XI DOMINGO DO TEMPO COMUM
17 DE JUNHO
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Introdução
A semente
e o Reino de Deus. Um mistério.
Em Cristo tudo é mistério. Desde a sua
fecundação no corpo de uma jovem escolhida, até o dia de sua subida ao Céu para
junto do Pai, porém continuando conosco através do Espírito Santo, da
Eucaristia, da sua palavra...
O Evangelho de hoje
nos fala de um desses mistérios, o Mistério que é o próprio Reino de Deus,
semelhante a uma semente que introduzida no solo fértil e úmido, germina e
cresce pela graça daquele que criou tudo que existe.
Essa semente que
germina e cresce é semelhante à palavra que semeamos nas mentes dos nossos
irmãos.
Veja. Cada um de nós
ficou sabendo de Deus e de seus mistérios, através de alguma pessoa que nos
falou ou nos deu seu testemunho. Pai, mãe, irmãos, um amigo, uma amiga, um
programa de televisão, através do sermão do padre... enfim, foi alguém nos
falou de Deus. Geralmente, a nossa mãe
chega primeiro, nos ensinando a rezar. Fico triste ao imaginar algumas mães de hoje, que vivendo longe do
Plano de Deus, o que será que dirão aos seus filhos? Provavelmente nada! Nada dirão sobre Deus,
muito menos ensinarão seus filhos a rezar.
E Paulo nos adverte
na segunda leitura, que cada um de nós teremos de comparecer ao tribunal de
Cristo, onde receberemos a devida recompensa, que será um prêmio ou um eterno
castigo, por tudo o que fizemos ou que deixamos de fazer, durante o tempo em
que permanecemos desta vida corporal.
Interessante a
comparação que Paulo faz a respeito da nossa vida terrena, e da nossa vida eterna. Aqui nesta vida nós estamos passando um tempo
delimitado, provisório, onde a nossa
alma está acampada no nosso corpo. Quando morremos, acontece a separação da
alma e do corpo, o qual é comparado com uma tenda onde permanecemos
temporariamente acampados, e um dia teremos de deixá-la para partirmos rumo a
outra fase da nossa vida que poderá ser o Céu ou o Inferno, e isso será
eternamente.
Caríssimos. É nossa obrigação
semear a palavra de Deus por todos os lugares, porém, antes disso, é
importante, e indispensável, que primeiro nós acolhamos e vivamos essa mesma
palavra. Caso contrário, não estaremos preparados para divulgá-la.
Mas como nem todos
nós temos o dom da palavra, a semeadura pode ainda ser feita através do nosso
testemunho, das nossas obras e da presença de Cristo em
nós.
Daí
a importância de primeiro absorvermos a palavra de Deus em nós, pois acolher a
palavra de Jesus é colher o próprio Reino de Deus, que nos transforma em
seguidores e imitadores de Cristo, como aconteceu com os apóstolos depois do
dia de Pentecostes. Esse Reino que foi
iniciado pelo próprio Jesus, quando escolheu os primeiros sacerdotes, os apóstolos,
que foram preparados por Ele, para lançar a primeiras sementes do Reino no mundo, depois das sementes lançadas pelo
próprio Jesus Cristo.
Meus
irmãos. sejamos solos férteis e úmidos, acolhedores da palavra de Deus, e em
seguida vamos lançar a semente nos outros solos, sem medo, sem preguiça, com
determinação, perseverança, coragem e dedicação diária, para que essa mesma
semente que germinou e produziu frutos em nós, germine e cresça sozinha, isto
é, que cresça pela graça de Deus o qual não deixa de fazer a sua parte; e que
essa semente dê muitos frutos pelo mundo afora.
E
após cumprir a nossa missão enquanto acampados em nosso corpo, mereçamos um dia
a recompensa eterna.
Amém!
Tenha um bom e santo domingo com
todos os seus familiares, sempre na presença de Cristo Jesus.
Salviano
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Evangelhos Dominicais
Comentados
17/junho/2012 - 11o Domingo do Tempo Comum
Evangelho: (Mc 4, 26-34)
Jesus dizia: “O reino de Deus é como um homem que joga a semente na
terra. Quer ele durma ou vigie, de dia ou de noite, a semente germina e cresce
sem que ele saiba como. É por si mesma que a terra dá fruto, primeiro vêm as
folhas, depois a espiga, em seguida o grão que enche a espiga. Quando o trigo
está maduro, mete-lhe logo a foicinha, pois é tempo da colheita”. Dizia ainda:
“Com que vamos comparar o reino de Deus, ou em que parábola vamos
representá-lo? É como o grão de mostarda que, na semeadura, é a menor de todas
as sementes da terra. Mas, depois de semeado, cresce e se torna maior do que
todas as hortaliças. Estende ramos tão grandes que os passarinhos podem
abrigar-se à sua sombra”.
COMENTÁRIO
Mais uma vez nos encontramos
com Jesus ensinando através de parábolas. No Evangelho de hoje, Jesus compara o
Reino de Deus com a semente que cresce sem que se perceba. Fala da pequenina
semente de mostarda, que ao germinar se transforma numa árvore enorme, capaz de
acolher muitos pássaros em seus galhos.
Um antigo ditado diz que a
parábola é como o fino pavio de uma vela: aparentemente não tem nenhum valor,
mas, por mais fraca que seja a sua luz, ela nos ajuda a descobrir um tesouro.
Jesus sabia muito bem como adaptar seus ensinamentos através das parábolas. Sua
linguagem inculturada, era de fácil entendimento.
As palavras de Jesus eram
facilmente assimiladas, até mesmo pelo mais humilde dos ouvintes. A grande
preocupação de Jesus era a de fazer-se entender. Conseguiu atingir seu
objetivo, pois sua linguagem era o próprio dia a dia daquelas pessoas. Eram
agricultores, moradores da área rural, habituados ao plantio. As palavras de
Jesus moldavam-se ao quotidiano daquele povo.
Precisamos imitar este
exemplo de Jesus. O evangelizador tem que ter extrema preocupação com seu
ouvinte. Precisa conhecê-lo profundamente. Saber dos seus gostos, seus
costumes, seu modo de se expressar, para então, falar e ser entendido. Caso
contrário, jamais vai despertar entusiasmo, jamais se fará entender.
Ao comparar as sementes que o
homem joga na terra, que germinam, crescem e se transformam em enormes árvores,
sem que o agricultor saiba como tudo isso acontece, Jesus quer mostrar que o
Reino de Deus tem seu ritmo próprio de desenvolvimento, independente da
preocupação humana.
Por tudo isso, não importa
como irão se desenvolver as sementes que plantarmos. Nossa preocupação deve
estar dirigida para o plantio. Semear é a parte que compete a nós. Nosso
trabalho se resume em arar, remexer, afofar os corações ressecados e empedrados.
Uma vez plantada, lá no íntimo, a palavra do Reino desenvolve-se e frutifica de
maneira misteriosa e silenciosa.
Resumindo: preparar terrenos
é a parte mais difícil da nossa tarefa diária. O processo exige conhecimento e
um cuidado todo especial com o local do plantio. Já sabemos que o solo não pode
estar duro e empedrado. O segredo é eliminar toda acidez e adubar com muita
oração. Seguindo rigorosamente essas instruções, um dia veremos os frutos.
Os resultados virão no tempo
certo. Lentamente a semente germina e transforma o terreno e a paisagem.
Primeiro vêm as verdes folhas da esperança. Em seguida aparecem as primeiras
espigas que irão abrigar os milhares de grãos da certeza. Quando estiverem
maduras, é hora da colheita, é hora de levar à mesa os frutos.
E aí, incansável
evangelizador, o brilho de seus olhos diante da alegria ao observar as
maravilhas de Deus, presentes na vida de milhares de irmãos, será a sua grande
recompensa!
(4352)
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Domingo, 17 de Junho de 2012.
Evangelho: Mc 4,26-34
Demos
graças ao nosso bom Deus por dar-nos vida plena e forças para seguir seus
ensinamentos. Chegamos no dia do Senhor e com muita fé ousamos bendizer seu
Santo Nome, glorificar as dádivas recebidas e pedirmos o aconchego de Pai para
continuarmos firme na busca da salvação. Quem carrega o Cristo Ressuscitado e
permanece em sintonia sincera merece seu amor e sua
misericórdia. Então aproveitamos este lindo domingo para refletir as
parábolas do Senhor e aprendermos a construção do Reino da justiça.
Jesus
falava sempre em parábola. Era para que o povo pudesse entender bem suas
explicações. Não que o povo era tão atrasado, mas tinha dificuldade de
interpretar as mensagens de libertação, uma vez que os doutores da Lei as
interpretavam do seu modo, dificultando ao povo a real interpretação. Logo,
Jesus resolveu explicar tudo através de parábola para que o entendimento
chegasse aos ouvidos de cada cristão, pois na simplicidade era gerada toda a
maturação para o Reino.
O
Reino de Deus é bem diferente do reino dos homens poderosos da época de Jesus.
O reino dos homens entranhava a cobiça, a inveja e a opressão, não permitia que
o povo participasse ativamente deste reino, ademais o reino dos homens era bem
seletivo, somente pessoas de posses poderiam salientar os
privilégios. Esta didática enchia Jesus de ira, pois o Reino não é privilegio
de alguns, mas o Reino é lugar de todos. O Reino de Deus era espaço para a
coletividade, fraternidade, caridade e união. O Reino de Deus buscava acentuar
a justiça entre todos, ou seja, no Reino de Deus não haverá separação e nem
discórdia.
Jesus
resolve contar a parábola para que o homem simples compreendesse corretamente a
significância da busca incessante deste Reino novo da Justiça. Afirmava para
quem pudesse ouvir que “O Reino de Deus é
como um homem que joga a semente na terra. Quer ele esteja acordado, quer
esteja dormindo, ela brota e cresce, sem ele saber como isso acontece”. Assim acontece a construção do Reino de Deus.
Sem notar a amplitude e o discernimento das ações corretas o mundo vai se
transformando lentamente. Num piscar de olhos tudo muda. Chamamos isto de milagre
de Deus. Para tanto, devemos acreditar que uma força maior age por
dentro da nossa ação e dos acontecimentos, pois, tudo parece estar parado, mas
a semente debaixo da terra está se movimentando intensamente. Podemos
ainda inquirir que quando pensamos que nada está acontecendo conosco, tudo parece
estar distante de Deus, na verdade Ele está agindo em nosso Ser, em nossas
vidas, em nossa casa, em nosso trabalho, ou seja, Deus está presente e agindo
em tudo, Ele nunca para de trabalhar para que o Reino florescesse com vigor.
Este é o Deus da alegria e da transformação.
Diante
destas palavras não tem como não apaixonar por Jesus. Porém deve ser
uma paixão que mexe e dá sentido na vida e nos afazeres. Dizer que
ama Deus, ama suas criaturas e seus feitios é muito fácil, mais comprometer-se
com as coisas de Deus é apaixonar de verdade. Apaixonar por este Reino é
perceber sua ação no dia-a-dia, nas pequenas coisas, nos pequenos gestos e/ou
até no cumprimento dos colegas. Ao olhar para uma pessoa e abrir um sorriso é
sinal da presença de Deus que faz de tudo para que o homem viva feliz e tenha
vida em abundância.
Jesus
esclarece mais ainda o sentido do Reino ao fazer uma comparação e afirma que o
Reino de Deus “é como uma semente de mostarda, que é a menor de todas
as sementes. Mas, depois de semeada, cresce muito até ficar a maior de todas as
plantas. E os seus ramos são tão grandes, que os passarinhos fazem ninhos entre
as suas folhas”. Assim deveríamos ser neste reino,
esta árvore frondosa que possibilita agasalhar muitas pessoas. Mas
para tal efeito não precisaria ser uma semente gigante ou querer ser um cara
maior do que o outro, veja que a semente exemplificada na parábola de Jesus é
pequena, muito pequena, mas com valor enorme, com uma capacidade de crescer
enormemente e abafar todas as ervas daninha. O Reino de Deus na sua concretude
não exige especialidade e grandeza, o Reino de Deus exige empenho, vigor,
coragem, seriedade e comprometimento. Não precisa inventar outras regras ou
outras metas a seguir, contudo basta interagir com Deus através da
sua Palavra e ser fiel ao seu preceito de bondade, que o Reino de Deus vai
sendo construído.
Como
notamos na fala de Jesus a semente ocupa um lugar central nas parábolas e ela é
metáfora para a Palavra ensinada por Ele, que cresce e
frutifica dependendo de quem ouve, compreende e vivencia. A função
pedagógica dessa parábola é motivar a pessoa que ouve a participar da “boa
semeadura”, e o resultado final é que o Reino de Deus se
abre para o mundo a fim de “aninhar” quem dele necessitar. Assim, esta parábola
da semente trás em si o abrir os olhos para a esperteza de que o Reino é como
semente: começa pequeno, é lançado em todos os lugares e, se bem cuidado, ela
cresce a ponto de também acolher quem não participou do trabalho de semear e
cuidar.
Isto
significa que todos devem participar do Reino. O Reino não é propriedade de
alguns como pensavam os doutores da lei, mas todos os víveres na terra têm seu
espaço garantindo no Reino de Deus. Mas como todos terão o reino garantido se
muitos não têm apreço e até desdenha? Sem sombra de dúvidas, se nós plantarmos
com muito amor as sementinhas no coração de todos os perversos muitas
coisas se transformarão. Nosso papel enquanto conhecedores do Reino,
assim pensamos, têm a obrigação de conquistar todos os perdidos para
o Reino dos Céus.
Portanto,
caros leitores sejam esta sementinha que quietinha trabalha incansavelmente
para a transformação de uma realidade. Veja que a sementinha germinou, cresceu
e tornou-se um belo arbusto que serviu de morada para passarinhos aninhar, assim
deveríamos ser: uma pessoa ativa para o Reino que compreende e pratica sua
palavra. Saiba que nada na vida pode impedir a vontade do Pai, nem existe
nenhum obstáculo capaz de impedir o avanço da palavra revelada,
porém cabe a nós povo de Deus sermos um bom semeador de sementes que germinam a
paz, o amor e a justiça. Bom domingo a todos e sejam felizes na paz de Cristo.
Amém!
Claudinei
M. Oliveira
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Dia 17 de junho 2012
XI DOMINGO DO TEMPO COMUM
Olívia
Evangelho Mc 4,26-34
Ao
longo de todo o tempo, Jesus vem colocando em nossas mãos, novas sementes,
confiante de que nós saberemos lançá-las nos corações daqueles que ainda não
experimentaram a alegria de fazer parte de um reino de justiça, de amor e de
paz.
O
Reino de Deus é construído aqui na terra, segundo a disposição e envolvimento
dos que se dispõem a semear, a cuidar e a colaborar no sentido de fazer
brotar a semente no coração do outro.
O
crescimento de um Reino de amor, de justiça, tão sonhado por Deus, depende
da disposição dos semeadores. Um semeador, nunca deve se deixar levar pelo
pessimismo, pelo desanimo, pois o seu trabalho nunca será em vão, já que muitas
sementes cairão em terra boa e produzirão muitos frutos!
Um
semeador que deseja expandir o Reino de Deus aqui na terra,não perde nenhuma
oportunidade de lançar a semente, ele não tem pretensão de colher para si
o que plantou, nem atribuir para si, o mérito da conversão do
outro, o seu único desejo é a eclosão da semente lançada.
No
evangelho de hoje, Jesus compara o Reino de Deus com as realidades mais
simples, para que possamos entender a sua dinâmica. Não pode existir nada
mais dinâmico, mais simples, mais silencioso, do que uma pequena semente se
desenvolvendo nas profundezas da terra, trazendo vida, onde ainda não existia
vida.
A
semente citada por Jesus no texto de hoje, é a palavra de Deus, palavra
que é fecunda por si mesma, e que, uma vez plantada no coração humano,
ela sempre nasce, ainda que demore.
É
importante lembrarmos que a palavra que vamos semear não é nossa, é
palavra de Deus, somos apenas semeadores e se não aproximarmos de Jesus
como discípulo que deseja aprender com o Mestre, não descobriremos o mistério
escondido dentro de uma pequenina semente.
