitação, em contato com esse rico texto.
Evangelho (Jo
20,19-23)
Esse evangelho,
que retoma em parte o do segundo domingo pascal, descreve o dom do Espírito
feito pelo Cristo ressuscitado. Celebramos a Sexta-Feira Santa, Páscoa e
Pentecostes em três dias diferentes, mas a realidade é uma só: a “exaltação” de
Cristo na cruz e na glória, fonte do Espírito que ele nos dá. Se Lucas descreve
a manifestação do Espírito no anúncio no quinquagésimo dia da ressurreição (I
leitura), João descreve o dom do Espírito no próprio dia da ressurreição de
Jesus. Essa, de fato, é a visão joanina da “exaltação” ou “enaltecimento” de
Jesus: sua morte, ressurreição e dom do Espírito constituem uma realidade
única, pois sua morte é a obra em que Deus é glorificado, e seu lado aberto é a
fonte do Espírito para os fiéis (Jo 7,37-39; 19,31-37). Jesus aparece aos seus,
identifica-se pelas marcas de sua paixão e morte e comunica-lhes a sua paz, que
ele prometera (cf. 14,27). Então, concede-lhes o dom do Espírito, que os
capacita para tirar o pecado do mundo, ou seja, para continuar a missão
salvadora do próprio Jesus (cf. 1,29.35). O mundo ressuscita com Cristo, pelo
Espírito dado à Igreja.
Laço de amor da
nova criação
O Espírito do
Senhor exaltado é o laço do amor divino que nos une, que transforma o mundo em
nova criação sem mancha nem pecado, na qual todos entendem a voz de Deus. É
essa a mensagem da liturgia de hoje. O mundo é renovado conforme a obra de
Cristo, que nós, no seu Espírito, levamos adiante. Nesse sentido, é a festa da
Igreja que nasceu do lado aberto do Salvador e manifestou sua missão no dia de
Pentecostes. Igreja que nasce não de organizações e instituições, mas da força
graciosa (“carisma”) que Deus infunde no coração e nos lábios. A festa de hoje
nos ajuda, assim, a entender o que é “renovação carismática”: não uma avalanche
de fenômenos de um movimento religioso, mas o espírito da unidade, do perdão e
da mútua solidariedade que ganha força decisiva na Igreja. O Espírito Santo é a
“alma” da Igreja, o calor de nossa fé e de nossa comunhão eclesial.
Pentecostes,
festa do “Divino” Espírito Santo, é oportunidade para entender melhor uma
realidade central de nossa fé: o Espírito de Deus que nos é dado em virtude de
nossa fé em Jesus Cristo. O ponto de partida pode ser o Evangelho de João, que
narra como, no próprio dia da Páscoa, o Jesus glorioso comunica aos apóstolos,
da parte do Pai, o Espírito Santo, para que exerçam o poder de perdoar os
pecados. Pois Jesus é “o cordeiro que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29), e os
discípulos devem continuar essa missão.
São Lucas, na
1ª leitura, dos Atos dos Apóstolos, distingue diversos momentos. No seu
evangelho e no início do livro dos Atos, descreveu a Páscoa da ressurreição e a
ascensão do Senhor Jesus como entrada na glória, com a manifestação do Espírito
Santo ocorrendo poucos dias após, mais exatamente 50 dias depois da Páscoa, no
Pentecostes (que significa “quinquagésimo dia”). Nesse dia, em que a religião
de Israel comemora o dom da Lei no monte Sinai, descem sobre os apóstolos como
que línguas de fogo, para que eles proclamem o evangelho a todos os povos,
representados em Jerusalém pelos romeiros da festa, que ouvem a proclamação
cada qual em sua própria língua.
Entre os
primeiros cristãos, os de Corinto gostavam demais do “dom das línguas”, pelo
qual eles podiam exclamar frases em línguas estranhas. Mas Paulo os adverte de
que os dons não se devem tornar fonte de desunião. Os fiéis, com sua
diversidade de dons, devem completar-se, como os membros de um mesmo corpo (II
leitura). No milagre de Pentecostes, um falava e todos entendiam (em sua
própria língua). No “dom das línguas”, ou glossolalia, corre-se o perigo de que
todos falem e ninguém entenda. Por isso, Paulo prefere um falar que todos
entendam (ler 1Co. 14).
Nós hoje somos
chamados a renovar o milagre de Pentecostes: falar uma língua que todos
entendam, a linguagem da justiça e do amor. É a linguagem de Cristo, e é uma
“língua de fogo”! Aliás, o evangelho nos lembra que a primeira finalidade do
dom do Espírito é tirar o pecado do mundo (Jo 20,22-23). A linguagem do
Espírito é a linguagem da justiça e do amor. Por outro lado, devemos reconhecer
a enorme diversidade de dons no único “corpo” da Igreja. Somos capazes de
considerar as nossas diferenças (pastorais, ideológicas etc.) como mútuo
enriquecimento? Pomo-las em comum? O diálogo na diversidade pode ser um dom do
Espírito muito atual.
padre Johan Konings, sj
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Assim se
exprime o Concílio do Vaticano II a respeito do Espírito
Santo: “Terminada na terra o obra que o Pai confiou ao Filho, o
Espírito Santo foi enviado no dia de Pentecostes a fim de santificar
continuamente a Igreja e, por Cristo, no único Espírito terem os fiéis acesso
junto ao Pai. Ele é o Espírito da vida, a fonte de água que jorra
para a vida eterna. Por ele o Pai dá a vida aos homens mortos pelo pecado, até
ressuscitar em Cristo seus corpos mortais” (Lúmen Gentium, 4).
Ele vem como o
vento e como o fogo, como a brisa e como a chama. Lucas descreve com tintas
fortes a chegada do Espírito que procede do Pai e do Filho e que é derramado em
nossos corações como água benfazeja.
Os discípulos
estavam reunidos no mesmo lugar. Unidos. Unidos esperando a força do alto.
Unidos com medo dos judeus.
Primeiro uma
ventania forte, um barulho que parece ensurdecer. O Espírito é força que
desinstala. Ele sopra, dilata, recria, transforma, desarruma, empurra. Não
deixa que a Igreja se acomode, se instale, se fixe. O Espírito é movimento.
Questiona a vida das paróquias, dos movimentos, das estruturas que gostam de se
fixar. Não admite qualquer forma de fixismo. Assim, a força do Espírito
não é conivente com o velho, com o ultrapassado. O Espírito abre caminhos
insuspeitados. Nada de caminhos batidos. O Espírito costuma apontar para o
insuspeitado, para o excepcional. Afasta-se da mesmice e da rotina
empobrecedora.
O Espírito
quando chega é luz que esclarece. Os viandantes não sabem que rumo
escolher, ignoram a decisão a ser tomada. O Espírito é luz e claridade no meio
das trevas. É luz que ajuda o discernimento: como educar nossos filhos,
que caminhos tomar para que o resto de nossa vida seja bem sucedido, como
chegar à santidade quando o pecado mora em nós, que caminhos tomará a pastoral
em nossos dias, que trilhas percorrerá a vida consagrada.
O Espírito é
brisa suave que a tudo impregna. Belamente rezamos na seqüência da missa
de Pentecostes: “No labor descanso, na aflição remanso, no calor
aragem”.
O Espírito é
impregnação, interiorização, inabitação. Ele cria comunhão entre os
povos. Vários povos, várias línguas e todos compreendem o que ele
pede. Essa força suave reza em nós. Dentro de cada um ele geme, rezando em
nós. Os que se abrem à sua ação se tornam hospedaria dele.
Quando o
sacerdote, na celebração eucarística, estende as mãos sobre as oferendas
ele atualiza a presença de Jesus entre nós, o mesmo Espírito que fizera o
Verbo nascer da Virgem Maria.Assiste a Igreja e não permite que ela tome caminhos
errados nas coisas essenciais.
Festa do vento
e do fogo. Festa solene do Espírito derramado como água no coração dos
fiéis
frei Almir Ribeiro Guimaeães
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A Igreja, o Espírito e a Unidade
Pentecostes é a
plenificação do Mistério pascal: a comunhão com o Ressuscitado só é completa
pelo dom do Espírito, que continua em nós a obra do Cristo e sua presença
gloriosa.
A liturgia de
hoje acentua a manifestação histórica do Espírito no milagre de Pentecostes (1ª
leitura) e nos carismas da Igreja (2ª leitura), sinais da unidade e paz que o
Cristo veio trazer. Isto, porque a pregação dos apóstolos, anunciando o
Ressuscitado, supera a divisão de raças e línguas, e porque a diversidade de
dons na Igreja serve para a edificação do povo unido, o Corpo do qual Cristo é
a cabeça. Ambos estes temas podem alimentar a reflexão de hoje.
No antigo
Israel, Pentecostes era uma festa agrícola (primícias da safra, no hemisfério
setentrional). Mais tarde, foi relacionada com o evento salvífico central da
Aliança mosaica: ganhou o sentido de comemoração da proclamação da Lei no monte
Sinai. Tomou-se uma das três grandes festas em que os judeus subiam em romaria
a Jerusalém (as outras são Páscoa e Tabernáculos). Foi nesta festa que
aconteceu a “explosão” do Espírito Santo, a força que levou os apóstolos a
tomarem a palavra e a proclamarem, diante da multidão reunida de todos os
cantos do judaísmo, o anúncio (“querigma”) de Jesus Cristo. Seria errado pensar
que o Espírito tivesse sido dado naquele momento pela primeira vez. O evangelho
(de João) nos ensina que Jesus comunicou o Espírito no próprio dia da Páscoa. O
Espírito está sempre aí. Mas foi no dia de Pentecostes que esta realidade se
manifestou ao mundo. Por isso, ele aparece em forma de línguas, operando o
milagre das línguas e reparando a “confusão babilônica” (cf. vigília)15.
A essa
proclamação universal aludem o canto da entrada (opção 1), a oração do dia e a
1ª leitura. O Espírito leva a proclamar os magnalia Dei em
todas as línguas. O conteúdo desta proclamação, já o conhecemos dos domingos
anteriores: é o querigma da ressurreição de Jesus Cristo. Novamente, o Sl.
104[103] comenta este fato (salmo responsorial).
A 2ª leitura
mostra, por assim dizer, a obra “intra-eclesial” do Espírito: a multiformidade
dos dons, dentro do mesmo Espírito, como as múltiplas funções em um mesmo
corpo. Paulo chama isto de “carismas”, dons da graça de Deus; pois sabemos
muito bem que tal unidade na diversidade não é algo que vem de nossa ambição
pessoal (que, normalmente, só produz divisão). É o Espírito do amor de Deus que
tudo une.
No evangelho
encontramos a visão joanina da “exaltação” de Jesus: é a realidade única de sua
morte, ressurreição e dom do Espírito, pois sua morte é a obra em que Deus é
glorificado, e seu lado aberto é a fonte do Espírito para os fiéis (Jo 7,37-39;
19,3 1-37; cf. vigília). Assim, no próprio dia da ressurreição, Jesus aparece
aos seus para lhes comunicar a sua paz (cf. 14,27) e conceder o dom do
Espírito, para tirar o pecado do mundo, ou seja, para que eles continuem sua
obra salvadora (cf. 1,29.35).
Este Espírito
do Senhor exaltado é o laço do amor divino que nos une, que transforma o mundo
em nova criação, sem mancha nem pecado, na qual todos entendem a voz de Deus. É
essa a mensagem da liturgia de hoje. O mundo é renovado conforme a obra de
Cristo, que nós, no seu Espírito, levamos adiante. Neste sentido, é a festa da
Igreja que nasceu do lado aberto do Salvador e manifestou sua missão no dia de
Pentecostes. Igreja que nasce, não de organizações e instituições, mas da força
graciosa (“carisma”) que Deus infunde no coração e nos lábios. A festa de hoje
nos ajuda a entender o que é renovação carismática: não uma avalanche de
fenômenos estranhos, mas o espírito do perdão e da unidade que ganha força
decisiva na Igreja. O Espírito Santo é a “alma” da Igreja, o calor de nossa fé
e de nossa comunhão eclesial. A antiga seqüência Veni Sancte Spiritus expressa
isso maravilhosamente, e seria bom pôr os fiéis, mediante canto ou recitação,
novamente em contato com esse rico texto.
