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quinta-feira, 24 de maio de 2012

PENTECOSTES


Comentários-Prof.Fernando

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FESTA DE PENTECOSTES
Introdução
A Igreja nasce no fogo do Espírito Santo
Comemoramos hoje o nascimento da Igreja Católica. Festejamos o dia em que os apóstolos, após tomarem um banho no fogo do Espírito Santo, ficaram cheios de sabedoria e coragem e fizeram um discurso no qual cada pessoa ali presente  o compreendia em seu próprio idioma. Isso aconteceu pela força do Espírito Santo.
Depois daquele dia, os apóstolos não pararam. Eles foram por todo canto anunciando as maravilhas de Deus, iniciando assim a Igreja fundada por Jesus Cristo.  
O fogo que queima, mata, destrói e transforma  em cinzas, é o mesmo  fogo que, esteriliza e cozinha os alimentos, protegendo e preservando a nossa vida. O fogo que ilumina os caminhos, é como o fogo do Espírito Santo que ilumina  mais não destrói, pelo contrário, Ele vem construindo a Igreja missionária desde o dia de Pentecostes, pois assim como clareou as mentes dos apóstolos, também ilumina a nós para que tenhamos a palavra certa na hora certa para as pessoas certas.  É o fogo do Espírito que transformou os apóstolos, também nos encoraja e nos transforma em instrumentos de Deus, para irmos além das nossas limitações, da nossa capacidade, e fazer prodígios anunciando ao mundo o que aprendemos do Pai, pelo Filho nosso redentor.
O fogo do Espírito Santo não queima nem mata mais esteriliza. É o fogo que nos purifica para que nos tornemos menos indignos de anunciar a  verdade de Jesus Cristo, a fim de que todos sigam o seu caminho, e que tenham vida em abundância e um dia alcance a glória eterna.
Caríssimos. Neste domingo estamos a cinqüenta dias após da Páscoa.  Para os judeus, a festa de Pentecostes, era uma comemoração da colheita, na qual eles agradeciam alegremente a Deus pela fartura. Depois a Festa de Pentecostes passou a ser a comemoração da Lei de Moisés.  Durante esta festa vinha a Jerusalém muitas pessoas de vários lugares para agradecer a Aliança de Deus com a humanidade.
Nós também hoje devemos agradecer a Deus por nos ter enviado o Espírito Santo, que  através de línguas de fogo, queimou todos os pecados dos apóstolos e os iluminou para que explicassem a todos, as palavras do Mestre, assim como o Mistério da salvação.
Oremos.
Vinde Espírito Santo e nos transforme: purificando, iluminando, encorajando a todos nós que fomos escolhidos para anunciar Jesus.
Purifica-nos dos nossos pecados; Ilumina as nossas mentes para que a exemplo de Jesus, tenhamos sempre o argumento adequado para convencer os nossos irmãos de que Deus existe e sem Ele ninguém é feliz; Encoraja-nos, pois muitos no mundo de hoje não querem saber da verdade, e fogem da Luz.
Espírito de luz e de poder infinito, Espírito que ensina a Igreja lhe recordando tudo que Jesus disse, prepare-nos também para imitar os apóstolos os quais iniciaram a Igreja humana, com determinação, e destemidos, enfrentaram humilhações, perseguições, tudo, até a própria morte, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo.  Amém.
José Salviano.
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PREADO LEITOR. REZEMOS PELA UNIDADE DOS CRISTÃOS.
·                     Sobre a Semana de orações pela unidade, ver, entre outros, na internet: http://www.cnbb.org.br/site/imprensa/noticias/8945-semana-de-oracao-pela-unidade-dos-cristaos-2012 (notícias da Cnbb); http://semanadeoracaopelaunidade.blogspot.com.br/ (site oficial)
http://www.oikoumene.org/fileadmin/files/wcc-main/documents/p2/2011/WOPCU2012port.pdf  (subsídios preparados pelo Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e pela Comissão Fé e Constituição do Conselho Mundial de Igrejas).
·                     Nos sites de diversas tradições cristãs – mesmo daquelas que não são membros do CONIC (o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs no Brasil cuja Carta de convocação vem assinada pelos representantes da Cnbb (católicos), da IEAB (anglicanos), da IECLB (luteranos), da IPU (presbiterianos) e da ISOA (síria-ortodoxa). A programação é promovida por comunidades e instituições em várias cidades.
(Enviado pelo Prof. Fernando)
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"RENASCIDOS NO ESPÍRITO"

Diac. José da Cruz

Quando se capricha na reforma de uma casa antiga, mudando totalmente sua fachada, costuma se dizer que ela ficou como nova, a esse respeito, lembro-me também do tempo em que a compra de um sapato novo era onerosa e a gente optava por levar o velho ao sapateiro, que colocava meia sola, passava uma tinta, dava um brilho e quando ia buscar, era como se fosse um sapato novo, e um último exemplo, um dos carros que tive foi uma Brasília, que em certa ocasião , mandei fazer uma reforma caprichada e ao sair com ela da oficina, dizia orgulhoso que ficou “novinha” em folha. Nesses três casos, a palavra NOVA é apenas força de expressão, pois a casa, o sapato e a Brasília, continuaram velhos, apenas com aparência de novos. O que o Espírito de Deus realiza em nós, não é uma reforma de fachada, não somos uma casa velha reformada, mas nele somos recriados, renascidos e renovados, passando a ser realmente novas criaturas., porque estamos em Cristo (1 Cor 5, 17-21).
Quando o homem toma conhecimento dessa verdade, fica confuso como Nicodemos, que perguntou a Jesus como é que podia um homem, sendo já velho, nascer de novo, e se era necessário entrar novamente no útero materno. Nas leituras da missa da vigília, e do domingo de Pentecostes descobrimos que esse renascimento e essa renovação não dependem do homem, mas é iniciativa de Deus. Quando celebramos Pentecostes estamos na verdade celebrando o renascimento de todo gênero humano, a renovação de toda humanidade, onde o homem, consciente e crente desta renovação, se une a seu Deus e aos irmãos em comunhão perfeita, na Igreja, que é o Povo da Nova Aliança, a Assembléia ou a reunião dos que crêem e vivem segundo o Espírito, vivenciando um amor que se traduz em serviço, impelido pelos carismas.
Igreja não é um grupo fechado e particular que têm exclusividade sobre o Espírito Santo, monopolizando seus dons e carismas, o Espírito é derramado sobre todos e não canalizado para alguns em particular como pensam algumas correntes religiosas. Todos os textos que ilustram essa Festa de Pentecostes, da missa da Vigília e da própria Festa, não deixam margem para dúvidas a esse respeito. “Derramarei o meu Espírito sobre todo ser humano” – (Joel 3, 1) “todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o espírito os inspirava. Moravam em Jerusalém, judeus devotos de todas as nações do mundo, quando ouviram o barulho, juntaram-se á multidão e cada um os ouvia falarem em sua própria língua” (Atos 2, 4-5) Através do seu Espírito que é único, Deus se comunica com todos os homens no pluralismo de valores, de culturas e religiões, em uma única linguagem!
No espírito descobrimos que somos todos iguais embora queiramos parecer diferentes. Se atendêssemos aos apelos do Espírito, derrubaríamos por terra todas as barreiras que nos separam e homens de todas as nações, culturas e religiões, iriam dar-se às mãos e em uma única voz cantariam um único louvor, ao único e verdadeiro Deus, reunidos em uma única Igreja que já não seria mais este ou aquele templo, esta ou aquela denominação religiosa, mas sim as entranhas do homem. Eis aí algo esplendido que Pentecostes nos revela: nascemos de novo e nos renovamos porque Deus em seu Espírito Santo, entra em nós. “Nossos ossos estavam secos, nossa esperança havia acabado, texto que em Ezequiel 17, mostra não só a situação de um povo, que tinha perdido a sua identidade de povo de Deus, mas da própria humanidade, que sem Deus não consegue sonhar, ou esperar nada de bom, mas só tem pesadelos, e neste mesmo texto vemos a maravilhosa profecia “Porei em vós o meu Espírito para que vivais... e os anciãos voltarão a sonhar, e os jovens profetizarão” isso significa que todos, jovens e velhos poderão esperar algo novo, uma nova e feliz realidade.
Essa possibilidade se concretizou ao anoitecer daquele dia, quando Jesus soprou sobre a comunidade dos discípulos, concedendo-lhes o dom da paz e o seu próprio Espírito. Precisamente ali surgiu a nova humanidade, em uma Igreja que na força do Espírito Santo perdeu o medo, abriu suas portas que estavam fechadas e saiu em missão para anunciar a todos os homens essa verdade, que o Espírito do Senhor nos renovou, que em todos os homens, a graça é maior e mais abundante que o pecado. E quando todo homem olhar para dentro de si e tomar consciência dessa verdade, de que é uma Igreja ambulante porque o Senhor habita nele em Espírito, então passará a produzir os frutos doces e saborosos da caridade, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, lealdade e mansidão. Você já fez essa experiência? (Domingo de Pentecostes)
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27 de maio DOMINGO
PENECOSTES

Padre Antonio Queiroz


Como o Pai me enviou, também eu vos envio: Recebei o Espírito Santo!
Hoje celebramos com alegria a solenidade de Pentecostes, que é a vinda do Espírito Santo. O fato está narrado na primeira Leitura e no Evangelho. O Evangelho narra que Jesus nos mandou o Espírito Santo a fim de continuarmos a sua missão na terra: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio. E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo!”
O Evangelho destaca também que o Espírito Santo veio sobre os Apóstolos para lhes dar o dom de perdoar os pecados: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes será perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.
Jesus é o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29); e a Igreja é a continuadora de Jesus, levando esse perdão a todos os homens e mulheres do mundo.
Neste pequeno trecho do Evangelho, Jesus fala duas vezes: “A paz esteja convosco”. Dá impressão que essa foi a finalidade de tudo: dar-nos a paz, uma paz completa e permanente. O pecado gera sentimento de culpa, o que nos tira a paz. Sem paz, a pessoa não tem alegria, nem felicidade, nem força para agir e fazer o bem. Como que é importante o sacramento da confissão!
Também o perdão que nós damos uns aos outros faz bem. Ele traz a paz tanto para quem é perdoado como para quem perdoa. Há pessoas que só vêem as limitações do próximo. Isso é uma “miopia”, porque as pessoas têm muito mais qualidades do que defeitos. Destacar as qualidades de uma pessoa é um incentivo para que ela vença as suas falhas e melhore de vida.
A paz é melhor que as riquezas, que as honras e melhor até que a saúde. Mas a paz não nos vem isolada; ela é fruto da justiça e do perdão. Quem é justo e perdoa torna-se uma fonte de paz no mundo.
“Estando fechadas, por medo dos judeus, as portas...” Com esse medo todo, dá impressão que, se o Espírito Santo não tivesse vindo, a Igreja teria acabado ali mesmo.
O Espírito Santo tira o medo exagerado, e acrescenta à nossa coragem a confiança de que Deus fará também a parte dele e nos defenderá. “Se pegarem em serpentes e beberem veneno mortal, não lhes fará mal algum” (Mc 16,18).
Na primeira Leitura, o Espírito Santo vem como Luz e Força para os discípulos. Luz para nos mostrar o caminho, e força para seguimos esse caminho.
Outro dado interessante é que o Espírito Santo não veio sobre indivíduos, mas sobre a Comunidade cristã reunida. Ele não deseja destacar pessoas, mas sim a Comunidade, que é o Corpo Místico de Cristo e o principal instrumento de construção do Reino de Deus no mundo.
A Igreja (Comunidade) é a grande agente transformadora do mundo; nós somos membros, ou peças dessa máquina.
Eu vou contar um fato acontecido no Estado do Acre, em 1981. João Eduardo era um senhor, pai de família e líder da Comunidade rural onde ele morava.
O governo desapropriou uma grande área de terra e encarregou o João Eduardo de fazer a distribuição para as famílias de agricultores sem terra.
Durante esse trabalho, João descobriu que havia um atravessador vendendo lotes do assentamento. João o procurou, pediu que ele parasse com aquele ato ilegal, e ameaçou denunciá-lo. O atravessador o ameaçou de morte, caso o denunciasse. Mesmo assim, João Eduardo o denunciou. E não deu outra: ele foi assassinado dia 18/01/1981.
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João 20,19-23
A nossa carne é fraca e se ressente, porém o nosso coração está firme porque Jesus é quem nos assegura: “A paz esteja convosco." – Maria Regina
                              Depois de ressuscitado Jesus apareceu aos Seus discípulos e trouxe-lhes a Sua paz e o Seu Espírito. No nosso Batismo, portanto, nós também recebemos o Espírito Santo, portanto, não podemos separar a paz de Jesus do Seu Espírito. Quem tem o Espírito Santo, tem paz porque sente o amor do Pai e do Filho.
                            Todos nós que temos convicção do amor de Deus, sentimos a paz no nosso coração, pois provamos da misericórdia do Pai e temos a certeza de que os nossos pecados são perdoados. Nunca precisaremos trazer a nossa alma atribulada pelos acontecimentos do mundo, se recebemos o Espírito de Jesus no nosso Batismo e com Ele também a sua paz.
                        A nossa carne é fraca e se ressente, porém o nosso coração está firme porque Jesus é quem nos assegura: “A paz esteja convosco”, “Recebei o Espírito Santo”. Somos enviados a levar ao mundo esta paz e o amor de Cristo que experimentamos com o poder do Seu Espírito. O Espírito Santo é quem nos envia, nos acompanha e nos motiva a irmos em frente, na nossa caminhada e é quem nos sustenta nas batalhas que travamos no nosso dia a dia.
                          É também Ele quem nos tira da acomodação e nos faz enxergar as coisas do céu, que fogem da nossa visão humana. Reflita – Você tem tido experiência com o Espírito Santo? – Você sente o seu coração em paz mesmo que o mundo ao seu redor esteja desabando? A que o Espírito tem lhe motivado? – O que você entende por “renovar a face da terra”?
amém
João 20,19-23
A nossa carne é fraca e se ressente, porém o nosso coração está firme porque Jesus é quem nos assegura: “A paz esteja convosco." – Maria Regina
                              Depois de ressuscitado Jesus apareceu aos Seus discípulos e trouxe-lhes a Sua paz e o Seu Espírito. No nosso Batismo, portanto, nós também recebemos o Espírito Santo, portanto, não podemos separar a paz de Jesus do Seu Espírito. Quem tem o Espírito Santo, tem paz porque sente o amor do Pai e do Filho.
                            Todos nós que temos convicção do amor de Deus, sentimos a paz no nosso coração, pois provamos da misericórdia do Pai e temos a certeza de que os nossos pecados são perdoados. Nunca precisaremos trazer a nossa alma atribulada pelos acontecimentos do mundo, se recebemos o Espírito de Jesus no nosso Batismo e com Ele também a sua paz.
                        A nossa carne é fraca e se ressente, porém o nosso coração está firme porque Jesus é quem nos assegura: “A paz esteja convosco”, “Recebei o Espírito Santo”. Somos enviados a levar ao mundo esta paz e o amor de Cristo que experimentamos com o poder do Seu Espírito. O Espírito Santo é quem nos envia, nos acompanha e nos motiva a irmos em frente, na nossa caminhada e é quem nos sustenta nas batalhas que travamos no nosso dia a dia.
                          É também Ele quem nos tira da acomodação e nos faz enxergar as coisas do céu, que fogem da nossa visão humana. Reflita – Você tem tido experiência com o Espírito Santo? – Você sente o seu coração em paz mesmo que o mundo ao seu redor esteja desabando? A que o Espírito tem lhe motivado? – O que você entende por “renovar a face da terra”?
amém
abraço carinhoso

Maria Regina
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Evangelhos Dominicais Comentados

27/maio/2012  -  Pentecostes

Evangelho: (Jo 20, 19-23)



Hoje festejamos Pentecostes, completam-se cinqüenta dias da ressurreição de Jesus. Quase dois meses depois que Jesus se foi, nós encontramos seus discípulos trancados no cenáculo, por medo dos judeus. 

Apesar do evangelista João não mencionar neste evangelho, nós sabemos que, conforme Atos dos Apóstolos (2,1-11), no cenáculo também estavam algumas mulheres, inclusive Maria a Mãe de Jesus. Outro fato que deve ser ressaltado, é que eles se encontravam em oração.

João faz questão de dizer que o medo estava presente entre eles. Não sabiam o que poderia lhes acontecer se fossem descobertos pelos judeus. A única certeza que tinham é a de que eles não iriam, de forma nenhuma, assumir publicamente que eram cristãos.

Em meio a esse clima tenso, Jesus chega como quem não quer nada, entra sem fazer alarde, coloca-se no meio deles e diz: "A paz esteja com vocês"! Pronto... mudou a temperatura do ambiente, esfriaram-se as cabeças e aqueceram-se os corações, a alegria é geral. Os discípulos ficaram alegres ao verem o Senhor.

Jesus trouxe consigo o Espírito Santo e o entregou aos apóstolos. O medo e a insegurança foram jogados pela janela. O temor que paralisava suas pernas, simplesmente desapareceu.

Essa é a verdadeira paz. Paz é liberdade, é coragem, é a busca permanente da vida plena. Paz é doação, é a luta por justiça e dignidade. Paz, um nome tão pequeno, mas que guarda dentro de si toda mensagem de Jesus. 

Paz é o resumo de tudo. Na palavra paz está contido todo evangelho, por isso Jesus nos deseja a paz. Apesar de não serem sinônimos, é impossível separar a paz do amor. A paz é fruto da justiça. E, o amor é incompleto sem a paz.

Jesus entra, deseja-lhes a paz e faz algumas recomendações. Manda que continuem a sua missão. A mesma missão que o levou à morte. Mas, como enfrentar aquela multidão que eliminou o Mestre? – se perguntavam.

O medo era enorme, mas ao receberem o Espírito Santo, transformam-se totalmente. Abrem as portas, escancaram as janelas, nada temem, nada os assusta. Publicamente falam com destemor e sabedoria.

Assim é a obra do Espírito Santo. Ela faz maravilhas nos seguidores de Jesus. Opera transformações radicais naqueles que se entregam aos seus cuidados. Age em nossa vida e em nosso dia-a-dia. O Espírito Santo se faz presente através dos seus sete dons.