Nós,
que dizemos seguidores de Jesus, não podemos guardar a palavra de Deus só para
nós, devemos ser anunciadores desta palavra que gera vida.
Quanto
mais a palavra de Deus é plantada nos corações dos homens, maior será a
colheita. Uma semente guardada, permanece bonita, mas não produz frutos,
portanto, onde não se semeia, não haverá colheita!
Nos
dias de hoje, existem muitos semeadores, semeiam-se muito, mas
infelizmente sementes estéreis, que não germinam, as boas sementes, quase
sempre são esquecidas.
A
palavra de Deus no coração de quem a acolheu com alegria, com compromisso
e fidelidade, é como um vulcão em constante erupção, nunca para, nunca cansa, e
nem descansa, é sempre um movimento constante, suave e belo, como as
gigantescas labaredas de fogo, iluminando e aquecendo a humanidade às vezes
fria do Divino e do humano.
O
caminho da nossa salvação, inicia-se a partir de uma pequena semente que um dia
alguém lançou no nosso coração, semente que já germinou, mas
que precisa ser sempre regada para que ela e nunca morra
Cultivar
no coração a semente do amor, é partilhar a vida, é ampliar o plantio, lançando
sementes em outros corações!
FIQUE
NA PAZ DE JESUS! – Olívia
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Ação de Deus
Haverá um tempo de colheita
Englobará todos os povos
Tão simples o
evangelho de hoje; tão doce, tão cheio de sabedoria! Estejamos atentos, porque
o Senhor nos fala do Reino de Deus, Reino que começa aqui, experimentado quando
nos abrimos para o anúncio de Jesus; Reino que será pleno na glória, quando
cada um de nós e toda a humanidade, com a sua história, entrar, um dia, na
plenitude do coração da Trindade santa.
O que nos diz o
Senhor? Diz-nos que o Reino de Deus não é daquelas coisas vistosas, midiáticas,
de sucesso humano. O Reino vem de modo humilde e se manifesta nas coisas
pequenas... Pequenas como um grãozinho jogado na terra, como uma semente de
mostarda, como um brotinho frágil e sem aparente valor... Quantas vezes
buscamos os sinais da força de Deus na força humana, nos grandes eventos, nas
realidades grandiloqüentes. Não, na é aí que se encontra o Reino. O Reino é
como o próprio Jesus: aquele brotinho, retirado da ponta da grande árvore da
dinastia de Davi... aquele brotinho pobre, da carpintaria de Nazaré, donde nada
que prestasse poderia vir... Ah, irmãos! Os modos de Deus, a lógica de Deus, o
jeito de Deus! Como tudo é tão diverso de nossas expectativas!
Outra lição de
hoje: o Reino vem aos poucos. Inaugurado e plantado definitivamente no chão
deste mundo pelo nosso Jesus, ele irá crescendo como a semente, como o grão de
mostarda, aos poucos. Somos tão impacientes, gostaríamos tanto que Deus
respeitasse nossos prazos. Mas, não! Se os pensamentos do Senhor não são os
nossos, tampouco seus tempos são iguais aos da gente! Atentos, irmãos, porque
somente perseverará na paciência aquele que souber adequar-se aos tempos de
Deus. E Deus contempla o tempo na perspectiva da eternidade e não das nossas
pressas... Assim vai o Reino, brotando humildemente na história e no coração do
mundo, de um modo que somente quem reza e contempla pode perceber...
Ainda uma outra
lição do Senhor: Nós, filhos de um mundo tão pragmático e auto-suficiente,
temos tanta dificuldade em perceber a ação de Deus. Coitados que somos!
Pensamos que nós é que fazemos, que nós é que somos os sujeitos últimos do
mundo e da história! Presunçosa ilusão! É Deus quem, humilde, forte e
fielmente, faz o Reino desenvolver-se na potência do Espírito. Que diz o
Senhor? "O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra.
Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo,
mas ele não sabe como isso acontece!" Que imagem doce, bela, delicada...
Nós, com a graça de Deus, vamos plantando o Reino que Cristo trouxe. Como
plantamo-lo? Plantamos quando nos abrimos à graça, plantamos com nosso exemplo,
plantamos com nossa palavra, plantamos com nossa ação... Mas, cuidado! É o
próprio Deus, com a energia do Santo Espírito, quem faz o Reino crescer: é obra
dele, não nossa. São Paulo não nos dizia? Um é o que planta, outro, o que rega,
mas é Deus quem faz crescer... É assim, caríssimos, que, num mundo
aparentemente esquecido por Deus, Deus vai agindo, tomando nossas pobres
sementes e fazendo-as desabrochar no seu Reino, vigor, paciência e suavidade...
Um dia, diz Jesus,
chegará o momento da colheita. Haverá um fim na história humana, caríssimos e,
então, "todos deveremos comparecer às claras ante o tribunal de Cristo,
para cada um receber a devida recompensa – prêmio ou castigo - do que tiver
feito na sua vida corporal". Não adiante querer esquecer, de nada serve
fingir que não sabemos: aqui estamos de passagem, aqui, vamos semeando o Reino
que Jesus trouxe e que Deus mesmo faz crescer; mas, a colheita definitiva não
será nesta vida, pois o Reino que começa no tempo, haverá de espraiar-se na
eternidade; o Reino que deve fecundar a história somente será pleno e
definitivo na glória. Quanta é grande a tentação, hoje em dia, de nos ocuparmos
com tantas futilidades, esquecendo que aqui estamos de passagem e somente lá é
que permaneceremos para sempre! Como seríamos mais livres, equilibrados,
seremos, se recordássemos essa realidade. Como teríamos o cuidado de viver de
tal modo, que não perdêssemos o Reino. Sim, caros, porque é possível ficar fora
do Reino! Não entrará no Reino quem não permitir que o Reino entre em si. Em
certo sentido, não somos nós quem entramos no Reino, mas o Reino que entra em
nós! Abrir-se para o Reino, é abrir-se para o Cristo Jesus! Abramo-nos para ele
e ele nos abrirá o sue Reino!
Uma última lição de
Jesus para nós, hoje: o seu sonho é que todos entrem no seu Reino, naquela casa
do Pai, na qual há muitas moradas! É por isso que, na primeira leitura,
pousarão todos os pássaros à sombra da ramagem da árvore que é o Messias, e as
aves aí farão ninhos. O mesmo Jesus diz do Reino, comparado ao pequeno grão de
mostarda que germina e se torna arvora frondosa. Eis, caríssimos, o Senhor nos
ama a todos, nos deseja a todos, nos chama a todos! Se lhe dermos ouvidos, se
aprendermos o compasso do seu coração, experimentaremos a alegria do Reino já
nesta vida, com provações, e, um dia, haveremos de saboreá-lo por toda a
eternidade! – Senhor Jesus, dá-nos, pois, a graça de abrir as portas do nosso
coração e do coração do mundo para o Reino do Pai que anunciaste e inauguraste!
Venha o Reino na potência do teu Espírito que habita em nós e no coração da
Igreja! E que através de nós, ele se faça sempre mais presente no mundo. Amém.
dom Henrique Soares da Costa
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O Reino de Deus,
semente que germina e cresce
A primeira leitura
e o evangelho de hoje tratam do desejo do povo judeu exilado de tornar-se
liberto, uma grande e soberana árvore, e da definição que Jesus deu do reino de
Deus. As duas posturas incomodam; a primeira exige coragem e esperança, a
segunda, desinstalação. O reino, por si só, mostra sua força a quem o acolhe e
a quem o rejeita.
1ª leitura (Ez.
17,22-24)
Israel é como uma
árvore frondosa e liberta do reino opressor
Ezequiel, o homem
que se tornou profeta no exílio da Babilônia (597-536 a.C.), animou o seu povo
a permanecer firme na aliança com Deus, pois o sofrimento do desterro haveria
de chegar ao fim com o advento da era messiânica e de um novo tempo para os
judeus. Deus haveria de extirpar o inimigo.
Fazendo uso do
simbolismo do broto de cedro, árvore de boa qualidade, que seria colhido e
plantado sobre o alto monte de Israel, o profeta explicita a sua mensagem de
fé. Essa árvore, Israel, tornar-se-ia grande, produziria frutos e serviria de
abrigo para os pássaros. A comparação serviu de consolo para os oprimidos. Um
novo tempo haveria de surgir, não obstante os sofrimentos. E assim ocorreu: a
Pérsia dominou a Babilônia e o seu rei, Ciro, permitiu ao povo retornar e
recomeçar a vida em Judá. Desse modo, concretizou-se a profecia: “Deus abaixa a
árvore grande (império babilônico) e eleva a árvore pequena (os israelitas
oprimidos)”. Ademais, o Deus de Israel, por ter poder sobre a vida, é capaz de
secar a árvore verde e fazer brotar a árvore seca. Deus fala e realiza a sua
promessa.
Evangelho (Mc.
4,26-34)
O reino de Deus é
como a semente
O evangelho do
domingo passado tratou da crise entre Jesus, seus irmãos e os escribas, que se
opunham ao seu ensinamento. Em continuidade a esse episódio, hoje Jesus
aparece, conforme o relato da comunidade de Marcos, ensinando de novo (Mc 4,1),
mas em forma de parábola, isto é, de modo comparativo. Jesus faz uso da
realidade agrária da Palestina para fazer os seus seguidores entenderem a sua
mensagem. Ele não explica a comparação, mas deixa o ouvinte pensando sobre o
fato. Aos seus discípulos(as), no entanto, ele explicava em particular
(4,34).
O evangelho de hoje
trata de duas parábolas do reino: a da semente e a do grão de mostarda. Cada
uma delas tem um centro, um entendimento possível.
A semente que
germina por si só: crescer por si só é o centro dessa parábola. A mensagem é
simples: basta semear o reino e ele crescerá, mesmo que os opositores não
queiram. O importante é semear sempre. Jesus incentiva os seus seguidores, seus
irmãos na fé, a permanecer no árduo trabalho de
semear o reino. A semente, o reino, cresce por si só. Não há como impedi-lo.
A pequena semente:
essa interpretação é a mais recorrente. O centro da parábola consiste na
passagem do pequeno para o grande. A pequena semente de mostarda é o novo
Israel, isto é, os seguidores de Jesus, os quais se tornarão “grandes árvores”.
Cada seguidor do reino é chamado a lavrar constantemente o seu interior para deixar
a semente do reino crescer e produzir abundantes frutos.
A mostarda que
cresce e incomoda: a mostarda é uma planta medicinal e culinária que chega a
medir, no máximo, 1,5 mt. de altura. Ela se desenvolve melhor ao ser
transplantada. Temos dois tipos de mostarda, a selvagem e a culinária. Por ser
uma planta impura, o código deuteronômico (Dt. 22,9) proíbe a sua plantação.
Assim é o reino de Deus, como a erva que chega e se esparrama. Não pode ser
controlada, torna-se abundante como a nossa tiririca. Assim como o reino, a
mostarda é motivo de escândalo e incômodo para muitos. O reino é indesejável
para muitos e questionador das regras de pureza. Essa interpretação nos ajuda a
compreender o valor do reino e sua ação transformadora em nossa vida, mesmo para
aqueles que nele não acreditam.
2ª leitura (2Cor.
5,6-10)
A fé no reino exige
responsabilidades
Em oposição ao
pensamento de muitos irmãos de Corinto, que, diante do sofrimento e das
perseguições, pensavam que o melhor seria morrer, Paulo afirma que esse poderia
ser, sim, um bom caminho, mas melhor ainda é assumir as responsabilidades
inerentes à fé até o dia de nossa prestação de contas no tribunal de Cristo (v.
10). A fé no reino exige responsabilidades. Esse pensamento complementa as
leituras anteriores, quando nos mostra o valor da fé e suas consequências em
nossa vida e até mesmo em nosso corpo mortal.
Pistas para
reflexão
– Levar as
comunidades a perceber que o fruto do reino de Deus aparece lentamente. Quando
menos esperamos, algo acontece.
– Demonstrar, por
outro lado, que, quando agimos em prol do reino, somos como a tiririca, que
cresce sem pedir licença, ao incomodar os inimigos do reino da justiça e da
paz.
– Por sermos cristãos, temos uma força advinda do reino da qual não nos
damos conta. Deus se dá a conhecer por sua força libertadora que se encontra no
povo e em cada cristão.
Coisas do mundo
novo de Jesus
Marcos, no
evangelho proclamado neste domingo, continua nos falando do Reino de
Deus. Os ouvintes de Jesus são instruídos a respeito de elementos
essenciais de sua pregação, ou seja, as leis do Reino, do mundo novo que ele veio
instaurar, mundo novo que ele designa de Reino de Deus.
O Senhor está em
ação. Ele deseja a transformação da realidade. O Reino é realidade em
andamento. Não se pode esperar milagres. Essa tentativa de criar um universo de
irmãos, um tecido de solidariedade, esse empenho para que o Deus grande possa
ser acolhido pelos corações duros de muitos, leva tempo… O mundo novo não é
feito de coisas espetaculares. Tem modestos começos e singelos inícios.
Ele é como alguém
que espalha a semente na terra e vai descansar… O tempo vai passando. A semente
morre, apodrece, nasce a planta, a planta cresce, dá folhas e frutos, no tempo
que vai passando, na força do sol, da chuva, da umidade. Nada de precipitar as
coisas. O Reino tem lentidões.
Uma pessoa se deixa
tocar pelo Evangelho e se dá conta que poderá participar desse mundo
novo. Primeiro sente sede das coisas do alto. Depois se encontra com Cristo.
Este vai modelando seu interior e de despojamento em despojamento, de passo em
passo, aquele que estava na indiferença vai se tornando discípulo. Dá sua
colaboração, mas sobretudo acolhe a força que vem do Alto…É o Altíssimo que
semeia e dá força à semente. Há comunidades de seguidores de Jesus que
começam modestamente. Aqui e ali há uma pessoa que age na força de Deus.
Mais adiante há gestos de perdão colocados e posturas de vida semelhantes às de
Jesus. Na lentidão e persistência do tempo o Reino vai se
construindo. É preciso dar tempo ao tempo.
Johan Konings, no
seu Liturgia Dominical (Vozes), escreve: “Muitos dentre nós estamos
preocupados porque as comunidades eclesiais crescem tão devagarinho e às vezes
parecem até diminuir. Então, demos um passo atrás, para enxergar melhor.
Seiscentos anos antes de Jesus, o ‘povo eleito’ que devia prestar
culto ao Deus único nesse mundo foi tirado da terra e quase sumiu do
mapa: Israel e seu rei foram levados para o exílio babilônico. Mas
Deus fará crescer de novo um broto no cedro de Israel e o povo se tornará
novamente uma árvore frondosa (1ª.leitura). No evangelho Jesus
usa a mesma linguagem do crescimento para falar do Reino de Deus. Estamos
preocupados porque o Reino não se enxerga? Aos que criticam porque seu
anúncio do Reino de Deus não se verifica por nenhum fenômeno extraordinário,
Jesus responde: o agricultor não vê a semente crescer! O homem descansa
ou se ocupa com outras coisas, e de repente a plantinha está aí. Ou veja
a sementinha de mostardeiro, parece nada, mas cresce e se torna arbusto
frondoso onde os passarinhos vão se abrigar. O mesmo acontece à pequena
comunidade dos que buscam a vontade de Deus conforme a palavra de Cristo” ( p.
289).
frei Almir Ribeiro Guimarães
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O Reino de Deus em
parábolas
O evangelho de hoje
completa o ”Sermão das parábolas”, lido, no texto de Mateus,nos 15º, 16º e 17º
domingos do ano A. Acrescenta as parábolas da semente que cresce por si
(própria de Marcos) e do grão de mostarda (cf. Mateus e Lucas). Em Mt, as
parábolas formam uma espécie de catequese (Mt. 13,51-52). Em Marcos, integram a
revelação velada do Filho do Homem (4,10-12 e 33-34). Quando Jesus fala em
parábolas e o povo não entende, realiza-se plenamente o que já foi a missão de
Isaías: falar a um povo sem compreensão (Is. 6,9-10). Aos discípulos, porém,
ensina em particular, iniciando-os no “mistério do Reino” (4,11; cf. 4,34).