A Igreja, por
sua unidade no Espírito, no vínculo da paz (Ef. 4,3), toma-se sacramento (sinal
operante), do perdão, da unidade, da paz no inundo, na medida em que ela o
coloca em contato com o senhorio do Cristo pascal, no querigma e na práxis.
15. Este tema
lembra uma antiga lenda judaica, segundo a qual, no Sinal, a proclamação da Lei
teria sido confiada aos setenta anciãos, em setenta línguas (no relato do
Pentecostes cristão, o anúncio é confiado aos doze apóstolos, talvez em doze
línguas).
Johan Konings "Liturgia dominical"
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O Espírito de
Jesus é chamado de Espírito da verdade, o Advogado para aqueles que enfrentam o
ódio e a injustiça, Aquele que os defenderá nesta causa, não os deixando sozinhos.
Este mesmo Espírito não é alguém que vai impedir os discípulos e o povo de
sofrer e nem libertá-los dos conflitos, mas os acompanhará e os ajudará na
tarefa de testemunhar Jesus Cristo.
Jesus diz aos
discípulos que Deus enviará o Espírito que sempre esteve com Ele, e isso
significa que serão Batizados no Espírito Santo e receberão um dom que todos
podem receber. Não são apenas alguns privilegiados que o recebem, como se pode
pensar, mas todos aqueles que são batizados!
A missão do
Espírito Santo não é diferente da missão de Jesus, portanto, todo aquele que O
recebe, recebe também o discernimento para desmascarar a injustiça; o dom de
proclamar a Palavra e a força para anunciá-la em qualquer tempo ou lugar; e a
capacidade de transformar a tristeza em alegria, o medo em coragem, a angústia
em força.
O Espírito
Santo é um guia constante na vida dos homens, falando-lhes ao coração o que
ouve do próprio Jesus que, por sua vez, recebe do Pai.
Pentecostes era
uma festa agrícola celebrada no antigo Israel que, após o recebimento dos dez
mandamentos por Moisés no monte Sinai, passou a marcar a comemoração desta
aliança, tornando-se juntamente com a Páscoa e Tabernáculos - ou Festa das
Tendas que celebravam o tempo que os Israelitas estiveram no deserto, abrigados
debaixo de tendas de ramos e folhagens - as três grandes festas em que os
judeus subiam para Jerusalém.
No dia de
Pentecostes, cinquenta dias depois da Páscoa, os apóstolos se encontravam
reunidos para celebrar a vitória de Jesus sobre a morte, costume que estava
surgindo entre as primeiras comunidades cristãs.
As portas do
local onde se encontravam estavam fechadas, atitude que demonstra o medo dessas
comunidades diante das perseguições que sofriam, mas Jesus entra porque não
existe barreiras para Ele ir ao encontro dos Seus. Ele fica no meio deles e diz
“A paz esteja com vocês”, a mesma saudação na Sua despedida.
Esta aparição
fortaleceu a fé dos discípulos para que cumprissem com mais intensidade a
missão dada por Jesus, e para que acreditassem e pudessem viver uma vida
autêntica, inserida nos ensinamentos que Ele deixou. Em seguida Jesus diz:
“Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.” Este é um momento especial
em que Jesus transfere para a comunidade a Sua missão entre os homens, entregando-lhes
o Seu Espírito para conduzi-los.
A partir deste
momento, o Espírito Santo que esteve sempre presente em Jesus é entregue à Sua
comunidade que, inundada por Ele, será capaz de levar adiante o projeto de Deus
iniciado por Jesus, de anunciar o Reino de Deus e dando a eles a autoridade
para perdoar os pecados através do Sacramento da Reconciliação.
Naquele dia de
Pentecostes, O Espírito Santo desce sobre os apóstolos como línguas de fogo,
para que eles proclamem o Evangelho a todos os povos, de forma que eles possam
entendê-los. O “dom das línguas” foi dado à comunidade cristã com a finalidade
de que ela professe a Palavra, e todos possam entender “a linguagem da justiça
e do amor”.
A partir de
então, os apóstolos repletos do Espírito Santo, começaram a proclamar as
“maravilhas de Deus”. Os que creram na pregação de Pedro e seus companheiros, e
se fizeram batizar, também receberam o Espírito Santo e seus dons.
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Recebei o Espírito Santo
O dom do
Espírito Santo foi um elemento fundamental na experiência missionária dos
primeiros cristãos. Com a ascensão do Senhor, eles se viram às voltas com uma
tarefa descomunal: levar a mensagem do Evangelho a todo o mundo. A missão
exigiria deles inculturar a mensagem, fazendo o Evangelho ser entendido por
pessoas das mais variadas culturas. Deveriam ser capazes de enfrentar
dificuldades, perseguições e, até mesmo a morte, por causa do nome de Jesus.
Muitos problemas proviriam dos judeus, pois a ruptura com eles seria
inevitável, dada a intransigência da liderança judaica para com a comunidade
cristã que tomaria um rumo considerado inaceitável. Sem dúvida, não faltariam
problemas dentro da própria comunidade, causados por partidarismos, falsas
doutrinas e atitudes incompatíveis com a opção pelo Reino.
Os discípulos
eram demasiado fracos para, por si mesmos, levar a cabo uma empresa tão grande.
Jesus, porém, concedeu-lhes o auxílio necessário ao comunicar-lhes o Espírito
Santo. Fortalecidos pelo Espírito, eles não se intimidaram, antes, cumpriram,
com denodo, o ministério da evangelização.
O dom de
Pentecostes renova-se, cada dia, na vida da Igreja. O Espírito, ontem como
hoje, não permite que os cristãos cruzem os braços diante do mundo a ser
evangelizado.
padre Jaldemir Vitório
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Que o Espírito
de Deus envie do céu um raio de luz para iluminar o nosso mundo. Ele vem e se
hospeda em nós. É o pai dos pobres, o consolo que acalma e alivia. No muito
trabalho e na aflição, Ele é o nosso alívio. Não podemos nada sem Ele. É a
brisa suave nos dias de calor. Ele lava o que está sujo, rega o que está seco e
cura o doente. Aquece no frio, guia no escuro e dobra o que é duro. Que Ele
venha e derrame sobre toda a Igreja os seus sete dons. Que o mundo inteiro
sinta a amorosa presença do Espírito pela presença amiga e gratuita da Igreja.
Que no entusiasmo dos membros da Igreja pela causa de Cristo e do Evangelho o
mundo inteiro perceba que o Amor existe. Que o Espírito nos conceda falar
línguas que os outros entendam e com o dom das línguas renovar a esperança.
At. 2,1-11 –
Cinqüenta dias depois da Páscoa, a comunidade de Israel celebrava a Festa das
Semanas. Nesse dia, o qüinquagésimo ou pentecostes em grego, o Espírito Santo
veio sobre a comunidade dos apóstolos e discípulos reunidos com Maria, a mãe de
Jesus. Desde então, os cristãos chamam de Pentecostes o dia da vinda do
Espírito Santo e consideram esse dia o início da vida da Igreja de Jesus.
Nesses dias
sopra sobre Jerusalém um vento quente vindo do deserto chamado de hamissim, que
também quer dizer cinqüenta. Foi assim que o Espírito começou a se manifestar.
Um vento forte passou pelo lugar onde os discípulos estavam reunidos. A palavra
“espírito” significa sopro ou vento. Línguas de fogo pairaram sobre a cabeça de
cada um deles e aconteceu o fenômeno das línguas. Eles começaram a falar em
outras línguas. Por causa da festa das Semanas, havia muita gente de fora em
Jerusalém. Os discípulos estavam anunciando as maravilhas de Deus e cada um os
entendia na sua própria língua.
Sl. 103 (104) –
Se Deus tira o seu sopro todas as criaturas morrem e voltam ao pó da terra,
canta o Salmista. Se Ele envia o seu vento, o seu sopro, todas as criaturas
nascem de novo e se renova a face da terra.
1Co.
12,3b-7.12-13 – É por graça do Espírito Santo que podemos dizer que Jesus é o
Senhor. Ele nos dá esse dom e todos os outros que estão distribuí-
dos na
comunidade cristã. Temos muitas atividades, muitos tipos de serviços, e tudo em
vista do bem de todos. O Espírito, porém, é um só. Todos nós que fomos
batizados no único e mesmo Espírito formamos um só corpo. É o Espírito que nos
junta na unidade. Bebemos todos da mesma fonte, que é o Espírito.
Jo 20,19-23 –
Lemos no Evangelho de são João que, já no dia da ressurreição, Jesus soprou
sobre os discípulos reunidos e lhes deu o Espírito Santo para o perdão dos
pecados. Eles estavam reunidos com as portas fechadas quando Jesus ressuscitado
entrou e deu a todos a paz. Foi um momento de grande alegria. Novamente Jesus
desejou a paz a todos e soprou sobre eles. Um gesto muito interessante e muito
significativo porque o Espírito Santo é sopro de vida. Ao dizer “recebam o
Espírito Santo”, disse também: “Quem for perdoado por vocês estará perdoado,
quem não for não estará”. Não recebemos o Espírito para não perdoar. Se não perdoarmos,
o pecado permanece. É melhor perdoar sempre para que o pecado desapareça.
cônego Celso Pedro da Silva
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Jesus renova a comunicação de sua paz
As festas
religiosas, nas religiões primitivas em culturas de economia agrícola, como
acontecia em Canaã, eram associadas ao tempo de colheitas, ao longo do ano.
Assim acontecia com as festas da Páscoa, dos Ázimos e de Pentecostes,
celebradas no Templo de Jerusalém. A festa da Páscoa, que antecipa o primeiro
dia dos Ázimos, era celebrada no começo da colheita do trigo (14º dia do mês de
Nisã - geralmente em abril) e a festa de Pentecostes celebrada sete semanas
(cinquenta dias) depois.
João, no seu
evangelho, após a crucifixão de Jesus na véspera de um sábado, apresenta os grandes
eventos do primeiro dia da semana que se inicia. Este dia, o da ressurreição,
bem delimitado no evangelho de João, começa com a ida de Maria Madalena ao
túmulo de Jesus, de madrugada. Encontrando o túmulo vazio, avisa a Pedro e
João, que correm para constatá-lo (cf. 8 abril). Ao anoitecer deste mesmo dia,
os discípulos estão reunidos com as portas fechadas, o que indica o temor que
os tomava diante da execução de Jesus pelos judeus. Jesus entra e se põe no
meio deles. De imediato lhes comunica a paz, a eles que estavam perturbados.
Aquele que fora crucificado se apresentava vivo entre eles, o que é motivo de
grande alegria, ainda mais quando Jesus renova a comunicação de sua paz.
Soprando sobre eles, comunica-lhes o Espírito Santo. É o Espírito de Amor que
liberta do pecado e une a todos formando um só corpo (segunda leitura) na
diversidade, na fraternidade, no serviço e na compaixão. É o Espírito que
renova a face do mundo inundando-o de amor e paz.
Lucas, na
passagem paralela a esta, em seu evangelho, não menciona o dom do Espírito com
o sopro de Jesus. É em Atos dos Apóstolos que será feita, com um grande realce,
a narrativa do dom do Espírito Santo, com uma teofania caracterizada por
grandes sinais espantosos, como acontecimento que ocorre na festa judaica de
Pentecostes (primeira leitura). Tal narrativa contrasta com a simplicidade da
narrativa de João, bem como com o clima de perseguição aos discípulos, que nela
transparece. Trata-se de uma narrativa teológica a fim de vincular o movimento
de Jesus aos judeus cristãos de Jerusalém, que continuaram frequentando o
Templo até sua destruição, no ano 70, e as sinagogas, das quais foram expulsos
na década de 80.
As narrativas
da ressurreição e as aparições sucessivas exprimem uma realidade que as
antecede. São a confirmação da condição humana e divina de Jesus que, em toda
sua vida, revelou o amor libertador e vivificante de Deus, que a todos comunica
sua vida divina e eterna.