A festa de Pentecostes nos leva a concluir que o Espírito Santo dá vida e dinamismo à comunidade cristã. Sob a ação do Espírito todos falam a mesma língua, os irmãos se entendem e se unem em torno do mesmo Pai. A covardia é substituída pela coragem na pregação do evangelho, a tristeza dá lugar à alegria, e as atividades são alicerçadas no amor e na paz de Jesus.

Coragem, evangelizador, coragem, evangelizadora! Uma coragem, sem limites! É isso que Jesus espera de cada um de seus discípulos. Você é convidado, eu também. Todos nós somos convocados a levar aos povos a Boa Nova de justiça e de paz.

(1692)

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“RECEBEI O ESPÍRITO SANTO”... – Olívia Coutinho

DOMINGO DE PENTECOSTES!
Dia 27 de Maio de 2012
Evangelho Jo 20,19-23
                  Hoje, somos tomados por uma alegria contagiante, alegria de celebrar a Solenidade de Pentecostes!
No início da Igreja, Pentecostes era celebrado junto com a Páscoa, por esta razão,  a liturgia deste domingo, nos apresenta o mesmo evangelho do segundo domingo da Páscoa.
Esta grande festa é o coroamento do tempo Pascal, quando se cumpre a promessa de Jesus: o envio do Espírito Santo. Espírito Santo, que já se faz presente no meio de nós, mas que é importante percebermos a sua ação no mundo. 
A definição marcante da festa de hoje, podemos dizer que é a "Germinação da Igreja", pois a  caminhada missionária  da Igreja, começa  em Pentecostes, quando o Espírito Santo entra em   suas  entranhas e a torna  viva e atuante. É a partir daí, que a igreja começa a falar, falar a linguagem do amor, que é universal, e que, mesmo sendo desdobrada em vários idiomas, é a única linguagem capaz de ser compreendida pelos povos de todas as nações.
A grande riqueza da Igreja é a sua abertura a todos os povos e culturas.
Sua missão consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição.
A igreja é unidade, é a guardiã do amor, do amor do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Nesta festa missionária, devemos alargar o nosso olhar para o mundo inteiro, onde a  igreja se faz presente na pessoa de muitos missionários, homens e mulheres,  que apesar das inúmeras dificuldades, se prontificam a gastar a vida  na difusão da verdade do  evangelho.
Unamos a estes missionários, no desejo de difundir o evangelho. Sabemos que a missão é árdua, mas Jesus tranquiliza os nossos corações,  para que possamos a cada passo desta  missão, anunciar e  testemunhar o Evangelho, ponto decisivo para a história da salvação.
A liturgia de hoje, nos apresenta a comunidade de Homens Novos, que nasce da cruz e da ressurreição e são libertados pela força santificadora e libertadora do Espírito Santo. Tudo começa com o primeiro encontro de Jesus com os  discípulos, logo após a sua ressurreição.   Foi neste  encontro, que Jesus comunicou a eles o seu Espírito, no gesto de soprar sobre eles.
Ao soprar o Espírito Santo sobre os discípulos, Jesus nos recorda o sopro de Deus na criação, o sopro que deu  vida a criatura humana, gesto que Jesus repete como início de uma nova criação.
Cheios do Espírito Santo, os discípulos se libertam do medo que os aprisionavam e a partir deste momento, as palavras de Jesus, se tornam claras para eles.
 “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, eles lhe serão perdoados;  a quem os não perdoardes, eles lhe serão retidos”.   Com o sopro do Espírito Santo, Jesus concede a igreja, o poder de perdoar pecados,  É Deus quem tem o poder de perdoar  pecados, mas Jesus concede este poder e o transmite a sua Igreja. Trata-se do sacramento da reconciliação.  “Reter os pecados”, não é uma condenação, mas  um insistente apelo a conversão.
É importante Entendermos, que  não é a Igreja que não perdoa, ao contrário, ela trabalha o arrependimento favorecendo condições para isso, ser perdoado ou não, vai depender da  pessoa abrir ou não, o seu coração ao Espírito Santo.
No sopro do Espírito Santo, sobre os discípulos, é expressa a criação renovada! É O Espírito Santo que recria a comunidade dos apóstolos e descerra suas portas para a missão!
Os discípulos só conseguiram tomar atitudes corajosas para anunciar Jesus, depois que receberam o Espírito Santo. Era tão grande a sua coragem, tão segura a sua decisão, que estavam dispostos a tudo, até mesmo a dar a vida pelo evangelho.
Todos nós recebemos o Espírito Santo no Sacramento do Batismo e na sua Confirmação. Com certeza, esta  presença  permanente do Espírito Santo em nós, deve nos levar a viver com mais alegria e  vontade de comunicar a todos, as coisas bonitas que Jesus realizou. E hoje Jesus nos pede para sermos continuadores da comunicação de sua bondade, do seu amor e da sua verdade.

FIQUE NA PAZ DE JESUS! – Olívia 
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A festa de Pentecostes”- Claudinei M. Oliveira.

Domingo, 27 de Maio de 2012.
Evangelho: Jo 20, 19-23
           
            Nesta Celebração de Pentecostes, Jesus retorna na tarde de Domingo  na comunidade reunida de seus discípulos que encontravam em oração e os cumprimentou  com a “A paz esteja convosco”. Saudação invocando o Santo Espírito para fazer presente na caminhada de levar o grande projeto do Reino do Pai. É o encontro da força provedora da Criação com seus agregados fiéis com intuito de abastecê-los na continuidade de salvar os perdidos e/ou não convertidos para a Glória de Deus.
             Jesus Cristo que  ressuscitou da morte para a vida plena, deseja que sua comunidade não sofra e não enfraqueça diante de tanto pressão para desconsiderar os ensinamentos da verdade que liberta. Assim, Jesus é o libertador que desvelar o caminho reto e seguro para guiar os passos daqueles que almejam um dia estar perto da Vossa Graça.
            Dei a minha vida pela causa do Reino de Meu Pai, fiz com afinco e determinação a minha missão e agora deixo em vossas mãos para prosseguir anunciando o que tem de melhor para nosso povo. Ajudai-o e não o deixai perder-se pelo caminhar errado ou sugerido pelos interesseiros de que a vida terrena é plena na escravidão e no desamor. Isso não pode acontecer com o povo que lutei para reconhecer o Deus de nossos antepassados.
            São palavras criadas por nós que Jesus poderia ter expressado  aos discípulos. Com medo das autoridades locais reuniram num lugar fechado para não chamar a atenção. Desse modo, sem a presença de Jesus Ressuscitado e sem a força do Espírito Santo a comunidade dos Apóstolos se fecha atrás de paredes, impossibilitando a vitória da vida sobre a morte. Jesus, então,  apresenta-se para motivá-los   a não terem medo. Deveriam enfrentar prontamente os opositores para rechaçar a morte gloriosa do filho de Deus. Sim, Jesus morreu na  Cruz, mas ressuscitou como havia prometido o Pai. Logo não precisam ter medo de falar de Deus.
            Na verdade a saudação da paz esteja convosco é o anuncio de que estou contigo e darei toda a força para vencer o mal. O combate deve prosseguir para livrar os homens que ainda vivem no pecado. Mas qual é o pecado do homem que precisa ser removido? Lógico, o  pecado da omissão do chamado de Deus para o trabalho na messe, o pecado de não aceitar Jesus como o Messias que é o verdadeiro filho do Altíssimo, o pecado do egoísmo, do comodismo, da vingança, do desprezo das coisas de Deus, do ódio que destrói a essência do homem, das virtudes maléficas arrasadoras, ou seja, o pecado de não anunciar a Palavra e nem levar o projeto de libertação para os confins da terra.
            Os discípulos em comunidade devem alegrar-se por receber a força do Cristo Ressuscitado como ficou expresso na presença e nas palavras: “assim como o Pai me enviou eu também envio vocês”.  O Pai enviou Jesus   para o meio dos pobres, agora Jesus envia sua comunidade para profetizar entre os pobres. Isto é, levar a alegria para todos os povos e motivá-los para crer, mesmo distante da presença física de Jesus. É a crença da FÈ. Contudo, se permanecer fechado ou isolado  em comunidade, estará cometendo o pecado em si, pois tem a força movedora do Santo Espírito  contigo e não agiu corretamente.  O sopro de Jesus desperta a comunidade para o serviço: recebam o Espírito Santo. Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados. Os pecados daqueles que vocês não perdoarem, não serão perdoados. O convite foi para a comunidade abrir-se  e acolher os enfraquecidos na fé para aumentar a crença na vida nova.
            A comunidade renovou seu poder. Agora o Ressuscitado animou a busca de nova vida onde todos devem participar. Encouraçados da fé, do Espírito e do Mestre nada poderão deter o avanço da unidade em comunhão.
            Olhamos para nossa comunidade. Estamos prontos para agir a fim de levar nova vida? Ou melhor, estamos unidos em prol deste Deus que liberta e quer o bem de todos? Para aqueles que comungam a vida em comunidade em torno da Mesa da Palavra e da Eucaristia, notam o quanto ainda estamos distantes do projeto de Deus. São tantas desavenças e maus tratos para com o povo de Deus que parece que o Deus verdadeiro ainda não brotou nos corações dos homens  contemporâneos. Ainda são muitas as comunidades que lutam para haver harmonia entre seus membros. Disputam entre si espaços para aparecer. Matam com palavras irmãos em nome de “Deus”. Aniquilam aqueles que estão em sua volta para sobrepor ideias interesseiras. Vejam irmãos, não buscamos está visão  e ainda não entendemos o Cristo Ressuscitado.
            Na verdade somos os “tomes” da vida. Na segunda aparição aos discípulos reunidos lá estava Tomé. E qual foi a dúvida? 'Se eu não enxergar a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não creditarei'. Quão grande era o remorso de ter perdido o amigo e  mestre. Jesus que caminhava com seus discípulos  ensinado, colocando serviço e afirmando ser filho de Deus e de repente  foi morto para salvar os pecados do homem! Não daria para acreditar. Ou seja: Jesus nos abandonou e agora aparece i e diz ser o Cristo Ressuscitado! Mas Jesus não perdeu tempo e logo disse a Tomé: 'Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel'. Jesus repreendeu seu discípulo. Homem de pouca fé. Bastai sair perto de ti e logo duvidas de mim! Acontece que Tomé faz a maior profissão de fé: 'Meu Senhor e meu Deus!' És tu mesmo presente no meio de nós. E Jesus lhe disse: 'Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!'  Precisou sim de Jesus chamar a atenção de Tomé para crer na sua pessoa. Hoje não temos o Cristo em carne e osso para cobrar de nós nossa expressão de fé. Mas temos a história revelada do Pai e a Sagrada Escritura para embasarmos e crermos que Jesus morreu por nós, voltou até nós, cumprimentou com a paz esteja convosco  e animou-nos na construção de um Projeto de Vida Nova. Somos os bem-aventurados.
            Buscar este Deus que continua presente no meio de nós através de seu filho muito bem amado é ter a expressão da fé acima de tudo, é ser bem-aventurado por pertencer a uma comunidade que recebeu o Espírito Santo. Agora está completo. Cheio do Espírito de Deus e unidos para celebrar o sopro do Divino Espírito Santo, nesta festa linda de Pentecostes. Não temos como duvidar da presença constante do libertador. Logo as bem-aventuranças do ressuscitado está  ao alcance de todos. Diante de nossos olhos da fé. Cremos neste milagre divino e façamos presente este Deus em nossas vidas.
            Portanto, irmãos na fé deste Deus amável, aproveitamos este domingo de Pentecostes  para  reunirmos em comunidade e repartirmos as alegrias e os mistérios de Deus. Voltemos para a paz de Cristo  que está em nosso meio e comungamos a fé  entre os irmão. Amém.

            Sentido de Pentecostes para ajudar na reflexão pessoal.
Pentecostes é uma festa adotada pelo Cristianismo ao Judaísmo. Em primeiro lugar, a palavra festa (hag, no hebraico) significa fazer um círculo. Isso revela o sentido primitivo de festa, isto é, uma reunião comunitária (Êx 5.1). Nela, o povo celebrante reunia, especialmente, para estudar os textos sagrados que, mais tarde, viriam a ser a Bíblia. Em segundo lugar, o nome Pentecostes vem da língua Grega e significa cinquenta dias depois, a saber, da festa da Páscoa. Originalmente, esta festa possuía três nomes hebraicos: festa das Semanas, festa das Colheitas ou Dia das Primícias. Estes três nomes revelam um pouco do conteúdo da festa: era agrícola e situada no período das colheitas. A troca de nome para Pentecostes deu-se a partir do período grego (333-63 anos antes de Cristo), quando a Grécia dominou culturalmente o mundo. O mais primitivo motivo desta festa foi gratidão a Deus pelo dom da terra. Posteriormente, o povo bíblico incorporou o motivo de gratidão pela doação da Torá (450 anos antes de Cristo). A Torá é a instrução divina por excelência, contida no Pentateuco (cinco primeiros livros da Bíblia). Provavelmente, a festa de Pentecostes, descrita em Atos dos Apóstolos 2, celebrava a doação da Torá. Os salmos 19 e 119 mostram que a manifestação do Espírito Santo está diretamente relacionada ao estudo da Torá. (Tércio Machado Siqueira, professor de Antigo Testamento da FaTeo)