Este esquema de Mc se explica a partir de seu contexto histórico: pelos meados
do século I d.C., a grande maioria do povo ainda não se convertera, mas uns
poucos “iniciados” continuam a pregação do evangelho de Jesus, aqueles que,
depois da Ressurreição, entenderam o “segredo messiânico”: que Jesus foi o
Filho do Homem padecente (cf. 24° domingo).
Jesus não pronunciou
as parábolas para não ser entendido. Mc. 4,33 aponta que Jesus procurou
compreensão na medida em que o povo fosse capaz. O falar em parábolas é um meio
didático que caracteriza Jesus de Nazaré. A parábola é linguagem figurativa,
apresenta por uma imagem a realidade visada. Jesus mostra aos ouvintes o que
acontece no seu dia-a-dia (na vida comercial, social, agreste etc.), para que
eles conscientizem de que, de modo semelhante, está acontecendo o Reino no meio
dele “É como quando um homem lança a semente no campo … ” (4,26). Pode-se
considerar a parábola como um enigma apresentado de tal modo que a resposta
logo aparece. Nós diríamos: “Qual é a semelhança entre o Reino de Deus e uma
semente? É que ambos crescem por si mesmos, pois não se precisa puxar o caule
para que o trigo cresça”.
Jesus procura
entrar em diálogo com a convicção íntima do homem. Para implantar no coração
dos ouvintes uma sementinha de sua experiência de Deus, ele apela para a
experiência deles, embora num outro terreno. No caso: para fazer com que os
ouvintes se desliguem de sua ideologia de um Reino de Deus vindo ostensivamente
com as forças celestes e implantando um “império davídico” para Israel,
mediante o zelo dos “zelotes” ou dos cumpridores da Lei (fariseus), Jesus apela
para uma experiência da vida campestre: a semente cresce sem intervenção
humana. Aí, coloca uma pulga atrás da orelha dos ouvintes. Eles ficam
refletindo e, aos poucos, se sentirão convidados a participar da misteriosa e
única experiência do Reino de Deus que Jesus mesmo tem como “filho de Deus”;
ou, então, recusarão. A parábola, em última análise, nos coloca diante da opção
de repartir a experiência de Jesus ou não.
De modo análogo
podemos entender a outra parábola, a do grão de mostarda. Esta desfaz uma
ideologia de falso universalismo a respeito do Reino, mostrando que o
universalismo não está na grandeza visível, numérica, mas na força de
crescimento invisível como a que está no grão de mostarda. Embora não se veja
quase nada, Jesus revela que o Reino está acontecendo, e bem este Reino
universal que é sugerido pelo próprio termo de comparação, o arbusto frondoso
no qual se aninham os pássaros do céu (como Ezequiel descreveu o futuro reino
de Israel restaurado; cf. 1ª leitura). “Qual é a semelhança entre o Reino de
Deus e um grão de mostarda? Ambos parecem quase nada no começo e se tomam muito
grandes no fim”. Depois dessa, se pode optar: prefere-se um Reino de Deus que
se anuncie com espalhafato, ou aquele que cresça organicamente a partir de uma
pequena semente?
A 2ª leitura
dificilmente se integra no tema principal, mas sua mensagem toca o coração.
Enquanto estamos neste corpo, diz Paulo, estamos exilados do Senhor. Podemos
suspeitar que Paulo, escrevendo a gregos, se lembrou da alegoria da caverna, de
Platão … ). Preferiria estar exilado do corpo, perto do Senhor (*). A liturgia
de hoje oferece o apoio veterotestamentário desta idéia no canto da comunhão:
Sl. 27[26],4 e outros; por isso, seria muito adequado ler a 2ª leitura
depois da comunhão.
(*) A expressão de
Paulo não fica livre do dualismo platônico, caro aos gregos. Mas a idéia
fundamental, presente no fim da leitura, é profundamente bíblica: o importante
não é estar fora ou dentro do corpo, mas agradar a Deus por nossa práxis (que é
necessariamente “no corpo”), pois encontrá-lo-emos como juiz de nossa vida.
Johan Konings "Liturgia
dominical"
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Estas duas parábolas, introduzidas por "Jesus dizia-lhes...",
encerram o breve discurso de Jesus. Com imagens tiradas do mundo rural,
destaca-se a ação da "semeadura", ou seja, o anúncio da Palavra. A
primeira parábola, exclusiva de Marcos, evidencia que o crescimento do Reino
resulta da ação de Deus. Embora o agricultor tenha empenho e cuidados em
semear, irrigar e remover ervas daninhas, é admirável o germinar da semente, de
maneira autônoma, o seu crescer e os frutos produzidos. O desabrochar da vida é
obra de Deus. Assim, é Deus quem, na intimidade de cada um, move à conversão ao
amor os corações que recebem a Palavra semeada pelos discípulos.
A tradição de Israel expressa pelo profeta Ezequiel (primeira leitura)
colocava sua esperança em atingir, sobre o monte Sião, a estatura grandiosa dos
majestosos cedros do Líbano. Contudo, Jesus descarta esta imagem,
substituindo-a pela hortaliça mostarda, que, sem grandiosidade, se multiplica
às margens do Mar da Galiléia. Assim também é admirável, na segunda parábola,
como algo tão pequeno como a semente de uma mostarda se transforme em um
arbusto, podendo atingir até três metros de altura, com capacidade para abrigar
os pássaros do céu na sombra de galhos. Com imagens tão simples e belas da
natureza, compreende-se que Deus comunica sua vida a todos, sem discriminações,
não havendo ninguém que possa impedi-lo. Ainda mais, o que parece
insignificante hoje está a caminho de sua plena realização. Aos discípulos é
esclarecido o sentido das parábolas. "Discípulos" são aqueles, dentre
a multidão, que abrem seu coração às palavras de Jesus e se aproximam dele,
formando comunidade. Comunidade não hermética, de iluminados, mas aberta, de
corações acolhedores, solidários e compassivos. A segunda leitura, da Segunda
Carta aos Coríntios, atribuída a Paulo apóstolo, ainda traz as marcas de uma
visão dualista na qual o corpo é descartável, com a condenação de uns e
salvação de outros.
padre Jaldemir Vitório
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O que parece
insignificante pode conter a grandiosidade de Deus
Chama a atenção nas
narrativas dos evangelhos a abundância de parábolas atribuídas a Jesus. As
parábolas pertencem ao gênero da sabedoria e, a partir de situações comuns de
vida, permitem que seja extraído um ensinamento ou uma motivação à ação.
Particularmente, servem também para ilustrar os mistérios de Deus. Pela
simplicidade das imagens usadas por elas, as parábolas têm um sentido didático
de favorecer a compreensão da revelação de Deus. As parábolas utilizadas por
Jesus, com um determinado sentido original, frequentemente foram, pelo processo
histórico de transmissão, adaptadas às novas situações das comunidades.
Estas duas
parábolas do evangelho de hoje são um estímulo e um fortalecimento da esperança
nas comunidades. O lavrador aplica-se com esforços na semeadura e no cultivo de
sua plantação. Porém, a vida que se desenvolve a partir da semente é obra de Deus.
E uma insignificante semente já tem em si certa grandiosidade que é revelada
com o decorrer do tempo.
Os sistemas
opressores tecnológicos e econômicos, hegemônicos neste mundo, defendem um
determinismo do progresso que os beneficia. Este progresso é proclamado como
inevitável, e as exclusões e sacrifícios de vidas decorrentes são consideradas
necessárias. Porém, estas parábolas das sementes vão no sentido de fortalecer o
projeto do Reino de Deus que vem resgatar a vida sobre a terra. O projeto de
Jesus parece frágil diante dos poderes deste mundo. Contudo, o desabrochar e o
crescimento deste projeto é a obra de Deus que não será tolhida por ninguém.
Com imagens tão
simples e belas da natureza compreende-se que Deus comunica sua vida a todos,
sem discriminações, não havendo ninguém que possa impedi-lo. Ainda mais, o que
parece insignificante hoje, está a caminho de sua plena realização. O Reino de
Deus é o banquete da celebração da vida plena para todos, e esta vida vai se
manifestando até atingir sua plenitude.
Aos discípulos é
esclarecido o sentido das parábolas. "Discípulos" são aqueles, dentre
a multidão, que acolhem em seus corações as palavras de Jesus e se aproximam
dele, formando comunidade. Comunidade, não hermética, de iluminados, mas
aberta, de corações acolhedores, solidários e compassivos.
A tradição de
Israel expressa pelo profeta Ezequiel colocava sua esperança em atingir, sobre
o monte Sião, a estatura grandiosa dos cedros do Líbano (primeira leitura).
Contudo, Jesus descarta esta imagem, substituindo-a pela hortaliça mostarda,
que, sem grandiosidades, se multiplica às margens do Mar da Galileia e,
humildemente, abriga as aves dos céus.
A segunda leitura,
da Segunda Carta aos Coríntios, que era atribuída a Paulo apóstolo, ainda traz
as marcas de uma visão dualista na qual o corpo é descartável, com a condenação
de uns e salvação de outros.
José Raimundo Oliva
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A liturgia do 11º
domingo do tempo comum convida-nos a olhar para a vida e para o mundo com
confiança e esperança. Deus, fiel ao seu plano de salvação, continua, hoje como
sempre, a conduzir a história humana para uma meta de vida plena e de
felicidade sem fim.
Na primeira
leitura, o profeta Ezequiel assegura ao Povo de Deus, exilado na Babilônia, que
Deus não esqueceu a Aliança, nem as promessas que fez no passado. Apesar das
vicissitudes, dos desastres e das crises que as voltas da história comportam,
Israel deve continuar a confiar nesse Deus que é fiel e que não desistirá nunca
de oferecer ao seu Povo um futuro de tranquilidade, de justiça e de paz sem
fim.
O Evangelho
apresenta uma catequese sobre o Reino de Deus – essa realidade nova que Jesus
veio anunciar e propor. Trata-se de um projeto que, avaliado à luz da lógica
humana, pode parecer condenado ao fracasso; mas ele encerra em si o dinamismo
de Deus e acabará por chegar a todo o mundo e a todos os corações. Sem alarde,
sem pressa, sem publicidade, a semente lançada por Jesus fará com que esta
realidade velha que conhecemos vá, aos poucos, dando lugar ao novo céu e à nova
terra que Deus quer oferecer a todos.
A segunda leitura
recorda-nos que a vida nesta terra, marcada pela finitude e pela transitoriedade,
deve ser vivida como uma peregrinação ao encontro de Deus, da vida definitiva.
O cristão deve estar consciente de que o Reino de Deus (de que fala o Evangelho
de hoje), embora já presente na nossa atual caminhada pela história, só
atingirá a sua plena maturação no final dos tempos, quando todos os homens e
mulheres se sentarem à mesa de Deus e receberem de Deus a vida que não acaba. É
para aí que devemos tender, é essa a visão que deve animar a nossa caminhada.
1 leitura – Ez.
17,22-24 - AMBIENTE
No ano de 609 a.C.,
o faraó Necao derrotou o rei Josias e colocou no trono de Judá Joaquim, que
durante algum tempo foi vassalo do Egito. Contudo, em 605 a.C., Nabucodonosor
derrotou as tropas assírias e egípcias em Carquemish, prosseguiu a sua campanha
em direção ao Egito e assumiu o controlo da Síria e da Palestina. Joaquim ficou
a pagar tributo aos babilônios. Quando, em 601, Nabucodonosor não conseguiu
conquistar o Egito, Joaquim julgou chegada a hora de se libertar do domínio
babilônico. Contudo, Nabucodonosor reagiu sitiando Jerusalém, em 598 a. C., e
Joaquim morreu durante o cerco, ou foi deportado para a Babilônia. Sucedeu-lhe
Jeconias que, ao fim de três meses de resistência, se rendeu aos babilônios
(597 a.C.).
Nabucodonosor
instalou, então, no trono de Judá um tal Sedecias. Durante algum tempo, Judá
manteve-se tranquilo, pagando pontualmente os tributos devidos aos babilônios;
mas, ao fim de algum tempo, aproveitando a conjuntura política favorável,
Sedecias aliou-se com os egípcios e deixou de pagar o tributo. Nabucodonosor
enviou imediatamente um exército que cercou Jerusalém. Apesar do socorro de um
exército egípcio, Jerusalém teve de se render aos babilônios. Sedecias,
aproveitando as sombras da noite, tentou fugir da cidade; mas foi feito prisioneiro,
viu os seus filhos serem assassinados e ele próprio foi levado prisioneiro para
a Babilônia, onde acabou os seus dias.
Ezequiel, o
“profeta da esperança”, exerceu o seu ministério na Babilônia no meio dos
exilados judeus. O profeta fez parte de uma primeira “leva” de exilados que, em
597 a.C., chegou à Babilônia, após a derrota de Jeconias.
A primeira fase do
ministério de Ezequiel decorreu entre 593 a.C. (data do seu chamamento à
vocação profética) e 586 a.C. (data em que Jerusalém foi conquistada uma
segunda vez pelos exércitos de Nabucodonosor e um novo grupo de exilados foi
encaminhado para a Babilônia). Nesta fase, o profeta preocupou-se em destruir
as falsas esperanças dos exilados (convencidos de que o exílio terminaria em
breve e que iam poder regressar rapidamente à sua terra) e em denunciar a
multiplicação das infidelidades a Jahwéh por parte desses membros do Povo judeu
que escaparam ao primeiro exílio e que ficaram em Jerusalém.
É precisamente
neste contexto que Ezequiel propõe “um enigma”, “uma parábola”, que nos é
apresentada ao longo do capítulo 17 do seu livro. Fala de uma “águia”
(provavelmente o rei Nabucodonosor), que “veio do Líbano comer a ponta do
cedro. Apanhou o ramo mais elevado” (provavelmente o rei Jeconias) e levou-o
para o país dos comerciantes (isto é, a Babilônia). Em seu lugar, plantou outra
árvore (provavelmente Sedecias). Esta árvore, uma “videira”, não irá, contudo,
prosperar, apesar das tentativas de aliança com o Egito. Mais, será levado
prisioneiro para a Babilônia e lá morrerá (Ez. 17,10).
A mensagem deste
“enigma” é óbvia: os exilados não devem alimentar ilusões ao ver as jogadas
políticas de Sedecias, aliado com os egípcios. A política de Sedecias, em
Jerusalém, não significará a liberdade dos exilados, mas, pelo contrário,
conduzirá a uma nova catástrofe.
Estará então tudo
terminado? Já não há esperança? Deus abandonou definitivamente o seu Povo e
esqueceu as suas promessas de salvação?
É precisamente aqui
que se encaixa o oráculo de salvação que a primeira leitura deste domingo nos
apresenta: não, apesar das dramáticas circunstâncias do tempo presente, Deus
não abandonou o seu Povo, mas irá construir com ele uma história nova, de
salvação e de graça.
MENSAGEM
Deus não esqueceu a
promessa feita, por intermédio do profeta Natan (cf. 2Sm. 7), e na qual
assegurou a David a continuidade do seu trono. É verdade que a dinastia de
David (o “ramo mais elevado” do “cedro” – Ez. 17,3-4) foi arrancada; mas Deus
não abandonou o seu Povo: Ele próprio vai tomar um “ramo novo”, plantá-lo na
montanha de Israel, fazê-lo dar frutos e torná-lo uma árvore resistente e de
grande porte (Ez. 17,22-23) – ou seja, irá restabelecer a dinastia davídica em
Jerusalém, assegurando ao seu Povo um futuro pleno de vida, de felicidade e de
paz sem fim.
O texto sublinha,
antes de mais, a presença onipotente de Deus na história da humanidade. Ele
preside à história humana, tem um projeto de salvação e conduz sempre a
caminhada dos homens de acordo com o seu plano. O poder orgulhoso dos impérios
humanos nada pode contra esse Deus que é o Senhor da história e que, com
paciência e amor, vai concretizando o seu projeto.
Além disso,
Ezequiel assegura aos exilados a “fidelidade” de Deus às suas promessas. Deus
não falha, não esquece os seus compromissos, não abandona esse Povo com quem se
comprometeu. Mesmo afogado na angústia e no sofrimento, mesmo mergulhado num
horizonte de desespero, Israel tem de aprender a confiar nesse Deus que é
sempre fiel às suas promessas e aos compromissos que assumiu com o seu Povo no
âmbito da Aliança. Tudo pode cair, tudo pode falhar; só Deus não falha.