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Jesus comunica o Espírito Santo soprando sobre os
discípulos
No primeiro dia
da semana, de madrugada, Maria Madalena, Pedro e o outro discípulo constatam
que o sepulcro de Jesus estava vazio; em seguida, ocorre a aparição de Jesus a
Maria Madalena. Agora, à tarde desse mesmo dia, Jesus vem aos discípulos que
estavam com as portas trancadas por medo dos judeus. Coloca-se no meio deles e,
por duas vezes, anuncia-lhes a paz. Com o primeiro anúncio, Jesus
identifica-se, mostrando suas chagas: não é um fantasma, mas é o próprio Jesus
de Nazaré que com eles convivera e que, no fim, foi crucificado. Agora, aquele
que fora crucificado se apresentava vivo entre eles, o que é motivo de grande
alegria, ainda mais quando Jesus, renova a comunicação de sua paz, feita na
última ceia.
Com o segundo
anúncio da paz Jesus envia os discípulos. É o envio em missão, genérico. A
característica essencial é que os discípulos são enviados assim como Jesus foi
enviado pelo Pai. A missão de Jesus foi comunicar o amor do Pai ao mundo e a
esta missão os discípulos são enviados. Após a comunicação da paz, no mesmo dia
da ressurreição, Jesus comunica o Espírito Santo soprando sobre os discípulos.
O "soprar" é o mesmo ato de Deus ao infundir a vida ao homem, na
criação: "Então Javé Deus modelou o homem com a argila do solo, soprou em
suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente" (Gn.
2,7). Agora, o Espírito Santo é a comunicação da própria vida divina a homens e
mulheres, criados por Deus. Lucas, antes desta narrativa discreta de João sobre
o dom do Espírito Santo, tinha feito sua narrativa, em estilo apocalíptico, em
Atos (primeira leitura).
Segundo a
versão de Lucas, em vez do sopro de Jesus, o Espírito Santo vem por ocasião da
festa de Pentecostes, cinquenta dias depois da ressurreição, sob a forma de
línguas de fogo que vêm do céu com um ruído como de um vento forte, e pousam
sobre os discípulos. Pentecostes era uma festa do judaísmo, com raízes no
antigo Israel e nas tradições agrícolas de Canaã, associada à colheita do
trigo, bem como as festas dos Ázimos e da Páscoa. A associação do dom do
Espírito à festa judaica de Pentecostes é feita exclusivamente por Lucas e foi
incorporada na tradição das igrejas cristãs. Assim como Jesus não veio ao mundo
para condená-lo, assim também não cabe à comunidade missionária a condenação. É
à palavra anunciada que cabe o julgamento. Porém, à missão cabe o anúncio da
prática da justiça, a qual tira o pecado do mundo e instaura o amor.
O Espírito é a
plenitude do amor. O fruto do amor é a união. Pelos atos de comunicação,
misericórdia, perdão, solidariedade, partilha, serviço, nos unimos em um só
corpo. Um só corpo, com diversos membros, com diversidade de funções e
carismas. Um só corpo, com membros sadios, que usufruem os bens deste mundo, e
com membros doentes, excluídos, pobres, sofrendo privações. A vida deste corpo
deve irradiar-se ao corpo todo, comunicando vida plena a todos seus membros.
José Raimundo Oliva
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O tema deste
domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito
dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.
O Evangelho
apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para
João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir
do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as
limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas
conseqüências.
Na primeira
leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos
crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os
homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une
numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.
Na segunda
leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da
comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que
fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser
usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.
1ª leitura -
AMBIENTE
Já vimos que o
livro dos “Actos” não pretende ser uma reportagem jornalística de
acontecimentos históricos, mas sim ajudar os cristãos – desiludidos porque o
“Reino” não chega – a redescobrir o seu papel e a tomar consciência do
compromisso que assumiram, no dia do seu batismo.
No que diz
respeito ao texto que nos é proposto e que descreve os acontecimentos do dia do
Pentecostes, não existem dúvidas de que é uma construção artificial, criada por
Lucas com uma clara intenção teológica. Para apresentar a sua catequese, Lucas
recorre às imagens, aos símbolos, à linguagem poética das metáforas. Resta-nos
decodificar os símbolos para chegarmos à interpelação essencial que a catequese
primitiva, pela palavra de Lucas, nos deixa. Uma interpretação literal deste
relato seria, portanto, uma boa forma de passarmos ao lado do essencial da
mensagem; far-nos-ia reparar na roupagem exterior, no folclore, e ignorar o
fundamental. Ora, o interesse fundamental do autor é apresentar a Igreja como a
comunidade que nasce de Jesus, que é assistida pelo Espírito e que é chamada a
testemunhar aos homens o projeto libertador do Pai.
MENSAGEM
Antes de mais,
Lucas coloca a experiência do Espírito no dia de Pentecostes. O Pentecostes era
uma festa judaica, celebrada cinqüenta dias após a Páscoa. Originariamente, era
uma festa agrícola, na qual se agradecia a Deus a colheita da cevada e do
trigo; mas, no séc. I, tornou-se a festa histórica que celebrava a aliança, o
dom da Lei no Sinai e a constituição do Povo de Deus. Ao situar neste dia o dom
do Espírito, Lucas sugere que o Espírito é a lei da nova aliança (pois é Ele
que, no tempo da Igreja, dinamiza a vida dos crentes) e que, por Ele, se
constitui a nova comunidade do Povo de Deus – a comunidade messiânica, que
viverá da lei inscrita, pelo Espírito, no coração de cada discípulo (cf. Ez.
36,26-28)
Vem, depois, a
narrativa da manifestação do Espírito (At. 2,2-4). O Espírito é apresentado
como “a força de Deus”, através de dois símbolos: o vento de tempestade e o
fogo. São os símbolos da revelação de Deus no Sinai, quando Deus deu ao Povo a
Lei e constituiu Israel como Povo de Deus (cf. Ex. 19,16.18; Dt. 4,36). Estes
símbolos evocam a força irresistível de Deus, que vem ao encontro do homem,
comunica com o homem e que, dando ao homem o Espírito, constitui a comunidade
de Deus.
O Espírito
(força de Deus) é apresentado em forma de língua de fogo. A língua não é
somente a expressão da identidade cultural de um grupo humano, mas é também a
maneira de comunicar, de estabelecer laços duradouros entre as pessoas, de
criar comunidade. “Falar outras línguas” é criar relações, é a possibilidade de
superar o gueto, o egoísmo, a divisão, o racismo, a marginalização… Aqui, temos
o reverso de Babel (cf. Gn. 11,1-9): lá, os homens escolheram o orgulho, a
ambição desmedida que conduziu à separação e ao desentendimento; aqui,
regressa-se à unidade, à relação, à construção de uma comunidade capaz do
diálogo, do entendimento, da comunicação. É o surgimento de uma humanidade
unida, não pela força, mas pela partilha da mesma experiência interior, fonte
de liberdade, de comunhão, de amor. A comunidade messiânica é a comunidade onde
a ação de Deus (pelo Espírito) modifica profundamente as relações humanas,
levando à partilha, à relação, ao amor.
É neste
enquadramento que devemos entender os efeitos da manifestação do Espírito (cf.
At. 2,5-13): todos “os ouviam proclamar na sua própria língua as maravilhas de
Deus”. O elenco dos povos convocados e unidos pelo Espírito atinge representantes
de todo o mundo antigo, desde a Mesopotâmia, passando por Canaã, pela Ásia
Menor, pelo norte de África, até Roma: a todos deve chegar a proposta
libertadora de Jesus, que faz de todos os povos uma comunidade de amor e de
partilha. A comunidade de Jesus é assim capacitada pelo Espírito para criar a
nova humanidade, a anti-Babel. A possibilidade de ouvir na própria língua “as
maravilhas de Deus” outra coisa não é do que a comunicação do Evangelho, que
irá gerar uma comunidade universal. Sem deixarem a sua cultura e as suas
diferenças, todos os povos escutarão a proposta de Jesus e terão a
possibilidade de integrar a comunidade da salvação, onde se fala a mesma língua
e onde todos poderão experimentar esse amor e essa comunhão que tornam povos tão
diferentes, irmãos. O essencial passa a ser a experiência do amor que, no
respeito pela liberdade e pelas diferenças, deve unir todas as nações da terra.
O Pentecostes
dos “Actos” é, podemos dizê-lo, a página programática da Igreja e anuncia
aquilo que será o resultado da ação das “testemunhas” de Jesus: a humanidade
nova, a anti-Babel, nascida da ação do Espírito, onde todos serão capazes de
comunicar e de se relacionar como irmãos, porque o Espírito reside no coração
de todos como lei suprema, como fonte de amor e de liberdade.
ATUALIZAÇÃO
• Temos, neste
texto, os elementos essenciais que definem a Igreja: uma comunidade de irmãos
reunidos por causa de Jesus, animada pelo Espírito do Senhor ressuscitado e que
testemunha na história o projeto libertador de Jesus. Desse testemunho resulta
a comunidade universal da salvação, que vive no amor e na partilha, apesar das
diferenças culturais e étnicas. A Igreja de que fazemos parte é uma comunidade
de irmãos que se amam, apesar das diferenças? Está reunida por causa de Jesus e
à volta de Jesus? Tem consciência de que o Espírito está presente e que a
anima? Testemunha, de forma efetiva e coerente, a proposta libertadora que
Jesus deixou?
• Nunca será
demais realçar o papel do Espírito na tomada de consciência da identidade e da
missão da Igreja… Antes do Pentecostes, tínhamos apenas um grupo fechado dentro
de quatro paredes, incapaz de superar o medo e de arriscar, sem a iniciativa
nem a coragem do testemunho; depois do Pentecostes, temos uma comunidade unida,
que ultrapassa as suas limitações humanas e se assume como comunidade de amor e
de liberdade. Temos consciência de que é o Espírito que nos renova, que nos
orienta e que nos anima? Damos suficiente espaço à ação do Espírito, em nós e
nas nossas comunidades?
• Para se
tornar cristão, ninguém deve ser espoliado da própria cultura: nem os
africanos, nem os europeus, nem os sul-americanos, nem os negros, nem os
brancos; mas todos são convidados, com as suas diferenças, a acolher esse
projeto libertador de Deus, que faz os homens deixarem de viver de costas
voltadas, para viverem no amor. A Igreja de que fazemos parte é esse espaço de
liberdade e de fraternidade? Nela todos encontram lugar e são acolhidos com
amor e com respeito – mesmo os de outras raças, mesmo aqueles de quem não
gostamos, mesmo aqueles que não fazem parte do nosso círculo, mesmo aqueles que
a sociedade marginaliza e afasta?
2ª leitura -
AMBIENTE
A comunidade
cristã de Corinto era viva e fervorosa, mas não era uma comunidade exemplar no
que diz respeito à vivência do amor e da fraternidade: os partidos, as
divisões, as contendas e rivalidades perturbavam a comunhão e constituíam um
contra-testemunho. As questões à volta dos “carismas” (dons especiais
concedidos pelo Espírito a determinadas pessoas ou grupos para proveito de
todos) faziam-se sentir com especial acuidade: os detentores desses dons
carismáticos consideravam-se os “escolhidos” de Deus, apresentavam-se como
“iluminados” e assumiam com freqüência atitudes de autoritarismo e de
prepotência que não favorecia a fraternidade e a liberdade; por outro lado, os
que não tinham sido dotados destes dons eram desprezados e desclassificados,
considerados quase como “cristãos de segunda”, sem vez nem voz na comunidade.
Paulo não pode
ignorar esta situação. Na primeira carta aos Coríntios, ele corrige, admoesta,
dá conselhos, mostra a incoerência destes comportamentos, incompatíveis com o
Evangelho. No texto que nos é proposto, Paulo aborda a questão dos “carismas”.