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PENTECOSTES

“Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava”. Que Espírito é este, que encheu hoje os apóstolos e a inteira Igreja de Cristo?
Ele é o Espírito do Ressuscitado, soprado pelo Cristo Senhor: “Jesus disse: ‘Como o Pai me enviou (no Espírito Santo), eu também vos envio (neste mesmo Espírito)!"Depois soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo!”
Nele, tudo fora criado desde o princípio: “O Espírito do Senhor encheu o universo; ele mantém unidas todas as coisas e conhece todas as línguas” (Sb. 1,7). Somente no Santo Espírito podemos compreender que toda a criação e toda a história são penetradas pela vida de Deus que nos vem pelo Cristo; somente no Santo Espírito podemos perceber a unidade e bondade radicais da criação que nos cerca, mesmo com tantas trevas e contradições. É o Santo Espírito, doce Consolador, que nos livra do desespero e da falta de sentido!
Nele tudo se mantém, tudo tem consistência, tudo é precioso: “Encheu-se a terra com as vossas criaturas: se tirais o seu respiro, elas perecem e voltam para o pó de onde vieram. Enviais o vosso Espírito e renascem e da terra toda a face renovais”. É por sua ação constante que tudo existe e persiste no ser. Sem ele, tudo voltaria ao nada e nada teria consistência real. Nele, tudo tem valor, até a mais simples das criaturas...
Sem ele, nada, absolutamente, podemos nós: “Sem a luz que acode, nada o homem pode, nenhum bem há nele!” Por isso Jesus disse: “Sem mim, nada podeis fazer (Jo 15,5)”, porque sem o seu Espírito Santo que nos sustenta e age no mais íntimo de nós, tudo quanto fizéssemos não teria valor para o Reino dos Céus. Jesus é a videira, nós, os ramos, o Espírito é a seiva que, vinda do tronco, nos faz frutificar...
Ele é a nova Lei – não aquela inscrita sobre tábuas de pedra, mas inscrita no nosso coração (cf. Ez. 11,19; Jr. 31,31-34), pois “o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito que nos foi dado” (Rm. 5,5). A lei de Moisés, em tábuas de pedra, fora dada no Sinai em meio a relâmpagos, trovões, fogo, vento e terremotos (cf. Ex 19); agora, a Nova Lei, o Santo Espírito nos vem em línguas de fogo e vento barulhento e impetuoso, para marcar o início da Nova Aliança, do Amor derramado no íntimo de nós!
Ele tudo perdoa e renova e, Cristo, pois é Espírito para a remissão dos pecados: “A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados!” É, pois, no Espírito que a Santa Igreja anuncia a paz do Evangelho do perdão de Deus para a humanidade em Cristo Jesus!
Ele nos une no Corpo de Cristo, que é a Igreja, pois “fomos batizados num único Espírito para formarmos um só corpo...” – Neste Corpo, ele nos enche de dons, carismas e ministérios, pois “a cada um é dada a manifestação do Espírito para o bem comum”. É no Espírito que a Igreja é uma na diversidade de tantos dons e carismas; uma nas diferenças de seus membros...
Ele faz a Igreja falar todas as línguas, fá abrir-se ao mundo, procurar o mundo com “santa inquietude”, não para render-se ao mundo ou imitá-lo ou perder-se nele, mas para “anunciar as maravilhas de Deus” em Cristo Jesus, chamando o mundo à conversão e à vida nova em Cristo!
Enfim, Ele torna Jesus sempre presente no nosso coração e no coração da Igreja e no testemunha incessantemente, sempre e em tudo que Jesus é o Senhor, pois “ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo!” – para a glória de Deus Pai.
dom Henrique Soares da Costa
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A força do Espírito rompe barreiras e renova o mundo!
Na era da internet, uma notícia chega aos quatro cantos do mundo em frações de segundos. Por meio do computador, vemos o mundo e nos comunicamos com ele, mobilizamo-nos para coisas boas e ruins. Tudo se parece com um espírito que corre veloz nas ondas invisíveis e nas fibras ópticas de um mundo globalizado, que, apesar dos avanços tecnológicos, ainda persiste em mostrar o incômodo da miséria, do racismo, da exploração sexual e das injustiças sociais reinantes em grande parte do nosso planeta. A globalização ainda não acontece satisfatoriamente na promoção da solidariedade, da cultura da paz, do acesso aos bens necessários à vida, da justiça. 
É neste contexto de século XXI que continuamos celebrando Pentecostes como acontecimento profundamente aglutinador, pois nele todos os povos são reunidos por Deus para desfrutar da Páscoa de seu Filho, fonte de paz, salvação e vida plena para todos. Pentecostes é o oposto de Babel (Gn. 11,1-9), pois não envolve multiplicação de línguas, mas é a plenitude da comunicação entre o divino e o humano e o evento basilar do cristianismo primitivo, ao reler a manifestação de Deus no monte Sinai. É o que veremos nas leituras de hoje.
1ª leitura (At 2,1-11)
Pentecostes  é a releitura simbólica do Sinai
Haviam se passado os 50 dias entre as festas da Páscoa e Pentecostes. Era o quinquagésimo dia da festa das Semanas, daí o nome hebraico da festa: “Pentecostes”. Era o dia 6 do mês de sivan – 22 de maio no nosso calendário. Jerusalém estava repleta de peregrinos. Todos teriam trazido as primeiras colheitas para serem ofertadas no Templo. A peregrinação até Jerusalém teria sido linda. Imagine grupos de pessoas caminhando juntos com cestos de uva, trigo, azeitonas, tâmaras, mel... Imagine o povo sendo acolhido em Jerusalém ao som de harpa, flauta e recitação de salmos. Todos carregavam dentro de si o desejo de agradecer a Deus pelas primeiras colheitas e de comemorar o “dom da Torá”, da Lei dada ao povo no monte Sinai tantos séculos atrás. Nisso consistia a festa judaica de Pentecostes: comemorar o recebimento da Torá no monte Sinai e afirmar, com isso, que no dia de sua revelação “eu também estava lá” (Dt. 5,24). O ontem se torna hoje (Lc. 4).  
Em Jerusalém estavam todos. E todos presenciaram a vinda do Espírito Santo. Como podemos interpretar esse episódio narrado por Lucas nos Atos? Não estaria aí uma releitura do evento Sinai? Lucas descreve o acontecido em Pentecostes tendo na memória a narrativa do Sinai. Era preciso demonstrar que um novo Sinai estava acontecendo para legitimar a ação da comunidade de Jerusalém. Jesus teria dito para voltarem a Jerusalém e lá eles receberiam o Espírito Santo. Pentecostes passa a ser o batismo da comunidade cristã, o qual a confirma na missão de ir para o mundo e evangelizar. Mais que de um dado histórico, estamos diante de uma profissão de fé. Sem Pentecostes, a Páscoa (passagem) para uma nova vida em Jesus não estaria completa. É belíssima a simbologia usada por Lucas para falar de uma experiência tão importante, que marca o início da missão das comunidades cristãs. 
Em At 2,1-13, temos dois relatos unidos: um mais antigo (vv. 1-4 + 12-13) e um mais desenvolvido redacionalmente (vv. 5-11). O objetivo do primeiro é chamar a atenção para o fato carismático e apocalíptico de Pentecostes, e o do segundo, demonstrar o caráter profético e missionário do evento. Vamos considerar o texto como um todo e interpretá-lo simbolicamente, também como releitura do Sinai.
Eis os símbolos:
a) Casa em Jerusalém: a vinda do Espírito Santo ocorre, segundo a tradição, em uma casa de dois andares na cidade de Jerusalém, que está situada sobre o monte Sião. Esses dois detalhes evocam claramente o monte Sinai, local onde Moisés recebeu as Dez Palavras de Deus. No Primeiro Testamento, os montes eram considerados lugares privilegiados da manifestação de Deus.
b) Língua/linguagem: Lucas substitui o termo voz, que aparece na narrativa do Sinai, por língua. Esses termos são semelhantes e ambos se referem à Palavra. E cada um entende na sua própria língua. A Palavra é a presença de Deus. Língua (idioma) e linguagem (modo de se comunicar) têm o mesmo sentido no texto. O milagre de Pentecostes consiste no fato de os presentes poderem entender os apóstolos no interior de sua própria cultura. É o mesmo que dizer: a evangelização está sendo realizada com sucesso. Por isso, esse fenômeno, também encontrado em At 10,46 e 19,6, 1Cor 12,10.28.30 e 14,2.4-6.9, aparece nessa leitura com o acréscimo de “outras línguas”, com a intenção de demonstrar que a evangelização era para “todos no mundo todo”. Evangelizar não é falar em língua que ninguém entende, mas justamente o contrário. Não importa o idioma (língua-mãe), mas a linguagem comum, o modo como é transmitida a proposta do reino.
c) De fogo: representa a manifestação de Deus; é um modo apocalíptico de dizer que Deus se manifestou (Ex. 3,2-3; 13,21; 19,18). Deus acompanha o povo pelo deserto numa coluna de fogo que iluminava a noite (Ex. 13,20-22). Deus desce para falar com o povo e Moisés no Sinai por meio do fogo (Ex. 19,18). A comunidade de Mateus conservou a memória da fala de João Batista que anuncia o batismo no Espírito Santo e no fogo que Jesus deveria realizar (Mt 3,11). E é isso que ocorre em Pentecostes, segundo a interpretação da comunidade dos Atos dos Apóstolos. O Espírito Santo é o fogo da palavra de Jesus que deve ser anunciada pelos seus seguidores. 
d) Multidão: simboliza o povo no deserto que recebeu as tábuas da Lei. No dia de Pentecostes, 3 mil pessoas estavam em Jerusalém. Não se trata aqui de uma cifra exata. A comunidade dos Atos quis, com isso, afirmar que a comunidade dos convertidos era uma multidão, proveniente de 12 povos e 3 regiões.
e) Vendaval impetuoso: simboliza a manifestação de Deus. É a “violência” do Espírito que leva a comunidade a ser profética e missionária. Deus fala no Primeiro e Segundo Testamentos.
f) Estão cheios de vinho doce: essa acusação simboliza os que não estão abertos ao novo da comunidade cristã. Segundo os Rolos do Templo (cf. FITZMYER, J. The acts of the apostles, The Anchor Bible, vol. 31, p. 235), gruta 11, os judeus de Qumrã celebravam três Pentecostes: a) a festa das Semanas e do Novo Trigo (50 dias após a Páscoa); b) a festa do Novo Vinho (50 dias após a festa do Novo Trigo); c) a festa do Novo Óleo (50 dias após a festa do Novo Vinho). Essa sequência de festas nos mostra que, depois da Páscoa, de 50 em 50 dias, era celebrada uma festa. Sendo uma das festas a do Novo Vinho, podemos entender melhor esta zombaria no texto: “estão cheios de vinho doce”. Lucas pode ter conhecido múltiplos Pentecostes entre os contemporâneos judeus e fez alusão ao Pentecostes do Novo Vinho, quando fala, mais propriamente, do Pentecostes do Novo Trigo.
Evangelho (Jo 20,19-23)
Pentecostes é a nova Páscoa para os seguidores  de Jesus, na paz e no anúncio do Espírito Santo
A comunidade está reunida e com medo. O Ressuscitado ultrapassa as barreiras físicas e aparece diante dela. Ele lhes diz: “A paz esteja convosco”. “Paz” se diz em hebraico shalom, palavra originada do verbo shlm, que, no tempo verbal piel, significa pagar, devolver, ressarcir, indenizar, conservar. Da mesma raiz, o adjetivo shalem significa estar completo, inteiro. Pagar em hebraico tem o sentido de completar o valor justo. É forma simbólica de completar o vazio deixado pelo objeto tirado. Quem compra e não paga mutila o outro. Paz é eterna harmonia com Deus, com o outro e com o universo. Os judeus acreditam que o Messias só virá quando a justiça social estiver implantada em nosso meio. Jerusalém, a cidade (yeru) da paz (shalem), é protótipo desse sonho, dessa esperança. Jerusalém, em hebraico, escreve-se, na verdade, Ierushalaim. Duas vezes aparece o i (em hebraico yod), ainda que na segunda vez ele não seja pronunciado, pois representa o nome de Deus, Iahweh. Os outros povos, não compreendendo o significado do i no nome dessa cidade santa, traduziram-no como Jerusalém. O yod representa, para o semita, a esperança. E é nesse contexto que podemos entender a fala de Jesus: “Nem um i sequer será tirado da Lei” (Mt 5,18). A esperança de paz, de voltar ao tempo de Deus, jamais acabará para quem sabe esperar. Jesus pôde dizer Paz a vós, pois ele é a paz. A sua presença já é paz e esperança. Quando, na missa, saudamos o outro com a expressão “paz de Cristo”, desejamos que Cristo esteja dentro dele e ele seja qual outro ressuscitado. A expressão “paz de Cristo” reúne os elementos do ser completo, da harmonia e, mais que isso, da presença duradoura de Deus transmitida por Jesus aos seus.
Para as comunidades joaninas, Pentecostes, como dom do Espírito, realiza-se na Páscoa. Jesus, na sua morte de cruz, entrega o Espírito (Jo 19,30). Jesus ressuscitado aparece aos discípulos e lhes oferece o Espírito Santo, como nos atesta o evangelho de hoje (v. 22). A comunidade pascal é portadora da paz e da força do Espírito do Ressuscitado que deve ser levado ao mundo. Ela é sinal da ação do Espírito que faz passar da morte para a vida todo o universo. Por isso, Jesus envia a comunidade ao mundo, com a missão de reconciliá-lo com Deus, combatendo as forças do mal. A nova comunidade dos judeu-cristãos é portadora do projeto de Deus para a verdadeira unificação do mundo. Esse segredo chama-se: Páscoa do Ressuscitado. Sua força é a mesma de Pentecostes: reunir a diversidade na unidade. O desafio da comunidade é abrir as portas da “casa”: sair de si para reconhecer no universo o “vendaval” do Espírito que tudo renova, tudo recria e que sopra onde quer.
2ª leitura (1Cor 12,3b-7.12-13)
O Espírito, fonte de diversidade e de comunhão
Tendo aprofundado o caráter simbólico da solenidade de Pentecostes, deparamos com a segunda leitura de hoje, a qual é um desafio proposto à comunidade de Corinto, em meio às divisões que ela sofria. Paulo insiste na comunhão no mesmo Espírito, na diversidade de ministérios, atividades, raças, culturas e povos. Diversidade é sinal da riqueza do único corpo de Cristo e condição para a unidade. O Espírito distribui os dons e reúne tudo e todos em Cristo. Assim, todos devem ser responsáveis e contribuir para o crescimento da comunidade, o Corpo do Senhor. Essa unidade só é possível porque envolve três realidades:
1) a ressurreição de Jesus que reúne o corpo e a comunidade;
2) a força do Espírito que impulsiona esse corpo; e
3) a diversidade de dons necessários à vida do corpo. 
Na comunidade de Corinto e nas de hoje, reconhecer Jesus como Senhor, título do Ressuscitado, é abandonar toda e qualquer divisão entre os irmãos. É ser sinal do amor de Deus para o mundo, deixando a energia do Espírito nos conduzir ao diferente, ao novo, manifestando a todos a vida que Deus dá. É o que expressa o prefácio litúrgico de Pentecostes: “[...] é ele quem dá a todos os povos o conhecimento do verdadeiro Deus e une, numa só fé, a diversidade das raças e línguas”. A unidade dos cristãos é desafio constante para todos nós. É nesse espírito que somos convidados a viver a Páscoa do Senhor como fator de unidade entre todas as Igrejas e entre todo o gênero humano. Pentecostes, assumido pela tradição cristã como plenitude da Páscoa de Jesus, é a força capaz de nos fazer compreender e viver em profundidade o projeto universal de vida para todos. Faz-nos enxergar no diferente, e até no estranho, a força da vida divina. A vida nova em Cristo tem força “simbólica”, unificadora: supõe abandonar tudo o que divide, afasta e cria abismos na convivência humana e ecológica, para abraçar outra norma de vida: o amor que reúne, aproxima e refaz a convivência na humanidade. É o Espírito, força de vida e de unidade, o único capaz de nos conectar com todo o universo e com a fonte da vida.
Pistas para reflexão
– Demonstrar que o Espírito Santo é o coração palpitante que animou a vida das primeiras comunidades cristãs no anúncio do evangelho e na fé em Jesus ressuscitado. Somos herdeiros dessa fé intrépida que rompeu barreiras e ganhou o mundo. 
– Demonstrar que a grande mensagem de Pentecostes é a evangelização e não o falar línguas. A vivacidade de nossas comunidades é exemplo de um novo Pentecostes acontecendo. 
– O Espírito de Deus em Pentecostes enche todo o universo, e mantém unidas todas as coisas; gera novas relações na comunidade e no mundo; realiza a plenitude da aliança do Sinai: o amor sem fronteiras.
padre Jacir de Freitas Faria, ofm