O nosso texto
contém ainda uma indicação sobre a forma de atuar de Deus, sobre a “estranha”
lógica de Deus: Ele toma aquilo que é pequeno aos olhos dos homens (“um ramo
novo” – Ez. 17,22) e, através dele, vence o orgulho e a prepotência, confunde
os poderosos e exalta os humildes. Deus prefere os pequenos, os débeis, os
pobres (aqueles que na sua humildade e simplicidade estão sempre disponíveis
para acolher os desafios e os dons de Deus); e é através deles que concretiza
os seus projetos de salvação e de graça.
Estes poucos
versículos contêm um imenso capital de esperança, que deve alimentar e animar,
hoje como ontem, a caminhada do Povo de Deus pela história.
ATUALIZAÇÃO
¨ Essencialmente, o
texto de Ezequiel que a liturgia deste domingo nos propõe garante que Deus
conduz sempre a história humana de acordo com o seu projeto de salvação e
mantém-se fiel às promessas feitas ao seu Povo. Esta “lição” não pode ser
esquecida e essa certeza deve levar-nos a encarar os dramas e desafios do tempo
atual com confiança e esperança. Não estamos abandonados à nossa sorte; Deus
não desistiu desta humanidade que Ele ama e continua a querer salvar. É verdade
que a hora atual que a humanidade atravessa está marcada por sombras e graves
inquietações; mas também é verdade que Deus continua a acompanhar cada passo
que damos e a apontar-nos caminhos de vida. A última palavra – uma palavra que
não pode deixar de ser de salvação e de graça – será sempre de Deus. Ancorados
nessa certeza, temos de vencer o medo e o pessimismo que, por vezes, nos
paralisam e dar aos homens nossos irmãos um testemunho de esperança, de serena
confiança.
¨A referência – mil
vezes repetida ao longo da Bíblia – à tal “estranha lógica” de Deus, que se
serve do que é débil e frágil para concretizar os seus projetos de salvação,
convida-nos a mudar os nossos critérios de avaliação e a nossa atitude face ao
mundo e face aos que nos rodeiam. Por um lado, ensina-nos a valorizar aquilo e
aquelas pessoas que o mundo, por vezes, marginaliza ou despreza; ensina-nos,
por outro lado, que as grandes realizações de Deus não estão dependentes das
grandes capacidades dos homens, mas antes da vontade amorosa de Deus;
ensina-nos ainda que o fundamental, para sermos agentes de Deus, não é possuir
brilhantes qualidades humanas, mas uma atitude de disponibilidade humilde que
nos leve a acolher os apelos e desafios de Deus.
2 leitura – 2Cor.
5,6-10 - AMBIENTE
Por volta de 56/57,
chegam a Corinto missionários itinerantes que se apresentam como apóstolos e
criticam Paulo, lançando a confusão na comunidade. Provavelmente, trata-se
desses “judaizantes” que queriam impor aos pagãos convertidos as práticas da
Lei de Moisés (embora também possam ser cristãos que condenam a severidade de
Paulo e que apóiam o laxismo da vida dos coríntios). De qualquer forma, Paulo é
informado de que a validade do seu ministério está a ser desafiada e dirige-se
a toda a pressa para Corinto, disposto a enfrentar o problema. O confronto é violento
e Paulo é gravemente injuriado por um membro da comunidade (cf. 2Cor. 2,5-11;
7,11). Na sequência, Paulo abandona Corinto e parte para Éfeso. Passado algum
tempo, Paulo envia Tito a Corinto, a fim de tentar a reconciliação. Quando Tito
regressa, traz notícias animadoras: o diferendo foi ultrapassado e os coríntios
estão, outra vez, em comunhão com Paulo. É nessa altura que Paulo, aliviado e
com o coração em paz, escreve esta Carta aos Coríntios, fazendo uma tranquila
apologia do seu apostolado.
O texto que nos é
proposto está incluído na primeira parte da Carta (2Cor. 1,3-7,16), onde Paulo
reflete e escreve sobre a grandeza e as dificuldades, os riscos e as
compensações do ministério apostólico.
Na perícope que vai
de 4,16 a 5,10, Paulo defende a ideia de que, apesar de tudo, vale a pena
acolher os desafios de Deus: no final do caminho percorrido nesta terra,
espera-nos uma vida nova, uma vida plena e eterna. Para pintar o contraste
entre a vida nesta terra e a vida futura, Paulo utiliza (cf. 2Cor. 5,1-4) a
imagem da tenda que se monta e desmonta (que representa a vida transitória e
corruptível desta terra) e da casa solidamente construída (que representa a
vida plena e eterna).
MENSAGEM
A vida terrena,
passageira e mortal é, para Paulo, um exílio “longe do Senhor” (v. 6). Esse
tempo de exílio neste mundo caracteriza-se por um conhecimento de Deus parcial:
é o tempo da fé. Paulo – como todos os verdadeiros crentes – anseia pelo tempo
“da visão” – isto é, pelo tempo do encontro face a face com Deus. Então, a vida
caduca e transitória dará lugar a uma vida gloriosa e indestrutível.
Uma leitura
simplista destes versículos poderia transmitir a ideia de que Paulo negligencia
a vida terrena; contudo, essa ideia não é exata… Para Paulo, a perspectiva
dessa outra vida nova, plena e eterna, não significa um alhear-se das
responsabilidades que temos, como crentes, enquanto caminhamos neste mundo
finito e transitório. Aos crentes compete, enquanto “habitam este corpo”
mortal, viver de acordo com as exigências de Deus, caminhar à luz da fé,
assumir as suas responsabilidades enquanto discípulos comprometidos com Cristo
e com o seu Reino. A perspectiva dessa vida plena que nos espera para além
desta terra deve estar permanentemente no horizonte do crente que caminha pela
história, fundamentar e iluminar o seu compromisso e a sua fidelidade a Jesus
Cristo e ao Evangelho.
De resto, a
preocupação de Paulo não é apresentar uma doutrina escatológica perfeitamente
definida; mas é, sobretudo, lembrar aos cristãos a sua condição de peregrinos,
que “não têm morada permanente” nesta terra: o destino final de cada homem ou
mulher é o encontro com o Senhor, a vida plena e definitiva.
ATUALIZAÇÃO
¨ A cultura atual é
uma cultura do provisório, que dá prioridade ao que é efêmero sobre as
realidades perenes com a marca da eternidade: propõe que se viva ao sabor do
imediato e do momento, e subalterniza as opções definitivas e os valores
duradouros. É também uma cultura do bem-estar material: ao seduzir os homens
com o brilho dos bens perecíveis, ao potenciar o reinado do “ter” sobre o
“ser”, escraviza o homem e relativiza a sua busca de eternidade. É ainda uma
cultura da facilidade, que ensina a evitar tudo o que exige esforço, sofrimento
e luta: produz pessoas incapazes de lutar por objetivos exigentes e por
realizar projetos que exijam esforço, fidelidade, compromisso, sacrifício.
Neste contexto, a palavra de Paulo aos cristãos de Corinto soa a desafio
profético: é necessário que tenhamos sempre diante dos olhos a nossa condição
de “peregrinos” nesta terra e que aprendamos a dar valor àquilo que tem a marca
da eternidade. É nos valores duradouros – e não nos valores efêmeros e
passageiros – que encontramos a vida plena. O fim último da nossa existência
não está nesta terra; o nosso horizonte e as nossas apostas devem apontar
sempre para o mais além, para a vida plena e definitiva.
¨ Contudo, o fato
de vivermos a olhar para o mais além não pode levar-nos a ignorar as realidades
terrenas e os compromissos com a construção da cidade dos homens. O Reino de
Deus – que atingirá a sua plena maturação quando tivermos ultrapassado o transitório
e o efêmero da vida presente – começa a ser construído nesta terra e exige o
nosso compromisso pleno com a construção de um mundo mais justo, mais fraterno,
mais verdadeiro. Não há comunhão com Cristo se nos demitimos das nossas
responsabilidades em testemunhar os gestos e os valores de Cristo.
Evangelho – Mc.
4,26-34 - AMBIENTE
Na primeira parte
do Evangelho segundo Marcos (cf. Mc. 1,14-8,30), Jesus é apresentado como o
Messias que proclama o Reino de Deus. Marcos procura aí demonstrar como Jesus,
com palavras e gestos, anuncia um mundo novo (o “Reino de Deus”), livre do
egoísmo, da opressão, da injustiça e de tudo o que escraviza os homens e os
impede de ter acesso à vida verdadeira.
Estamos na
Galileia, nos primeiros tempos do anúncio do Reino. Uma grande multidão segue
Jesus, a fim de escutar os seus ensinamentos (cf. Mc. 3,7.20.32; 4,1). Para
fazer chegar a todos a sua proposta, Jesus precisará de utilizar uma linguagem
acessível, viva, questionadora, concreta, desafiadora, evocadora, pedagógica, que
pudesse semear no coração dos ouvintes a consciência dessa nova e
revolucionária realidade que Ele queria propor. É neste contexto que nos
aparecem as “parábolas”.
As “parábolas” são
uma linguagem habitual na literatura dos povos do Médio Oriente: o gênio
oriental gosta mais de falar e instruir através de imagens, de comparações, de
alegorias, do que através de um discurso mais lógico, mais frio, mais racional.
De resto, a linguagem parabólica tem várias vantagens em relação a um discurso
mais racional e expositivo. Que vantagens?
Em primeiro lugar,
é uma excelente arma de controvérsia. A linguagem figurada permite levar o
interlocutor a admitir certos pontos que, de outro modo, nunca mereceriam a sua
concordância. A parábola é, pois, um bom instrumento de diálogo, sobretudo em
contextos polêmicos (como era, quase sempre, o contexto em que Jesus pregava).
Em segundo lugar, a
imagem ou comparação que caracteriza a linguagem parabólica é muito mais rica
em força de comunicação e em poder de evocação, do que a simples exposição
teórica. Talvez seja uma linguagem mais vaga e imprecisa, do ponto de vista
racional; mas é mais profunda, mais carregada de sentido, mais evocadora e, por
isso, “mexe” mais com os ouvintes.
Em terceiro lugar,
porque a linguagem parabólica – muito mais do que outro tipo de linguagem –
espicaça a curiosidade e incita à busca. Na sua simplicidade, torna-se um
verdadeiro método pedagógico, que leva as pessoas a pensar por si, a medir os
prós e os contras, a tirar conclusões, a interiorizar soluções e a integrá-las
na própria vida. É uma linguagem que, mais do que injetar nas pessoas soluções
feitas, as leva a refletir e a tirar daí as devidas consequências. Trata-se,
pois, de linguagem altamente subversiva: ensina o povo a pensar, a ser crítico,
a descobrir onde está a verdade. Ora, isso é altamente incômodo para os
defensores do mundo velho e da ordem estabelecida.
Uma linguagem tão
sugestiva não podia ser ignorada por Jesus no seu anúncio do “Reino de Deus”. É
neste contexto que devemos entender as duas parábolas que o Evangelho deste
domingo nos apresenta.
MENSAGEM
A primeira parábola
(vs. 26-29) é a do grão que germina e cresce por si só. A parábola refere a
intervenção do agricultor apenas no ato de semear e no ato de ceifar. Cala, de
propósito, qualquer menção às demais ações do agricultor: arar a terra, regar a
semente, tirar as ervas que a impedem de crescer… Ao narrador interessa apenas
que, entre a sementeira e a colheita, a semente vá crescendo e amadurecendo,
sem que o homem intervenha para impedir ou acelerar o processo. A questão
essencial não é o que o agricultor faz, mas o dinamismo vital da semente. O
resultado final não depende dos esforços e da habilidade do homem, mas sim do
dinamismo da semente que foi lançada à terra. Desta forma, o narrador ensina
que o Reino de Deus (a semente) é uma iniciativa divina: é Deus quem atua no
silêncio da noite, no tumulto do dia ou na turbulência da história para que o
Reino aconteça; e nenhum obstáculo poderá frustrar o seu plano. Provavelmente,
a parábola é dirigida contra todas as posturas que pretendiam forçar a vinda do
Reino – a dos zelotas que queriam instaurar o Reino através da violência das
armas, a dos fariseus que pretendiam forçar o aparecimento do Reino com a
obediência a uma disciplina legal, a dos apocalípticos que faziam cálculos
precisos sobre a data da irrupção do Reino. Não adianta forçar o tempo ou os
resultados: é Deus que dirige a marcha da história e que fará com que o Reino
aconteça, de acordo com o seu tempo e o seu projeto. Desta forma, a parábola
convida à serenidade e à confiança nesse Deus que não dorme nem se demite e que
não deixará de realizar, a seu tempo e de acordo com a sua lógica, o seu plano
para os homens e para o mundo.
A segunda parábola
(vs. 30-32) é a do grão de mostarda. O narrador pretende, fundamentalmente, pôr
em relevo o contraste entre a pequenez da semente (a semente da mostarda negra
tem um diâmetro aproximado de 1,6 milímetros e era a semente mais pequena, no
entendimento popular palestino; a tradição judaica celebrava com provérbios a
sua pequenez) e a grandeza da árvore (nas margens do lago da Galileia alcançava
uma altura de 2 a 4 metros). A comparação serve para dizer que a semente do
Reino lançada pelo anúncio de Jesus pode parecer uma realidade pequena e
insignificante, mas está destinada a atingir todos os cantos do mundo,
encarnando em cada pessoa, em cada povo, em cada sociedade, em cada cultura. O
Reino de Deus, ainda que tenha inícios modestos ou que se apresente com sinais
de debilidade e pequenez aos olhos do mundo, tem uma força irresistível, pois
encerra em si o dinamismo de Deus. Além disso, a parábola retoma um tema que já
havíamos encontrado na primeira leitura: Deus serve-Se de algo que é pequeno e
insignificante aos olhos do mundo para concretizar os seus projetos de salvação
e de graça em favor dos homens.
A parábola é um
convite à esperança, à confiança e à paciência. Nos fatos aparentemente
irrelevantes, na simplicidade e normalidade de cada dia, na insignificância dos
meios, esconde-se o dinamismo de Deus que atua na história e que oferece aos
homens caminhos de salvação e de vida plena.
ATUALIZAÇÃO
¨Antes de mais, o
Evangelho deste domingo garante-nos que Deus tem em marcha um projeto destinado
a oferecer aos homens a vida e a salvação. Pode parecer que a nossa história
caminha entregue ao acaso ou aos caprichos dos líderes; pode parecer que a
história humana entrou em derrapagem e que, no final do caminho, nos espera o
abismo; mas é Deus que conduz a história, que lhe imprime o seu dinamismo, que
está presente em todos os passos do nosso caminho. Deus caminha conosco e,
garantidamente, leva-nos pela mão ao encontro de um final feliz. Num tempo
histórico como o nosso, marcado por “sombras”, por crises e por graves
inquietações, este é um dos testemunhos mais importantes que podemos, como
crentes, oferecer aos nossos irmãos escravizados pelo desespero e pelo medo.
¨O projeto de
salvação que Deus tem para a humanidade revela-se no anúncio do Reino, feito
por Jesus de Nazaré. Nas suas palavras, nos seus gestos, Jesus propôs um
caminho novo, uma nova realidade; lançou a semente da transformação dos
corações, das mentes e das vontades, de forma a que a vida dos homens e das
sociedades se construa de acordo com os esquemas de Deus. Essa semente não foi
lançada em vão: está entre nós e cresce por ação de Deus. Resta-nos acolher
essa semente e deixar que Deus realize a sua ação. Resta-nos também, como
discípulos de Jesus, continuar a lançar essa semente do Reino, a fim de que ela
encontre lugar no coração de cada homem e de cada mulher.
¨Os que,
continuando a missão de Jesus, anunciam a Palavra (que lançam a semente) não
devem preocupar-se com a forma como ela cresce e se desenvolve. Devem, apenas,
confiar na eficácia da Palavra anunciada, conformar-se com o tempo e o ritmo de
Deus, confiar na ação de Deus e no dinamismo intrínseco da Palavra semeada.