MENSAGEM
Em primeiro
lugar, Paulo acha que é preciso saber ajuizar da validade dos dons
carismáticos, para que não se fale em “carismas” a propósito de comportamentos
que pretendem apenas garantir os privilégios de certas figuras. Segundo Paulo,
o verdadeiro “carisma” é o que leva a confessar que “Jesus é o Senhor” (pois
não pode haver oposição entre Cristo e o Espírito) e que é útil para o bem da
comunidade.
De resto, é
preciso que os membros da comunidade tenham consciência de que, apesar da
diversidade de dons espirituais, é o mesmo Espírito que atua em todos; que
apesar da diversidade de funções, é o mesmo Senhor Jesus que está presente em
todos; que apesar da diversidade de ações, é o mesmo Deus que age em todos. Não
há, portanto, “cristãos de primeira” e “cristãos de segunda”. O que é importante
é que os dons do Espírito resultem no bem de todos e sejam usados – não para
melhorar a própria posição ou o próprio “ego” – mas para o bem de toda a
comunidade.
Paulo conclui o
seu raciocínio comparando a comunidade cristã a um “corpo” com muitos membros.
Apesar da diversidade de membros e de funções, o “corpo” é um só. Em todos os
membros circula a mesma vida, pois todos foram batizadas num só Espírito e
“beberam” um único Espírito.
O Espírito é,
pois, apresentado como Aquele que alimenta e que dá vida ao “corpo de Cristo”;
dessa forma, Ele fomenta a coesão, dinamiza a fraternidade e é o responsável
pela unidade desses diversos membros que formam a comunidade.
ATUALIZAÇÃO
• Temos todos
consciência de que somos membros de um único “corpo” – o corpo de Cristo – e é
o mesmo Espírito que nos alimenta, embora desempenhemos funções diversas (não
mais dignas ou mais importantes, mas diversas). No entanto, encontramos, com
alguma freqüência, cristãos com uma consciência viva da sua superioridade e da
sua situação “à parte” na comunidade (seja em razão da função que desempenham,
seja em razão das suas “qualidades” humanas), que gostam de mandar e de
fazer-se notar. Às vezes, vêem-se atitudes de prepotência e de autoritarismo
por parte daqueles que se consideram depositários de dons especiais; às vezes,
a Igreja continua a dar a impressão – mesmo após o Vaticano II – de ser uma
pirâmide no topo da qual há uma elite que preside e toma as decisões e em cuja
base está o rebanho silencioso, cuja função é obedecer. Isto faz algum sentido,
à luz da doutrina que Paulo expõe?
• Os “dons” que
recebemos não podem gerar conflitos e divisões, mas devem servir para o bem
comum e para reforçar a vivência comunitária. As nossas comunidades são espaços
de partilha fraterna, ou são campos de batalha onde se digladiam interesses
próprios, atitudes egoístas, tentativas de afirmação pessoal?
• É preciso ter
consciência da presença do Espírito: é Ele que alimenta, que dá vida, que
anima, que distribui os dons conforme as necessidades; é Ele que conduz as
comunidades na sua marcha pela história. Ele foi distribuído a todos os crentes
e reside na totalidade da comunidade. Temos consciência da presença do Espírito
e procuramos ouvir a sua voz e perceber as suas indicações? Temos consciência de
que, pelo fato de desempenharmos esta ou aquela função, não somos as únicas
vozes autorizadas a falar em nome do Espírito?
Evangelho -
AMBIENTE
Este texto
situa-nos no cenáculo, no próprio dia da ressurreição. Apresenta-nos a
comunidade da nova aliança, nascida da ação criadora e vivificadora do Messias.
No entanto, esta comunidade ainda não se encontrou com Cristo ressuscitado e
ainda não tomou consciência das implicações da ressurreição. É uma comunidade
fechada, insegura, com medo… Necessita de fazer a experiência do Espírito; só
depois, estará preparada para assumir a sua missão no mundo e dar testemunho do
projeto libertador de Jesus.
Nos “Atos”,
Lucas narra a descida do Espírito sobre os discípulos no dia do Pentecostes,
cinqüenta dias após a Páscoa (sem dúvida por razões teológicas e para fazer
coincidir a descida do Espírito com a festa judaica do Pentecostes, a festa do
dom da Lei e da constituição do Povo de Deus); mas João situa no anoitecer do
dia de Páscoa a recepção do Espírito pelos discípulos.
MENSAGEM
João começa por
pôr em relevo a situação da comunidade. O “anoitecer”, as “portas fechadas”, o
“medo” (v. 19a), são o quadro que reproduz a situação de uma comunidade
desamparada no meio de um ambiente hostil e, portanto, desorientada e insegura.
É uma comunidade que perdeu as suas referências e a sua identidade e que não
sabe, agora, a que se agarrar.
Entretanto,
Jesus aparece “no meio deles” (vers. 19b). João indica desta forma que os
discípulos, fazendo a experiência do encontro com Jesus ressuscitado,
redescobriram o seu centro, o seu ponto de referência, a coordenada fundamental
à volta do qual a comunidade se constrói e toma consciência da sua identidade.
A comunidade cristã só existe de forma consistente se está centrada em Jesus ressuscitado.
Jesus começa
por saudá-los, desejando-lhes “a paz” (“shalom”, em hebraico). A “paz” é
um dom messiânico; mas, neste contexto, significa, sobretudo, a transmissão da
serenidade, da tranqüilidade, da confiança que permitirão aos discípulos superar
o medo e a insegurança: a partir de agora, nem o sofrimento, nem a morte, nem a
hostilidade do mundo poderão derrotar os discípulos, porque Jesus ressuscitado
está “no meio deles”.
Em seguida,
Jesus “mostrou-lhes as mãos e o lado”. São os “sinais” que evocam a entrega de
Jesus, o amor total expresso na cruz. É nesses “sinais” (na entrega da vida, no
amor oferecido até à última gota de sangue) que os discípulos reconhecem Jesus.
O fato de esses “sinais” permanecerem no ressuscitado, indica que Jesus será, de
forma permanente, o Messias cujo amor se derramará sobre os discípulos e cuja
entrega alimentará a comunidade.
Vem, depois, a
comunicação do Espírito. O gesto de Jesus de soprar sobre os discípulos
reproduz o gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem de argila (João utiliza,
aqui, precisamente o mesmo verbo do texto grego de Gn. 2,7). Com o “sopro” de
Deus de Gn. 2,7, o homem tornou-se um “ser vivente”; com este “sopro”, Jesus
transmite aos discípulos a vida nova e faz nascer o Homem Novo. Agora, os discípulos
possuem a vida em plenitude e estão capacitados – como Jesus – para fazerem da
sua vida um dom de amor aos homens. Animados pelo Espírito, eles formam a
comunidade da nova aliança e são chamados a testemunhar – com gestos e com
palavras – o amor de Jesus.
Finalmente,
Jesus explicita qual a missão dos discípulos (v. 23): a eliminação do pecado.
As palavras de Jesus não significam que os discípulos possam ou não – conforme
os seus interesses ou a sua disposição – perdoar os pecados. Significam, apenas,
que os discípulos são chamados a testemunhar no mundo essa vida que o Pai quer
oferecer a todos os homens. Quem aceitar essa proposta será integrado na
comunidade de Jesus; quem não a aceitar, continuará a percorrer caminhos de
egoísmo e de morte (isto é, de pecado). A comunidade, animada pelo Espírito,
será a mediadora desta oferta de salvação.
ATUALIZAÇÃO
• A comunidade
cristã só existe de forma consistente, se está centrada em Jesus. Jesus é a sua
identidade e a sua razão de ser. É n’Ele que superamos os nossos medos, as
nossas incertezas, as nossas limitações, para partirmos à aventura de
testemunhar a vida nova do Homem Novo. As nossas comunidades são, antes de
mais, comunidades que se organizam e estruturam à volta de Jesus? Jesus é o
nosso modelo de referência? É com Ele que nos identificamos, ou é num qualquer
ídolo de pés de barro que procuramos a nossa identidade? Se Ele é o centro, a
referência fundamental, têm algum sentido as discussões acerca de coisas não
essenciais, que às vezes dividem os crentes?
•
Identificar-se como cristão significa dar testemunho diante do mundo dos
“sinais” que definem Jesus: a vida dada, o amor partilhado. É esse o testemunho
que damos? Os homens do nosso tempo, olhando para cada cristão ou para cada
comunidade cristã, podem dizer que encontram e reconhecem os “sinais” do amor
de Jesus?
• As
comunidades construídas à volta de Jesus são animadas pelo Espírito. O Espírito
é esse sopro de vida que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que
transforma o egoísmo em amor partilhado, que transforma o orgulho em serviço
simples e humilde… É Ele que nos faz vencer os medos, superar as cobardias e
fracassos, derrotar o cepticismo e a desilusão, reencontrar a orientação,
readquirir a audácia profética, testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo. É
preciso ter consciência da presença contínua do Espírito em nós e nas nossas
comunidades e estar atentos aos seus apelos, às suas indicações, aos seus
questionamentos.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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Que espírito nos uma num só corpo
A novidade do
anúncio da salvação com Jesus Cristo tem assumido uma nova roupagem, isto é, um
novo caráter, o da acolhida; se no Antigo Testamento a pedagogia da Lei,
diga-se de passagem, necessária à educação do povo acerca da revelação divina,
a qual implica na valorização da pureza, podendo incorrer-se facilmente, por
meio da interpretação e prática comum, à exclusão dos que não se enquadravam
neste padrão pré-definido, doravante, Jesus revela a Deus como o próprio amor,
capaz de incluir todos os que são considerados diferentes e por isso mesmo são
relegados à margem na comunidade. Se antes, a pregação do Evangelho, isto é, o
anúncio era destinado somente aos que compreendiam a linguagem por meio de um
comportamento puro, o que tendia à separação (cf. Gn. 11,9), agora sim, o
Evangelho se torna acessível a todos e, por meio da linguagem do amor, é
instrumento de unidade a todos os homens, muito embora o Espírito agora, oposto
ao episódio de Babel, os suscite falar em “outras línguas” (At. 2,4); lá em
Babel, a diversidade de línguas, fora motivo de divisão, agora é de
compreensão; destarte, em Pentecostes, a confusão se da porque, sem compreender
o motivo, todos, inclusive os povos pagãos, são capacitados a entender a
pregação no seu próprio idioma (cf. v. 6), como que se houvesse uma tradução
simultânea, similar às existentes nas grandes conferências internacionais. O
diferencial é que esta nova linguagem está fundamentada no amor, e o amor,
todos são capazes de compreender com a própria sensibilidade, o que de fato não
acontece onde impera o desamor, e isto não é maravilhoso?
O resultado não
poderia ser outro; num mundo onde há uma multidiversidade, o Espírito é o
estímulo que a Igreja possui para viver a unidade: “Há diversidade de dons, mas
um mesmo é o Espírito” (1Co. 124) “… um mesmo é o Senhor” (v. 5) “… um mesmo
Deus que realiza todas as coisas em todos” (v. 6), e tudo isso para que se
forme um único corpo onde todos tem a sua devida e particular importância. De
fato, quando falta um membro é que se vê a sua importância no corpo, ao mesmo
tempo em que se constata que nada poderá substituir ao que falta, veja a
vesícula, por exemplo, a rigor, um indivíduo pode muito bem sobreviver sem este
órgão, no entanto na sua falta, o sistema digestivo é sobrecarregado, uma vez
que faltará ao sistema a bílis, enzima responsável por “quebrar” as moléculas
de gordura em nosso organismo; o mesmo acontece com o menor membro da Igreja;
sua falta faz falta. Neste aspecto, é o Espírito Santo que agrega e dá liga aos
membros, uma vez diversificados, há que se mantém unidos em torno da Palavra. É
este testemunho que nossas comunidades de fé devem testemunhar, às vezes com
lágrimas e sofrimentos, isto é com nosso próprio martírio, para que o Reino de
Deus, do qual deveríamos ser o reflexo, se torne uma realidade.