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A igreja, o espírito e a unidade
Pentecostes é a plenificação do mistério pascal: a comunhão com o Ressuscitado é completada, levada à plenitude, pelo dom do Espírito, que continua em nós a obra do Cristo e sua presença gloriosa. A liturgia de hoje acentua a manifestação histórica do Espírito no milagre de Pentecostes (1ª leitura) e nos carismas da Igreja (2ª leitura), sinais da unidade e da paz que o Cristo veio trazer. Isso porque a pregação dos apóstolos, anunciando o Ressuscitado, supera a divisão de raças e línguas e porque a diversidade de dons na Igreja serve para a edificação do povo unido, o Corpo do qual Cristo é a cabeça. Ambos os temas, a diversidade das línguas e a unidade no Espírito, alimentam a reflexão de hoje.
No antigo Israel, Pentecostes era uma festa agrícola (primícias da safra, no hemisfério setentrional). Mais tarde, foi relacionada com o êxodo, evento salvífico central da memória de Israel, no sentido de comemorar a proclamação da Lei no monte Sinai. Tornou-se uma das três grandes festas em que os judeus subiam em romaria a Jerusalém (as outras são Páscoa e Tabernáculos). Foi nessa festa que se deu a “explosão” do Espírito Santo, a força que levou os apóstolos a tomar a palavra e a proclamar, diante da multidão reunida de todos os cantos do judaísmo, o anúncio (“querigma”) de Jesus Cristo. Seria errado pensar que o Espírito tivesse sido dado naquele momento pela primeira vez. Deus envia sempre seu Espírito, e o evangelho (de João) nos ensina que Jesus comunicou de modo especial o Espírito no próprio dia da Páscoa (cf. também o evangelho do segundo domingo pascal). O Espírito está sempre aí. Mas foi no dia de Pentecostes que essa realidade se manifestou ao mundo na forma do querigma cristão, aparecendo em forma de línguas e reparando a “confusão babilônica”.
1ª leitura (At. 2,1-11)
A primeira leitura narra o milagre das línguas no dia de Pentecostes, interpretado como acontecimento escatológico, a partir da profecia de Jl. 3 (cf. At. 2,16-21). Mas é, sobretudo, o cumprimento da palavra do Cristo (Lc. 24,49; At. 1,4; cf. Jo 14,16-17.26). O sopro do Espírito se faz perceber como um vendaval ao ouvido, como fogo aos olhos. Realiza a transformação do “pequeno rebanho” – os apóstolos reunidos no cenáculo em torno de Maria – em Igreja missionária. Todos ouvem o anúncio do Crucificado-Ressuscitado na língua que eles entendem. Assim acontece também hoje. A Igreja do Cristo se reconhece pelo espaço que ela dá ao Espírito e pela capacidade de proclamar sua mensagem.
2 leitura (1Cor. 12,3b-7.12-13)
A segunda leitura ensina a unidade do Espírito na diversidade dos dons. “Jesus é o Senhor”, assim soa a profissão de fé que une a Igreja (cf. Fl. 2,9-11). E essa profissão só consegue manter-se na força do Espírito (1Cor. 12,3; cf. Rm. 10,9). O mesmo Espírito que produz a unidade da profissão de fé dá também a multiformidade dos serviços na Igreja. Todos os que pertencem a Cristo são membros diversos do mesmo Corpo (cf. Rm. 12,3-8; Ef. 4,4-6). Se a primeira leitura mostra mais o que o Espírito causa para fora (a missão proclamadora), a segunda evoca mais a obra “intraeclesial” do Espírito (para dentro): do mesmo Espírito provém a multiformidade dos dons, comparada às múltiplas funções que movimentam um mesmo corpo. Paulo chama isso de “carismas”, dons da graça (de Deus); pois sabemos muito bem que tal unidade na diversidade não é algo que vem de nossa ambição pessoal (a qual, normalmente, só produz divisão). É o Espírito do amor de Deus que tudo une.
Sequência: Veni Sancte Spiritus
Esse hino expressa maravilhosamente o sentido profundo do dom do Espírito à comunidade dos fiéis como chama do amor de Deus em Cristo. Não se deixe de pôr os fiéis, mediante canto ou recitação, em contato com esse rico texto.
Evangelho (Jo 20,19-23)
Esse evangelho, que retoma em parte o do segundo domingo pascal, descreve o dom do Espírito feito pelo Cristo ressuscitado. Celebramos a Sexta-Feira Santa, Páscoa e Pentecostes em três dias diferentes, mas a realidade é uma só: a “exaltação” de Cristo na cruz e na glória, fonte do Espírito que ele nos dá. Se Lucas descreve a manifestação do Espírito no anúncio no quinquagésimo dia da ressurreição (I leitura), João descreve o dom do Espírito no próprio dia da ressurreição de Jesus. Essa, de fato, é a visão joanina da “exaltação” ou “enaltecimento” de Jesus: sua morte, ressurreição e dom do Espírito constituem uma realidade única, pois sua morte é a obra em que Deus é glorificado, e seu lado aberto é a fonte do Espírito para os fiéis (Jo 7,37-39; 19,31-37). Jesus aparece aos seus, identifica-se pelas marcas de sua paixão e morte e comunica-lhes a sua paz, que ele prometera (cf. 14,27). Então, concede-lhes o dom do Espírito, que os capacita para tirar o pecado do mundo, ou seja, para continuar a missão salvadora do próprio Jesus (cf. 1,29.35). O mundo ressuscita com Cristo, pelo Espírito dado à Igreja.
Laço de amor da nova criação
O Espírito do Senhor exaltado é o laço do amor divino que nos une, que transforma o mundo em nova criação sem mancha nem pecado, na qual todos entendem a voz de Deus. É essa a mensagem da liturgia de hoje. O mundo é renovado conforme a obra de Cristo, que nós, no seu Espírito, levamos adiante. Nesse sentido, é a festa da Igreja que nasceu do lado aberto do Salvador e manifestou sua missão no dia de Pentecostes. Igreja que nasce não de organizações e instituições, mas da força graciosa (“carisma”) que Deus infunde no coração e nos lábios. A festa de hoje nos ajuda, assim, a entender o que é “renovação carismática”: não uma avalanche de fenômenos de um movimento religioso, mas o espírito da unidade, do perdão e da mútua solidariedade que ganha força decisiva na Igreja. O Espírito Santo é a “alma” da Igreja, o calor de nossa fé e de nossa comunhão eclesial.
Pentecostes, festa do “Divino” Espírito Santo, é oportunidade para entender melhor uma realidade central de nossa fé: o Espírito de Deus que nos é dado em virtude de nossa fé em Jesus Cristo. O ponto de partida pode ser o Evangelho de João, que narra como, no próprio dia da Páscoa, o Jesus glorioso comunica aos apóstolos, da parte do Pai, o Espírito Santo, para que exerçam o poder de perdoar os pecados. Pois Jesus é “o cordeiro que tira o pecado do mundo” (Jo 1,29), e os discípulos devem continuar essa missão.
São Lucas, na 1ª leitura, dos Atos dos Apóstolos, distingue diversos momentos. No seu evangelho e no início do livro dos Atos, descreveu a Páscoa da ressurreição e a ascensão do Senhor Jesus como entrada na glória, com a manifestação do Espírito Santo ocorrendo poucos dias após, mais exatamente 50 dias depois da Páscoa, no Pentecostes (que significa “quinquagésimo dia”). Nesse dia, em que a religião de Israel comemora o dom da Lei no monte Sinai, descem sobre os apóstolos como que línguas de fogo, para que eles proclamem o evangelho a todos os povos, representados em Jerusalém pelos romeiros da festa, que ouvem a proclamação cada qual em sua própria língua.
Entre os primeiros cristãos, os de Corinto gostavam demais do “dom das línguas”, pelo qual eles podiam exclamar frases em línguas estranhas. Mas Paulo os adverte de que os dons não se devem tornar fonte de desunião. Os fiéis, com sua diversidade de dons, devem completar-se, como os membros de um mesmo corpo (II leitura). No milagre de Pentecostes, um falava e todos entendiam (em sua própria língua). No “dom das línguas”, ou glossolalia, corre-se o perigo de que todos falem e ninguém entenda. Por isso, Paulo prefere um falar que todos entendam (ler 1Co. 14).
Nós hoje somos chamados a renovar o milagre de Pentecostes: falar uma língua que todos entendam, a linguagem da justiça e do amor. É a linguagem de Cristo, e é uma “língua de fogo”! Aliás, o evangelho nos lembra que a primeira finalidade do dom do Espírito é tirar o pecado do mundo (Jo 20,22-23). A linguagem do Espírito é a linguagem da justiça e do amor. Por outro lado, devemos reconhecer a enorme diversidade de dons no único “corpo” da Igreja. Somos capazes de considerar as nossas diferenças (pastorais, ideológicas etc.) como mútuo enriquecimento? Pomo-las em comum? O diálogo na diversidade pode ser um dom do Espírito muito atual.
padre Johan Konings, sj
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Assim se exprime o  Concílio  do Vaticano II a respeito do Espírito Santo:  “Terminada na terra o obra  que o Pai confiou ao Filho, o Espírito Santo foi enviado  no dia de Pentecostes a fim de santificar continuamente a Igreja e, por Cristo, no único Espírito terem os fiéis acesso junto ao Pai.  Ele é o Espírito da vida,  a fonte de água que jorra para a vida eterna. Por ele o Pai dá a vida aos homens mortos pelo pecado, até ressuscitar em Cristo seus corpos mortais” (Lúmen  Gentium, 4).
Ele vem como o vento e como o fogo, como a brisa e como a chama. Lucas descreve com tintas fortes a chegada do Espírito que procede do Pai e do Filho e que é derramado em nossos corações como água benfazeja.
Os discípulos estavam reunidos no mesmo lugar. Unidos. Unidos esperando a força do alto. Unidos com medo dos judeus.
Primeiro uma ventania forte, um barulho que parece ensurdecer. O Espírito é força que desinstala. Ele sopra, dilata, recria, transforma, desarruma, empurra. Não deixa que a Igreja se acomode, se instale, se fixe. O Espírito é movimento. Questiona a vida das paróquias, dos movimentos, das estruturas que gostam de se fixar. Não admite qualquer forma de fixismo.  Assim, a força do Espírito não é conivente com o velho, com o ultrapassado. O Espírito abre caminhos insuspeitados. Nada de caminhos batidos. O Espírito costuma apontar para o insuspeitado, para o excepcional. Afasta-se da mesmice e da rotina empobrecedora.
O Espírito quando chega é luz que esclarece.  Os viandantes não sabem que rumo  escolher, ignoram a decisão a ser tomada. O Espírito é luz e claridade no meio das trevas.  É luz que ajuda o discernimento: como educar nossos filhos, que caminhos tomar para que o resto de nossa vida seja bem sucedido, como chegar à santidade quando o pecado mora em nós, que caminhos tomará a pastoral em nossos dias, que trilhas percorrerá a vida consagrada.
O Espírito é brisa suave que a tudo impregna. Belamente rezamos na seqüência da missa de  Pentecostes:  “No labor descanso, na aflição remanso, no calor aragem”.
O Espírito é impregnação, interiorização, inabitação.  Ele cria comunhão entre os povos.  Vários povos,  várias línguas e todos compreendem o que ele pede. Essa força suave reza em nós. Dentro de cada um ele geme, rezando em nós.  Os que se abrem à sua ação se tornam hospedaria dele.
Quando o  sacerdote, na celebração eucarística, estende as mãos sobre as oferendas ele  atualiza a presença de Jesus entre nós, o mesmo Espírito que fizera o Verbo nascer da Virgem Maria.Assiste a Igreja e não permite que ela tome caminhos errados nas coisas essenciais.
Festa do vento e do fogo.  Festa solene do Espírito derramado como água no coração dos fiéis
frei Almir Ribeiro Guimaeães
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A Igreja, o Espírito e a Unidade
Pentecostes é a plenificação do Mistério pascal: a comunhão com o Ressuscitado só é completa pelo dom do Espírito, que continua em nós a obra do Cristo e sua presença gloriosa.
A liturgia de hoje acentua a manifestação histórica do Espírito no milagre de Pentecostes (1ª leitura) e nos carismas da Igreja (2ª leitura), sinais da unidade e paz que o Cristo veio trazer. Isto, porque a pregação dos apóstolos, anunciando o Ressuscitado, supera a divisão de raças e línguas, e porque a diversidade de dons na Igreja serve para a edificação do povo unido, o Corpo do qual Cristo é a cabeça. Ambos estes temas podem alimentar a reflexão de hoje.
No antigo Israel, Pentecostes era uma festa agrícola (primícias da safra, no hemisfério setentrional). Mais tarde, foi relacionada com o evento salvífico central da Aliança mosaica: ganhou o sentido de comemoração da proclamação da Lei no monte Sinai. Tomou-se uma das três grandes festas em que os judeus subiam em romaria a Jerusalém (as outras são Páscoa e Tabernáculos). Foi nesta festa que aconteceu a “explosão” do Espírito Santo, a força que levou os apóstolos a tomarem a palavra e a proclamarem, diante da multidão reunida de todos os cantos do judaísmo, o anúncio (“querigma”) de Jesus Cristo. Seria errado pensar que o Espírito tivesse sido dado naquele momento pela primeira vez. O evangelho (de João) nos ensina que Jesus comunicou o Espírito no próprio dia da Páscoa. O Espírito está sempre aí. Mas foi no dia de Pentecostes que esta realidade se manifestou ao mundo. Por isso, ele aparece em forma de línguas, operando o milagre das línguas e reparando a “confusão babilônica” (cf. vigília)15.
A essa proclamação universal aludem o canto da entrada (opção 1), a oração do dia e a 1ª leitura. O Espírito leva a proclamar os magnalia Dei em todas as línguas. O conteúdo desta proclamação, já o conhecemos dos domingos anteriores: é o querigma da ressurreição de Jesus Cristo. Novamente, o Sl. 104[103] comenta este fato (salmo responsorial).
A 2ª leitura mostra, por assim dizer, a obra “intra-eclesial” do Espírito: a multiformidade dos dons, dentro do mesmo Espírito, como as múltiplas funções em um mesmo corpo. Paulo chama isto de “carismas”, dons da graça de Deus; pois sabemos muito bem que tal unidade na diversidade não é algo que vem de nossa ambição pessoal (que, normalmente, só produz divisão). É o Espírito do amor de Deus que tudo une.
No evangelho encontramos a visão joanina da “exaltação” de Jesus: é a realidade única de sua morte, ressurreição e dom do Espírito, pois sua morte é a obra em que Deus é glorificado, e seu lado aberto é a fonte do Espírito para os fiéis (Jo 7,37-39; 19,3 1-37; cf. vigília). Assim, no próprio dia da ressurreição, Jesus aparece aos seus para lhes comunicar a sua paz (cf. 14,27) e conceder o dom do Espírito, para tirar o pecado do mundo, ou seja, para que eles continuem sua obra salvadora (cf. 1,29.35).
Este Espírito do Senhor exaltado é o laço do amor divino que nos une, que transforma o mundo em nova criação, sem mancha nem pecado, na qual todos entendem a voz de Deus. É essa a mensagem da liturgia de hoje. O mundo é renovado conforme a obra de Cristo, que nós, no seu Espírito, levamos adiante. Neste sentido, é a festa da Igreja que nasceu do lado aberto do Salvador e manifestou sua missão no dia de Pentecostes. Igreja que nasce, não de organizações e instituições, mas da força graciosa (“carisma”) que Deus infunde no coração e nos lábios. A festa de hoje nos ajuda a entender o que é renovação carismática: não uma avalanche de fenômenos estranhos, mas o espírito do perdão e da unidade que ganha força decisiva na Igreja. O Espírito Santo é a “alma” da Igreja, o calor de nossa fé e de nossa comunhão eclesial. A antiga seqüência Veni Sancte Spiritus expressa isso maravilhosamente, e seria bom pôr os fiéis, mediante canto ou recitação, novamente em contato com esse rico texto.
A Igreja, por sua unidade no Espírito, no vínculo da paz (Ef. 4,3), toma-se sacramento (sinal operante), do perdão, da unidade, da paz no inundo, na medida em que ela o coloca em contato com o senhorio do Cristo pascal, no querigma e na práxis.
15. Este tema lembra uma antiga lenda judaica, segundo a qual, no Sinal, a proclamação da Lei teria sido confiada aos setenta anciãos, em setenta línguas (no relato do Pentecostes cristão, o anúncio é confiado aos doze apóstolos, talvez em doze línguas).
Johan Konings "Liturgia dominical"
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O Espírito de Jesus é chamado de Espírito da verdade, o Advogado para aqueles que enfrentam o ódio e a injustiça, Aquele que os defenderá nesta causa, não os deixando sozinhos. Este mesmo Espírito não é alguém que vai impedir os discípulos e o povo de sofrer e nem libertá-los dos conflitos, mas os acompanhará e os ajudará na tarefa de testemunhar Jesus Cristo.
Jesus diz aos discípulos que Deus enviará o Espírito que sempre esteve com Ele, e isso significa que serão Batizados no Espírito Santo e receberão um dom que todos podem receber. Não são apenas alguns privilegiados que o recebem, como se pode pensar, mas todos aqueles que são batizados!
A missão do Espírito Santo não é diferente da missão de Jesus, portanto, todo aquele que O recebe, recebe também o discernimento para desmascarar a injustiça; o dom de proclamar a Palavra e a força para anunciá-la em qualquer tempo ou lugar; e a capacidade de transformar a tristeza em alegria, o medo em coragem, a angústia em força.
O Espírito Santo é um guia constante na vida dos homens, falando-lhes ao coração o que ouve do próprio Jesus que, por sua vez, recebe do Pai.

Pentecostes era uma festa agrícola celebrada no antigo Israel que, após o recebimento dos dez mandamentos por Moisés no monte Sinai, passou a marcar a comemoração desta aliança, tornando-se juntamente com a Páscoa e Tabernáculos - ou Festa das Tendas que celebravam o tempo que os Israelitas estiveram no deserto, abrigados debaixo de tendas de ramos e folhagens - as três grandes festas em que os judeus subiam para Jerusalém.
No dia de Pentecostes, cinquenta dias depois da Páscoa, os apóstolos se encontravam reunidos para celebrar a vitória de Jesus sobre a morte, costume que estava surgindo entre as primeiras comunidades cristãs.
As portas do local onde se encontravam estavam fechadas, atitude que demonstra o medo dessas comunidades diante das perseguições que sofriam, mas Jesus entra porque não existe barreiras para Ele ir ao encontro dos Seus. Ele fica no meio deles e diz “A paz esteja com vocês”, a mesma saudação na Sua despedida.
Esta aparição fortaleceu a fé dos discípulos para que cumprissem com mais intensidade a missão dada por Jesus, e para que acreditassem e pudessem viver uma vida autêntica, inserida nos ensinamentos que Ele deixou. Em seguida Jesus diz: “Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.” Este é um momento especial em que Jesus transfere para a comunidade a Sua missão entre os homens, entregando-lhes o Seu Espírito para conduzi-los.
A partir deste momento, o Espírito Santo que esteve sempre presente em Jesus é entregue à Sua comunidade que, inundada por Ele, será capaz de levar adiante o projeto de Deus iniciado por Jesus, de anunciar o Reino de Deus e dando a eles a autoridade para perdoar os pecados através do Sacramento da Reconciliação.
Naquele dia de Pentecostes, O Espírito Santo desce sobre os apóstolos como línguas de fogo, para que eles proclamem o Evangelho a todos os povos, de forma que eles possam entendê-los. O “dom das línguas” foi dado à comunidade cristã com a finalidade de que ela professe a Palavra, e todos possam entender “a linguagem da justiça e do amor”.
A partir de então, os apóstolos repletos do Espírito Santo, começaram a proclamar as “maravilhas de Deus”. Os que creram na pregação de Pedro e seus companheiros, e se fizeram batizar, também receberam o Espírito Santo e seus dons.
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Recebei o Espírito Santo
O dom do Espírito Santo foi um elemento fundamental na experiência missionária dos primeiros cristãos. Com a ascensão do Senhor, eles se viram às voltas com uma tarefa descomunal: levar a mensagem do Evangelho a todo o mundo. A missão exigiria deles inculturar a mensagem, fazendo o Evangelho ser entendido por pessoas das mais variadas culturas. Deveriam ser capazes de enfrentar dificuldades, perseguições e, até mesmo a morte, por causa do nome de Jesus. Muitos problemas proviriam dos judeus, pois a ruptura com eles seria inevitável, dada a intransigência da liderança judaica para com a comunidade cristã que tomaria um rumo considerado inaceitável. Sem dúvida, não faltariam problemas dentro da própria comunidade, causados por partidarismos, falsas doutrinas e atitudes incompatíveis com a opção pelo Reino.
Os discípulos eram demasiado fracos para, por si mesmos, levar a cabo uma empresa tão grande. Jesus, porém, concedeu-lhes o auxílio necessário ao comunicar-lhes o Espírito Santo. Fortalecidos pelo Espírito, eles não se intimidaram, antes, cumpriram, com denodo, o ministério da evangelização.
O dom de Pentecostes renova-se, cada dia, na vida da Igreja. O Espírito, ontem como hoje, não permite que os cristãos cruzem os braços diante do mundo a ser evangelizado.
padre Jaldemir Vitório
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Que o Espírito de Deus envie do céu um raio de luz para iluminar o nosso mundo. Ele vem e se hospeda em nós. É o pai dos pobres, o consolo que acalma e alivia. No muito trabalho e na aflição, Ele é o nosso alívio. Não podemos nada sem Ele. É a brisa suave nos dias de calor. Ele lava o que está sujo, rega o que está seco e cura o doente. Aquece no frio, guia no escuro e dobra o que é duro. Que Ele venha e derrame sobre toda a Igreja os seus sete dons. Que o mundo inteiro sinta a amorosa presença do Espírito pela presença amiga e gratuita da Igreja. Que no entusiasmo dos membros da Igreja pela causa de Cristo e do Evangelho o mundo inteiro perceba que o Amor existe. Que o Espírito nos conceda falar línguas que os outros entendam e com o dom das línguas renovar a esperança.
At. 2,1-11 – Cinqüenta dias depois da Páscoa, a comunidade de Israel celebrava a Festa das Semanas. Nesse dia, o qüinquagésimo ou pentecostes em grego, o Espírito Santo veio sobre a comunidade dos apóstolos e discípulos reunidos com Maria, a mãe de Jesus. Desde então, os cristãos chamam de Pentecostes o dia da vinda do Espírito Santo e consideram esse dia o início da vida da Igreja de Jesus.
Nesses dias sopra sobre Jerusalém um vento quente vindo do deserto chamado de hamissim, que também quer dizer cinqüenta. Foi assim que o Espírito começou a se manifestar. Um vento forte passou pelo lugar onde os discípulos estavam reunidos. A palavra “espírito” significa sopro ou vento. Línguas de fogo pairaram sobre a cabeça de cada um deles e aconteceu o fenômeno das línguas. Eles começaram a falar em outras línguas. Por causa da festa das Semanas, havia muita gente de fora em Jerusalém. Os discípulos estavam anunciando as maravilhas de Deus e cada um os entendia na sua própria língua.
Sl. 103 (104) – Se Deus tira o seu sopro todas as criaturas morrem e voltam ao pó da terra, canta o Salmista. Se Ele envia o seu vento, o seu sopro, todas as criaturas nascem de novo e se renova a face da terra.
1Co. 12,3b-7.12-13 – É por graça do Espírito Santo que podemos dizer que Jesus é o Senhor. Ele nos dá esse dom e todos os outros que estão distribuí-
dos na comunidade cristã. Temos muitas atividades, muitos tipos de serviços, e tudo em vista do bem de todos. O Espírito, porém, é um só. Todos nós que fomos batizados no único e mesmo Espírito formamos um só corpo. É o Espírito que nos junta na unidade. Bebemos todos da mesma fonte, que é o Espírito.
Jo 20,19-23 – Lemos no Evangelho de são João que, já no dia da ressurreição, Jesus soprou sobre os discípulos reunidos e lhes deu o Espírito Santo para o perdão dos pecados. Eles estavam reunidos com as portas fechadas quando Jesus ressuscitado entrou e deu a todos a paz. Foi um momento de grande alegria. Novamente Jesus desejou a paz a todos e soprou sobre eles. Um gesto muito interessante e muito significativo porque o Espírito Santo é sopro de vida. Ao dizer “recebam o Espírito Santo”, disse também: “Quem for perdoado por vocês estará perdoado, quem não for não estará”. Não recebemos o Espírito para não perdoar. Se não perdoarmos, o pecado permanece. É melhor perdoar sempre para que o pecado desapareça.
cônego Celso Pedro da Silva
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Jesus renova a comunicação de sua paz
As festas religiosas, nas religiões primitivas em culturas de economia agrícola, como acontecia em Canaã, eram associadas ao tempo de colheitas, ao longo do ano. Assim acontecia com as festas da Páscoa, dos Ázimos e de Pentecostes, celebradas no Templo de Jerusalém. A festa da Páscoa, que antecipa o primeiro dia dos Ázimos, era celebrada no começo da colheita do trigo (14º dia do mês de Nisã - geralmente em abril) e a festa de Pentecostes celebrada sete semanas (cinquenta dias) depois.
João, no seu evangelho, após a crucifixão de Jesus na véspera de um sábado, apresenta os grandes eventos do primeiro dia da semana que se inicia. Este dia, o da ressurreição, bem delimitado no evangelho de João, começa com a ida de Maria Madalena ao túmulo de Jesus, de madrugada. Encontrando o túmulo vazio, avisa a Pedro e João, que correm para constatá-lo (cf. 8 abril). Ao anoitecer deste mesmo dia, os discípulos estão reunidos com as portas fechadas, o que indica o temor que os tomava diante da execução de Jesus pelos judeus. Jesus entra e se põe no meio deles. De imediato lhes comunica a paz, a eles que estavam perturbados. Aquele que fora crucificado se apresentava vivo entre eles, o que é motivo de grande alegria, ainda mais quando Jesus renova a comunicação de sua paz. Soprando sobre eles, comunica-lhes o Espírito Santo. É o Espírito de Amor que liberta do pecado e une a todos formando um só corpo (segunda leitura) na diversidade, na fraternidade, no serviço e na compaixão. É o Espírito que renova a face do mundo inundando-o de amor e paz.
Lucas, na passagem paralela a esta, em seu evangelho, não menciona o dom do Espírito com o sopro de Jesus. É em Atos dos Apóstolos que será feita, com um grande realce, a narrativa do dom do Espírito Santo, com uma teofania caracterizada por grandes sinais espantosos, como acontecimento que ocorre na festa judaica de Pentecostes (primeira leitura). Tal narrativa contrasta com a simplicidade da narrativa de João, bem como com o clima de perseguição aos discípulos, que nela transparece. Trata-se de uma narrativa teológica a fim de vincular o movimento de Jesus aos judeus cristãos de Jerusalém, que continuaram frequentando o Templo até sua destruição, no ano 70, e as sinagogas, das quais foram expulsos na década de 80.
As narrativas da ressurreição e as aparições sucessivas exprimem uma realidade que as antecede. São a confirmação da condição humana e divina de Jesus que, em toda sua vida, revelou o amor libertador e vivificante de Deus, que a todos comunica sua vida divina e eterna.