Isso equivale a respeitar o crescimento de cada pessoa, o seu processo de
maturação, a sua busca de caminhos de vida e de plenitude. Não nos compete
exigir que os outros caminhem ao nosso ritmo, que pensem como nós, que passem
pelas mesmas experiências e exigências que para nós são válidas. Há que
respeitar a consciência e o ritmo de caminhada de cada homem ou mulher – como
Deus sempre faz.
¨A referência à
pequenez da semente (segunda parábola) convida-nos – como já o havia feito a
primeira leitura deste domingo – a rever os nossos critérios de atuação e a
nossa forma de olhar o mundo e os nossos irmãos. Por vezes, é naquilo que é
pequeno, débil e aparentemente insignificante que Deus Se revela. Deus está nos
pequenos, nos humildes, nos pobres, nos que renunciaram a esquemas de
triunfalismo e de ostentação; e é deles que Deus Se serve para transformar o
mundo. Atitudes de arrogância, de ambição desmedida, de poder a qualquer custo,
não são sinais do Reino. Sempre que nos deixamos levar por tentações de
grandeza, de orgulho, de prepotência, de vaidade, estamos a frustrar o projeto
de Deus, a impedir que o Reino de Deus se torne realidade no mundo e nas nossas
vidas.
P. Joaquim Garrido, P. Manuel
Barbosa, P. José Ornelas Carvalho
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1. Terminado o
período das grandes festas depois do tempo pascal - Pentecostes, Santíssima
Trindade, Corpus Christi -, a liturgia volta ao tempo comum, que é o tempo da
nossa vida corriqueira. Sendo que é a liturgia a iluminar o sentido das
leituras, tentaremos entender o que Deus está querendo nos dizer hoje, na nossa
vida, para a realização do seu Reino.
O fato que no
Evangelho que acabamos de escutar Jesus narra duas parábolas enfocando o Reino
de Deus, quer dizer que deve ser este o centro da nossa atenção na vida
corriqueira. Em cada ação, pensamento, decisão toda a nossa vida deve ser
orientada para que o Reino de Deus se realize. Mas, a final de conta, é o que o
Reino de Deus?
2. “O Reino do céu
é como quando alguém espalha semente sobre a terra...” (Mc. 4,26). O sentido
desta primeira parábola é bastante claro. Jesus, de fato, quer nos alertar que
o sucesso do reino de Deus não depende dos nossos talentos, capacidade, mas da
força da Palavra. Pra nós cristãos torna-se fundamental semear, espalhar a semente
da Palavra onde estivermos: o resto é Deus que irá desenvolver. Jesus avisa os
discípulos que nas coisas de Deus não podemos entra com critérios humanos,
pensando que tudo depende de nós. Nas coisas de Deus é Ele o protagonista e nós
somos simplesmente instrumentos. Esta parábola deveria nos ajudar nos momentos
de desconforto, quando estamos achando que a nossa ação não valeu nada e que
tudo aquilo que fizemos para anunciar o Evangelho foi inútil.
“Ele vai dormir e
acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe
como isso acontece. A terra por si mesma produz fruto” (Mc. 4,27-28).
Mais uma vez: o
discípulo, o missionário preocupado com o trabalho de evangelização, não pode
ficar estressado se os frutos não estão brotando, também porque quem mede o
tempo e o momento do amadurecimento da Palavra, não é o homem, mas sim Deus. É
Deus que acompanha o desenvolvimento das sementes que o discípulo espalha no
campo do mundo. Aceitar isso é viver com fé o próprio ministério e confiar na
força de Deus e não nas próprias. É por isso que para anunciar o Evangelho de
Jesus é necessário realizar o caminho de discipulado, para assimilar o jeito de
Jesus viver e aquela confiança em Deus, que nos libera do nosso protagonismo
humano. Aquilo que é da nossa conta é semear a palavra com perseverança e
docilidade: o resto é da conta de Deus.
É bom salientar
também que, este fato de semear a Palavra não é somente obra dos
“especialistas” como padres, freiras, mas de todos os batizados, os cristãos. De
fato, o semear a Palavra não acontece somente quando falamos explicitamente de
Jesus, mas também quando o testemunhamos nos ambientes de vida. Isso quer dizer
que, se a nossa existência não se tornar um seguimento total a Jesus, uma
entrega total, dificilmente conseguiremos realizar aquela semeação que Deus
quer. Em qualquer momento da vida e em qualquer situação estamos ou colaborando
ou atrapalhando a difusão do reino de Deus.
3. “O reino de Deus
é como um grão de mostarda” (Mc. 4,31).
A segunda parábola
de hoje é na mesma linha da primeira, visa respaldar a importância do Reino de
Deus. Este, de um ponto de vista humano, não tem aparência, mas, ao longo dos
anos, cria uma realidade impressionante. A referencia é sobre aquilo que nós
achamos importante para realizar a nossa existência. Se contarmos sobre os
meios humanos, buscando uma aparência e uma visibilidade externa, então o
fracasso será certo. Se pelo contrario, optaremos para abrir o nosso coração
para a invisibilidade e a pequenez do reino de Deus, então o sucesso será
seguro. É claro que se fala de sucesso não no sentido mundano, mas sim no
sentido espiritual. A nossa vida se realiza somente se tivermos a humildade de
entregar as rédeas da nossa vida para Deus, para que seja Ele a conduzi-la. Este,
a meu ver, é o sentido da comparação do Reino de Deus com a semente de
mostarda. O problema é saber aonde encontrar a força, ou melhor, a lucidez e a
coragem de colocar a nossa vida contra as aparências deste mundo. Para isso é
sem duvida necessário o caminho do discipulado, dedicar tempo a interiorizar a
Palavra de Deus, se esforçando de vivê-la com toda a coerência possível. É
assimilando o Evangelho que apreendo a dar valor àquilo que para Deus é
importante e, assim, a descartar aquilo que pode atrapalhar a realização do
Reino de Deus. Se Jesus hoje nos revela que o Reino de Deus é como uma semente
de mostarda, isso quer dizer que nas nossas decisões não devemos olhar a
aparência, o tamanho, a visibilidade externa. Se o mundo nos leva a prestar
atenção e a valorizar tudo aquilo que é exterior, que aparece e que estimula os
sentidos da carne, no Reino de Deus é exatamente o contrario. Para essa maneira
de olhar e de pensar, ninguém é preparado: por isso Jesus veio ao mundo. Jesus
vindo ao mundo escolheu o ultimo lugar, se fez servo, lavou os pés dos
discípulos, se humilhou, se abaixou, se entregou totalmente. Este jeito de
viver de Jesus, que é a maneira de realizar o Reino de Deus, pela lógica do
mundo é absurdo. O cristão, que quer seguir a Jesus, deve aprender a viver
naquilo que o mundo acha um absurdo, uma loucura, na convicção que: “a loucura
de Deus é mais sabia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que
os homens” (1Cor. 1,25).
O Reino de Deus é
como um grão de mostarda, ou seja, é pequeno. Além de ser pequeno é escondido
no baixo do chão para brotar frutos e, assim, se tornar uma grande arvore. A
vida cristã se quiser seguir a Jesus e assim brotar frutos, deve manter no
mundo a pequeneza e o escondimento de Jesus: deve de certa forma, desaparecer
aos olhos indiscretos e curiosos do mundo. Ninguém merece cristãos atrevidos e
exibidos!
4. Nesta Eucaristia
que estamos celebrando, pedimos a Deus que forme em nós os mesmos sentimentos
que foram em Jesus, para sermos no mundo testemunhos silenciosos e discretos da
gloria de Deus e para que, através deste testemunho, o mundo possa acreditar em
Jesus.
padre Paolo Cugini
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O Reino de Deus se parece com...
Parábolas do grão de trigo e do grão de mostarda
Na solenidade de “Corpus Christi” o novo Povo de Deus saiu em procissão,
a fim de expressar publicamente sua fé na presença de Jesus na hóstia
consagrada. Em ação de graças pelo supremo dom da Eucaristia, aproximadamente
cinco mil pessoas participaram da procissão e da celebração na Paróquia N S do
Monte Claro em São José dos Pinhais. Estamos em junho mês da religiosidade
popular. O dia 13 é dedicado a Santo Antonio de Pádua. Nasceu em Lisboa
(Portugal) no ano 1195 e morreu em Pádua (Itália) no dia 13 de junho de 1231.
De família muito rica o jovem Antonio abriu mão dos bens materiais para
ingressar no seminário no ano de 1210. Sacerdote franciscano exerceu maior
parte de seu ministério no norte da Itália e no sul da França. Teve o
privilégio de conhecer e conviver com são Francisco de Assis. Nas próximas
reflexões irei falar de João Batista e dos Apóstolos Pedro e Paulo. O Evangelho
de hoje nos apresenta as parábolas do grão de trigo e do grão de mostarda.
Usando de uma pedagogia própria o Mestre dos Mestres anunciava o Reino de Deus
através de parábolas. O que são parábolas? São comparações tiradas da vida
cotidiana do povo. Jesus em sua catequese sempre usou uma linguagem simples que
sugeria mais do que dizia; que abria pistas para que as pessoas pudessem pensar
por si mesmas. No texto (Marcos 4,26-34) Jesus compara o Reino de Deus com a
semente de mostarda que ao ser semeado na terra ainda que minúscula cresce e se
torna maior do que todas as demais hortaliças e em seus ramos os pássaros podem
abrigar-se à sua sombra. Com a parábola do grão de mostarda, a menor das
sementes, Jesus nos ensina que podemos começar com ações pequenas e singelas,
pois pela ação do Espírito Santo, elas poderão dar numerosos frutos grandes. A
liturgia de hoje nos ensina que com a força que vem de Deus a menor de todas as
sementes pode tornar-se um arbusto que dá abrigo para as aves do céu. Assim é a
proposta do Reino: Pequena em seu início, mas grandiosa em seu resultado. Ao
procurar entender a parábola do semeador, do grão de trigo e do grão de
mostarda, podemos concluir que a Palavra de Deus é sempre boa e eficaz.
Pedro Scherer
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O
Reino de Deus é como uma semente - Padre Queiroz
Evangelho - Mc 4,26-34
O Reino de Deus é como a semente que cresce
sozinha, e como o grão de mostarda.
Neste Evangelho, Jesus nos conta duas
parábolas: a da semente que cresce sozinha e a do grão de mostarda. O Reino de
Deus age em nós e no mundo como a semente: tem uma força própria, graças ao
Espírito Santo que o assiste. No começo, ele pode parecer pequeno,
insignificante e demasiadamente lento, mas é só esperar, que ele se torna
grande e forte. Quanta gente não persevera na Comunidade, ou numa pastoral,
porque não vê resultados imediatos!
A comparação com a semente é muito
apropriada, porque basta ser jogada em terra boa e úmida, que ela cresce por si
mesma e vai até os frutos. Também o Reino de Deus é assim; basta não colocarmos
obstáculos, que ele vai crescendo, dentro de nós e no mundo. Esse crescimento é
lento, como a semente. O homem "vai dormir e acorda, noite e dia, e a
semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece".
No caso da semente de mostarda, há um
contraste entre o tamanho tão pequeno da semente e o tamanho tão grande da
hortaliça, que "estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem
abrigar-se à sua sombra". O mesmo contraste acontece no Reino de Deus, a
começar com o próprio Jesus, que nasceu tão humilde na gruta de Belém, e hoje o
"grão de mostarda" cobre a face da terra.
As nossas Comunidades cristãs são às
vezes pequenas, fracas, pobres e crescem devagar. Pouca gente participando, a
maioria gente simples, humilde, despreparada e sem grandes talentos... mas a
sua força transformadora é enorme.
Por outro lado, o reino do mal cresce
rápido e tem poder e força diante das estruturas do mundo.
Por isso, muitos cristãos são tentados a desanimar
e a desistir.
Ou são tentados a desacreditar nos
critérios cristãos e passam a usar os critérios do mundo pecador: ser lobos no
meio de lobos; em vez de virar a outra face para quem lhes bate, ou dar também
a túnica para quem lhes rouba a capa, passam a usar a violência, a vingança, a
mentira; desunir-se da equipe pastoral e agir sozinho...
Isso é colocar a eficácia, isto é, os
resultados, acima do testemunho e do exemplo de vida. Na prática, é fazer
aliança com o mal, abandonando os critérios de Cristo. O pior é quando
começamos a misturar as coisas, não nos firmando nem do lado de Cristo nem do
lado do mundo pecador.
Isto é falta de fé na força de Deus, que
age através da pequenez, como a semente de mostarda, e que age pela força do
Espírito Santo, mas lentamente.
O que Jesus quis com as duas parábolas
foi dar-nos ânimo e confiança, para não desanimarmos na luta pelo Reino de
Deus, mas perseverarmos, apesar a sua lentidão.
O Pe. José Maria Prada era missionário
redentorista da Província de S. Paulo. Ele nasceu em Portugal, em 1928 e foi
ordenado em 1953. Trabalhou em Angola, África, até 1975, quando veio para o
Brasil. Morou em Garça – SP, em Exu – PE e depois foi nomeado Pároco de
Salgueiro – PE.
Em Salgueiro, um dia, um senhor muito
influente e rico na cidade o procurou, junto com a sua noiva, querendo se casar
na Igreja. Ele dizia que morou com uma mulher em outra cidade distante dali,
mas sem se casar na Igreja.
Pe. Prada entrou em contato com a
Paróquia daquela cidade e esta lhe mandou a certidão de casamento dele. O padre
lhe mostrou e disse que não poderia fazer o casamento.
O homem, primeiro prometeu dar muito
dinheiro para o padre se ele fizesse o casamento, mas este não quis. Então o
homem ameaçou e disse que mataria o padre, se ele não fizesse o casamento. Pe.
Prada foi inflexível, disse que morreria, mas não faria o casamento.
Então o homem foi a sua casa, pegou um
revólver, veio e deu cinco tiros no Pe. Prada, que morreu na hora. Eram onze
horas do dia 29/04/1991.
Na Missa de corpo presente, presidida
pelo Sr. Bispo da Diocese, que é Petrolina, e concelebrada por todo o clero da
diocese, estavam presentes uma enorme multidão. No enterro, levaram, em uma
cruz, a camisa ensangüentada do Pe. Prada.
A semente do Reino de Deus parece
pequena e fraca, mas tem uma força incrível. "Não tenhais medo daqueles
que matam o corpo, mas são incapazes de matar a alma!" (Mt 10,28).
Peçamos a Maria Santíssima, a Mãe da
Igreja, que nos ajude a perseverar na nossa Comunidade, sem perder a paciência
devido às suas fraquezas, nem sacrificar o nosso testemunho a fim de obter
maiores resultados.
O Reino de Deus é como a semente que cresce
sozinha, e como o grão de mostarda.
Padre Queiroz
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“O
REINO DE DEUS É COMO UM HOMEM QUE ESPALHA A SEMENTE NA TERRA”!- Olivia Coutinho
Evangelho
Mc 4,26-34
A palavra de Deus é
fonte de vida, que sacia a nossa sede!
É a semente lançada na
terra, pelas mãos de Jesus!
Ao longo de todo o
tempo, Jesus vem lançando novas sementes, por diversos meios, confiante de que
nós saberemos cultivá-la no espírito da fé e da fidelidade!
Sabemos que a
salvação é graça de Deus, que o caminho que nos conduz a ela, brota a
partir de uma pequena semente que um dia foi lançada no nosso
coração! Daí, a importância de mantermos sempre o nosso coração
aberto e preparado para acolher esta semente que nos conduz a felicidade
plena!
A intimidade com a
palavra de Deus suscita em nós o desejo de ir mais além, de mergulhar no
mistério do Seu imenso amor!
Cultivar no coração a
semente do amor, é partilhar a vida, é colaborar com o plantio, lançando
sementes em outros corações!
Uma semente
germina onde cai, até mesmo na trinca de uma pedra, nas rachaduras do solo seco
de beira de caminho, no meio do espinheiro, mas ela só irá prosperar, se criar
raízes, do contrário, morre sem produz frutos!
A palavra de
Deus no coração de quem a acolheu com alegria, com compromisso e
fidelidade, é como um vulcão em constante erupção, nunca para, nunca cansa, e
nem descansa, é sempre um movimento constante, suave e belo como as gigantescas
labaredas de fogo iluminando e aquecendo a humanidade às vezes fria do Divino e
do humano.