O anoitecer, a
que se refere o Evangelho, corresponde ao arrefecimento da fé, provocado na
comunidade primitiva, mas não raramente, nas atuais também, pelo medo e pelo
desânimo em anunciar o Evangelho a quer pensamos não querer ouvir, e no mundo
secularizado como o nosso, falar do Evangelho torna-se um trabalho árduo e
penoso; em meio a estas diversidades, Jesus mesmo nos oferece a paz: “A paz
esteja convosco” (Jo 20,19.20). A comunidade, porém, precisa reconhecer Jesus,
este se revela mediante sua identidade; não um ente sobrenatural, mas tem na
sua essência a humanidade… Somente o homem possui identidade (humanidade e
espiritualidade). Por isso Jesus pode transmitir ao homem aquilo que fato o
complementa, isto é, o Ruah, o Espírito de Deus que concede a paz e a vida em
plenitude, e com isto, inclusive o poder de perdoar os pecados, de usar de
misericórdia com o outro.
Por isto
oremos: ó Deus, que pelo mistério da festa de hoje, santificais a vossa Igreja
inteira, em todos os povos e nações, derramai por toda a extensão do mundo os
dons do Espírito Santo, e realizai agora no coração dos fiéis as maravilhas que
operastes no início da pregação do Evangelho. Por nosso Senhor Jesus Cristo,
vosso Filho na unidade do Espírito Santo.
Jesuel Arruda
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Evangelho: João
20,19–23
1. João e Lucas
tem perspectivas diferentes quanto a Pentecostes. Para João, ele acontece no
próprio dia da ressurreição de Jesus, ao passo que Lucas faz coincidir a vinda
do Espírito Santo com a festa judaica de Pentecostes (cinqüenta dias após a
Páscoa). Embora com perspectivas diferentes, a finalidade é a mesma, pois ambos
mostram que o Espírito que sustentou a luta de Jesus para realizar o projeto de
Deus é o mesmo Espírito que anima agora as lutas da comunidade cristã.
2. Fazendo
coincidir Páscoa e efusão do Espírito no mesmo dia, o evangelho de João quer
sublinhar a continuidade entre Jesus e seus discípulos. O Espírito que agiu
permanentemente em Jesus é comunicado aos seguidores no mesmo dia da
Ressurreição, sem pausa ou interrupção.
3. A comunidade
recebe o mesmo Espírito que animou Jesus:
a. a criação da
comunidade messiânica – vv. 19-21a
b. a comunidade
continua a missão de Jesus – vv. 21b-23
a. a criação da
comunidade messiânica – vv. 19-21a
4. O texto
situa a cena na tarde do domingo da Páscoa. Para os judeus já havia iniciado um
novo dia. Para João, contudo, ainda é o Dia da Ressurreição, a nova era
inaugurada pela vitória de Jesus sobre a morte. De fato, no quarto evangelho,
tudo o que acontece depois da ressurreição de Jesus se insere num grande “dia
pascal” que não tem fim.
5. A referência
à tarde do domingo reflete a práxis cristã de se reunir para celebrar a memória
da morte e ressurreição de Jesus. As portas fechadas mostram um aspecto
negativo (o medo dos discípulos) e um aspecto positivo (o novo estado de Jesus
ressuscitado, para quem não há barreiras).
6. Jesus se
apresenta no meio da comunidade: ele é o centro e a razão de ser da comunidade
e saúda os discípulos com a saudação da plenitude dos bens messiânicos: “a paz
– shalom – esteja com vocês!” É a mesma saudação de quando Jesus se despediu
(cf. 14,27).
7. Tornado
vencedor do mundo e da morte (com sua morte e ressurreição) ele pode comunicar
a paz, a plenitude dos bens. É a saudação do vencedor que traz em si os sinais
da vitória nas mãos e no lado (v. 20). É a saudação do Cordeiro do qual a
comunidade irá alimentar-se. As cicatrizes de Jesus são uma característica dos
textos joaninos (cf. Ap. 5,6). O Ressuscitado deve ser anunciado em seu aspecto
vitorioso sem esquecer as cicatrizes, memória permanente das torturas sofridas.
8. Os
discípulos estão de portas fechadas. São uma comunidade medrosa, pois não
possuem ainda o Espírito de Jesus. Jesus, ao se fazer presente, transforma
totalmente essa situação: capacita-os a serem anunciadores da sua vitória sobre
os mecanismos de morte. E a reação? A reação é de alegria (cf. 16,20) que,
ninguém de agora em diante, poderá suprimir (cf. 16,22).
b. a comunidade
continua a missão de Jesus – vv. 21b-23
9. Fortificada
pela presença de Jesus, a comunidade está pronta para a missão: “Como o Pai me
enviou, assim também eu envio vocês” (v. 21b). E quem vai garantir a missão da
comunidade é o Espírito Santo.
10. Para João,
– nesta tarde do dia da ressurreição, – acontece a comunicação do Espírito
Santo: “Tendo falado isso, Jesus soprou sobre eles dizendo: recebam o Espírito
Santo!” (v. 22). O sopro de Jesus é a nova criação e remete ao que Javé fez
quando criou o ser humano (Gn. 2,17). É o sopro da vida nova. Aqui nasce a
comunidade messiânica.
11. De agora em
diante – batizados no Espírito Santo como Jesus (cf. 1,33) – os cristãos tem o
encargo de continuar o projeto de Deus. Projeto esse sintetizado desta forma:
“Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados: os pecados daqueles
que vocês não perdoarem, não serão perdoados” (v. 23).
12. O que é
pecado, para João? Consiste essencialmente em comprometer-se com a ordem
injusta que levou Jesus à morte (e que hoje, de muitas formas, continua matando
gente). Jesus veio para levar a vida à sua máxima expressão, e isso para todos.
Mas seu projeto recebeu forte oposição dos que querem a vida só para si. Aí
está a raiz do pecado, segundo João. Os pecados são atos concretos decorrentes
dessa opção fundamental contra a liberdade e a vida das pessoas.
13. E qual é a
tarefa da comunidade? Jesus lhe dá o poder de perdoar ou não perdoar. Ela
executa essa função mostrando onde está a vida e onde se aninha a morte;
promovendo a vida e quebrando os mecanismos que procuram destruí-la;
conscientizando as pessoas e desmascarando os interesses ocultos dos poderosos.
Assim os cristãos provocam o julgamento de Deus. Tarefa ímpar essa … mas nem
sempre as comunidades cristãs são fiéis a essa vocação.
14. O que
significa, por exemplo, não perdoar os pecados dos latifundiários, dos
corruptos, dos políticos que utilizam o poder para defender seus interesses?
15. Os
discípulos continuam a ação de Jesus, pois ele lhes confere a mesma missão
(20,21). Pelo Espírito, que dele recebem, tornam-se suas testemunhas perante o
mundo (15,26 ss.). Sua ação, como a de Jesus, é a manifestação, em atos
concretos, do amor gratuito e generoso do Pai (9,4).
16. Diante
desse testemunho, acontecerá o mesmo que aconteceu com Jesus: haverá quem o
aceite e quem endureça numa atitude hostil ao homem, rejeitando o amor e se voltando
contra ele, chegando inclusive a perseguir e matar os discípulos em nome de
Deus (15,18-21; 16,1-4). Não é missão da comunidade – como não foi de Jesus –
julgar os homens (3,17; 12,47). Seu julgamento (como o de Jesus) não é senão o
de constatar e confirmar o juízo que o homem faz de si próprio “diante do
projeto de Deus”.
1ª leitura:
Atos 2,1–11
17. Páscoa e
Pentecostes eram festas agrícolas muito antigas em Israel. Com o passar do
tempo foram transformadas em festas religiosas. Páscoa revivia a saída do
Egito. Pentecostes recordava o dia em que Moisés, no monte Sinai, recebeu a
Lei, tida como o maior presente de Deus ao povo.
18. Quando
Lucas escreveu os Atos dos Apóstolos (cerca de meio século após Pentecostes), a
evangelização já havia alcançado todas as nações até então conhecidas (os
confins do mundo cf. At. 1,8). Então, os povos citados por Lucas que ele diz
estar em Jerusalém no dia de Pentecostes já tinham recebido o anúncio do
evangelho, já tinham sido evangelizados. Lucas quer mostrar a universalidade do
povo de Deus e da evangelização. Na ótica da fé tudo isso é obra do Espírito de
Jesus.
19. Ao
descrever o episódio de Pentecostes, Lucas se serve de esquemas já presentes no
Primeiro Testamento.
19.1. Ele
coloca a vinda do Espírito Santo cinqüenta dias após a Páscoa para fazê-la
coincidir com o Pentecostes judaico, no qual o povo judeu celebrava o dom da
Aliança no Sinai, a entrega da Lei (Decálogo), o surgimento de um acerto social
comprometido com a vida e a justiça.
19.2. De fato,
segundo Ex. 19, cinqüenta dias depois que o povo saiu do Egito, Deus fez
aliança com ele no monte Sinai, entregando-lhe, por meio de Moises, a Lei. O
fato foi acompanhado de trovões, relâmpagos e trombeta tocando.
19.3. Ora, esse
episódio é uma das bases sobre as quais Lucas constrói a narrativa do
Pentecostes: cinqüenta dias após a Páscoa, estando os discípulos reunidos em
Jerusalém, houve um barulho como o rebentar de forte ventania (At. 2,1-1).
19.4. Com isso,
Lucas afirma que, em Jerusalém, acontece a Nova Aliança; surge o novo Povo de
Deus, é dada a Nova Lei: o Espírito Santo.
20. Lucas se
inspira também em outro texto do AT: Nm. 11,10-30, onde Deus repartiu seu
Espírito sobre Moisés e os setenta anciãos, para que pudessem organizar o povo.
E Moisés exprimiu o desejo de que todo o povo recebesse o Espírito de Javé (Nm.
11,29). Esse substrato serve para Lucas mostrar que, finalmente, o Espírito de
Deus foi derramado sobre todos no dia de Pentecostes.
21. No início
do evangelho, o Espírito tomara conta de Jesus (cf. Lc. 4,18). No início dos
Atos, o mesmo Espírito toma posse de todas as pessoas.
22. Finalmente,
Lucas se serve de Gênesis 11,1-9, o episódio da torre de Babel, onde Deus
confundiu a ambição das pessoas, que não se entendiam mais. Para Lucas, o
Pentecoste é o oposto de Babel: aqui, “todos nós os escutamos anunciarem, em
nossa própria língua, as maravilhas de Deus” (2,11).
23. Com o
episódio de Pentecostes assim formulado, Lucas:
- faz ver que a
comunidade cristã é o novo Povo de Deus,
- o povo da
Nova Aliança, cuja lei é o Espírito Santo;
- não há
fronteiras para esse povo, e objetivo comum é viver o projeto de Deus;
- esse povo é
capaz de entender e se unir porque fala a língua do Espírito de Jesus.
De fato,
- o Espírito
Santo é a memória sempre renovada e atualizada do que Jesus fez e disse (cf. Jô
14,26);
- entregando
seu Espírito, Deus realiza com a comunidade cristã a nova e definitiva Aliança,
- na consecução
do projeto divino, confiado agora aos que sonham com a humanidade livre de
todas as formas de opressão, violência e morte.
24. Não se deve
confundir o fenômeno de Pentecostes com o falar línguas estranhas de 1Cor.
12-14. Aqui em Atos 2,1-11, todos os que estão à escuta – há gente de 3
continentes – ouvem na própria língua (=entendem perfeitamente) falar das
maravilhas de Deus.
2ª leitura:
1Cor. 12,3b-7.12-13
25. “Ninguém
pode dizer “Jesus é o Senhor”, a não ser no Espírito Santo” (v.3b). Reconhecer
Jesus como único Senhor é o critério para saber o que procede e o que não
procede do Espírito Santo. É provável que alguém, em Corinto (julgando-se
movido pelo Espírito), tenha dito uma grave blasfêmia: “Maldito Jesus!”
(cf.12,3a). Para Paulo, a ação do Espírito leva sempre à confissão de que Jesus
é o Senhor.