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Jesus comunica o Espírito Santo soprando sobre os discípulos
No primeiro dia da semana, de madrugada, Maria Madalena, Pedro e o outro discípulo constatam que o sepulcro de Jesus estava vazio; em seguida, ocorre a aparição de Jesus a Maria Madalena. Agora, à tarde desse mesmo dia, Jesus vem aos discípulos que estavam com as portas trancadas por medo dos judeus. Coloca-se no meio deles e, por duas vezes, anuncia-lhes a paz. Com o primeiro anúncio, Jesus identifica-se, mostrando suas chagas: não é um fantasma, mas é o próprio Jesus de Nazaré que com eles convivera e que, no fim, foi crucificado. Agora, aquele que fora crucificado se apresentava vivo entre eles, o que é motivo de grande alegria, ainda mais quando Jesus, renova a comunicação de sua paz, feita na última ceia.
Com o segundo anúncio da paz Jesus envia os discípulos. É o envio em missão, genérico. A característica essencial é que os discípulos são enviados assim como Jesus foi enviado pelo Pai. A missão de Jesus foi comunicar o amor do Pai ao mundo e a esta missão os discípulos são enviados. Após a comunicação da paz, no mesmo dia da ressurreição, Jesus comunica o Espírito Santo soprando sobre os discípulos. O "soprar" é o mesmo ato de Deus ao infundir a vida ao homem, na criação: "Então Javé Deus modelou o homem com a argila do solo, soprou em suas narinas um hálito de vida e o homem se tornou um ser vivente" (Gn. 2,7). Agora, o Espírito Santo é a comunicação da própria vida divina a homens e mulheres, criados por Deus. Lucas, antes desta narrativa discreta de João sobre o dom do Espírito Santo, tinha feito sua narrativa, em estilo apocalíptico, em Atos (primeira leitura).
Segundo a versão de Lucas, em vez do sopro de Jesus, o Espírito Santo vem por ocasião da festa de Pentecostes, cinquenta dias depois da ressurreição, sob a forma de línguas de fogo que vêm do céu com um ruído como de um vento forte, e pousam sobre os discípulos. Pentecostes era uma festa do judaísmo, com raízes no antigo Israel e nas tradições agrícolas de Canaã, associada à colheita do trigo, bem como as festas dos Ázimos e da Páscoa. A associação do dom do Espírito à festa judaica de Pentecostes é feita exclusivamente por Lucas e foi incorporada na tradição das igrejas cristãs. Assim como Jesus não veio ao mundo para condená-lo, assim também não cabe à comunidade missionária a condenação. É à palavra anunciada que cabe o julgamento. Porém, à missão cabe o anúncio da prática da justiça, a qual tira o pecado do mundo e instaura o amor.
O Espírito é a plenitude do amor. O fruto do amor é a união. Pelos atos de comunicação, misericórdia, perdão, solidariedade, partilha, serviço, nos unimos em um só corpo. Um só corpo, com diversos membros, com diversidade de funções e carismas. Um só corpo, com membros sadios, que usufruem os bens deste mundo, e com membros doentes, excluídos, pobres, sofrendo privações. A vida deste corpo deve irradiar-se ao corpo todo, comunicando vida plena a todos seus membros.
José Raimundo Oliva
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O tema deste domingo é, evidentemente, o Espírito Santo. Dom de Deus a todos os crentes, o Espírito dá vida, renova, transforma, constrói comunidade e faz nascer o Homem Novo.
O Evangelho apresenta-nos a comunidade cristã, reunida à volta de Jesus ressuscitado. Para João, esta comunidade passa a ser uma comunidade viva, recriada, nova, a partir do dom do Espírito. É o Espírito que permite aos crentes superar o medo e as limitações e dar testemunho no mundo desse amor que Jesus viveu até às últimas conseqüências.
Na primeira leitura, Lucas sugere que o Espírito é a lei nova que orienta a caminhada dos crentes. É Ele que cria a nova comunidade do Povo de Deus, que faz com que os homens sejam capazes de ultrapassar as suas diferenças e comunicar, que une numa mesma comunidade de amor, povos de todas as raças e culturas.
Na segunda leitura, Paulo avisa que o Espírito é a fonte de onde brota a vida da comunidade cristã. É Ele que concede os dons que enriquecem a comunidade e que fomenta a unidade de todos os membros; por isso, esses dons não podem ser usados para benefício pessoal, mas devem ser postos ao serviço de todos.
1ª leitura - AMBIENTE
Já vimos que o livro dos “Actos” não pretende ser uma reportagem jornalística de acontecimentos históricos, mas sim ajudar os cristãos – desiludidos porque o “Reino” não chega – a redescobrir o seu papel e a tomar consciência do compromisso que assumiram, no dia do seu batismo.
No que diz respeito ao texto que nos é proposto e que descreve os acontecimentos do dia do Pentecostes, não existem dúvidas de que é uma construção artificial, criada por Lucas com uma clara intenção teológica. Para apresentar a sua catequese, Lucas recorre às imagens, aos símbolos, à linguagem poética das metáforas. Resta-nos decodificar os símbolos para chegarmos à interpelação essencial que a catequese primitiva, pela palavra de Lucas, nos deixa. Uma interpretação literal deste relato seria, portanto, uma boa forma de passarmos ao lado do essencial da mensagem; far-nos-ia reparar na roupagem exterior, no folclore, e ignorar o fundamental. Ora, o interesse fundamental do autor é apresentar a Igreja como a comunidade que nasce de Jesus, que é assistida pelo Espírito e que é chamada a testemunhar aos homens o projeto libertador do Pai.
MENSAGEM
Antes de mais, Lucas coloca a experiência do Espírito no dia de Pentecostes. O Pentecostes era uma festa judaica, celebrada cinqüenta dias após a Páscoa. Originariamente, era uma festa agrícola, na qual se agradecia a Deus a colheita da cevada e do trigo; mas, no séc. I, tornou-se a festa histórica que celebrava a aliança, o dom da Lei no Sinai e a constituição do Povo de Deus. Ao situar neste dia o dom do Espírito, Lucas sugere que o Espírito é a lei da nova aliança (pois é Ele que, no tempo da Igreja, dinamiza a vida dos crentes) e que, por Ele, se constitui a nova comunidade do Povo de Deus – a comunidade messiânica, que viverá da lei inscrita, pelo Espírito, no coração de cada discípulo (cf. Ez. 36,26-28)
Vem, depois, a narrativa da manifestação do Espírito (At. 2,2-4). O Espírito é apresentado como “a força de Deus”, através de dois símbolos: o vento de tempestade e o fogo. São os símbolos da revelação de Deus no Sinai, quando Deus deu ao Povo a Lei e constituiu Israel como Povo de Deus (cf. Ex. 19,16.18; Dt. 4,36). Estes símbolos evocam a força irresistível de Deus, que vem ao encontro do homem, comunica com o homem e que, dando ao homem o Espírito, constitui a comunidade de Deus.
O Espírito (força de Deus) é apresentado em forma de língua de fogo. A língua não é somente a expressão da identidade cultural de um grupo humano, mas é também a maneira de comunicar, de estabelecer laços duradouros entre as pessoas, de criar comunidade. “Falar outras línguas” é criar relações, é a possibilidade de superar o gueto, o egoísmo, a divisão, o racismo, a marginalização… Aqui, temos o reverso de Babel (cf. Gn. 11,1-9): lá, os homens escolheram o orgulho, a ambição desmedida que conduziu à separação e ao desentendimento; aqui, regressa-se à unidade, à relação, à construção de uma comunidade capaz do diálogo, do entendimento, da comunicação. É o surgimento de uma humanidade unida, não pela força, mas pela partilha da mesma experiência interior, fonte de liberdade, de comunhão, de amor. A comunidade messiânica é a comunidade onde a ação de Deus (pelo Espírito) modifica profundamente as relações humanas, levando à partilha, à relação, ao amor.
É neste enquadramento que devemos entender os efeitos da manifestação do Espírito (cf. At. 2,5-13): todos “os ouviam proclamar na sua própria língua as maravilhas de Deus”. O elenco dos povos convocados e unidos pelo Espírito atinge representantes de todo o mundo antigo, desde a Mesopotâmia, passando por Canaã, pela Ásia Menor, pelo norte de África, até Roma: a todos deve chegar a proposta libertadora de Jesus, que faz de todos os povos uma comunidade de amor e de partilha. A comunidade de Jesus é assim capacitada pelo Espírito para criar a nova humanidade, a anti-Babel. A possibilidade de ouvir na própria língua “as maravilhas de Deus” outra coisa não é do que a comunicação do Evangelho, que irá gerar uma comunidade universal. Sem deixarem a sua cultura e as suas diferenças, todos os povos escutarão a proposta de Jesus e terão a possibilidade de integrar a comunidade da salvação, onde se fala a mesma língua e onde todos poderão experimentar esse amor e essa comunhão que tornam povos tão diferentes, irmãos. O essencial passa a ser a experiência do amor que, no respeito pela liberdade e pelas diferenças, deve unir todas as nações da terra.
O Pentecostes dos “Actos” é, podemos dizê-lo, a página programática da Igreja e anuncia aquilo que será o resultado da ação das “testemunhas” de Jesus: a humanidade nova, a anti-Babel, nascida da ação do Espírito, onde todos serão capazes de comunicar e de se relacionar como irmãos, porque o Espírito reside no coração de todos como lei suprema, como fonte de amor e de liberdade.
ATUALIZAÇÃO
• Temos, neste texto, os elementos essenciais que definem a Igreja: uma comunidade de irmãos reunidos por causa de Jesus, animada pelo Espírito do Senhor ressuscitado e que testemunha na história o projeto libertador de Jesus. Desse testemunho resulta a comunidade universal da salvação, que vive no amor e na partilha, apesar das diferenças culturais e étnicas. A Igreja de que fazemos parte é uma comunidade de irmãos que se amam, apesar das diferenças? Está reunida por causa de Jesus e à volta de Jesus? Tem consciência de que o Espírito está presente e que a anima? Testemunha, de forma efetiva e coerente, a proposta libertadora que Jesus deixou?
• Nunca será demais realçar o papel do Espírito na tomada de consciência da identidade e da missão da Igreja… Antes do Pentecostes, tínhamos apenas um grupo fechado dentro de quatro paredes, incapaz de superar o medo e de arriscar, sem a iniciativa nem a coragem do testemunho; depois do Pentecostes, temos uma comunidade unida, que ultrapassa as suas limitações humanas e se assume como comunidade de amor e de liberdade. Temos consciência de que é o Espírito que nos renova, que nos orienta e que nos anima? Damos suficiente espaço à ação do Espírito, em nós e nas nossas comunidades?
• Para se tornar cristão, ninguém deve ser espoliado da própria cultura: nem os africanos, nem os europeus, nem os sul-americanos, nem os negros, nem os brancos; mas todos são convidados, com as suas diferenças, a acolher esse projeto libertador de Deus, que faz os homens deixarem de viver de costas voltadas, para viverem no amor. A Igreja de que fazemos parte é esse espaço de liberdade e de fraternidade? Nela todos encontram lugar e são acolhidos com amor e com respeito – mesmo os de outras raças, mesmo aqueles de quem não gostamos, mesmo aqueles que não fazem parte do nosso círculo, mesmo aqueles que a sociedade marginaliza e afasta?
2ª leitura - AMBIENTE
A comunidade cristã de Corinto era viva e fervorosa, mas não era uma comunidade exemplar no que diz respeito à vivência do amor e da fraternidade: os partidos, as divisões, as contendas e rivalidades perturbavam a comunhão e constituíam um contra-testemunho. As questões à volta dos “carismas” (dons especiais concedidos pelo Espírito a determinadas pessoas ou grupos para proveito de todos) faziam-se sentir com especial acuidade: os detentores desses dons carismáticos consideravam-se os “escolhidos” de Deus, apresentavam-se como “iluminados” e assumiam com freqüência atitudes de autoritarismo e de prepotência que não favorecia a fraternidade e a liberdade; por outro lado, os que não tinham sido dotados destes dons eram desprezados e desclassificados, considerados quase como “cristãos de segunda”, sem vez nem voz na comunidade.
Paulo não pode ignorar esta situação. Na primeira carta aos Coríntios, ele corrige, admoesta, dá conselhos, mostra a incoerência destes comportamentos, incompatíveis com o Evangelho. No texto que nos é proposto, Paulo aborda a questão dos “carismas”.
MENSAGEM
Em primeiro lugar, Paulo acha que é preciso saber ajuizar da validade dos dons carismáticos, para que não se fale em “carismas” a propósito de comportamentos que pretendem apenas garantir os privilégios de certas figuras. Segundo Paulo, o verdadeiro “carisma” é o que leva a confessar que “Jesus é o Senhor” (pois não pode haver oposição entre Cristo e o Espírito) e que é útil para o bem da comunidade.
De resto, é preciso que os membros da comunidade tenham consciência de que, apesar da diversidade de dons espirituais, é o mesmo Espírito que atua em todos; que apesar da diversidade de funções, é o mesmo Senhor Jesus que está presente em todos; que apesar da diversidade de ações, é o mesmo Deus que age em todos. Não há, portanto, “cristãos de primeira” e “cristãos de segunda”. O que é importante é que os dons do Espírito resultem no bem de todos e sejam usados – não para melhorar a própria posição ou o próprio “ego” – mas para o bem de toda a comunidade.
Paulo conclui o seu raciocínio comparando a comunidade cristã a um “corpo” com muitos membros. Apesar da diversidade de membros e de funções, o “corpo” é um só. Em todos os membros circula a mesma vida, pois todos foram batizadas num só Espírito e “beberam” um único Espírito.
O Espírito é, pois, apresentado como Aquele que alimenta e que dá vida ao “corpo de Cristo”; dessa forma, Ele fomenta a coesão, dinamiza a fraternidade e é o responsável pela unidade desses diversos membros que formam a comunidade.
ATUALIZAÇÃO
• Temos todos consciência de que somos membros de um único “corpo” – o corpo de Cristo – e é o mesmo Espírito que nos alimenta, embora desempenhemos funções diversas (não mais dignas ou mais importantes, mas diversas). No entanto, encontramos, com alguma freqüência, cristãos com uma consciência viva da sua superioridade e da sua situação “à parte” na comunidade (seja em razão da função que desempenham, seja em razão das suas “qualidades” humanas), que gostam de mandar e de fazer-se notar. Às vezes, vêem-se atitudes de prepotência e de autoritarismo por parte daqueles que se consideram depositários de dons especiais; às vezes, a Igreja continua a dar a impressão – mesmo após o Vaticano II – de ser uma pirâmide no topo da qual há uma elite que preside e toma as decisões e em cuja base está o rebanho silencioso, cuja função é obedecer. Isto faz algum sentido, à luz da doutrina que Paulo expõe?
• Os “dons” que recebemos não podem gerar conflitos e divisões, mas devem servir para o bem comum e para reforçar a vivência comunitária. As nossas comunidades são espaços de partilha fraterna, ou são campos de batalha onde se digladiam interesses próprios, atitudes egoístas, tentativas de afirmação pessoal?
• É preciso ter consciência da presença do Espírito: é Ele que alimenta, que dá vida, que anima, que distribui os dons conforme as necessidades; é Ele que conduz as comunidades na sua marcha pela história. Ele foi distribuído a todos os crentes e reside na totalidade da comunidade. Temos consciência da presença do Espírito e procuramos ouvir a sua voz e perceber as suas indicações? Temos consciência de que, pelo fato de desempenharmos esta ou aquela função, não somos as únicas vozes autorizadas a falar em nome do Espírito?
Evangelho - AMBIENTE
Este texto situa-nos no cenáculo, no próprio dia da ressurreição. Apresenta-nos a comunidade da nova aliança, nascida da ação criadora e vivificadora do Messias. No entanto, esta comunidade ainda não se encontrou com Cristo ressuscitado e ainda não tomou consciência das implicações da ressurreição. É uma comunidade fechada, insegura, com medo… Necessita de fazer a experiência do Espírito; só depois, estará preparada para assumir a sua missão no mundo e dar testemunho do projeto libertador de Jesus.
Nos “Atos”, Lucas narra a descida do Espírito sobre os discípulos no dia do Pentecostes, cinqüenta dias após a Páscoa (sem dúvida por razões teológicas e para fazer coincidir a descida do Espírito com a festa judaica do Pentecostes, a festa do dom da Lei e da constituição do Povo de Deus); mas João situa no anoitecer do dia de Páscoa a recepção do Espírito pelos discípulos.
MENSAGEM
João começa por pôr em relevo a situação da comunidade. O “anoitecer”, as “portas fechadas”, o “medo” (v. 19a), são o quadro que reproduz a situação de uma comunidade desamparada no meio de um ambiente hostil e, portanto, desorientada e insegura. É uma comunidade que perdeu as suas referências e a sua identidade e que não sabe, agora, a que se agarrar.
Entretanto, Jesus aparece “no meio deles” (vers. 19b). João indica desta forma que os discípulos, fazendo a experiência do encontro com Jesus ressuscitado, redescobriram o seu centro, o seu ponto de referência, a coordenada fundamental à volta do qual a comunidade se constrói e toma consciência da sua identidade. A comunidade cristã só existe de forma consistente se está centrada em Jesus ressuscitado.