De nada adianta
conhecer, acreditar na palavra Deus, se não a vivenciamos no nosso dia a
dia!
É importante
lembrarmos que a palavra que vamos semear, não é nossa, é palavra de
Deus, somos apenas semeadores e se não aproximarmos de Jesus, como
discípulo que deseja aprender com o Mestre, não descobriremos o mistério
escondido dentro de uma pequenina semente!
Um semeador não deve
atrair pessoas para si e nem é importante que alguém conheça
sua identidade, o importante é o que ele semeia!
Semente guardada, não
produz frutos, portanto, onde não se semeia, não haverá colheita!
Um semeador não semeia
para ele próprio colher e sim, para outros colherem!
Nós que dizemos
seguidores de Jesus, não podemos guardar a palavra de Deus só para nós, devemos
ser anunciadores desta palavra que gera vida!
Quanto mais ela é
plantada nos corações dos homens, maior será a colheita.
Nos dias de hoje,
existem muitos semeadores, semeiam-se muito, mas infelizmente, sementes
que não produzem frutos, as boas sementes estão bastante esquecidas!
O crescimento de
um Reino de amor, de justiça, tão sonhado por Deus, depende da disposição
dos semeadores! Um semeador, nunca deve se deixar levar pelo pessimismo, pelo
desanimo, pois o seu trabalho nunca será em vão, já que muitas sementes cairão
em terra boa e produzirão muitos frutos!
Uma semente pode parecer frágil nas mãos do semeador, mas na terra, ela se
torna forte, cresce e se multiplica!
A palavra de Deus, acolhida no coração humano, ganha vida, força que gera
vida!
É preciso cuidar
da palavra recebida, mas também da palavra que entregamos!
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FIQUE
NA PAZ DE JESUS! - Olívia Coutinho
Quando
nos apossamos da semente da Palavra que Jesus nos deixou, saímos vitoriosos e o
bem prevalece – Maria Regina
Nesta parábola Jesus usa a figura do joio e do trigo para nos explicar direitinho
o que acontece com o mundo em relação ao reino de Deus. Jesus é o semeador, que veio instaurar o reino do amor
de Deus no coração dos homens. É Ele quem planta a boa semente da Sua palavra e
dos Seus ensinamentos no coração de todos os que querem pertencer ao reino dos
céus. O campo é o mundo aonde
convivem os bons e os maus e a boa semente são os que aceitam os ensinamentos
de Jesus para acolher o reino dos céus.
O joio são os que são sugestionados pelo maligno, isto é, o espírito do mal que
intervém e sutilmente se infiltra querendo impedir que o reino de Deus aconteça
no interior do coração do homem. Nós sabemos que o joio e o trigo são plantas
muito parecidas a ponto de confundir a visão de quem colhe. "Normalmente o
joio cresce nas mesmas zonas produtoras de trigo e se considera uma erva
daninha desse cultivo.
A semelhança entre essas duas plantas é tão grande, que em algumas regiões
costuma-se denominar o joio como "falso trigo". Dentro do nosso
coração há trigo, mas também há o joio, por isso acontece dentro de nós uma
luta constante entre o bem e o mal. Porém, quando nós nos apossamos da semente
da Palavra que Jesus nos deixou, nós saímos vitoriosos e o bem prevalece.
Muitas
vezes nós até achamos que o mal está prevalecendo, no entanto, podemos ter
certeza de que a vitória do bem já nos foi garantida por Jesus. E é a partir
desta dinâmica que cada um de nós pode ser uma boa ou uma má semente no campo
que é o mundo. Jesus nos dá entendimento da parábola do joio e do trigo, para
que nós possamos ajuizar que tipo de semente tem sido jogada no terreno do
nosso coração e se nós a estamos acolhendo.
E
claro, na Parábola, que o trigo simboliza as criaturas boas, caridosas,
misericordiosas, que cumprem a vontade de Deus. O joio, por sua vez, representa
os indivíduos maldosos, que vivem praticando iniqüidades, criminosos contumazes
que se revoltam contra as leis de Deus. Deus, em sua infinita misericórdia,
permite que todos vivam juntos no mundo, pois, pela vivência e exemplos
recíprocos, muitos homens maus poderão tomar a decisão de palmilhar o caminho
do Bem.
Quando nós acolhemos a Palavra do Senhor dentro da mentalidade que Ele prega
nós podemos dizer que estamos sendo também no mundo uma semente boa. Todavia
nós podemos estar sendo confundidos pela ação do inimigo que tenta desvirtuar o
sentido dos ensinamentos de Jesus fazendo com que nós tenhamos no mundo um
comportamento duvidoso.
Precisamos
estar bem atentos enquanto estamos aqui na terra e temos vida e oportunidade.
Jesus mesmo falou que no final os Seus anjos virão e retirarão do seu reino
todos os que praticam o mal. Não podemos nos acomodar, precisamos fazer a nossa
parte para edificar o reino de Deus aqui na terra. Por ocasião da colheita nós
seremos ofertados a Deus ou seremos queimados pelo fogo, dependendo da nossa
adesão ao Projeto do Pai que Jesus Cristo veio instaurar na terra.
Meu
irmão, minha irmã façamos uma reflexão sobre tudo o que você tem
percebido aqui na terra: quem está vencendo o bem ou o mal?O que você tem feito
para difundir o reino de Deus? Você se considera trigo ou joio? Qual a
influência que você está tendo para os seus amigos e suas amigas: você tem sido
instrumento do bem ou do mal? Para onde você os está levando?
Amém
Abraço carinhoso da
Profª Maria Regina
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DOMINGO 17 DE JUNHO
"O REINO É OBRA DE DEUS!"
Nos meus tempos de
criança na Vila Albertina, lembro-me que quando a antiga casa da família
Develis foi demolida, para dar lugar a uma construção mais ampla e arrojada,
costumávamos conversar com um servente de pedreiro que trabalhava na obra, e a
pergunta era sempre a mesma “O que vão construir nesse lugar?”. Ele respondia
que era uma casa bem maior do que a que fora demolida, e quando perguntávamos
quando ela ficaria pronta, se seria bonita e luxuosa, como a gente pensava, o
servente desconversava “olha, sei que é uma casa, mas sou apenas um servente,
só o mestre de obras que conhece o projeto, saberia dizer. A gente apenas
obedece e vai executando o serviço do jeito que ele pede, e só no final, quando
tudo estiver pronto e acabado, é que teremos idéia, daquilo que ajudamos a
construir”.
O evangelho desse
Décimo Primeiro Domingo do Tempo Comum ajuda a desfazer esse equívoco presente
até nos dias de hoje, que é o da gente querer ser Mestre de Obras no Reino de
Deus. Na minha caminhada de igreja já vi um pouco de tudo, conheci pessoas que se
apresentavam como Engenheiros do Reino de Deus, com planos mirabolantes de
ideologias humanas, belíssimas por sinal, mas achando que isso era o reino ,
grupos que desenvolveram uma espiritualidade muito forte e rigorosa, pensando
que isso era o reino. E não faltam também os que inventam Doutrinas religiosas
afirmando que se as mesmas não forem seguidas, o reino não acontecerá, e vem
uma linha mais tradicional de ser igreja, outro mais clássico e institucional,
outro mais liberal e até ensinamentos totalmente contrários ao cristianismo,
onde o pregador “jura de pé junto” que está anunciando a Verdade, porque fala
em nome de Jesus.
Vi questionamentos até
cômicos: será que Deus é Socialista, Marxista, ou tende mais para o
Neoliberalismo? Provavelmente não faltou quem pensasse em filiar Jesus Cristo
ao seu partido político, aliás, pregação política em nome dele é o que não
falta. Confesso que nos anos 80 eu passei por um drama de consciência muito
grande ,quando diziam que a gente não podia ficar em cima do muro, tinha que se
definir ou pela direita ou pela esquerda. Surgiram novas igrejas e religiões
que parecem mesmo ter procuração do Senhor, para falar do reino e do seu
evangelho. Essa é uma realidade que não se pode ignorar, Jesus mesmo falou
“muitos virão em meu nome dizendo: o Messias está aqui, o Reino está aqui, O
Senhor já está voltando!” Nunca vi tanta bobagem junta! As igrejas cristãs
anunciam o reino e são um sinal dele, entretanto o Dono do Projeto é Jesus
Cristo, que vai fazendo o reino acontecer, independente de qualquer ideologia
humana, política, social ou religiosa.
É a primeira parábola
do evangelho, onde tanto faz o homem dormir ou ficar acordado, a semente vai
germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. Podemos dizer que
Jesus, não só é o semeador, como também a própria semente. O seu projeto, que
se consolidou na cruz do calvário, parece ter sido um grande fracasso, até para
os seus seguidores fiéis, foi muito difícil acreditar que o Reino que ele tanto
falava, fosse vingar e dar certo, pois humanamente falando, o sistema religioso
o havia desmascarado, o Nazareno parecia tão perigoso, pela liderança que
exercia, pelos ensinamentos revolucionários que pregava, entretanto, a morte
infame, vergonhosa e humilhante o havia calado para sempre. Ninguém diria que
aquela pequenina semente, esmagada no calvário e depois escondida no sepulcro,
fosse brotar e viria a se transformar na maior de todas as árvores.
As palavras de Jesus
nesse evangelho querem nos transmitir confiança na sua ação Divina, e isso
parece algo difícil e desafiador para todos nós, é difícil acreditar no Reino,
quando olhamos ao redor e só vemos o caos do pecado dominando o ser humano, é
verdade que há pessoas que acreditam em um futuro melhor e o ajudam a construir
no presente, mas a grande maioria não crê em mais nada, “não há igreja que seja
boa, todas são pecadoras e eu não vou em nenhuma delas”, “não quero saber de
política, pois não existe político honesto, eu não acredito em mais ninguém e
não voto em ninguém, pode ser até da comunidade”, e assim, há os que não
acreditam mais no casamento, na família, nas instituições, está tudo
irremediavelmente perdido. Qualquer pessoa pode pensar, falar e até agir desta
forma, mas nós cristãos não! Pois estaríamos negando o reino que Jesus plantou
no coração do homem, estaríamos duvidando do seu poder de fazer germinar essa
semente, estaríamos desconfiando que a sua graça não serve para nada, e o que é
pior, estaríamos achando que o poder das forças do mal, presente na sociedade,
é muito maior do que a Salvação, a graça e a redenção que Jesus realizou a
nosso favor e nesse caso, participar da Santa Missa seria fazer memória desse
grande fracasso que é o Cristianismo, impotente para transformar o coração
humano. De quem somos discípulos e testemunhas afinal? De Jesus de Nazaré e do
seu Reino, que está acontecendo misteriosamente e irá levar os homens de Boa
Vontade á sua plenitude, ou dos projetos megalomaníacos do homem da
modernidade, que insiste em construir um reino Antropocêntrico, deixando Deus
em um segundo plano? E aqui retomo aquele hino que me provocava calafrios nos
anos 80 : Hei você, de que lado está você ? ( XI Domingo do Tempo Comum Mc 4,
26-34)
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17 DE JUNHO
1ª Leitura Isaias 61, 9-11
Salmo 1Sm 2, 1ª “Exulta o meu coração no Senhor, nele se eleva a
minha força.”
Evangelho Lucas 2, 41-51
“Guardar no coração...”
Em seu pronunciamento no mês de maio, sobre o “46º Dia das
Comunicações”, o Papa Bento XVI destacou a forte relação entre a Comunicação e
o Silêncio, não como duas coisas diferentes mas complementares, sem o silêncio
a comunicação não será eficiente e a principal função do silêncio na
comunicação é justamente esse interiorizar no mais profundo do nosso coração, a
Palavra que Deus nos comunica. Em nossos tempos a comunicação muitas vezes,
deixa de ser um serviço para ser sinal de poder, e por isso, até mesmo na vida
de Igreja, falamos de mais e ouvimos de menos.
Eu imagino o serão que Maria, se quisesse, poderia ter feito ao
menino desobediente, que ficara em Jerusalém sem o consentimento dos pais,
Maria estaria cheia de moral para falar grosso e colocar até o dedo na cara do
pré adolescente que havia lhe respondido meio mal á sua queixa de mãe que
estava aflita, juntamente com o esposo José. Na comunidade, quando estamos com
plena razão, qual é a nossa conduta? Como se diz nessas ocasiões, em que a
razão está toda do nosso lado, “Não se pode deixar barato”.
Mas Maria agia diferente, Lucas faz questão de mencionar que ela
guardava todas essas coisas em seu coração e quando se guarda no coração, não é
porque vai se esperar o momento certo para dizer o que se está entalado na
garganta, mas é porque tudo o que se guarda no coração, resulta em uma atitude
marcada pelo amor para com as pessoas, o Cristão, sem descartar a razão,
move-se pelo coração. Sem fazer discurso
ou exigir submissão do seu filho, Maria como mãe amorosa o ensinou, com seu
silêncio...No silêncio ouvimos, crescemos e amamos, eis a razão do nosso Papa
ter ressaltado em seu escrito, para o Dia da Comunicação, a importância do
silêncio.
Aquela atitude da mãe fez Jesus pensar e refletir, (mesmo que
tenhamos toda razão, deixemos nessas horas que o coração fale mais alto).
Podemos dizer que Jesus apreendeu com Maria e mais tarde, aos 33 anos, na sua
condenação, ele usará do silêncio diante das autoridades romanas e Judaicas.
Quanta coisa poderia ter dito naquele momento para colocar aquela autoridade em
seu devido lugar. Jesus prefere o silêncio, não o silêncio carregado de ódio e
indignação, mas o silêncio que será quebrado na cruz para dizer “Pai,
perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”.
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23/10/2011
“O
Reino dos céus é como a semente de mostarda” Rita Leite
"O Reino dos céus
é como a semente de mostarda" Rita Leite
Terça-Feira 25 de
outubro
Evangelho Lucas 13,
18-21
Jesus compara o Reino
dos Céus com a semente de mostarda para nos mostrar que o Reino se inicia na
humildade, mas que oculta uma grandeza que está destinada a crescer a ponto de
se espalhar pelo mundo inteiro. Assim como a semente de mostarda que parece tão
pequena, mas que ao crescer se torna uma grande hortaliça, assim acontece com o
reino de Deus que se dá nas coisas pequenas e vai crescendo e se espalhando
pelo mundo afora. Cabe a nós cristãos semear esta semente em todo terreno e
deixar que Deus vá agindo e transformando o nosso mundo.
Jesus compara o Reino
de Deus também com o fermento na massa. Algo que vai transformando a sociedade,
não com o poder e a violência, mas através do amor que acolhe. Assim como não
vemos o fermento na massa que depois de misturado vai fazendo-a crescer, também
é a palavra de Deus quando anunciada ela vai produzir aquilo que é da vontade
de Deus, aos poucos ela vai silenciosamente transformando toda a terra. Nossa
fé precisa nos levar a semear sempre sem cansar e sem desanimar diante dos
obstáculos enfrentados, confiantes na palavra de Jesus. Diante das estruturas
deste mundo a evangelização pode parecer pequena demais, frágil demais, mas não
é. O Reino vai crescer no silencio e vai atingir todos os povos. Neste mês
missionário intensifiquemos nossas orações e nossas ações evangelizadoras para
que mais pessoas conheçam e amem Jesus cristo. Vamos semear o reino
de Deus além das portas de nossas igrejas, sejamos missionários acreditemos que
o reino se tornará universal, seremos um só povo, uma só família unidos em
torno de Jesus Cristo. O reino de Deus vai acontecendo na humildade sem grandes
alardes.
Hoje dia de Santo
Antonio Galvão, podemos ver na vida deste santo que tanto amou a Deus e ao
próximo o exemplo de quem acreditou que o reino está no meio dos pequenos e
pobres e que o reino acontece na comunhão com os irmãos e com o próprio Deus da
vida.