26. Os
coríntios achavam que ter carisma fosse possuir dons extraordinários, como
falar em línguas estranhas e profetizar. Era uma visão muito redutiva e
personalista. Paulo afirma que são distribuídos muitos dons (não alguns
somente), mas quem os distribui é o mesmo Espírito de Jesus (cf.12,4)
27. Toda ação
tem origem no Pai; o que os cristãos fazem se baseia na ação de Jesus (cf. vv.
5-6). Note-se a formulação trinitária. Em Deus não há divisão, mas harmonia.
Tudo colabora no projeto de Deus. O mesmo acontece na comunidade cristã: “a
cada um é dado algum sinal da presença do Espírito Santo, para o bem comum” (v.
7).
28. A seguir
Paulo emprega a imagem do corpo. Ele se refere ao corpo humano com muitos
membros, mas também ao corpo social, a comunidade cristã, que forma um todo com
Cristo(v. 12).“Vocês não sabem que seus corpos são membros de Cristo?” (6,15).
29. Então,
Paulo pensa: se em Jesus com o Pai e o Espírito, não há divisões apesar da
diversidade, como pode havê-las na comunidade, que é o corpo de Cristo? De
fato, o anúncio do evangelho em Corinto, havia reunido povos, categorias e
classes sociais incompatíveis até então: judeus e gregos, escravos e livres
(v.13a).
Recordamos Gl.
3,28: “já não se distinguem judeu e grego, escravo e livre, homem e mulher,
pois com Cristo Jesus sois todos um só!”.
30. O batismo
havia elevado todos a um nível jamais atingido antes: todos receberam o mesmo
Espírito, de forma que constituem um só corpo social, a comunidade cristã,
corpo de Cristo. Assim todos se alimentam e se inspiram na mesma fonte, que é o
Espírito Santo (v. 13b).
31. Portanto:
tem sentido as divisões escandalosas que as comunidades criam em torno de
interesses pessoais, posições ou tarefas mais vistosas? Não é um atentado ao
corpo de Cristo e ao Espírito de Jesus? Não é um atentado ao projeto de Deus?
R e f l e t i n
d o
1. Pentecostes
é a plenificação do mistério pascal: a comunhão com o Ressuscitado só é
completa pelo dom do Espírito, que continua em nós a obra do Cristo e sua
presença gloriosa.
2. A liturgia
de hoje acentua a manifestação histórica do Espírito no milagre de Pentecostes
(1ª leitura) e nos carismas da Igreja (2ª leitura), sinais da unidade e
da paz que o Cristo veio trazer.
Isto porque:
- a pregação
dos apóstolos, (anunciando o Ressuscitado), supera a divisão de raças e
línguas,
- e a
diversidade de dons na Igreja serve para a edificação do povo unido, o Corpo do
qual Cristo é a cabeça.
3. Pentecostes,
no antigo Israel, era uma festa agrícola (primícias da safra). Mais tarde foi
relacionada com o evento salvífico central da Aliança mosaica: ganhou o sentido
de comemoração da proclamação da Lei no monte Sinai. Tornou-se uma das três
grandes festas em que os judeus subiam em romaria a Jerusalém (as outras são a
Páscoa e Tabernáculos).
4. Foi nessa
festa que aconteceu a “explosão” do Espírito Santo, a força que levou os
apóstolos a tomarem a palavra e a proclamarem diante da multidão reunida de
todos os cantos do judaísmo, o anúncio (querigma) de Jesus Cristo. Seria errado
pensar que o Espírito tivesse sido dado naquele momento pela primeira vez. O
evangelho de João nos ensina que Jesus comunicou o Espírito no próprio dia da
Páscoa. O Espírito está sempre aí. Mas foi no dia de Pentecostes que esta
realidade se manifestou ao mundo. Por isso, ele aparece em forma de línguas,
operando o milagre das línguas e reparando a confusão da torre de Babel (Gn.
11).
Nota: este tema
lembra uma antiga lenda judaica,segundo a qual, no Sinai, a proclamação da Lei
teria sido dada aos setenta anciãos, em setenta línguas. (Agora no relato de
Pentecostes cristão, o anúncio é confiado aos doze apóstolos, talvez em doze
línguas).
5. A essa
proclamação universal aludem a oração do dia e a 1ª leitura. O Espírito leva a
proclamar os “magnalia Dei” (as maravilhosas grandiosidades de Deus) em todas
as línguas. O conteúdo desta proclamação, já o conhecemos dos domingos
anteriores: é o querigma da ressurreição de Jesus Cristo. O salmo 104 retoma o
fato.
6. São Paulo na
2ª leitura vai mostrar a obra do Espírito: a multiformidade dos dons, dentro do
mesmo Espírito, como as múltiplas funções em um mesmo corpo. Paulo chama isso
de “carismas”, dons da graça de Deus; pois sabemos muito bem que tal unidade na
diversidade não é algo que vem de nossa ambição pessoal (que normalmente só
produz divisão). É o Espírito do amor de Deus que tudo une.
7. No evangelho
encontramos a visão joanina da exaltação de Jesus: é a realidade única de sua
morte, ressurreição e dom do Espírito, pois sua morte é a obra em que Deus é
glorificado, e seu lado aberto é a fonte do Espírito para os fiéis (Jô 7,37-39;
19,31-37). Assim no próprio dia da ressurreição, Jesus aparece aos seus para
lhes comunicar a sua paz (cf. 14,27) e conceder o dom do Espírito para tirar o
pecado do mundo, ou seja, para que eles continuem sua obra salvadora (cf.
1,29.35).
8. Este
Espírito do Senhor exaltado é o laço do amor divino que nos une e que
transforma o mundo em nova criação, na qual todos entendem a voz de Deus. Essa
é a mensagem da liturgia de hoje.
9. O mundo é
renovado conforme a obra de Cristo, que nós, -no seu Espírito-, levamos
adiante. Neste sentido é a festa da Igreja que nasceu do lado aberto do
Salvador e manifestou sua missão no dia de Pentecostes. Igreja que nasce, não
de organizações e instituições, mas da força graciosa (“carisma”, graça) que
Deus infunde no coração e nos lábios.
10. A festa de
hoje ajuda a entender o que é renovação carismática: não é uma avalanche de
fenômenos estranhos, mas o espírito do perdão e da unidade que ganha força
decisiva na Igreja. O Espírito Santo é a alma da Igreja, o calor de nossa fé e
de nossa comunhão eclesial.
11. A Igreja,
por sua unidade no Espírito, no vínculo da paz (Ef. 4,3), torna-se sacramento
(sinal operante) do perdão, da unidade, da paz no mundo, na medida em que ela o
coloca em contato com o senhorio do Cristo pascal, no querigma e na práxis.
12. Nós hoje
devemos renovar o milagre de Pentecostes: falar uma língua que todos entendam:
a linguagem da justiça e do amor. É a linguagem de Cristo, e é uma “língua de
fogo!”. Aliás, o evangelho nos lembra que a primeira finalidade do dom do
Espírito é tirar o pecado do mundo (Jô 20,22-23). A linguagem do Espírito é a
linguagem da justiça e do amor.
13.
Reconhecimento difícil: a enorme diversidade de dons no único “corpo” da
Igreja. Somos capazes de considerar as nossas diferenças (ideológicas, sociais,
pastorais, etc.) como um canal do Espírito a transmitir a mensagem evangélica
para que “alguns” a entendam? Colocamo-las em comum? O diálogo na diversidade
pode ser um dom do Espírito no mundo atual (como pode ser, … por nossa culpa,
motivo de disputas e desentendimentos entre nós que nos dizemos cristãos).
14. A seqüência Veni
Sancte Spiritus expressa maravilhosamente o sentido profundo do dom do
Espírito à comunidade dos fiéis como chama do amor de Deus em Cristo.
Ó, vinde,
Espírito Criador,
as nossas almas
visitai
e enchei os
nossos corações
com vossos dons
celestiais.
Vós sois
chamado o Intercessor
do Deus excelso
o dom sem par,
a fonte viva, o
fogo, o amor,
a unção divina
e salutar.
Sois doador dos
sete dons,
e sois poder na
mão do Pai,
por Ele
prometido a nós,
por nós seus
feitos proclamai.
A nossa mente
iluminai,
os corações
enchei de amor,
nossa fraqueza
encorajai,
qual força
eterna e protetor.
Nosso inimigo
repeli,
e concedei-nos
vossa paz;
se pela graça
nos guiais,
o mal deixamos
para trás.
Ao Pai e ao
Filho Salvador
por vós
possamos conhecer.
Que procedeis
do seu amor.
fazei-nos
sempre firmes crer. Amém.
15. O Espírito
do Senhor repousa sobre mim.
O Espírito do
Senhor me escolheu, me enviou.
Para dilatar o
seu Reino entre as nações,
para anunciar a
Boa Nova a seus pobres,
para proclamar
a alegria e a paz:
exulto de
alegria em Deus meu Salvador.
Para dilatar o
seu Reino entre as nações,
consolar os
corações esmagados pela dor;
para proclamar
sua graça e salvação
e acolher quem
sofre e chora sem apoio, sem consolo.
Para dilatar o
seu Reino entre as nações,
para anunciar
libertação e salvação;
para anunciar
seu amor e seu perdão,
para celebrar
sua glória entre os povos.
prof. Ângelo Vitório Zambon
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1. Hoje é o dia
do aniversario da Igreja, pois a Igreja nasceu no dia do Pentecostes, quando o
Senhor mandou o Seu Espírito sobre os discípulos no cenáculo em Jerusalém. Esta
é já uma primeira indicação extremamente importante, pois nos revela que a Igreja
não é invenção dos homens, mas sim obra de Deus. A Igreja é assim constituída
de pessoas que atraída pelo Senhor, instruídas pela sua Palavra aceitam de
percorrer a historia se deixando transformar pela ação do Espírito Santo. Sem
duvida a Igreja é feita de pessoas em carne e osso, é feita de gente: tem uma
estrutura física, humana, visível. Aquilo que, porém realiza, não é humano, mas
sim divino. A obra que a Igreja realiza ao longo dos séculos é fruto da ação do
Espírito Santo nas pessoas que acreditam no Senhor Jesus. É verdade que, apesar
de tanto tempo, a historia parece ser dominada pelo espírito do mal e que
também a Igreja e varia circunstâncias se deixou dominar pelas forças do
inimigo. É também verdade, porém, que por dentro da historia, o Espírito Santo
desde a vinda do Senhor Jesus na terra, está preparando o Reino de Deu, que é
um reino de paz, de justiça e de amor. Esta é uma verdade por assim dizer
bíblica, uma verdade que somente as pessoas espirituais podem enxergar, somente
as pessoas que aderiram ao Evangelho de Jesus podem vislumbrar. Se tudo isso é
verdade, podemos nos perguntar: como está se manifestando este Reino de Deus
que o Espírito Santo está moldando desde o dia de Pentecostes? Quais são os
sinais espiritualmente visíveis da sua presença?
2. “Há
diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1Co. 12,4).
É esta uma
idéia que Paulo repete muitas vezes nas suas cartas (cf. Ef. 2). O efeito do
Espírito Santo nas pessoas que o acolhem é dúplice. Em primeiro lugar, o
espírito identifica as pessoas, ou seja, ajuda as pessoas a descobrirem a
própria especifica vocação. Esta é uma marca claríssima da presença do Espírito
Santo na Historia: ajudam as pessoas a perceberem o sentido da própria vida,
qual é o projeto do Pai para elas, para depois ficarem firmes e fieis a esta
vocação. Num mundo desnorteado, que corre atrás de quem grita mais alto e se
perde, assim, nas ilusões que o mundo oferece, encontrar pessoas bem centradas
naquilo que é a própria vida, a própria vocação é ao mesmo tempo algo de raro
e, também, uma grande alegria. Aquilo que o Espírito Santo desvende nas pessoas
não é apenas uma tarefa para ser realizada, mas sim o sentido mesmo da vida,
aquele sentido que enche a alma, que produz paz e serenidade na pessoa que o
acolhe. É isso que Jesus anuncia logo após da sua ressurreição, aparecendo aos
discípulos e soprando o Espírito sobre eles: a paz esteja convosco (cf. Jô
20,19). É o que esta paz se não a certeza que nada mais precisa correr atrás de
algo, que Cristo mesmo nos oferece, ou seja, o seu Espírito de vida! Na
perspectiva do Evangelho a paz não é um sentimento passageiro, que vem e vá
embora, mas é o dato permanente que marca o nosso relacionamento com o Senhor.