Jesus começa por saudá-los, desejando-lhes “a paz” (“shalom”, em hebraico). A “paz” é um dom messiânico; mas, neste contexto, significa, sobretudo, a transmissão da serenidade, da tranqüilidade, da confiança que permitirão aos discípulos superar o medo e a insegurança: a partir de agora, nem o sofrimento, nem a morte, nem a hostilidade do mundo poderão derrotar os discípulos, porque Jesus ressuscitado está “no meio deles”.
Em seguida, Jesus “mostrou-lhes as mãos e o lado”. São os “sinais” que evocam a entrega de Jesus, o amor total expresso na cruz. É nesses “sinais” (na entrega da vida, no amor oferecido até à última gota de sangue) que os discípulos reconhecem Jesus. O fato de esses “sinais” permanecerem no ressuscitado, indica que Jesus será, de forma permanente, o Messias cujo amor se derramará sobre os discípulos e cuja entrega alimentará a comunidade.
Vem, depois, a comunicação do Espírito. O gesto de Jesus de soprar sobre os discípulos reproduz o gesto de Deus ao comunicar a vida ao homem de argila (João utiliza, aqui, precisamente o mesmo verbo do texto grego de Gn. 2,7). Com o “sopro” de Deus de Gn. 2,7, o homem tornou-se um “ser vivente”; com este “sopro”, Jesus transmite aos discípulos a vida nova e faz nascer o Homem Novo. Agora, os discípulos possuem a vida em plenitude e estão capacitados – como Jesus – para fazerem da sua vida um dom de amor aos homens. Animados pelo Espírito, eles formam a comunidade da nova aliança e são chamados a testemunhar – com gestos e com palavras – o amor de Jesus.
Finalmente, Jesus explicita qual a missão dos discípulos (v. 23): a eliminação do pecado. As palavras de Jesus não significam que os discípulos possam ou não – conforme os seus interesses ou a sua disposição – perdoar os pecados. Significam, apenas, que os discípulos são chamados a testemunhar no mundo essa vida que o Pai quer oferecer a todos os homens. Quem aceitar essa proposta será integrado na comunidade de Jesus; quem não a aceitar, continuará a percorrer caminhos de egoísmo e de morte (isto é, de pecado). A comunidade, animada pelo Espírito, será a mediadora desta oferta de salvação.
ATUALIZAÇÃO
• A comunidade cristã só existe de forma consistente, se está centrada em Jesus. Jesus é a sua identidade e a sua razão de ser. É n’Ele que superamos os nossos medos, as nossas incertezas, as nossas limitações, para partirmos à aventura de testemunhar a vida nova do Homem Novo. As nossas comunidades são, antes de mais, comunidades que se organizam e estruturam à volta de Jesus? Jesus é o nosso modelo de referência? É com Ele que nos identificamos, ou é num qualquer ídolo de pés de barro que procuramos a nossa identidade? Se Ele é o centro, a referência fundamental, têm algum sentido as discussões acerca de coisas não essenciais, que às vezes dividem os crentes?
• Identificar-se como cristão significa dar testemunho diante do mundo dos “sinais” que definem Jesus: a vida dada, o amor partilhado. É esse o testemunho que damos? Os homens do nosso tempo, olhando para cada cristão ou para cada comunidade cristã, podem dizer que encontram e reconhecem os “sinais” do amor de Jesus?
• As comunidades construídas à volta de Jesus são animadas pelo Espírito. O Espírito é esse sopro de vida que transforma o barro inerte numa imagem de Deus, que transforma o egoísmo em amor partilhado, que transforma o orgulho em serviço simples e humilde… É Ele que nos faz vencer os medos, superar as cobardias e fracassos, derrotar o cepticismo e a desilusão, reencontrar a orientação, readquirir a audácia profética, testemunhar o amor, sonhar com um mundo novo. É preciso ter consciência da presença contínua do Espírito em nós e nas nossas comunidades e estar atentos aos seus apelos, às suas indicações, aos seus questionamentos.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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Que espírito nos uma num só corpo
A novidade do anúncio da salvação com Jesus Cristo tem assumido uma nova roupagem, isto é, um novo caráter, o da acolhida; se no Antigo Testamento a pedagogia da Lei, diga-se de passagem, necessária à educação do povo acerca da revelação divina, a qual implica na valorização da pureza, podendo incorrer-se facilmente, por meio da interpretação e prática comum, à exclusão dos que não se enquadravam neste padrão pré-definido, doravante, Jesus revela a Deus como o próprio amor, capaz de incluir todos os que são considerados diferentes e por isso mesmo são relegados à margem na comunidade. Se antes, a pregação do Evangelho, isto é, o anúncio era destinado somente aos que compreendiam a linguagem por meio de um comportamento puro, o que tendia à separação (cf. Gn. 11,9), agora sim, o Evangelho se torna acessível a todos e, por meio da linguagem do amor, é instrumento de unidade a todos os homens, muito embora o Espírito agora, oposto ao episódio de Babel, os suscite falar em “outras línguas” (At. 2,4); lá em Babel, a diversidade de línguas, fora motivo de divisão, agora é de compreensão; destarte, em Pentecostes, a confusão se da porque, sem compreender o motivo, todos, inclusive os povos pagãos, são capacitados a entender a pregação no seu próprio idioma (cf. v. 6), como que se houvesse uma tradução simultânea, similar às existentes nas grandes conferências internacionais. O diferencial é que esta nova linguagem está fundamentada no amor, e o amor, todos são capazes de compreender com a própria sensibilidade, o que de fato não acontece onde impera o desamor, e isto não é maravilhoso?
O resultado não poderia ser outro; num mundo onde há uma multidiversidade, o Espírito é o estímulo que a Igreja possui para viver a unidade: “Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito” (1Co. 124) “… um mesmo é o Senhor” (v. 5) “… um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos” (v. 6), e tudo isso para que se forme um único corpo onde todos tem a sua devida e particular importância. De fato, quando falta um membro é que se vê a sua importância no corpo, ao mesmo tempo em que se constata que nada poderá substituir ao que falta, veja a vesícula, por exemplo, a rigor, um indivíduo pode muito bem sobreviver sem este órgão, no entanto na sua falta, o sistema digestivo é sobrecarregado, uma vez que faltará ao sistema a bílis, enzima responsável por “quebrar” as moléculas de gordura em nosso organismo; o mesmo acontece com o menor membro da Igreja; sua falta faz falta. Neste aspecto, é o Espírito Santo que agrega e dá liga aos membros, uma vez diversificados, há que se mantém unidos em torno da Palavra. É este testemunho que nossas comunidades de fé devem testemunhar, às vezes com lágrimas e sofrimentos, isto é com nosso próprio martírio, para que o Reino de Deus, do qual deveríamos ser o reflexo, se torne uma realidade.
O anoitecer, a que se refere o Evangelho, corresponde ao arrefecimento da fé, provocado na comunidade primitiva, mas não raramente, nas atuais também, pelo medo e pelo desânimo em anunciar o Evangelho a quer pensamos não querer ouvir, e no mundo secularizado como o nosso, falar do Evangelho torna-se um trabalho árduo e penoso; em meio a estas diversidades, Jesus mesmo nos oferece a paz: “A paz esteja convosco” (Jo 20,19.20). A comunidade, porém, precisa reconhecer Jesus, este se revela mediante sua identidade; não um ente sobrenatural, mas tem na sua essência a humanidade… Somente o homem possui identidade (humanidade e espiritualidade). Por isso Jesus pode transmitir ao homem aquilo que fato o complementa, isto é, o Ruah, o Espírito de Deus que concede a paz e a vida em plenitude, e com isto, inclusive o poder de perdoar os pecados, de usar de misericórdia com o outro.
Por isto oremos: ó Deus, que pelo mistério da festa de hoje, santificais a vossa Igreja inteira, em todos os povos e nações, derramai por toda a extensão do mundo os dons do Espírito Santo, e realizai agora no coração dos fiéis as maravilhas que operastes no início da pregação do Evangelho. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho na unidade do Espírito Santo.
Jesuel Arruda
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Evangelho: João 20,19–23
1. João e Lucas tem perspectivas diferentes quanto a Pentecostes. Para João, ele acontece no próprio dia da ressurreição de Jesus, ao passo que Lucas faz coincidir a vinda do Espírito Santo com a festa judaica de Pentecostes (cinqüenta dias após a Páscoa). Embora com perspectivas diferentes, a finalidade é a mesma, pois ambos mostram que o Espírito que sustentou a luta de Jesus para realizar o projeto de Deus é o mesmo Espírito que anima agora as lutas da comunidade cristã.
2. Fazendo coincidir Páscoa e efusão do Espírito no mesmo dia, o evangelho de João quer sublinhar a continuidade entre Jesus e seus discípulos. O Espírito que agiu permanentemente em Jesus é comunicado aos seguidores no mesmo dia da Ressurreição, sem pausa ou interrupção.
3. A comunidade recebe o mesmo Espírito que animou Jesus:
a. a criação da comunidade messiânica – vv. 19-21a
b. a comunidade continua a missão de Jesus – vv. 21b-23
a. a criação da comunidade messiânica – vv. 19-21a
4. O texto situa a cena na tarde do domingo da Páscoa. Para os judeus já havia iniciado um novo dia. Para João, contudo, ainda é o Dia da Ressurreição, a nova era inaugurada pela vitória de Jesus sobre a morte. De fato, no quarto evangelho, tudo o que acontece depois da ressurreição de Jesus se insere num grande “dia pascal” que não tem fim.
5. A referência à tarde do domingo reflete a práxis cristã de se reunir para celebrar a memória da morte e ressurreição de Jesus. As portas fechadas mostram um aspecto negativo (o medo dos discípulos) e um aspecto positivo (o novo estado de Jesus ressuscitado, para quem não há barreiras).
6. Jesus se apresenta no meio da comunidade: ele é o centro e a razão de ser da comunidade e saúda os discípulos com a saudação da plenitude dos bens messiânicos: “a paz – shalom – esteja com vocês!” É a mesma saudação de quando Jesus se despediu (cf. 14,27).
7. Tornado vencedor do mundo e da morte (com sua morte e ressurreição) ele pode comunicar a paz, a plenitude dos bens. É a saudação do vencedor que traz em si os sinais da vitória nas mãos e no lado (v. 20). É a saudação do Cordeiro do qual a comunidade irá alimentar-se. As cicatrizes de Jesus são uma característica dos textos joaninos (cf. Ap. 5,6). O Ressuscitado deve ser anunciado em seu aspecto vitorioso sem esquecer as cicatrizes, memória permanente das torturas sofridas.
8. Os discípulos estão de portas fechadas. São uma comunidade medrosa, pois não possuem ainda o Espírito de Jesus. Jesus, ao se fazer presente, transforma totalmente essa situação: capacita-os a serem anunciadores da sua vitória sobre os mecanismos de morte. E a reação? A reação é de alegria (cf. 16,20) que, ninguém de agora em diante, poderá suprimir (cf. 16,22).
b. a comunidade continua a missão de Jesus – vv. 21b-23
9. Fortificada pela presença de Jesus, a comunidade está pronta para a missão: “Como o Pai me enviou, assim também eu envio vocês” (v. 21b). E quem vai garantir a missão da comunidade é o Espírito Santo.
10. Para João, – nesta tarde do dia da ressurreição, – acontece a comunicação do Espírito Santo: “Tendo falado isso, Jesus soprou sobre eles dizendo: recebam o Espírito Santo!” (v. 22). O sopro de Jesus é a nova criação e remete ao que Javé fez quando criou o ser humano (Gn. 2,17). É o sopro da vida nova. Aqui nasce a comunidade messiânica.
11. De agora em diante – batizados no Espírito Santo como Jesus (cf. 1,33) – os cristãos tem o encargo de continuar o projeto de Deus. Projeto esse sintetizado desta forma: “Os pecados daqueles que vocês perdoarem, serão perdoados: os pecados daqueles que vocês não perdoarem, não serão perdoados” (v. 23).
12. O que é pecado, para João? Consiste essencialmente em comprometer-se com a ordem injusta que levou Jesus à morte (e que hoje, de muitas formas, continua matando gente). Jesus veio para levar a vida à sua máxima expressão, e isso para todos. Mas seu projeto recebeu forte oposição dos que querem a vida só para si. Aí está a raiz do pecado, segundo João. Os pecados são atos concretos decorrentes dessa opção fundamental contra a liberdade e a vida das pessoas.
13. E qual é a tarefa da comunidade? Jesus lhe dá o poder de perdoar ou não perdoar. Ela executa essa função mostrando onde está a vida e onde se aninha a morte; promovendo a vida e quebrando os mecanismos que procuram destruí-la; conscientizando as pessoas e desmascarando os interesses ocultos dos poderosos. Assim os cristãos provocam o julgamento de Deus. Tarefa ímpar essa … mas nem sempre as comunidades cristãs são fiéis a essa vocação.
14. O que significa, por exemplo, não perdoar os pecados dos latifundiários, dos corruptos, dos políticos que utilizam o poder para defender seus interesses?
15. Os discípulos continuam a ação de Jesus, pois ele lhes confere a mesma missão (20,21). Pelo Espírito, que dele recebem, tornam-se suas testemunhas perante o mundo (15,26 ss.). Sua ação, como a de Jesus, é a manifestação, em atos concretos, do amor gratuito e generoso do Pai (9,4).
16. Diante desse testemunho, acontecerá o mesmo que aconteceu com Jesus: haverá quem o aceite e quem endureça numa atitude hostil ao homem, rejeitando o amor e se voltando contra ele, chegando inclusive a perseguir e matar os discípulos em nome de Deus (15,18-21; 16,1-4). Não é missão da comunidade – como não foi de Jesus – julgar os homens (3,17; 12,47). Seu julgamento (como o de Jesus) não é senão o de constatar e confirmar o juízo que o homem faz de si próprio “diante do projeto de Deus”.
1ª leitura: Atos 2,1–11
17. Páscoa e Pentecostes eram festas agrícolas muito antigas em Israel. Com o passar do tempo foram transformadas em festas religiosas. Páscoa revivia a saída do Egito. Pentecostes recordava o dia em que Moisés, no monte Sinai, recebeu a Lei, tida como o maior presente de Deus ao povo.
18. Quando Lucas escreveu os Atos dos Apóstolos (cerca de meio século após Pentecostes), a evangelização já havia alcançado todas as nações até então conhecidas (os confins do mundo cf. At. 1,8). Então, os povos citados por Lucas que ele diz estar em Jerusalém no dia de Pentecostes já tinham recebido o anúncio do evangelho, já tinham sido evangelizados. Lucas quer mostrar a universalidade do povo de Deus e da evangelização. Na ótica da fé tudo isso é obra do Espírito de Jesus.
19. Ao descrever o episódio de Pentecostes, Lucas se serve de esquemas já presentes no Primeiro Testamento.
19.1. Ele coloca a vinda do Espírito Santo cinqüenta dias após a Páscoa para fazê-la coincidir com o Pentecostes judaico, no qual o povo judeu celebrava o dom da Aliança no Sinai, a entrega da Lei (Decálogo), o surgimento de um acerto social comprometido com a vida e a justiça.
19.2. De fato, segundo Ex. 19, cinqüenta dias depois que o povo saiu do Egito, Deus fez aliança com ele no monte Sinai, entregando-lhe, por meio de Moises, a Lei. O fato foi acompanhado de trovões, relâmpagos e trombeta tocando.
19.3. Ora, esse episódio é uma das bases sobre as quais Lucas constrói a narrativa do Pentecostes: cinqüenta dias após a Páscoa, estando os discípulos reunidos em Jerusalém, houve um barulho como o rebentar de forte ventania (At. 2,1-1).
19.4. Com isso, Lucas afirma que, em Jerusalém, acontece a Nova Aliança; surge o novo Povo de Deus, é dada a Nova Lei: o Espírito Santo.
20. Lucas se inspira também em outro texto do AT: Nm. 11,10-30, onde Deus repartiu seu Espírito sobre Moisés e os setenta anciãos, para que pudessem organizar o povo. E Moisés exprimiu o desejo de que todo o povo recebesse o Espírito de Javé (Nm. 11,29). Esse substrato serve para Lucas mostrar que, finalmente, o Espírito de Deus foi derramado sobre todos no dia de Pentecostes.
21. No início do evangelho, o Espírito tomara conta de Jesus (cf. Lc. 4,18). No início dos Atos, o mesmo Espírito toma posse de todas as pessoas.
22. Finalmente, Lucas se serve de Gênesis 11,1-9, o episódio da torre de Babel, onde Deus confundiu a ambição das pessoas, que não se entendiam mais. Para Lucas, o Pentecoste é o oposto de Babel: aqui, “todos nós os escutamos anunciarem, em nossa própria língua, as maravilhas de Deus” (2,11).
23. Com o episódio de Pentecostes assim formulado, Lucas:
- faz ver que a comunidade cristã é o novo Povo de Deus,
- o povo da Nova Aliança, cuja lei é o Espírito Santo;
- não há fronteiras para esse povo, e objetivo comum é viver o projeto de Deus;
- esse povo é capaz de entender e se unir porque fala a língua do Espírito de Jesus.
De fato,
- o Espírito Santo é a memória sempre renovada e atualizada do que Jesus fez e disse (cf. Jô 14,26);
- entregando seu Espírito, Deus realiza com a comunidade cristã a nova e definitiva Aliança,
- na consecução do projeto divino, confiado agora aos que sonham com a humanidade livre de todas as formas de opressão, violência e morte.
24. Não se deve confundir o fenômeno de Pentecostes com o falar línguas estranhas de 1Cor. 12-14. Aqui em Atos 2,1-11, todos os que estão à escuta – há gente de 3 continentes – ouvem na própria língua (=entendem perfeitamente) falar das maravilhas de Deus.