Em Cristo
Rita Leite
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O homem que atirou
a semente é o próprio Jesus, a semente é o Evangelho, o terreno é o nosso
coração...- Maria Regina
A
semente de mostarda é um pequeno grão que plantado tem a capacidade de crescer,
transformar-se, expandir-se se tornando uma grande árvore.. Qualquer pessoa
simples daquela época sabia que a semente de mostarda é a menor dentre todas as
sementes, e que gera uma árvore enorme… E o que isso tem a ver com o Reino dos
Céus? Veja que comparação linda: o homem que atirou a semente é o próprio
Jesus; a semente é o Evangelho; o terreno é o nosso coração; e a árvore que vai
crescendo a partir daquela semente é a nossa vida, que é próprio Reino dos
Céus onde as aves do céu fazem ninho, ou seja, as crianças de todas as idades
vêm se aconchegar aonde as pessoas vêm colher frutos para saciar sua fome de
Deus onde tantos vêm descansar à sua sombra quando estão cansados… e mesmo
quando vem o lenhador e corta o seus galhos ou até o seu tronco, a árvore exala
perfume sobre o machado que a feriu, mas não morre antes de espalhar novas
sementes pelo mundo afora.
Jesus usava os
exemplos mais simples possíveis, e em outra passagem chega a dizer que
explicava essas coisas em parábolas a fim de confundir os doutores, justamente
porque os doutores não tinham contato com coisas simples como plantar sementes,
preparar massa de pão ou de bolo então eles tinham mais dificuldade de
entender, e às vezes se confundiam. È o reino de Deus que aos pouco se
instaura na nossa vida mudando a nossa mentalidade e nos fazendo ter Jesus com
Rei e Senhor. Desse modo os nossos pensamentos, sentimentos e ações vão se
transformando nos pensamentos de Deus e Ele vai tomando conta de nós, nos dando
conhecimento dos Seus planos, direcionando a nossa vida e nos tornando capazes
de viver o Evangelho. O Amor de Deus então se vai tornando grandioso a ponto de
extravasar e abrigar a todos os que dele são carentes.
Jesus
compara também o seu reino de amor a um fermento que aos pouco faz aumentar a
massa até que tudo fique levedado sem que se perceba. O coração que está
aberto e disponível é terreno fértil para que o reino de Deus possa ocorrer.A
farinha é o nosso ser, e o fermento é o Amor. Enquanto a massa vai sendo
misturada com o fermento, ela precisa ser batida, amassada, deformada e remodelada,
para que o fermento se misture e fique igualmente distribuído em toda a massa,
para que no momento de ir ao fogo, o pão resista ao calor e cresça por
igual. Nós também precisamos ser amassados, deformados e remodelados para
que o amor preencha todas as áreas da nossa vida. Enquanto houver áreas
sem fermento, aquela área deverá ser amassada e sofrer um pouco mais, até que o
fermento do amor entre nela. Tudo isso para que, no momento de ir ao fogo, o
nosso pão cresça por igual, sem áreas deformadas pela falta do fermento.
Jesus,
diante da sua didática se serve de comparações simples que fazem parte do nosso
cotidiano, só para nos fazer entender o que é o Reino dos Céus, e desejarmos ,
com todas as forças, fazemos parte dele. Senhor, faça com que sejamos instrumentos
de seu Reino para que ele chegue à todas as pessoas, sem exceção, mormente aos
pobres e marginalizados.
Amém
Abraço carinhoso
Maria Regina
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Como a semente que
é lançada na terra -Alexandre Soledade
Bom dia!
Duas simples
comparações: Como a semente que é lançada na terra e indiferentemente da nossa
vontade, cresce e o grão de mostarda. A primeira gera a idéia da espera
paciente e confiante após o trabalho e empenho realizado e a segunda a
humildade que cresce na simplicidade que enaltece os olhos de Deus.
No site das Paulinas é
apresentada uma bela reflexão dessa humildade que cresce da simplicidade:
"O Reino de Deus
não é como os frondosos cedros do Líbano que ornaram o Templo de Jerusalém e
contribuíram para a glória de Salomão. É como o pequeno grão de mostarda, que
se espalha à beira do Mar da Galiéia, humilde, porém cresce o suficiente para
dar abrigo às aves do céu, para acolher a vida".
Passei a entender que
em nossas vidas o que temos e teremos é fruto do empenho do dia-a-dia e das
graças reservadas por Deus a cada um de nós filhos e filhas por Ele amados.
Sabemos também que nada acontece sem que Ele não saiba, que o temor é humano e
a fé um dom de Deus. E ao deparar com o evangelho de hoje nos apresentando que
o reino crescerá quer estejamos acordados ou dormindo… O que tememos?
"(…) Não se
vendem dois passarinhos por um asse? No entanto, nenhum cai por terra sem a
vontade de vosso Pai. Até os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não
temais, pois! Bem mais que os pássaros valeis vós". (Mateus 10, 29-31)
Sim! Valemos muito
para Deus, mas nossa fé às vezes nos trai. Somos muito imediatistas, queremos
tudo para agora ou o mais breve que possível. Queremos alcançar o céu, mas se
possível de elevador. É ainda difícil de entender que as conquistas poderão vir
degrau por degrau e não rapidamente. "(…) primeiro aparece a planta,
depois a espiga, e, mais tarde, os grãos que enchem a espiga. Quando as espigas
ficam maduras, o homem começa a cortá-las com a foice, pois chegou o tempo da
colheita".
Notei que a ansiedade
e a preocupação nos acompanharão enquanto vivermos, pois somos seres humanos.
Que os cabelos virão independentemente de nossa vontade. Nossos cabelos são
contados, inclusive os brancos que povoam nossa cabeça. Temos medo do
desemprego, de não conseguir pagar as contas, de não conseguir dar o que nossos
filhos precisam… E mais cabelos brancos surgem durante as noites perdidas. Deus
já os contou também.
Sem perceber, o reino
de Deus nasce enquanto dormirmos. Oportunidades surgem logo pela manhã, nos
abrigando e dando o suficiente para que se acolha a vida. Murmuramos! Não vemos
o Maná.
Tempos atrás vi um
governador lançar um programa de casas populares onde cada morador deveria
pagar simbolicamente um Real por mês para deixar seu barraco aos pés do morro.
Sim o local era mais longe do centro da cidade e careceria que os beneficiários
acordassem mais cedo para ir trabalhar. Conseqüência o projeto fracassou. As
pessoas não queriam acordar mais cedo.
O reino de Deus talvez
tenha crescido durante a madrugada, mas não conseguiram ver. Fico triste em
lembrar, a cada encosta de morro que desaba, daqueles que preferiram acordar
mais tarde à segurança de suas famílias.
O semeador passa toda
noite em nossos pensamentos, vendo nossos anseios e os fazendo crescer durante
a noite. Ele sugere que voltemos a estudar, mas não O escutamos; Ele pede um
pouco de paciência no serviço, mas o orgulho nos faz pedir demissão; "É
como o pequeno grão de mostarda, que se espalha à beira do Mar da Galiléia,
humilde…".
Devemos reler quantas
vezes for necessário esse evangelho. Uma hora vamos entender. "Jesus
falava ao povo de um modo que eles podiam entender. E só falava com eles usando
parábolas, mas explicava tudo em particular aos discípulos".
Um Imenso abraço
fraterno!
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"A
Semente plantada em um jardim, tornará realidade o Sonho de Deus" - Diac.
José da Cruz
o6 de abril - Sexta Feira Santa
Evangelho da Paixão João 18, 1- 19.42
Além de ótimo Teólogo,
São João Evangelista era também poeta, aliás, o amigo Alex, professor de
Teologia Moral sempre diz que Poesia e Teologia tem tudo a ver, com certeza
porque ambas falam ao coração. Neste evangelho da Paixão do Senhor, João
remonta ao Jardim do Eden onde começou o desígnio de Deus a respeito do homem,
Deus plantou a humilde semente chamada Adão, como na parábola dos vinhateiros
cuidou dela com todo amor e carinho, colocou em seu redor a melhor terra,
protegeu-a com muros, fez uma torre de Vigia, preparou um lagar onde essa uva
de primeira qualidade se tornaria o vinho inebriante e inigualável das Bodas de
Caná, mas a uva ali produzida, em vez de doce tornou-se amarga...Como um
lavrador sábio e paciente Deus se recolheu a seu canto, aparentemente
abandonando a plantação que foi invadida e pisoteada pelos animais. Entretanto
Deus esperou o tempo oportuno para de novo plantar a semente e esse tempo da
plenitude chegou, com a encarnação do seu próprio Filho Jesus Cristo.
O evangelho de hoje,
contrapõe tristeza e alegria, derrota e gloria , tragédia pleno
êxito, João conta os fatos as avessas,olhando precisamente com os olhos de
Deus. podemos ilustrar a reflexão dizendo que João se comporta como aquela
mãe, que sentada em sua cadeira preferida faz paciente o seu bordado á mão, nós
homens somos como a criança que olha por baixo e vendo o bordado as avessas não
entende como a mãe se dedica a um trabalho que não tem nada de bonito.
Que pode haver de belo
nessa narrativa da paixão do Senhor, em uma ceia marcada por momentos de
tensão, a traição de Judas, o anuncio da negação de Pedro, a prisão de Jesus no
Horto das Oliveiras, as falsas testemunhas diante do Sumo Sacerdote, e
finalmente a sua caminhada até Pilatos de onde saiu açoitado, massacrado, com a
cruz aos ombros até o alto do morro onde iria ser pregado no madeiro, e padecer
um a morte horrível, vergonhosa e humilhante?????
A Cristologia de
João é alta e ele vê assim, de cima para baixo, e enxerga a beleza do amor de
Deus manifestado plenamente em Jesus Cristo, que refaz em si Adão e nós todos,
iniciando a nova criação, não mais subordinada ao Mal mais livre para tomar
decisão, contrária as forças do mal...
No Jardim da torrente
de Cedron tem início a tragédia e o inicio de uma Vitória definitiva, ao mesmo
tempo, quando Judas vem até o Mestre acompanhado de seus inimigos
para prendê-lo. Olhando por baixo do bordado, podemos dizer que o sonho do novo
Reino começa ali a se desfazer, porém, nosso irmão João Evangelista não pensa
assim, podem reparar na postura de Jesus...
"Consciente de
tudo o que iria acontecer, saiu ao encontro deles....a quem procurais?"
Jesus poderia ter pedido ajuda aos discípulos, se esconder para dentro da mata,
fazer uma oração forte ao Pai para acabar com os seus perseguidores. Mas não !
Livremente vai ao encontro do seu destino, ninguém o prende, Ele se entrega.
"Recuaram e caíram por terra..." A liberdade, a decisão e a firmeza
que eles vêem em Jesus os surpreende fazendo-os cair por terra. É Jesus quem
novamente toma a iniciativa, é ele quem está no controle "A quem
procurais?" e eles responderam "A Jesus de Nazaré !"
Aqui nota-se como é
grande o amor de Jesus pelos seus, não porque intercedeu por eles, para que os
soldados o deixassem ir em paz, mas porque deu a cada um deles a liberdade de
decidir, de que lado queriam ficar...Pedro queria ficar com Ele, mas do seu
modo, armado de uma espada e tentando resolver a situação pela violência. É o
pensamento humano da pós modernidade que Pedro ali representa. Que solução a
maioria das pessoas propõe, para resolver o problema da violência nas grandes
metrópoles? Exatamente com mais violência, quando a sociedade depara nos
noticiários sensacionalistas da TV muitos corpos de marginais mortos na invasão
do morro, ou quando há algum massacre em um grande presídio, a população vibra
e sente-se de certa forma "vingada". Somos todos da mesma opinião
de Pedro, de que a violência combate a violência. Para nossa decepção Deus
não pensa assim pois a atitude de Jesus mandando o velho Pedro guardar a
espada, manifesta isso claramente.
O episódio dramático e
trágico tem o seu desfecho em um outro Jardim onde Jesus,pelo gesto piedoso de
José de Arimatéia, irá ser sepultado. Agora a mãe terra receberá a semente
definitiva do Novo Reino. Os que mataram Jesus pensavam que o estavam
esmagando,e que tinham acabado com ele de vez, nem imaginavam, que apenas
colaboravam na semeadura de um Reino que iria superar todos os Reinos do Mundo.
José de Arimatéia e Nicodemos é o cristão paciente que ainda crê, apesar da
grande tragédia que se abateu sobre eles, e porque crêem se dispõe a
"plantar a semente" esmagada, triturada, no seio da terra,
alimentando no coração a esperança de que algo de novo vai acontecer, a
história há de ter um final feliz.
Que destino aguarda a
humanidade? De tragédia em tragédia, e por conta de uma violenta crise de
valores e decadência moral, o homem se arrasta para o caos das trevas sem nenhuma
luz. Será que Deus abandonou a humanidade? Uma grande maioria, inclusive de
cristãos, perderam a esperança e fazem da religião do Cristianismo apenas um
consolo para as dores e decepções desta vida, fechando-se em suas comunidades
ou grupos, sentindo-se protegidos do terrível mal que aflige a
humanidade....José de Arimatéia pensa diferente, ele entra no Palácio de
Pilatos porque tem algo a dizer "Vai plantar a semente na profundeza da
terra, Pilatos autoriza o sepultamento de Jesus, que mal pode fazer um cadáver
? Tudo o que Jesus representava de ameaça e perigo, contra a Religião Oficial e
o Império Romano, agora não mais existia, sobrou de Jesus um corpo rígido, um
cadáver cheio de marcas da violência, era preciso mesmo enterrá-lo para tirá-lo
dos pensamentos, do coração e da consciência. Morto e enterrado!
Hoje os poderosos que
também manipulam, enganam, mentem, massacram e oprimem, fizeram a sua opção por
um Cristo morto, preso nas igrejas, e que não incomoda a ninguém, um Cristo
impotente para influenciar o homem em suas decisões pelo Bem, uma lembrança de
alguém que tornou-se célebre para toda humanidade, mas que já passou....
A postura firme de
Jesus diante dos seus inquisidores, a sua determinação em levar adiante a
missão que o Pai lhe confiou, a sua firmeza diante dos poderosos desse mundo, e
o seu despojamento para Servir a todos, resgatando todos os homens das garras
do mal, deve servir nessa sexta feira como um grito de incentivo e alerta para
nossas comunidades. Em meio a tanto desânimo e falta de esperança, entre tantos
corações que perderam a capacidade de sonhar, precisamos nos arriscar como José
de Arimatéia e transformar tantos enterros em semeaduras, confiantes de que a
Vida é mais forte que a morte, e de que em cada tragédia a Vida se refaz e o
Reino sem torna mais forte e indestrutível, os homens não conseguirão impedir
que o Sonho de Deus se torne realidade, esta é a grande lição dessa Sexta Feira
Santa, para todos nós.
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Tudo
se inicia com uma pequena semente - NEWTON
Esta comparação do
Reino de Deus a alguém que planta é muito interessante. Nos fás lembrar as
lavouras que surgem em lugares que às vezes nem percebemos como se iniciou, e
só percebemos quando as plantas já estão grandes e no ponto de serem colhidas.
Um milharal, por exemplo, nos chama a atenção pelo seu tamanho em extensão e
altura, quando as plantas já estão adultas, e, com belíssimas espigas de milho
que deverão ser colhidas pelos agricultores.
Tudo se inicia com uma
pequena semente, que é lançada ao solo, podemos passar dias e noites no mesmo
lugar sem nem percebemos, porém chega um dia, ao passarmos novamente pelo mesmo
lugar, a lavoura nos chama a atenção pelo seu tamanho e beleza. Esta comparação
é tão atual, que nos faz compreender o que Jesus quis dizer à multidão presente
naquele tempo. Nós mesmos podemos fazer esta experiência com um punhado de
sementes jogadas em um determinado terreno para ver o que acontece.
O Reino de Deus pode
começar com uma simples palavra, com uma pequena atitude, por mais simples e
acanhadas que sejam se forem adubadas com amor, o tempo se encarregará de tudo.
Não devemos nos preocupar demasiadamente com o dia de amanhã, se fizermos o
hoje bem feito o dia de amanhã com certeza será muito bom, é esta a lição que
Jesus quer nos ensinar.
Às vezes deixamos de
fazer o Reino de Deus acontecer em nossas vidas, e, na vida das pessoas, porque
queremos o resultado imediato, ou porque ficamos preocupados demais com o
futuro, e não é assim que funciona. Se nós queremos fazer o Reino de Deus
acontecer e dele participar, devemos começar agora, lançando a nossa semente, e
não importa o tamanho, não importa quanto tempo vai levar, importa o amor com
que fazemos o nosso trabalho, e diante das dificuldades nunca desanimar, mesmo
que surjam as tempestades, devemos insistir e persistir, e no final sairemos
vitoriosos, pois ao construir o Reino de Deus aqui na Terra, alcançaremos o
Reino dos Céus.