De fato, se Cristo é vivo, se nós temos o seu Espírito, porque temer? Se o
Senhor da vida está no meio de nós, porque correr atrás de outros falsos
senhores que não tem nada pra nos oferecer, a não serem paliativos inúteis e
enganadores? Afinal de conta, se com o seu Espírito Cristo é conosco, quem
estará contra de nós? (cf. Rm. 8,31). Este é então, o primeiro dato espiritual
fundamental da ação do Espírito Santo na Historia: a identificação das pessoas,
a libertação do caos em que reina o mundo das trevas e a certeza que Cristo não
nos abandona mas caminha conosco. Do outro lado o Espírito, além de nos
oferecer uma identidade nos coloca numa vida de comunhão, nos libertando da
triste solidão do mundo. Quem vive do Espírito Santo vive no amor de Deus e, o
amor, é comunhão. Se no muno cada um queima o filme do outro pra se promover,
não é assim na Igreja, pois é um só Espírito que age em todos para que todos
sejam um (cf. Jo 17). É verdade que amiúde também entre os membros da Igreja
acontece aquilo que assistimos no mundo, ou seja, brigas, rixas, desavenças,
rivalidade. Só que estas situações não devem ser tomadas como pretexto para nos
afastarmos da Igreja, mas sim devem ser utilizadas para crescer junto com a
comunidade, na superação daquela parte de mundo que ainda nos domina. Do outro
lado, se pensarmos atentamente, entre os mesmos discípulos de Jesus existiam
rivalidades, ao ponto que Jesus teve que entrar no meio da polemica (cf. Mt.
20,24-28) e lembrar para todos que os discípulos não podem agir e pensar com
pensa e age o mundo, ou seja, se deixando levar pelo egoísmo e pela ganância,
mas sim o discípulo do Senhor deve aprender a deixar-se dirigir pelo Espírito
do amor. Neste sentido podemos dizer que toda vez que nos membros da Igreja, em
nós mesmos, percebemos algo de errado, um excessivo apego as coisas do mundo,
um instinto egoísta exacerbado, isso não que dizer que o Espírito não age, que
o Espírito não existe, mas que ainda precisamos de trabalhar bastante sobre a
nossa humanidade, para que o Espírito Santo possa encontrar espaço pela sua
ação santificadora.
3. “Recebei o
Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados” (Jô
20,22-23).
Talvez seja
este o sinal mais profundo da presença do Espírito Santo na historia, ou seja,
a capacidade de perdoar. Sem duvida o poder de perdoar os pecados Cristo o
entregou para os discípulos e, então a Igreja, mas pelo fato de pertencermos á
Igreja através do Batismo este poder, de alguma maneira, é também nosso. O
cristão, pelo fato de pertencer ao Corpo de Cristo e de ter recebido o poder de
perdoar os pecados, é chamado a viver no mundo o perdão do Senhor. É
sintomático que a primeira palavra que o Senhor soltou logo após da
ressurreição, no primeiro encontro dos discípulos, foi a palavra “perdão”. Além
do mais “perdão” é a primeira palavra pronunciada por Jesus depois de ter
soprado o Espírito sobre os discípulos. Perdoar os irmão, neste sentido e pela
força que este mandamento recebe no contexto que acabamos de apresentar, é sem
duvida algo de divino, que o homem não consegue sozinho realizar. De fato, se pararmos
um pouco para pensar, percebemos imediatamente que os maiores problemas que
encontramos nos relacionamentos com as pessoas são todos ligado a nossa
incapacidade de perdoar, a nossa incapacidade de dar o braço a torcer. Porque,
então, é tão importante perdoar os irmão e as irmãs? Porque á luz do Evangelho,
toda vez que perdoamos alguém permitimos ao Espírito Santo de entrar na
historia e desenvolver a sua força criadora.
De uma certa
forma, esta solenidade de Pentecostes e esta pagina do Evangelho nos ensina que
ser Igreja não é tão complicado assim como em aparência parece. Basta somente
um pouco de humildade, um pouco mais de simplicidade, um pouco de docilidade á
ação do Espírito Santo para que Cristo possa reconciliar o mundo a sim, possa
moldar a humanidade toda para que assuma a forma da humanidade de Cristo. É
isso que o Espírito Santo quer realizar: transformar tudo em Cristo. A nossa
capacidade ou incapacidade de perdoar os irmãos e as irmãs torna-se a medida da
realização deste projeto ambicioso do Pai.
padre Paolo Cugini
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“Vinde Espírito Criador (...) fazei-nos
conhecer o Pai
e revelai-nos o Filho!”
Antes de ser
uma festa cristã, Pentecostes era uma celebração judaica particularmente
sentida dentro do antigo calendário religioso judeu. Sete semanas depois da
festa dos pães ázimos, isto é, da Páscoa, ocorria em Israel a festa das semanas
ou a festa das Primícias (em hebraico, respectivamente, Shabuot e Bikurim).
Essa festa
tinha como objeto a ação de graças do povo em virtude da colheita do trigo e,
para marcar esse momento, fazia-se no templo a oferta das primícias a Deus,
isto é, os primeiros frutos da terra, simbolizados na entrega de um primeiro
feixe colhido no campo.
Era, portanto,
uma festa inicialmente de caráter agrícola (cf. Ex. 23,14; Nm. 28,26) onde se
agradecia a generosidade de Deus pelos dons da colheita.
Por ser o
qüinquagésimo dia – na antiguidade o primeiro e o último dia de um tempo
festivo eram contados como um único dia – a festa foi chamada de pentecostes,
isto é, do grego qüinquagésimo (dia).
Era uma festa
alegre e que posteriormente foi associada à recordação da conclusão da Aliança
no Sinai e à entrega da Lei, oferta generosa de Deus, por meio de Moisés ao
Povo eleito (cf. 2Cr. 15,10-13).
Juntamente com
a Páscoa, era uma das grandes festas de peregrinação para Israel (cf. At.
20,16) e à qual todo judeu piedoso era chamado a participar: “Achavam-se então
em Jerusalém judeus piedosos, vindos de todas as nações que há debaixo do céu”
(At. 2,5).
Além do sentido
de gratidão pelas primícias e pela entrega da Lei, havia outros aspectos muito
interessantes dentro dessa festa do Antigo Testamento. Fílon de Alexandria, por
exemplo, nos faz saber que o número cinquenta tinha um significado especial
para os judeus, pois remetia diretamente ao fato do jubileu, isto é, à remissão
que a cada cinqüenta anos os judeus deveriam fazer em relação às dívidas e à
libertação dos escravos (Lv. 25,10).
De fato, um
pouco mais tarde, os Padres da Igreja também tirariam proveito desse
simbolismo, ao associarem o número cinqüenta ao perdão dos pecados: “Alguns
dizem que este número cinqüenta é símbolo da esperança e da remissão que ocorre
em Pentecostes” - dizia Clemente de Alexandria (Stromata, VI, 11).
“Recebei o
Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados” –
Evangelho: Jo 20,22s.
Fazer a
experiência do perdão é experimentar a misericórdia de Deus. A palavra
“misericórdia” vem do latim e faz uma referência ao coração (cordis), um órgão
que, segundo a cultura greco-romana, quer designar o centro da pessoa, o seu
íntimo; mas este termo possui também conotações relativas à mutabilidade: ora o
coração está alegre, ora está irritado... Já na língua hebraica o termo usado
para dizer a atitude de misericórdia de Deus para com o homem é rahamim, isto
é, o ventre, mais precisamente o útero materno.
Experimentar o
perdão de Deus é fazer uma experiência profunda de regeneração: “Por ventura
tornarão a viver estes ossos? [...] Profetiza a esses ossos: Eis que vou fazer
com que sejais penetrados pelo espírito e vivereis” (Ez. 36,3s).
De fato, é com
o dom do Espírito Santo que “os mistérios pascais são levados à plenitude” (cf.
prefácio do domingo de Pentecostes). Entendemos então porque na missa se pede
ao Pai que o Espírito seja derramado para que as oferendas se tornem o corpo e
o sangue de Cristo [...] sangue derramado por nós e por todos para a remissão
dos pecados (cf. missal romano, oração eucarística II).
A liturgia, por
força do Espírito, nos faz experimentar no hoje da nossa história a efusão do
Espírito Santo, nos faz experimentar o mesmo dia de Pentecostes vivido pelos
apóstolos nos primórdios da história do cristianismo:
“No dia de
Pentecostes (no termo das sete semanas pascais), a Páscoa de Cristo
completou-se com a efusão do Espírito Santo que se manifestou, Se deu e Se
comunicou como Pessoa divina: da sua plenitude, Cristo Senhor derrama em
profusão o Espírito” (Catecismo da igreja católica n. 731).
Eis porque a
Igreja insiste para que seja feita a Vigília da forma mais longa - se possível
também com a celebração das vésperas (liturgia das horas) - com a proclamação
das leituras do Antigo Testamento, as quais retomam a história da salvação:
“Irmãs e irmãos
caríssimos, a exemplo dos apóstolos e discípulos que, com Maria, a Mãe de
Jesus, perseveraram em oração, aguardando o Espírito prometido pelo Senhor,
ouçamos, de ânimo sereno, a Palavra de Deus” (missal romano,
apêndice, 1).
É através da
efusão do Espírito em nossos corações que temos a certeza que Deus nos ama e
nos perdoa; que Ele nos oferece a possibilidade de reencontrarmos a unidade
perdida; a nós, que vivemos fragmentados dentro de um mundo fragmentário (Gn.
11,1ss – a torre de Babel); justamente a nós foi dada a possibilidade da
unidade: “com efeito o corpo é um e, não obstante, tem muitos membros, mas
todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo. Assim também
acontece com Cristo” (1Co. 12,12).
E essa unidade
só é possível em Cristo, o homem por excelência, por meio do Espírito. É o que
nos diz Santo Irineu neste belíssimo texto quando equipara o Espírito à água:
“Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa nem um só
pão, nós também, que somos muitos, não poderíamos transformar-nos num só corpo,
em Cristo Jesus, sem a água que vem do céu. E assim como a terra árida não
produz fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore
ressequida, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva da graça enviada do
alto” (santo Irineu, Tratado contra as heresias, lib. 3, 17,1-3)
A ação do
Espírito contempla sem dúvida alguma também a dimensão do sujeito individual.
Isso fica patente ao longo da celebração litúrgica quando, por exemplo, a voz
do salmista, ao cantar na sequência de Pentecostes, se expressa nestes termos:
Sem a tua
luz/nada o homem pode/nenhum bem há nele/lava o que é sujo/rega o que é
árido/cura o que está doente/Dobra o que é duro/aquece o que é frio/abre
caminho nas trevas
Mas há que se
dizer que esta não é, por certo, a dimensão maior.
Pentecostes é
algo que nos contempla enquanto pessoas, indivíduos, mas é também algo que nos
supera e em muito. O Espírito sopra onde quer (Jo 3,8) e o Pai santifica a sua
Igreja, una, em meio às diversidades humanas, e derrama por toda a extensão do
mundo os dons do Espírito para que se realize agora no coração dos fiéis as
maravilhas que ele operou (cf. oração do dia).
Receber o Espírito
de Deus significa estar aberto não só a Deus, mas também ao próximo; significa
concretamente abrir mão da própria individualidade para ir em direção ao outro,
significa “anunciar as maravilhas de Deus” (At. 2,11), o Evangelho eterno (cf.
Ap. 14,6), feito não só de palavras, mas de gestos concretos; significa saber
discernir os tempos e os momentos; significa saber escutar a voz delicada e
interior desse Espírito que geme dentro de nós e nos faz proclamar que “Jesus é
o Senhor!” (1Cor. 12,3).