2ª leitura: 1Cor. 12,3b-7.12-13
25. “Ninguém pode dizer “Jesus é o Senhor”, a não ser no Espírito Santo” (v.3b). Reconhecer Jesus como único Senhor é o critério para saber o que procede e o que não procede do Espírito Santo. É provável que alguém, em Corinto (julgando-se movido pelo Espírito), tenha dito uma grave blasfêmia: “Maldito Jesus!” (cf.12,3a). Para Paulo, a ação do Espírito leva sempre à confissão de que Jesus é o Senhor.
26. Os coríntios achavam que ter carisma fosse possuir dons extraordinários, como falar em línguas estranhas e profetizar. Era uma visão muito redutiva e personalista. Paulo afirma que são distribuídos muitos dons (não alguns somente), mas quem os distribui é o mesmo Espírito de Jesus (cf.12,4)
27. Toda ação tem origem no Pai; o que os cristãos fazem se baseia na ação de Jesus (cf. vv. 5-6). Note-se a formulação trinitária. Em Deus não há divisão, mas harmonia. Tudo colabora no projeto de Deus. O mesmo acontece na comunidade cristã: “a cada um é dado algum sinal da presença do Espírito Santo, para o bem comum” (v. 7).
28. A seguir Paulo emprega a imagem do corpo. Ele se refere ao corpo humano com muitos membros, mas também ao corpo social, a comunidade cristã, que forma um todo com Cristo(v. 12).“Vocês não sabem que seus corpos são membros de Cristo?” (6,15).
29. Então, Paulo pensa: se em Jesus com o Pai e o Espírito, não há divisões apesar da diversidade, como pode havê-las na comunidade, que é o corpo de Cristo? De fato, o anúncio do evangelho em Corinto, havia reunido povos, categorias e classes sociais incompatíveis até então: judeus e gregos, escravos e livres (v.13a).
Recordamos Gl. 3,28: “já não se distinguem judeu e grego, escravo e livre, homem e mulher, pois com Cristo Jesus sois todos um só!”.
30. O batismo havia elevado todos a um nível jamais atingido antes: todos receberam o mesmo Espírito, de forma que constituem um só corpo social, a comunidade cristã, corpo de Cristo. Assim todos se alimentam e se inspiram na mesma fonte, que é o Espírito Santo (v. 13b).
31. Portanto: tem sentido as divisões escandalosas que as comunidades criam em torno de interesses pessoais, posições ou tarefas mais vistosas? Não é um atentado ao corpo de Cristo e ao Espírito de Jesus? Não é um atentado ao projeto de Deus?
R e f l e t i n d o
1. Pentecostes é a plenificação do mistério pascal: a comunhão com o Ressuscitado só é completa pelo dom do Espírito, que continua em nós a obra do Cristo e sua presença gloriosa.
2. A liturgia de hoje acentua a manifestação histórica do Espírito no milagre de Pentecostes (1ª leitura) e nos carismas da Igreja (2ª  leitura), sinais da unidade e da paz que o Cristo veio trazer.
Isto porque:
- a pregação dos apóstolos, (anunciando o Ressuscitado), supera a divisão de raças e línguas,
- e a diversidade de dons na Igreja serve para a edificação do povo unido, o Corpo do qual Cristo é a cabeça.
3. Pentecostes, no antigo Israel, era uma festa agrícola (primícias da safra). Mais tarde foi relacionada com o evento salvífico central da Aliança mosaica: ganhou o sentido de comemoração da proclamação da Lei no monte Sinai. Tornou-se uma das três grandes festas em que os judeus subiam em romaria a Jerusalém (as outras são a Páscoa e Tabernáculos).
4. Foi nessa festa que aconteceu a “explosão” do Espírito Santo, a força que levou os apóstolos a tomarem a palavra e a proclamarem diante da multidão reunida de todos os cantos do judaísmo, o anúncio (querigma) de Jesus Cristo. Seria errado pensar que o Espírito tivesse sido dado naquele momento pela primeira vez. O evangelho de João nos ensina que Jesus comunicou o Espírito no próprio dia da Páscoa. O Espírito está sempre aí. Mas foi no dia de Pentecostes que esta realidade se manifestou ao mundo. Por isso, ele aparece em forma de línguas, operando o milagre das línguas e reparando a confusão da torre de Babel (Gn. 11).
Nota: este tema lembra uma antiga lenda judaica,segundo a qual, no Sinai, a proclamação da Lei teria sido dada aos setenta anciãos, em setenta línguas. (Agora no relato de Pentecostes cristão, o anúncio é confiado aos doze apóstolos, talvez em doze línguas).
5. A essa proclamação universal aludem a oração do dia e a 1ª leitura. O Espírito leva a proclamar os “magnalia Dei” (as maravilhosas grandiosidades de Deus) em todas as línguas. O conteúdo desta proclamação, já o conhecemos dos domingos anteriores: é o querigma da ressurreição de Jesus Cristo. O salmo 104 retoma o fato.
6. São Paulo na 2ª leitura vai mostrar a obra do Espírito: a multiformidade dos dons, dentro do mesmo Espírito, como as múltiplas funções em um mesmo corpo. Paulo chama isso de “carismas”, dons da graça de Deus; pois sabemos muito bem que tal unidade na diversidade não é algo que vem de nossa ambição pessoal (que normalmente só produz divisão). É o Espírito do amor de Deus que tudo une.
7. No evangelho encontramos a visão joanina da exaltação de Jesus: é a realidade única de sua morte, ressurreição e dom do Espírito, pois sua morte é a obra em que Deus é glorificado, e seu lado aberto é a fonte do Espírito para os fiéis (Jô 7,37-39; 19,31-37). Assim no próprio dia da ressurreição, Jesus aparece aos seus para lhes comunicar a sua paz (cf. 14,27) e conceder o dom do Espírito para tirar o pecado do mundo, ou seja, para que eles continuem sua obra salvadora (cf. 1,29.35).
8. Este Espírito do Senhor exaltado é o laço do amor divino que nos une e que transforma o mundo em nova criação, na qual todos entendem a voz de Deus. Essa é a mensagem da liturgia de hoje.
9. O mundo é renovado conforme a obra de Cristo, que nós, -no seu Espírito-, levamos adiante. Neste sentido é a festa da Igreja que nasceu do lado aberto do Salvador e manifestou sua missão no dia de Pentecostes. Igreja que nasce, não de organizações e instituições, mas da força graciosa (“carisma”, graça) que Deus infunde no coração e nos lábios.
10. A festa de hoje ajuda a entender o que é renovação carismática: não é uma avalanche de fenômenos estranhos, mas o espírito do perdão e da unidade que ganha força decisiva na Igreja. O Espírito Santo é a alma da Igreja, o calor de nossa fé e de nossa comunhão eclesial.
11. A Igreja, por sua unidade no Espírito, no vínculo da paz (Ef. 4,3), torna-se sacramento (sinal operante) do perdão, da unidade, da paz no mundo, na medida em que ela o coloca em contato com o senhorio do Cristo pascal, no querigma e na práxis.
12. Nós hoje devemos renovar o milagre de Pentecostes: falar uma língua que todos entendam: a linguagem da justiça e do amor. É a linguagem de Cristo, e é uma “língua de fogo!”. Aliás, o evangelho nos lembra que a primeira finalidade do dom do Espírito é tirar o pecado do mundo (Jô 20,22-23). A linguagem do Espírito é a linguagem da justiça e do amor.
13. Reconhecimento difícil: a enorme diversidade de dons no único “corpo” da Igreja. Somos capazes de considerar as nossas diferenças (ideológicas, sociais, pastorais, etc.) como um canal do Espírito a transmitir a mensagem evangélica para que “alguns” a entendam? Colocamo-las em comum? O diálogo na diversidade pode ser um dom do Espírito no mundo atual (como pode ser, … por nossa culpa, motivo de disputas e desentendimentos entre nós que nos dizemos cristãos).
14. A seqüência Veni Sancte Spiritus expressa maravilhosamente o sentido profundo do dom do Espírito à comunidade dos fiéis como chama do amor de Deus em Cristo.
Ó, vinde, Espírito Criador,
as nossas almas visitai
e enchei os nossos corações
com vossos dons celestiais.
Vós sois chamado o Intercessor
do Deus excelso o dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor,
a unção divina e salutar.
Sois doador dos sete dons,
e sois poder na mão do Pai,
por Ele prometido a nós,
por nós seus feitos proclamai.
A nossa mente iluminai,
os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai,
qual força eterna e protetor.
Nosso inimigo repeli,
e concedei-nos vossa paz;
se pela graça nos guiais,
o mal deixamos para trás.
Ao Pai e ao Filho Salvador
por vós possamos conhecer.
Que procedeis do seu amor.
fazei-nos sempre firmes crer. Amém.
15. O Espírito do Senhor repousa sobre mim.
O Espírito do Senhor me escolheu, me enviou.
Para dilatar o seu Reino entre as nações,
para anunciar a Boa Nova a seus pobres,
para proclamar a alegria e a paz:
exulto de alegria em Deus meu Salvador.
Para dilatar o seu Reino entre as nações,
consolar os corações esmagados pela dor;
para proclamar sua graça e salvação
e acolher quem sofre e chora sem apoio, sem consolo.
Para dilatar o seu Reino entre as nações,
para anunciar libertação e salvação;
para anunciar seu amor e seu perdão,
para celebrar sua glória entre os povos.
prof. Ângelo Vitório Zambon
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1. Hoje é o dia do aniversario da Igreja, pois a Igreja nasceu no dia do Pentecostes, quando o Senhor mandou o Seu Espírito sobre os discípulos no cenáculo em Jerusalém. Esta é já uma primeira indicação extremamente importante, pois nos revela que a Igreja não é invenção dos homens, mas sim obra de Deus. A Igreja é assim constituída de pessoas que atraída pelo Senhor, instruídas pela sua Palavra aceitam de percorrer a historia se deixando transformar pela ação do Espírito Santo. Sem duvida a Igreja é feita de pessoas em carne e osso, é feita de gente: tem uma estrutura física, humana, visível. Aquilo que, porém realiza, não é humano, mas sim divino. A obra que a Igreja realiza ao longo dos séculos é fruto da ação do Espírito Santo nas pessoas que acreditam no Senhor Jesus. É verdade que, apesar de tanto tempo, a historia parece ser dominada pelo espírito do mal e que também a Igreja e varia circunstâncias se deixou dominar pelas forças do inimigo. É também verdade, porém, que por dentro da historia, o Espírito Santo desde a vinda do Senhor Jesus na terra, está preparando o Reino de Deu, que é um reino de paz, de justiça e de amor. Esta é uma verdade por assim dizer bíblica, uma verdade que somente as pessoas espirituais podem enxergar, somente as pessoas que aderiram ao Evangelho de Jesus podem vislumbrar. Se tudo isso é verdade, podemos nos perguntar: como está se manifestando este Reino de Deus que o Espírito Santo está moldando desde o dia de Pentecostes? Quais são os sinais espiritualmente visíveis da sua presença?
2. “Há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo” (1Co. 12,4).
É esta uma idéia que Paulo repete muitas vezes nas suas cartas (cf. Ef. 2). O efeito do Espírito Santo nas pessoas que o acolhem é dúplice. Em primeiro lugar, o espírito identifica as pessoas, ou seja, ajuda as pessoas a descobrirem a própria especifica vocação. Esta é uma marca claríssima da presença do Espírito Santo na Historia: ajudam as pessoas a perceberem o sentido da própria vida, qual é o projeto do Pai para elas, para depois ficarem firmes e fieis a esta vocação. Num mundo desnorteado, que corre atrás de quem grita mais alto e se perde, assim, nas ilusões que o mundo oferece, encontrar pessoas bem centradas naquilo que é a própria vida, a própria vocação é ao mesmo tempo algo de raro e, também, uma grande alegria. Aquilo que o Espírito Santo desvende nas pessoas não é apenas uma tarefa para ser realizada, mas sim o sentido mesmo da vida, aquele sentido que enche a alma, que produz paz e serenidade na pessoa que o acolhe. É isso que Jesus anuncia logo após da sua ressurreição, aparecendo aos discípulos e soprando o Espírito sobre eles: a paz esteja convosco (cf. Jô 20,19). É o que esta paz se não a certeza que nada mais precisa correr atrás de algo, que Cristo mesmo nos oferece, ou seja, o seu Espírito de vida! Na perspectiva do Evangelho a paz não é um sentimento passageiro, que vem e vá embora, mas é o dato permanente que marca o nosso relacionamento com o Senhor. De fato, se Cristo é vivo, se nós temos o seu Espírito, porque temer? Se o Senhor da vida está no meio de nós, porque correr atrás de outros falsos senhores que não tem nada pra nos oferecer, a não serem paliativos inúteis e enganadores? Afinal de conta, se com o seu Espírito Cristo é conosco, quem estará contra de nós? (cf. Rm. 8,31). Este é então, o primeiro dato espiritual fundamental da ação do Espírito Santo na Historia: a identificação das pessoas, a libertação do caos em que reina o mundo das trevas e a certeza que Cristo não nos abandona mas caminha conosco. Do outro lado o Espírito, além de nos oferecer uma identidade nos coloca numa vida de comunhão, nos libertando da triste solidão do mundo. Quem vive do Espírito Santo vive no amor de Deus e, o amor, é comunhão. Se no muno cada um queima o filme do outro pra se promover, não é assim na Igreja, pois é um só Espírito que age em todos para que todos sejam um (cf. Jo 17). É verdade que amiúde também entre os membros da Igreja acontece aquilo que assistimos no mundo, ou seja, brigas, rixas, desavenças, rivalidade. Só que estas situações não devem ser tomadas como pretexto para nos afastarmos da Igreja, mas sim devem ser utilizadas para crescer junto com a comunidade, na superação daquela parte de mundo que ainda nos domina. Do outro lado, se pensarmos atentamente, entre os mesmos discípulos de Jesus existiam rivalidades, ao ponto que Jesus teve que entrar no meio da polemica (cf. Mt. 20,24-28) e lembrar para todos que os discípulos não podem agir e pensar com pensa e age o mundo, ou seja, se deixando levar pelo egoísmo e pela ganância, mas sim o discípulo do Senhor deve aprender a deixar-se dirigir pelo Espírito do amor. Neste sentido podemos dizer que toda vez que nos membros da Igreja, em nós mesmos, percebemos algo de errado, um excessivo apego as coisas do mundo, um instinto egoísta exacerbado, isso não que dizer que o Espírito não age, que o Espírito não existe, mas que ainda precisamos de trabalhar bastante sobre a nossa humanidade, para que o Espírito Santo possa encontrar espaço pela sua ação santificadora.
3. “Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados serão perdoados” (Jô 20,22-23).
Talvez seja este o sinal mais profundo da presença do Espírito Santo na historia, ou seja, a capacidade de perdoar. Sem duvida o poder de perdoar os pecados Cristo o entregou para os discípulos e, então a Igreja, mas pelo fato de pertencermos á Igreja através do Batismo este poder, de alguma maneira, é também nosso. O cristão, pelo fato de pertencer ao Corpo de Cristo e de ter recebido o poder de perdoar os pecados, é chamado a viver no mundo o perdão do Senhor. É sintomático que a primeira palavra que o Senhor soltou logo após da ressurreição, no primeiro encontro dos discípulos, foi a palavra “perdão”. Além do mais “perdão” é a primeira palavra pronunciada por Jesus depois de ter soprado o Espírito sobre os discípulos. Perdoar os irmão, neste sentido e pela força que este mandamento recebe no contexto que acabamos de apresentar, é sem duvida algo de divino, que o homem não consegue sozinho realizar. De fato, se pararmos um pouco para pensar, percebemos imediatamente que os maiores problemas que encontramos nos relacionamentos com as pessoas são todos ligado a nossa incapacidade de perdoar, a nossa incapacidade de dar o braço a torcer. Porque, então, é tão importante perdoar os irmão e as irmãs? Porque á luz do Evangelho, toda vez que perdoamos alguém permitimos ao Espírito Santo de entrar na historia e desenvolver a sua força criadora.
De uma certa forma, esta solenidade de Pentecostes e esta pagina do Evangelho nos ensina que ser Igreja não é tão complicado assim como em aparência parece. Basta somente um pouco de humildade, um pouco mais de simplicidade, um pouco de docilidade á ação do Espírito Santo para que Cristo possa reconciliar o mundo a sim, possa moldar a humanidade toda para que assuma a forma da humanidade de Cristo. É isso que o Espírito Santo quer realizar: transformar tudo em Cristo. A nossa capacidade ou incapacidade de perdoar os irmãos e as irmãs torna-se a medida da realização deste projeto ambicioso do Pai.
padre Paolo Cugini
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“Vinde Espírito Criador (...) fazei-nos conhecer o Pai
e revelai-nos o Filho!”
Antes de ser uma festa cristã, Pentecostes era uma celebração judaica particularmente sentida dentro do antigo calendário religioso judeu. Sete semanas depois da festa dos pães ázimos, isto é, da Páscoa, ocorria em Israel a festa das semanas ou a festa das Primícias (em hebraico, respectivamente, Shabuot e Bikurim).
Essa festa tinha como objeto a ação de graças do povo em virtude da colheita do trigo e, para marcar esse momento, fazia-se no templo a oferta das primícias a Deus, isto é, os primeiros frutos da terra, simbolizados na entrega de um primeiro feixe colhido no campo.
Era, portanto, uma festa inicialmente de caráter agrícola (cf. Ex. 23,14; Nm. 28,26) onde se agradecia a generosidade de Deus pelos dons da colheita.
Por ser o qüinquagésimo dia – na antiguidade o primeiro e o último dia de um tempo festivo eram contados como um único dia – a festa foi chamada de pentecostes, isto é, do grego qüinquagésimo (dia).