Esta é a lição, quem
planta colhe, e é claro que devemos plantar boas sementes para colhermos bons
frutos, e se não podemos ser o maior que sejamos o melhor! O melhor no Reino de
Deus é aquele que sabe amar e servir o seu semelhante. Quem planta amor com
certeza vai colher os frutos do amor.
Devemos nos esvaziar
do que é mal, e nos encher da palavra de Deus, deixando o Espírito Santo agir
em nós, e como discípulos de Jesus Cristo, devemos partir para a nossa missão
de anunciar o evangelho a toda criatura, fazendo o bem a todos, e quando menos
esperar o Senhor virá nos buscar para fazer parte do seu Reino.
Amém!
Newton
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A semente cresce e
torna-se uma grande árvore. -Padre Antonio Queiroz
Neste
Evangelho, através das parábolas da semente de mostarda e do fermento, Jesus
nos explica como que cresce o Reino de Deus.
Reino
de Deus é esse projeto de vida nova instituído por Jesus: um mundo vivendo na
verdade, na justiça, na paz, na fraternidade e na graça de Deus. É um projeto
que tem aqui na terra apenas a primeira fase. Seu desabrochar pleno será no
céu.
No
Reino de Deus há um contraste entre a pequenês e a fraqueza do início, e a
magnitude e força dele depois de desenvolvido. Isso porque existe alguém agindo
nele e apoiando os cristãos, que é o Espírito Santo.
O
fermento, depois de misturado na massa de farinha, a gente não o vê agindo.
Assim acontece com o Reino de Deus: as pessoas não o vêem, a não ser pela fé.
Mas vêem o seu resultado. É o que os pagãos diziam dos primeiros cristãos:
"Vede como eles se amam!"
Percebe-se
nas duas parábolas, pela maneira de Jesus contar, que Jesus quis acentuar mais
o êxito final do que o processo de desenvolvimento. É a semente de mostarda
tornando-se uma árvore tão grande que os passarinhos vêm fazer ninhos em seus
galhos. E é o fermento, pelo qual ninguém dava nada, que fermenta toda a massa.
A conclusão que se tira é a paciência. É esperar e confiar no resultado final,
mesmo que não se vêem indícios agora. É não abandonar a luta nem sair dos
critérios evangélicos de ação.
Em
toda a história bíblica, especialmente nos Evangelhos, percebe-se a predileção
de Deus pela debilidade, pequenês e pobreza. É Judite que vence Holofernes,
Davi que vence Golias, o homem nascido na gruta que transformou o mundo, doze
homens simples, a maioria pescadores, que são os primeiros encarregados de
levar em frente a obra a Igreja das catacumbas que depois se desenvolveu e
cobre a face da terra, o líder de Comunidade pobre, doente e sem estudo, que
opera maravilhas etc. Na fragilidade, as pessoas se abrem mais a Deus e o
deixam agir. Essas duas parábolas nos trazem uma mensagem de esperança, de
otimismo e de paciência.
Nós
temos uma sede de êxitos imediatos, e isso nos torna impacientes, diante da
lentidão do Reino de Deus. Essa impaciência tem levado muitos a trabalhar à
margem dos critérios cristãos. Vamos, então, continuar firmes na luta, apesar
dos precários resultados.
Havia,
certa vez, um fazendeiro que tinha três filhos homens. Quando ele estava bem
idoso e com a saúde debilitada, o filho mais novo quis assumir a coordenação de
tudo: dos funcionários, das lavouras, do comércio, da sede da fazenda...
Vendo
aquilo, o pai estava preocupado. Deu muitos conselhos ao filho, argumentou, mas
não o convenceu. Um dia, os dois estavam sentados no pátio da fazenda, e o pai
teve uma idéia: Saiu, pegou uma varinha, deu-a para o filho e disse:
"Quebre para mim esta vara". O rapaz quebrou na hora.
O pai
saiu, pegou um punhado de varinhas e deu o feixe para o filho, com o mesmo
pedido. O rapaz lutou, colocou o feixe no joelho... mas não conseguiu. O pai
então lhe disse:
"Meu
filho, se você assumir tudo sozinho aqui na fazendo, vai ser como aquela
varinha isolada. Você não conseguirá vencer todos o problemas e dificuldades, e
será quebrado. Agora, se você trabalhar junto com seus irmãos, vocês serão
fortes e tudo poderão vencer."
A
união faz a força. É preferível o bom, juntos, do que o ótimo, sozinho.
Caminhando com a Comunidade, os resultados poderão ser mais lentos, mas serão
mais seguros.
A
semente cresce e torna-se uma grande árvore.
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“COM QUE PODEREI
AINDA COMPARAR O REINO DE DEUS”? - Olívia Coutinho
Por onde Jesus passava, Ele arrastava multidões!
Porém,
conhecedor do coração de cada ser humano, Ele sabia que nem todos que estavam
ao seu redor, tinham o coração aberto para acolher a sua mensagem!
Junto com o povo simples, sedento de amor, de paz, de justiça, estavam
também aqueles, que queriam apenas confrontá-Lo!
Na sua infinita sabedoria, Jesus, no desejo de
implantar o Reino dos céus aqui na terra, na sua pedagogia, aproveitava as
simplicidades de pequenas realidades, vividas no cotidiano das pessoas mais
simples, para anunciar o Seu Reino, de modo que, só entenderia
aqueles que de fato, estivessem com o coração aberto para acolher a proposta
do Reino!
O jeito simples de Jesus nos
apresentar o Reino dos céus, nos faz compreender que a grandiosidade
do reino de Deus, se faz através do "pequeno"!
Se observarmos bem as coisas
simples da vida, vamos perceber que elas estão sempre nos surpreendendo,
pois Deus transforma o "pequeno" em grande!
Passamos grande parte de nossa
vida correndo atrás de coisas grandes, com isso não enxergamos os valores
presentes nas coisas simples, que muitas vezes desprezamos! É nas pequenas realidades do nosso dia a dia, que
este Reino de amor se faz presente: pode ser no sorriso de uma
criança, na palavra de uma mãe, no abraço de um amigo, no desabrochar de uma
flor, no amanhecer de um novo dia...
As coisas grandes nos fascinam,
mas são nas coisas pequenas do nosso cotidiano, que estão escondidos os grandes
valores que deveriam nortear a nossa vida!
Quem não observa as coisas
simples, tem dificuldades para entender as comparações que Jesus costumava
fazer sobre o Reino de Deus!
Enquanto ficamos na expectativa de
grandes momentos de emoções para sentir a presença do Reino dos céus, perdemos a
oportunidade de vivenciá-lo na simplicidade do nosso dia a dia, na
família, na comunidade, em todos os lugares onde o amor e a justiça se fazem
presente!
Através das parábolas, Jesus nos
fala da grandiosidade deste Reino de amor, de justiça e de paz, comparando-o
com as coisas simples presente no cotidiano dos pequenos!
Era assim que Jesus confundia os doutores da lei,
que não tinham contato com essas coisas simples, como, o plantio das sementes,
o preparar da massa do pão...
O anúncio deste reino só encontra
resposta nos que se fazem pequenos, nos que se esvaziam de si mesmo, para se
tornar dependente da graça divina!
Uma semente por menor que seja,
quando lançada na terra, germina cresce, produz frutos, assim também acontece
com o Reino de Deus, uma pequena palavra de vida, quando acolhida no
coração humano, pode crescer expandir e produzir muitos frutos!
O evangelho de hoje, coloca diante dos nossos olhos
uma das mais belas características, próprias do Reino dos céus; Ele é algo que
cresce lentamente, como uma pequena semente, ou uma porção de fermento.
Quem quiser realmente encontrar o Reino de Deus,
deve buscá-lo na simplicidade das pequenas coisas!
O Reino de Deus é algo que cresce
à mediada em que vamos compreendendo a sua dinâmica!
Olívia Coutinho
DOMINGO 17 DE JUNHO
"O REINO É OBRA DE DEUS!" – Diac. José da
Cruz
Nos meus tempos de criança na Vila Albertina, lembro-me que quando a
antiga casa da família Develis foi demolida, para dar lugar a uma construção
mais ampla e arrojada, costumávamos conversar com um servente de pedreiro que
trabalhava na obra, e a pergunta era sempre a mesma “O que vão construir nesse
lugar?”. Ele respondia que era uma casa bem maior do que a que fora demolida, e
quando perguntávamos quando ela ficaria pronta, se seria bonita e luxuosa, como
a gente pensava, o servente desconversava “olha, sei que é uma casa, mas sou
apenas um servente, só o mestre de obras que conhece o projeto, saberia dizer.
A gente apenas obedece e vai executando o serviço do jeito que ele pede, e só
no final, quando tudo estiver pronto e acabado, é que teremos idéia, daquilo
que ajudamos a construir”.
O evangelho desse Décimo Primeiro Domingo do Tempo Comum ajuda a
desfazer esse equívoco presente até nos dias de hoje, que é o da gente querer
ser Mestre de Obras no Reino de Deus. Na minha caminhada de igreja já vi um
pouco de tudo, conheci pessoas que se apresentavam como Engenheiros do Reino de
Deus, com planos mirabolantes de ideologias humanas, belíssimas por sinal, mas
achando que isso era o reino , grupos que desenvolveram uma espiritualidade
muito forte e rigorosa, pensando que isso era o reino. E não faltam também os
que inventam Doutrinas religiosas afirmando que se as mesmas não forem
seguidas, o reino não acontecerá, e vem uma linha mais tradicional de ser
igreja, outro mais clássico e institucional, outro mais liberal e até
ensinamentos totalmente contrários ao cristianismo, onde o pregador “jura de pé
junto” que está anunciando a Verdade, porque fala em nome de Jesus.
Vi questionamentos até cômicos: será que Deus é Socialista, Marxista, ou
tende mais para o Neoliberalismo? Provavelmente não faltou quem pensasse em
filiar Jesus Cristo ao seu partido político, aliás, pregação política em nome
dele é o que não falta. Confesso que nos anos 80 eu passei por um drama de
consciência muito grande ,quando diziam que a gente não podia ficar em cima do
muro, tinha que se definir ou pela direita ou pela esquerda. Surgiram novas
igrejas e religiões que parecem mesmo ter procuração do Senhor, para falar do
reino e do seu evangelho. Essa é uma realidade que não se pode ignorar, Jesus
mesmo falou “muitos virão em meu nome dizendo: o Messias está aqui, o Reino
está aqui, O Senhor já está voltando!” Nunca vi tanta bobagem junta! As igrejas
cristãs anunciam o reino e são um sinal dele, entretanto o Dono do Projeto é
Jesus Cristo, que vai fazendo o reino acontecer, independente de qualquer
ideologia humana, política, social ou religiosa.
É a primeira parábola do evangelho, onde tanto faz o homem dormir ou
ficar acordado, a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como
isso acontece. Podemos dizer que Jesus, não só é o semeador, como também a
própria semente. O seu projeto, que se consolidou na cruz do calvário, parece
ter sido um grande fracasso, até para os seus seguidores fiéis, foi muito
difícil acreditar que o Reino que ele tanto falava, fosse vingar e dar certo,
pois humanamente falando, o sistema religioso o havia desmascarado, o Nazareno
parecia tão perigoso, pela liderança que exercia, pelos ensinamentos
revolucionários que pregava, entretanto, a morte infame, vergonhosa e
humilhante o havia calado para sempre. Ninguém diria que aquela pequenina
semente, esmagada no calvário e depois escondida no sepulcro, fosse brotar e
viria a se transformar na maior de todas as árvores.
As palavras de Jesus nesse evangelho querem nos transmitir confiança na
sua ação Divina, e isso parece algo difícil e desafiador para todos nós, é
difícil acreditar no Reino, quando olhamos ao redor e só vemos o caos do pecado
dominando o ser humano, é verdade que há pessoas que acreditam em um futuro
melhor e o ajudam a construir no presente, mas a grande maioria não crê em mais
nada, “não há igreja que seja boa, todas são pecadoras e eu não vou em nenhuma
delas”, “não quero saber de política, pois não existe político honesto, eu não
acredito em mais ninguém e não voto em ninguém, pode ser até da comunidade”, e
assim, há os que não acreditam mais no casamento, na família, nas instituições,
está tudo irremediavelmente perdido. Qualquer pessoa pode pensar, falar e até
agir desta forma, mas nós cristãos não! Pois estaríamos negando o reino que
Jesus plantou no coração do homem, estaríamos duvidando do seu poder de fazer
germinar essa semente, estaríamos desconfiando que a sua graça não serve para
nada, e o que é pior, estaríamos achando que o poder das forças do mal,
presente na sociedade, é muito maior do que a Salvação, a graça e a redenção
que Jesus realizou a nosso favor e nesse caso, participar da Santa Missa seria
fazer memória desse grande fracasso que é o Cristianismo, impotente para
transformar o coração humano. De quem somos discípulos e testemunhas afinal? De
Jesus de Nazaré e do seu Reino, que está acontecendo misteriosamente e irá
levar os homens de Boa Vontade á sua plenitude, ou dos projetos megalomaníacos
do homem da modernidade, que insiste em construir um reino Antropocêntrico,
deixando Deus em um segundo plano? E aqui retomo aquele hino que me provocava
calafrios nos anos 80 : Hei você, de que lado está você ? ( XI Domingo do Tempo
Comum Mc 4, 26-34)
DOMINGO
Marcos 4,26-34
Ninguém que haja sido tocado pelo Amor de Deus, poderá ficar
estagnado, infeliz e descrente. -Maria Regina
Jesus explica para
nós que o crescimento do reino dentro de nós é como uma semente que é espalhada
na terra e, por si só, vai germinando e crescendo sem se sabermos como isso
acontece. É o processo de conversão e maturidade espiritual que o corre quando
nós acolhemos a Palavra de Deus como uma semente. Quando nós acolhemos a
Palavra de Deus com a consciência de que é Ele próprio quem nos fala e nos
oferece salvação e conversão, começa a acontecer em nós o processo de
germinação e fecundação do reino de Deus, uma vida nova que iremos oferecer ao
mundo. É Deus quem no nosso próprio coração vai fazendo brotar a Sua
mentalidade sem que nem nós mesmos percebamos. A cada dia, mais e mais vamos
ficando plenos do poder do Espírito Santo que opera em nós mudando os nossos
valores e as nossas concepções, nossos pensamentos e as nossas ações fazendo
com que vamo-nos afeiçoando a Jesus.
O tempo da
colheita é quando estamos tão cheios de alegria, paz e felicidade que não dá
mais para conter, por isso, é imperioso que o levemos ao mundo às outras
pessoas que ainda não tiveram a mesma experiência. O reino de Deus também se
manifesta em nós quando, mesmo que ainda nem entendamos a Sua Palavra, nós
experimentamos apenas uma gotinha do Seu amor e da Sua misericórdia. Às vezes,
em momentos de sofrimento, de dificuldades, de provação, o terreno do nosso
coração fica mais acessível para acolher o amor de Deus. E, assim acontece como
a semente de mostarda que é a menor de todas, mas é capaz de crescer tornar-se
uma grande árvore e abrigar os pássaros do céu.
Quando a terra do nosso
coração acolhe a semente da Palavra e do Amor de Deus e nós a deixamos
germinar, como consequência nós vivemos uma vida frutuosa, plena de abundante
utilidade. Mesmo que tenhamos pouca fé, Deus vai realizando em nós o grande
milagre do amor. E ninguém que haja sido tocado pelo Amor de Deus, poderá ficar
estagnado, infeliz e descrente. A Palavra de Deus nos fará ser árvore que dá
abrigo a muitas pessoas e a nossa luz brilhará nas trevas do mundo. Assim nós
haveremos de sair semeando a semente do amor por onde passarmos. Reflita – Você
tem notado o crescimento do reino de Deus em você? – Quais as mudanças que
aconteceram em você? – Você se sente mais feliz, hoje do que antes? – Você já
está sendo árvore que dá sombra? – Você se sente amado por Deus?
amém
abraço carinhoso de
-Maria Regina