Gabriel Frade
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1. Santificais
a Vossa Igreja
Tantas
maravilhas conhecemos nas Sagradas Escrituras! Mas, nenhuma é tão espetacular
como a vinda do Espírito Santo. Tudo se encaminhou para esse momento, no qual
se criou o mundo novo a partir da Redenção feita por Jesus, que levou à
plenitude os mistérios pascais.
Rezamos no
prefácio da Missa: "Para levar à plenitude os mistérios pascais,
derramastes, hoje, o Espírito Santo prometido, em favor de vossos filhos e
filhas". O Espírito é o dom fundamental! Está intimamente ligado à
ressurreição de Jesus, que o dá aos discípulos no entardecer do domingo da
Páscoa. "Soprou sobre eles e disse: 'Recebei o Espírito Santo'!"
O dom de
Espírito é para a reconciliação, isto é, para que atue em nós a Redenção que
Jesus nos mereceu. Essa reconciliação é o fruto do grande desígnio de Deus de
comunicar-se a todos os homens. Ao recebermos o Espírito, somos introduzidos na
vida da Trindade.
A vinda do
Espírito não se reduz a um acontecimento histórico. Ele está sempre presente na
vida da Igreja e na celebração litúrgica da festa. Há sempre o HOJE de Deus em
nossas celebrações. Nelas, reconhecemos que Deus nos abre os tesouros de sua
benignidade para santificar a Igreja. Santificar é torná-Ia sempre mais unida a
seu Redentor e consciente dessa união.
Ao falar de
Igreja, não estamos pensando em um grupo de fiéis separados do mundo. O
Espírito é derramado sobre todo o universo. Assim cantamos no refrão do salmo:
"Enviei o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovei' (SI
103). A santificação faz a Igreja anunciadora da vida de Deus presente no mundo.
A Igreja reconhece a presença do Espírito de Deus, celebra-o e anuncia sua ação
do mundo. Sua presença enche a face da terra e a santifica.
2. Derramai os
Dons do Espírito
Deus nos deu
seu Espírito como dom fundamental e, com Ele, recebemos seus infinitos dons,
simbolizados nos sete dons. "Desde o nascimento da Igreja, é Ele quem dá a
todos os povos o conhecimento do verdadeiro Deus; e une, numa só fé, a
diversidade das raças e línguas" (prefácio).
Jesus veio
revelar o Pai. O Espírito conduz os povos ao conhecimento do Deus verdadeiro.
Conhecendo o Deus de Jesus, o mundo enche-se dos mais diversos dons,
ministérios e serviços na sociedade. O Espírito faz a unidade dos diversos
dons.
Paulo insiste
que os dons são muitos, mas é o mesmo Espírito que age em todos. A súplica
fundamental que fazemos ao Pai, quando invocamos o Espírito, é que faça de nós
um único corpo com Cristo. Os demais dons são bons e necessários. Mas o dom
fundamental é ser Corpo de Cristo.
3. Renovai
Vossas Maravilhas
A Festa de hoje
é um grande grito de toda a Igreja para que o Espírito Santo "nos faça
compreender melhor o mistério deste sacrifício e nos manifeste toda a
verdade" (Oferendas).
Jesus dissera
que o Espírito Santo nos ensinaria toda a verdade. A verdade é Jesus e o
conhecimento de sua missão. Cumpriremos nossa missão com o auxílio dos dons que
Ele nos oferece. "Cresçam os dons do Espírito Santo; e o alimento
espiritual que recebemos aumente em nós a eterna redenção" (Pós-comunhão).
Na Eucaristia, o Espírito atualiza
para nós o mistério de Cristo que celebramos. Com Ele, somos uma oferta à
Glória da Trindade. O Pai que nos acolhe, a pedido de seu Filho, dá-nos o
Espírito Santo nesta celebração. Nos tempos difíceis que vivemos é importante
estar abertos à voz do Espírito que nos instrui, estimula e consola.
Victor Hugo Oliveira
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Celebramos,
hoje, a solenidade de Pentecostes, festa tradicionalmente realizada pelo povo
Judeu, mas a partir do cenáculo de Jerusalém, ela é celebrada pelos cristãos -
pela Igreja primitiva e por nós também - como a descida do Espírito Santo sobre
os apóstolos e a Vigem Maria, reunidos em oração. Sim! Esta foi à promessa do
Pai, por meio de Jesus, quando da sua ascensão aos Céus...
“... que
esperassem a promessa do Pai, a qual ouvistes (disse ele) da minha boca, por
que ... vós sereis batizados no Espírito Santo, daqui a poucos dias”.
Promessa que
Ele nos enviaria o defensor, o paráclito, o advogado... Portanto, a festa de
Pentecostes é o cumprimento da promessa de Jesus aos Seus discípulos. A Igreja
nascente estava reunida em oração – portanto, é bom ressaltar que eles estavam
em oração – e recebeu a força do Alto, para revigorar e fortalecer seus
corações, para a missão que o Senhor havia confiado: anunciar a todos os povos
a Boa Notícia da Salvação.
“E quando se
completaram os dias de Pentecostes, estavam todos juntos no mesmo lugar; e, de
repente, veio do céu um estrondo, como de vento que soprava impetuoso, e encheu
toda a casa onde estavam sentados. E apareceram repartidas umas como línguas de
fogo, e pousou (uma) sobre cada um deles. E foram todos cheios do Espírito
Santo, e começaram a falar em várias línguas, conforme o Espírito Santo lhes
concedia que falassem” (At. 2,1-4).
O ‘de repente’
de Deus aconteceu no meio deles, como escutamos nos Atos dos Apóstolos. Quando
tudo parece perdido e o desânimo toma conta dos nossos corações, Deus age para
nos relembrar – como fez com os Apóstolos – a Verdade revelada, e para nos
revigorar em nossas fraquezas. O temor era uma realidade da Igreja nascente,
como ouvimos no Santo Evangelho de são João. Os discípulos se encontravam a
portas fechadas, com medo dos Judeus, pois estes os hostilizavam e os
expulsavam das sinagogas.
“Chegada, pois,
à tarde daquele dia, que era o primeiro da semana, e estando fechadas as portas
da casa onde os discípulos se achavam juntos, com medo dos Judeus, veio Jesus,
e pôr-se no meio deles, e disse-lhes: A paz seja convosco” (Jo. 20,19).
Por acaso a
realidade hoje é diferente? Não somos, nós, cristãos – de modo particular nós
católicos – perseguidos, massacrados, caluniados, mortos só pelo fato de sermos
cristãos, de acreditarmos na verdade eterna, e por lutarmos contra esse
relativismo moral e religioso, dos dias de hoje? Não devemos nos calar! Fomos,
somos e seremos rotulados – como sempre fomos - em nome da Verdade, até o dia
do triunfo do Coração Imaculado da nossa Santíssima Mãe, que já está as portas!
Coragem!
Amados! O
Espírito Santo, que foi derramado sobre os discípulos e a Virgem Santíssima, no
cenáculo, continua atuando na sua Igreja, ainda hoje. E a fé da Igreja não é
algo privativo e pessoal, mas passa pelo assentimento das verdades reveladas,
pelo seu magistério, através da tradição e das Sagradas Escrituras. Portanto, a
nossa oração deve está em comunhão com a oração da Igreja, aliás, deve ser a
oração da Igreja, de modo particular o sacrifício da missa, que em torno do
Altar, nos une como membros do único Corpo (Místico), onde Cristo é
a Cabeça. E ao
seu Corpo Místico – que somos nós, unidos na mesma fé – foi confiado, segundo
os desígnios e a vontade do Senhor dons e carismas, e estes são para a
edificação da Igreja, como nos diz são Paulo. Pois é por Ela que também nós
recebemos os Sacramentos que nos salva. “E a cada um é dada a manifestação do
Espírito para a utilidade comum” (1Co. 12,7).
Que o Espírito
Santo que sempre iluminou a Igreja, nos dê sabedoria – um dos Seus sete Dons –
para compreendermos nossa Missão e nossa vocação de Cristãos Católicos. O mundo
nos odeia e nos persegue, pois deseja satisfazer os desejos da carne e todos os
seus apetites; combate contra a verdade e contra a moral, deixando-se guiar
pela natureza, com suas orgias que denigrem a dignidade humana e afrontam seu
criador. Mas, coragem ! - diz Jesus - ‘eu venci o mundo’!
Que Ele nos dê
coragem e a verdadeira alegria, para abraçarmos nossa cruz quotidiana e d’Ela
darmos testemunho. E por mais difícil que seja professar a fé Católica, não
devemos temer, pelo contrário, devemos nos alegrar por o Senhor nos ter dado
essa graça, e a fortaleza para anunciar e testemunhar Seu Evangelho. Pois foi
essa a principal Missão que os Apóstolos receberam no Cenáculo. Pois o sinal
das ‘línguas de fogo’ que desceram sobre eles foi para que eles fossem
fortalecidos do poder do Alto, e Deus fosse glorificado através deles, se
necessário fosse, até com o Martírio, como aconteceu com a maioria deles.
“Portanto
faço-vos saber que ninguém, que fala pelo Espírito de Deus, diz anátema a
Jesus. E ninguém pode dizer Senhor Jesus, senão pelo Espírito Santo” (1Co.
12,3).
Jesus sopra
sobre os apóstolos o Espírito Santo e lhes deu a autoridade de perdoar os
pecados. Portanto, essa autoridade foi dada, por Jesus, a santa Igreja, que Ele
edificou sobre a fé de Pedro; hoje aos bispos e aos sacerdotes que receberam na
sagrada ordem essa grandiosa Missão. Levar a paz aos corações atribulados, que
desejam receber – por meio da Igreja – a misericórdia de Deus. Pois foi isso
que Jesus fez após Sua Ressurreição, quando apareceu aos discípulos e lhes
deixou a paz, e lhes enviando em missão. Mas, uma ‘igreja’ que dorme enquanto
as almas se perdem, não tem o poder do Espírito Santo de Deus, e com isso
nega-se a abraçar o que o Senhor lhe confiou. Acordemos! Pois "a quem
muito foi dado, muito será cobrado..."
E pode ter
certeza que será cobrada cada alma que nos foi confiada, pelo Espírito Santo de
Deus! Não podemos ficar dormindo em nossos pecados, muitas vezes graves, que
ofendem a Deus, quando nos foi dada a graça de purificarmos nossas almas no
sacramento do Amor, do perdão, da misericórdia, da confissão... Não tenhamos
medo, amados, pois nossa consciência sempre vai lembrar-se dos atos que
cometemos, e vai nos chamar para que abracemos a fornalha do seu coração
misericordioso do Senhor, no sacramento da confissão. Ainda é o tempo de graça!
Pois vivemos os últimos dias, o tempo da apostasia generalizada, onde a
indiferença, o ateísmo impera e se apresenta como um ‘deus!’
Sim, é o tempo
a da grande prova, da grande tribulação, mas ainda é tempo de graça e de
perdão. Corramos para receber Jesus em Seu Corpo, Sangue, alma e divindade, no
altar do sacrifício, com os corações purificados, e a paz de Deus estará
conosco.
“E ele
disse-lhes novamente: a paz esteja convosco. Assim como o Pai me enviou, também
eu vos envio a vós. Tendo dito estas palavras, soprou sobre eles, e disse-lhes;
Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão
perdoados; e aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo. 20,21-23)
E como podemos
está em paz, se a consciência nos pesa pelos pecados graves? E pelos pecados
leves (veniais) também? Que a força da graça de Deus, por meio do Seu Espírito
Santo, nos ensine acolher cada pessoa que Ele nos confiou, com a verdadeira
caridade, despojando-nos de nós mesmos e deixando Deus ser tudo em nós, na
nossa fraqueza, para realizarmos plenamente a Sua santa vontade. Que morramos
todos os dias para o pecado e nasçamos verdadeiramente para Deus, pelo poder do
Seu Espírito que habita em nós, pela graça que recebemos no Santo batismo. A
Virgem Santíssima que esteve com os apóstolos no cenáculo, em oração, lhes dando
força e os animando na fé, também permaneça conosco, aqui, quando Seu Filho no
altar, se imola e se oferece a nós, em alimento.
padre Tarciso
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