Era uma festa alegre e que posteriormente foi associada à recordação da conclusão da Aliança no Sinai e à entrega da Lei, oferta generosa de Deus, por meio de Moisés ao Povo eleito (cf. 2Cr. 15,10-13).
Juntamente com a Páscoa, era uma das grandes festas de peregrinação para Israel (cf. At. 20,16) e à qual todo judeu piedoso era chamado a participar: “Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos, vindos de todas as nações que há debaixo do céu” (At. 2,5).
Além do sentido de gratidão pelas primícias e pela entrega da Lei, havia outros aspectos muito interessantes dentro dessa festa do Antigo Testamento. Fílon de Alexandria, por exemplo, nos faz saber que o número cinquenta tinha um significado especial para os judeus, pois remetia diretamente ao fato do jubileu, isto é, à remissão que a cada cinqüenta anos os judeus deveriam fazer em relação às dívidas e à libertação dos escravos (Lv. 25,10).
De fato, um pouco mais tarde, os Padres da Igreja também tirariam proveito desse simbolismo, ao associarem o número cinqüenta ao perdão dos pecados: “Alguns dizem que este número cinqüenta é símbolo da esperança e da remissão que ocorre em Pentecostes” - dizia Clemente de Alexandria (Stromata, VI, 11).
“Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados” – Evangelho: Jo 20,22s.
Fazer a experiência do perdão é experimentar a misericórdia de Deus. A palavra “misericórdia” vem do latim e faz uma referência ao coração (cordis), um órgão que, segundo a cultura greco-romana, quer designar o centro da pessoa, o seu íntimo; mas este termo possui também conotações relativas à mutabilidade: ora o coração está alegre, ora está irritado... Já na língua hebraica o termo usado para dizer a atitude de misericórdia de Deus para com o homem é rahamim, isto é, o ventre, mais precisamente o útero materno.
Experimentar o perdão de Deus é fazer uma experiência profunda de regeneração: “Por ventura tornarão a viver estes ossos? [...] Profetiza a esses ossos: Eis que vou fazer com que sejais penetrados pelo espírito e vivereis” (Ez. 36,3s).
De fato, é com o dom do Espírito Santo que “os mistérios pascais são levados à plenitude” (cf. prefácio do domingo de Pentecostes). Entendemos então porque na missa se pede ao Pai que o Espírito seja derramado para que as oferendas se tornem o corpo e o sangue de Cristo [...] sangue derramado por nós e por todos para a remissão dos pecados (cf. missal romano, oração eucarística II).
A liturgia, por força do Espírito, nos faz experimentar no hoje da nossa história a efusão do Espírito Santo, nos faz experimentar o mesmo dia de Pentecostes vivido pelos apóstolos nos primórdios da história do cristianismo:
“No dia de Pentecostes (no termo das sete semanas pascais), a Páscoa de Cristo completou-se com a efusão do Espírito Santo que se manifestou, Se deu e Se comunicou como Pessoa divina: da sua plenitude, Cristo Senhor derrama em profusão o Espírito” (Catecismo da igreja católica n. 731).
Eis porque a Igreja insiste para que seja feita a Vigília da forma mais longa - se possível também com a celebração das vésperas (liturgia das horas) - com a proclamação das leituras do Antigo Testamento, as quais retomam a história da salvação:
“Irmãs e irmãos caríssimos, a exemplo dos apóstolos e discípulos que, com Maria, a Mãe de Jesus, perseveraram em oração, aguardando o Espírito prometido pelo Senhor, ouçamos, de ânimo  sereno, a Palavra de Deus” (missal  romano, apêndice, 1).
É através da efusão do Espírito em nossos corações que temos a certeza que Deus nos ama e nos perdoa; que Ele nos oferece a possibilidade de reencontrarmos a unidade perdida; a nós, que vivemos fragmentados dentro de um mundo fragmentário (Gn. 11,1ss – a torre de Babel); justamente a nós foi dada a possibilidade da unidade: “com efeito o corpo é um e, não obstante, tem muitos membros, mas todos os membros do corpo, apesar de serem muitos, formam um só corpo. Assim também acontece com Cristo” (1Co. 12,12).
E essa unidade só é possível em Cristo, o homem por excelência, por meio do Espírito. É o que nos diz Santo Irineu neste belíssimo texto quando equipara o Espírito à água: “Assim como a farinha seca não pode, sem água, tornar-se uma só massa nem um só pão, nós também, que somos muitos, não poderíamos transformar-nos num só corpo, em Cristo Jesus, sem a água que vem do céu. E assim como a terra árida não produz fruto se não for regada, também nós, que éramos antes como uma árvore ressequida, jamais daríamos frutos de vida, sem a chuva da graça enviada do alto” (santo Irineu, Tratado contra as heresias, lib. 3, 17,1-3)
A ação do Espírito contempla sem dúvida alguma também a dimensão do sujeito individual. Isso fica patente ao longo da celebração litúrgica quando, por exemplo, a voz do salmista, ao cantar na sequência de Pentecostes, se expressa nestes termos:
Sem a tua luz/nada o homem pode/nenhum bem há nele/lava o que é sujo/rega o que é árido/cura o que está doente/Dobra o que é duro/aquece o que é frio/abre caminho nas trevas
Mas há que se dizer que esta não é, por certo, a dimensão maior.
Pentecostes é algo que nos contempla enquanto pessoas, indivíduos, mas é também algo que nos supera e em muito. O Espírito sopra onde quer (Jo 3,8) e o Pai santifica a sua Igreja, una, em meio às diversidades humanas, e derrama por toda a extensão do mundo os dons do Espírito para que se realize agora no coração dos fiéis as maravilhas que ele operou (cf. oração do dia).
Receber o Espírito de Deus significa estar aberto não só a Deus, mas também ao próximo; significa concretamente abrir mão da própria individualidade para ir em direção ao outro, significa “anunciar as maravilhas de Deus” (At. 2,11), o Evangelho eterno (cf. Ap. 14,6), feito não só de palavras, mas de gestos concretos; significa saber discernir os tempos e os momentos; significa saber escutar a voz delicada e interior desse Espírito que geme dentro de nós e nos faz proclamar que “Jesus é o Senhor!” (1Cor. 12,3).
Gabriel Frade
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1. Santificais a Vossa Igreja
Tantas maravilhas conhecemos nas Sagradas Escrituras! Mas, nenhuma é tão espetacular como a vinda do Espírito Santo. Tudo se encaminhou para esse momento, no qual se criou o mundo novo a partir da Redenção feita por Jesus, que levou à plenitude os mistérios pascais.
Rezamos no prefácio da Missa: "Para levar à plenitude os mistérios pascais, derramastes, hoje, o Espírito Santo prometido, em favor de vossos filhos e filhas". O Espírito é o dom fundamental! Está intimamente ligado à ressurreição de Jesus, que o dá aos discípulos no entardecer do domingo da Páscoa. "Soprou sobre eles e disse: 'Recebei o Espírito Santo'!"
O dom de Espírito é para a reconciliação, isto é, para que atue em nós a Redenção que Jesus nos mereceu. Essa reconciliação é o fruto do grande desígnio de Deus de comunicar-se a todos os homens. Ao recebermos o Espírito, somos introduzidos na vida da Trindade.
A vinda do Espírito não se reduz a um acontecimento histórico. Ele está sempre presente na vida da Igreja e na celebração litúrgica da festa. Há sempre o HOJE de Deus em nossas celebrações. Nelas, reconhecemos que Deus nos abre os tesouros de sua benignidade para santificar a Igreja. Santificar é torná-Ia sempre mais unida a seu Redentor e consciente dessa união.
Ao falar de Igreja, não estamos pensando em um grupo de fiéis separados do mundo. O Espírito é derramado sobre todo o universo. Assim cantamos no refrão do salmo: "Enviei o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovei' (SI 103). A santificação faz a Igreja anunciadora da vida de Deus presente no mundo. A Igreja reconhece a presença do Espírito de Deus, celebra-o e anuncia sua ação do mundo. Sua presença enche a face da terra e a santifica.
2. Derramai os Dons do Espírito
Deus nos deu seu Espírito como dom fundamental e, com Ele, recebemos seus infinitos dons, simbolizados nos sete dons. "Desde o nascimento da Igreja, é Ele quem dá a todos os povos o conhecimento do verdadeiro Deus; e une, numa só fé, a diversidade das raças e línguas" (prefácio).
Jesus veio revelar o Pai. O Espírito conduz os povos ao conhecimento do Deus verdadeiro. Conhecendo o Deus de Jesus, o mundo enche-se dos mais diversos dons, ministérios e serviços na sociedade. O Espírito faz a unidade dos diversos dons.
Paulo insiste que os dons são muitos, mas é o mesmo Espírito que age em todos. A súplica fundamental que fazemos ao Pai, quando invocamos o Espírito, é que faça de nós um único corpo com Cristo. Os demais dons são bons e necessários. Mas o dom fundamental é ser Corpo de Cristo.
3. Renovai Vossas Maravilhas
A Festa de hoje é um grande grito de toda a Igreja para que o Espírito Santo "nos faça compreender melhor o mistério deste sacrifício e nos manifeste toda a verdade" (Oferendas).
Jesus dissera que o Espírito Santo nos ensinaria toda a verdade. A verdade é Jesus e o conhecimento de sua missão. Cumpriremos nossa missão com o auxílio dos dons que Ele nos oferece. "Cresçam os dons do Espírito Santo; e o alimento espiritual que recebemos aumente em nós a eterna redenção" (Pós-comunhão).
Na Eucaristia, o Espírito atualiza para nós o mistério de Cristo que celebramos. Com Ele, somos uma oferta à Glória da Trindade. O Pai que nos acolhe, a pedido de seu Filho, dá-nos o Espírito Santo nesta celebração. Nos tempos difíceis que vivemos é importante estar abertos à voz do Espírito que nos instrui, estimula e consola.
Victor Hugo Oliveira
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Celebramos, hoje, a solenidade de Pentecostes, festa tradicionalmente realizada pelo povo Judeu, mas a partir do cenáculo de Jerusalém, ela é celebrada pelos cristãos - pela Igreja primitiva e por nós também - como a descida do Espírito Santo sobre os apóstolos e a Vigem Maria, reunidos em oração. Sim! Esta foi à promessa do Pai, por meio de Jesus, quando da sua ascensão aos Céus...
“... que esperassem a promessa do Pai, a qual ouvistes (disse ele) da minha boca, por que ... vós sereis batizados no Espírito Santo, daqui a poucos dias”.
Promessa que Ele nos enviaria o defensor, o paráclito, o advogado... Portanto, a festa de Pentecostes é o cumprimento da promessa de Jesus aos Seus discípulos. A Igreja nascente estava reunida em oração – portanto, é bom ressaltar que eles estavam em oração – e recebeu a força do Alto, para revigorar e fortalecer seus corações, para a missão que o Senhor havia confiado: anunciar a todos os povos a Boa Notícia da Salvação.
“E quando se completaram os dias de Pentecostes, estavam todos juntos no mesmo lugar; e, de repente, veio do céu um estrondo, como de vento que soprava impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. E apareceram repartidas umas como línguas de fogo, e pousou (uma) sobre cada um deles. E foram todos cheios do Espírito Santo, e começaram a falar em várias línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem” (At. 2,1-4).
O ‘de repente’ de Deus aconteceu no meio deles, como escutamos nos Atos dos Apóstolos. Quando tudo parece perdido e o desânimo toma conta dos nossos corações, Deus age para nos relembrar – como fez com os Apóstolos – a Verdade revelada, e para nos revigorar em nossas fraquezas. O temor era uma realidade da Igreja nascente, como ouvimos no Santo Evangelho de são João. Os discípulos se encontravam a portas fechadas, com medo dos Judeus, pois estes os hostilizavam e os expulsavam das sinagogas.
“Chegada, pois, à tarde daquele dia, que era o primeiro da semana, e estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se achavam juntos, com medo dos Judeus, veio Jesus, e pôr-se no meio deles, e disse-lhes: A paz seja convosco” (Jo. 20,19).
Por acaso a realidade hoje é diferente? Não somos, nós, cristãos – de modo particular nós católicos – perseguidos, massacrados, caluniados, mortos só pelo fato de sermos cristãos, de acreditarmos na verdade eterna, e por lutarmos contra esse relativismo moral e religioso, dos dias de hoje? Não devemos nos calar! Fomos, somos e seremos rotulados – como sempre fomos - em nome da Verdade, até o dia do triunfo do Coração Imaculado da nossa Santíssima Mãe, que já está as portas! Coragem!
Amados! O Espírito Santo, que foi derramado sobre os discípulos e a Virgem Santíssima, no cenáculo, continua atuando na sua Igreja, ainda hoje. E a fé da Igreja não é algo privativo e pessoal, mas passa pelo assentimento das verdades reveladas, pelo seu magistério, através da tradição e das Sagradas Escrituras. Portanto, a nossa oração deve está em comunhão com a oração da Igreja, aliás, deve ser a oração da Igreja, de modo particular o sacrifício da missa, que em torno do Altar, nos une como membros do único Corpo (Místico), onde Cristo é
a Cabeça. E ao seu Corpo Místico – que somos nós, unidos na mesma fé – foi confiado, segundo os desígnios e a vontade do Senhor dons e carismas, e estes são para a edificação da Igreja, como nos diz são Paulo. Pois é por Ela que também nós recebemos os Sacramentos que nos salva. “E a cada um é dada a manifestação do Espírito para a utilidade comum” (1Co. 12,7).
Que o Espírito Santo que sempre iluminou a Igreja, nos dê sabedoria – um dos Seus sete Dons – para compreendermos nossa Missão e nossa vocação de Cristãos Católicos. O mundo nos odeia e nos persegue, pois deseja satisfazer os desejos da carne e todos os seus apetites; combate contra a verdade e contra a moral, deixando-se guiar pela natureza, com suas orgias que denigrem a dignidade humana e afrontam seu criador. Mas, coragem ! - diz Jesus - ‘eu venci o mundo’!
Que Ele nos dê coragem e a verdadeira alegria, para abraçarmos nossa cruz quotidiana e d’Ela darmos testemunho. E por mais difícil que seja professar a fé Católica, não devemos temer, pelo contrário, devemos nos alegrar por o Senhor nos ter dado essa graça, e a fortaleza para anunciar e testemunhar Seu Evangelho. Pois foi essa a principal Missão que os Apóstolos receberam no Cenáculo. Pois o sinal das ‘línguas de fogo’ que desceram sobre eles foi para que eles fossem fortalecidos do poder do Alto, e Deus fosse glorificado através deles, se necessário fosse, até com o Martírio, como aconteceu com a maioria deles.
“Portanto faço-vos saber que ninguém, que fala pelo Espírito de Deus, diz anátema a Jesus. E ninguém pode dizer Senhor Jesus, senão pelo Espírito Santo” (1Co. 12,3).
Jesus sopra sobre os apóstolos o Espírito Santo e lhes deu a autoridade de perdoar os pecados. Portanto, essa autoridade foi dada, por Jesus, a santa Igreja, que Ele edificou sobre a fé de Pedro; hoje aos bispos e aos sacerdotes que receberam na sagrada ordem essa grandiosa Missão. Levar a paz aos corações atribulados, que desejam receber – por meio da Igreja – a misericórdia de Deus. Pois foi isso que Jesus fez após Sua Ressurreição, quando apareceu aos discípulos e lhes deixou a paz, e lhes enviando em missão. Mas, uma ‘igreja’ que dorme enquanto as almas se perdem, não tem o poder do Espírito Santo de Deus, e com isso nega-se a abraçar o que o Senhor lhe confiou. Acordemos! Pois "a quem muito foi dado, muito será cobrado..."
E pode ter certeza que será cobrada cada alma que nos foi confiada, pelo Espírito Santo de Deus! Não podemos ficar dormindo em nossos pecados, muitas vezes graves, que ofendem a Deus, quando nos foi dada a graça de purificarmos nossas almas no sacramento do Amor, do perdão, da misericórdia, da confissão... Não tenhamos medo, amados, pois nossa consciência sempre vai lembrar-se dos atos que cometemos, e vai nos chamar para que abracemos a fornalha do seu coração misericordioso do Senhor, no sacramento da confissão. Ainda é o tempo de graça! Pois vivemos os últimos dias, o tempo da apostasia generalizada, onde a indiferença, o ateísmo impera e se apresenta como um ‘deus!’
Sim, é o tempo a da grande prova, da grande tribulação, mas ainda é tempo de graça e de perdão. Corramos para receber Jesus em Seu Corpo, Sangue, alma e divindade, no altar do sacrifício, com os corações purificados, e a paz de Deus estará conosco.
“E ele disse-lhes novamente: a paz esteja convosco. Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós. Tendo dito estas palavras, soprou sobre eles, e disse-lhes; Recebei o Espírito Santo. Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo. 20,21-23)
E como podemos está em paz, se a consciência nos pesa pelos pecados graves? E pelos pecados leves (veniais) também? Que a força da graça de Deus, por meio do Seu Espírito Santo, nos ensine acolher cada pessoa que Ele nos confiou, com a verdadeira caridade, despojando-nos de nós mesmos e deixando Deus ser tudo em nós, na nossa fraqueza, para realizarmos plenamente a Sua santa vontade. Que morramos todos os dias para o pecado e nasçamos verdadeiramente para Deus, pelo poder do Seu Espírito que habita em nós, pela graça que recebemos no Santo batismo. A Virgem Santíssima que esteve com os apóstolos no cenáculo, em oração, lhes dando força e os animando na fé, também permaneça conosco, aqui, quando Seu Filho no altar, se imola e se oferece a nós, em alimento.
padre Tarciso
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